Marcelo tem dúvidas e questionou Governo sobre decreto de privatização da TAP


O Presidente da República colocou questões ao Governo sobre o decreto-lei de privatização da TAP. A informação foi avançada pela RTP que acrescenta que Marcelo Rebelo de Sousa tem dúvidas sobre a interpretação de algumas cláusulas do diploma que prevê a venda de 49,9% da companhia.
Entre as dúvidas manifestada pelo Presidente, e que foram entretanto confirmadas pelo Observador, estão eventuais operações sobre o património imobiliário da TAP — as instalações ocupadas no atual aeroporto de Lisboa que o Governo quer excluir da privatização, alterações na estrutura de capital no contexto do concurso e ainda questões relativas à insolvência da ex-TAP SGPS (rebatizada Siavilo) que foi declarada no início desta semana pelo tribunal no decorrer do pedido da própria TAP.
Do lado desta “TAP” má, esvaziada de ativos, ficou a dívida de 178 milhões de euros reclamada pela companhia brasileira Azul e que o próprio Governo reconhece ser uma das contingências que podem afetar o valor das ofertas pela transportadora.
Sobre a privatização da TAP, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha manifestado a intenção de promulgar o decreto-lei aprovado pelo atual Governo, desde que ultrapassasse as questões que o levaram a vetar o diploma aprovado pelo Executivo de António Costa em 2023.
Segundo o Presidente, o diploma assegura a “prevalência de Portugal e do Estado português, porque é minoritária a parte estrangeira”, ao contrário da privatização de 2023 que previa a venda de até 100% do capital da TAP. Marcelo valorizou ainda o facto de ter sido “previamente informado por Luís Montenegro de todo o plano delineado para a companhia aérea”.
Apesar de o decreto-lei de privatização ter sido aprovado há quase um mês, só no início desta semana o diploma chegou à Presidência da República remetido pela Presidência do Conselho de Ministros, o que suscitou agora as perguntas enviadas ao Governo.
Questionado pelos jornalistas na semana passada, o ministro das Infraestruturas afirmou não ter informação de que o Presidente tivesse dúvidas sobre o diploma. Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação da estratégia para os portos realizada na quarta-feira da semana passada, Miguel Pinto Luz admitiu que o caderno de encargos pudesse ser publicado brevemente, eventualmente durante esta semana. A publicação desta fase da operação depende da promulgação do decreto pelo Presidente.
O Observador questionou os ministérios das Finanças e das Infraestruturas para confirmar estas dúvidas do Presidente, bem como a Presidência da República, não tendo sido possível obter mais esclarecimentos.