Enquanto o Luis desespera por trabalhar, Francisco é o novo protagonista que luta pela conquista (a crónica do Casa Pia-Sporting)


Tudo voltou ao início. 83 dias depois de levantar o troféu de campeão nacional pela segunda temporada consecutiva, o Sporting deslocou-se a Rio Maior para inaugurar a 92.ª edição do Campeonato Nacional, diante do Casa Pia. Foi há menos de três meses que os leões bateram o V. Guimarães no início de uma semana que viria a ser de sonho, culminando com a conquista da dobradinha em pleno Estádio Nacional e frente ao eterno rival Benfica. A partir daí, as últimas semanas definiram para os treinadores afinarem os seus plantéis que, naturalmente, sofreram mudanças. Apesar de a janela de transferências se encontrar aberta até ao final deste mês, era agora que tudo começava e entrar com o pé esquerdo pode vir a ser decisivo nas contas finais, que serão feitas no mês de maio.
À procura de um tricampeonato que não acontece há mais de 70 anos, a equipa de Rui Borges passou por diversas mudanças na pré-época e demonstrou algumas fragilidades em dar seguimento ao trabalho desenvolvido nos últimos anos. Viktor Gyökeres, que rumou ao Arsenal, foi a principal saída do Sporting, que também perdeu Franco Israel, Vladan Kovacevic, Marcus Edwards e Afonso Moreira. Para colmatar essas saídas, o clube liderado por Frederico Varandas resolveu investir em Luis Suárez, avançado colombiano que chegou a Portugal com o estatuto de potencial contratação mais cara dos leões e com a intenção de substituir o sueco. Para além do ex-Almería, Ricardo Mangas, Georgios Vagiannidis, João Virgínia, Rayan Lucas, Giorgi Kochorashvili e Alisson Santos também se juntaram à lista de reforços.
Ficha de jogo
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Casa Pia-Sporting, 0-2
1.ª jornada da Primeira Liga 2025/26
Estádio Municipal de Rio Maior
Árbitro: Gustavo Correia (AF Porto)
Casa Pia: Patrick Sequeira; João Goulart (André Geraldes, 56’), José Fonte, Duplexe Tchamba; Gaizka Larrazabal (Miguel Sousa, 82’), Rafael Brito (Renato Nhaga, 56’), Yassin Oukili, Fahem Benaïssa (Max Svensson, 82’); Kelian Nsona (Korede Osundina, 71’), Jérémy Livolant e Cassiano
Suplentes não utilizados: Daniel Azevedo; Khaly, Iyad Mohamed e Kaique Rocha
Treinador: João Pereira
Sporting: Rui Silva; Iván Fresneda, Ousmane Diomande (Zeno Debast, 57’), Gonçalo Inácio, Maxi Araújo (Ricardo Mangas, 53’); Morten Hjulmand, Hidemasa Morita (Giorgi Kochorashvili, 84’); Geny Catamo (Geovany Quenda, 57’), Francisco Trincão, Pedro Gonçalves; Luis Suárez (Conrad Harder, 84’)
Suplentes não utilizados: João Virgínia; Georgios Vagiannidis, Alisson Santos e Eduardo Quaresma
Treinador: Rui Borges
Golos: Trincão (42’) e Hjulmand (62’)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Goulart (4’), Cassiano (12’), Rafael Brito (25’), Pote (52’) e Nhaga (76’)
“A equipa está bem e teve uma boa semana de trabalho. Senti uma resposta muito positiva após não termos conseguido vencer a Supertaça. O Casa Pia conseguiu manter uma base muito grande da sua equipa da época passada. Tem os seus princípios bem definidos e apenas perdeu cinco vezes em casa na última época. Fez a melhor época de sempre e é uma equipa equilibrada em todos os momentos. Não podemos pensar que só por sermos campeões nacionais a vitória vai aparecer. Todos os treinadores do Campeonato querem jogadores com fome. O bicampeonato e a dobradinha já passou e eles têm de ter essa noção. Demonstraram claramente isso na Supertaça: vontade de vencer e correr. Acredito muito no grupo. Ganhar? É importantíssimo, até para passar confiança ao grupo. É importante para todos, mesmo para os que chegaram agora. Vamos defrontar uma equipa super motivada. Vai ser cada vez mais difícil ganharmos e temos de ter fome em todos os momentos. O passado está no museu e vamos ter de fazer o dobro da última época”, assumiu Borges na antevisão à partida.
A cumprir a quarta temporada consecutiva na Primeira Liga, o Casa Pia é uma das equipas mais estáveis, tendo terminado no nono lugar na última edição. Os casapianos mantiveram grande parte do plantel contratando apenas Yassin Oukili, Kelian Nsona, Ivan Mandic, Kaique Rocha, Seba Pérez e David Sousa. “O Sporting é campeão nacional, reflexo de todo o trabalho que foi feito na época passada, mas isso já está no museu, é história. Fizemos uma pré-época estável e nada melhor do que nos cruzarmos com o Sporting para começar, porque isso dá-nos a hipótese de nos transcendermos. Nada melhor do que termos já este estímulo. No futebol não se vive de história e conquistas passadas. Amanhã [sexta-feira] será um jogo de igual para igual. O Sporting é favorito, mas isso não invalida que queiramos ser protagonistas do jogo. Estamos preparados e confiantes para o embate”, referiu João Pereira.
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— Sporting CP (@SportingCP) August 8, 2025
Para já, as dúvidas no seio do bicampeão nacional ainda existiam, mas Rui Borges tratou de as dissipar rapidamente, ao manter o 4x2x3x1 para a deslocação ao Estádio Municipal de Rio Maior — que, desde que regressou à Primeira Liga em 2022, continua fora de Pina Manique — e ao apostar em Suárez, que rendeu Conrad Harder. Para além do colombiano, Virgínia, Vagiannidis, Mangas, Kochorashvili e Alisson também constaram na ficha de jogo, sentando-se no banco. No Casa Pia, João Pereira manteve o 3x4x3 da temporada passada e apresentou de início dois reforços: Oukili e Nsona.
Cumprida a cerimónia de abertura da Primeira Liga e o minuto de homenagem a Jorge Costa, o Sporting entrou com mais bola e a ocupar zonas próximas da baliza dos gansos e não demorou muito a criar perigo, com Ousmane Diomande, na sequência de um canto, a desviar com as costas na sequência de um canto (5′). Pouco depois, Maxi Araújo subiu no corredor para tirar um cruzamento, a defesa afastou para a entrada da área e, depois de ajeitar a bola, Morten Hjulmand desferiu um remate colocado que só foi travado pelo poste direito da baliza de Patrick Sequeira (9′). Na sequência do lance, o guarda-redes costa-riquenho teve de esticar para travar a recarga de Suárez. Os verde e brancos continuaram a massacrar os casapianos e, na sequência de uma transição rápida conduzida por Francisco Trincão, Pedro Gonçalves desferiu um espectacular remate, em arco, à entrada da área, para uma grande defesa de Sequeira (19′).
⏱️ 22 mins
⚫️ Casa Pia 0 – 0 Sporting ????Leão vai asfixiando o ganso:
◉ 0-8 remates
◉ 0-3 enquadrados
◉ 0-2 bolas ao ferro
◉ 8% – 92% em “field tilt” (posse no último terço)#CPACSCP pic.twitter.com/a6oFSJr2Do— GoalPoint (@_Goalpoint) August 8, 2025
O Casa Pia continuou bastante intranquilo e com dificuldades em atacar e, depois de um canto de Pote, Maxi Araújo elevou-se ao primeiro poste e cabeceou cruzado à trave da baliza casapiana (21′). Logo a seguir, Trincão dispôs de mais uma ocasião à entrada da área, atirando forte e colocado por cima (25′). Luis Suárez começou a fazer das suas e isolou-se depois de um grande toque, mas José Fonte esticou-se a tempo de impedir o remate (32′). Na sequência do canto, Pote atirou para o poste mais distante e Maxi, completamente sozinho, cabeceou ligeiramente ao lado (33′). No lance seguinte, o cafetero fez o movimento de fora para dentro e, já dentro da área, atirou colocado para as mãos de Sequeira (35′). O jogo continuou de sentido único e, depois de mais uma defesa de Sequeira, Trincão recebeu e conduziu um contra-ataque, combinando depois com Pote, que devolveu à entrada da área, e desferiu um remate colocado para o primeiro golo desta Primeira Liga (41′). Assim, os leões saíram para o intervalo em vantagem (0-1).
⚽ GOLO
Trincão 42′
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A etapa complementar começou com um atraso provocado pela turma de casa que, ainda assim, não conseguiu inverter a tendência do desafio, apesar de ter acalmado o ímpeto ofensivo leonino. As alterações também provocaram essa mudança no ritmo do desafio, com Maxi a sair lesionado, outra vez, para a estreia de Ricardo Mangas, e Diomande e Geny Catamo a serem substituídos por Zeno Debast e Geovany Quenda. Do outro lado, João Pereira trocou os amarelados João Goulart e Rafael Brito por André Geraldes e Renato Nhaga. Foi na sequência de uma bola parada que o Sporting dilatou a vantagem, numa altura em que o Casa Pia até estava melhor: Pote simulou a cobrança do livre e desmontou a barreira, Trincão cruzou para o primeiro poste e, completamente sozinho, Hjulmand só teve de encostar para o 0-2 (62′).
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A segunda metade continuou bastante acidentada e Nsona também se lesionou, tendo sido rendido por Korede Osundina. Luis Suárez continuou à procura do golo e, depois de uma grande jogada individual de Quenda, apareceu com espaço dentro da área, mas voltou a falhar o alvo na altura da finalização (73′). Para os últimos minutos, Pereira mudou a estrutura tática retirando os dois alas por Miguel Sousa e Max Svensson e, logo a seguir, a sua equipa teve nos pés a melhor ocasião do encontro, com Duplexe Tchamba a aparecer sozinho ao segundo poste, mas o remate saiu muito torto (82′). Borges respondeu com Kochorashvili e Harder, mantendo Suárez no corredor central do ataque, e quase chegou ao terceiro golo, mas Tchamba cortou em cima da linha, impedindo o golo do georgiano (87′). Na resposta, Svensson apareceu solto de marcação na área e tentou finalizar de cabeça, mas Rui Silva agarrou (90+3′). Na derradeira oportunidade, Suárez ganhou espaço dentro da área, mas Patrick voltou a defender (90+5′).