Fredrik é tão bom olheiro que se viu a ser herói antes de todos os outros verem (a crónica do Benfica-Nice)

Era um autêntico xeque-mate. Uma semana depois da primeira mão em França, o Benfica procurava capitalizar a vantagem alcançada, voltar a vencer o Nice e garantir a presença no playoff de acesso à Liga dos Campeões. Para isso, era necessário não achar que a eliminatória já estava decidida e nunca permitir que o mais fácil escapasse — um conceito teórico simples, uma execução prática sempre complexa.

A verdade é que, nos últimos dias, o Benfica pareceu viver numa realidade à parte. Com a Primeira Liga a arrancar a nível interno, com as vitórias inequívocas de Sporting, FC Porto e Sp. Braga, os encarnados mantiveram-se totalmente concentrados no objetivo europeu e no obstáculo desta terça-feira. Tão concentrados que Bruno Lage, na antevisão da partida, nem sequer quis comentar o facto de ter sido alvo de uma queixa do Sporting por comentários pouco ortodoxos durante a Supertaça.

Ficha de jogo

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Benfica-Nice, 2-0 (4-0 no conjunto das duas mãos)

Terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Marco Guida (Itália)

Benfica: Trubin, Amar Dedic, António Silva, Otamendi, Samuel Dahl, Enzo Barrenechea (Florentino, 63′), Richard Ríos, Fredrik Aursnes (Aktürkoğlu, 84′), Schjelderup (Gianluca Prestianni, 63′), Ivanovic (Leandro Barreiro, 63′), Pavlidis (Henrique Araújo, 81′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Rafael Obrador, Tiago Gouveia, Gonçalo Oliveira, João Veloso, Leandro Santos, Diogo Prioste

Treinador: Bruno Lage

Nice: Yehvann Diouf, Antoine Mendy, Juma Bah, Kojo Peprah Oppong, Jonathan Clauss (Hamza Koutoune, 73′), Tom Louchet, Djibril Coulibaly (Sofiane Diop, 60′), Melvin Bard, Badredine Bouanani (Gabin Bernardeau, 73′), Isak Jansson (Jérémie Boga, 73′), Terem Moffi (Bernard Nguene, 82′)

Suplentes não utilizados: Maxime Dupé, Théo Bruyère, Billal Brahimi, Laurenzo Monteiro

Golos: Fredrik Aursnes (18′), Schjelderup (27′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Juma Bah (33′), a Jonathan Clauss (66′), a Gianluca Prestianni (90+2′)

“Terei todo o gosto em responder a essas perguntas na próxima conferência. Temos um jogo muito importante para nós amanhã. Quero a equipa focada, assim como eu estou, em conseguirmos a próxima fase da Liga dos Campeões. A eliminatória está longe de estar decidida e temos de entrar com enorme determinação. Não quero distrações nenhumas. É um jogo muito importante e agora é Nice, Nice, Nice”, disse o treinador encarnado, que aproveitou para também afastar todas as questões sobre eventuais saídas e chegadas no mercado de transferências que só termina no fim do mês.

Ora, neste contexto e no Estádio da Luz, Bruno Lage apostava no mesmo onze da semana passada e mantinha a titularidade de Schjelderup, deixando Aktürkoğlu no banco apesar de o avançado turco estar recuperado da lesão que o afastou da primeira mão. Do outro lado, Franck Haise não contava com Dante, que se lesionou há uma semana, e também Pablo Rosario, que não quis ser convocado por estar muito perto de sair dos franceses. Ambos os treinadores já conheciam o eventual destino no playoff: instantes do apito inicial em Lisboa, o Fenerbahçe de José Mourinho eliminou o Feyenoord em Istambul e garantiu a presença na fase seguinte da qualificação.

O Nice começou melhor, desenhando desde logo uma situação de perigo em que Trubin teve de se aplicar para evitar um desvio letal de Terem Moffi (3′). O Benfica demorou a pegar no jogo, permitindo algum espaço e algum arrojo aos franceses, que apareciam com demasiada facilidade no último terço e viam os encarnados algo passivos na reação à perda da bola e na pressão à primeira fase de construção do adversário.

Moffi ainda teve outra ocasião importante, com um remate muito violento que passou por cima da baliza depois de um belo passe longo (8′), mas a pálida superioridade do Nice também não passou do quarto de hora inicial. Pavlidis teve a primeira pseudo ameaça do Benfica, com um remate muito desenquadrado dentro da grande área (13′), e os quase inevitáveis golos dos encarnados apareceram pouco depois.

Enzo abriu do meio para a esquerda com um passe perfeito, Schjelderup recebeu e cruzou para Aursnes, que ainda dominou antes de atirar para bater Yehvann Diouf (18′). Menos de dez minutos depois, a vantagem foi ampliada com recurso aos mesmos intérpretes, mas com papéis trocados: Amar Dedic desequilibrou na direita, deixou de calcanhar em Aursnes e o norueguês colocou à entrada da área, onde Schjelderup apareceu a rematar rasteiro e de primeira para se estrear a marcar nas competições europeias (27′).

O Nice poderia ter recuperado o fio à meada logo depois, com um remate de Jonathan Clauss que esbarrou no poste da baliza de Trubin (31′), mas para além de um cabeceamento de Melvin Bard que passou por cima (40′) também não conseguiu contrariar a tranquilidade serena e confiante dos encarnados. Ao intervalo, o Benfica estava a ganhar na Luz e tinha pé e meio no playoff de acesso à Liga dos Campeões.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a primeira oportunidade da segunda parte voltou a pertencer ao Nice, com Juma Bah a cabecear por cima na sequência de um canto (48′). O Benfica arrancou novamente algo desconcentrado, sem grande acerto na saída de bola e alguma permissividade à pressão alta dos franceses, e os minutos iniciais após a paragem foram de superioridade clara dos visitantes.

Tal como tinha acontecido no primeiro tempo, porém, essa ideia só durou cerca de dez minutos. Apesar de muitos níveis abaixo do demonstrado tanto na primeira mão como até ao intervalo, os encarnados recuperaram algum controlo em relação às dinâmicas e à lógica do jogo, implementando um equilíbrio incaracterístico e de pouca qualidade que não deixava de favorecer a equipa de Bruno Lage.

O treinador português fez as primeiras substituições à passagem da hora de jogo, na mesma altura em que Schjelderup acertou na trave (62′), lançando Prestianni, Florentino e Leandro Barreiro, com este último a ocupar espaços muito próximos de Pavlidis quando a equipa tinha a bola. O avançado argentino ficou muito perto de um momento de fazer levantar o estádio com um remate cruzado que passou por cima (68′) e os minutos foram passando com o Benfica a ter toda a capacidade de congelar a partida e agarrar a eliminatória com as duas mãos.

Já nada aconteceu até ao fim à exceção das entradas de Henrique Araújo e Aktürkoğlu e o Benfica voltou a vencer o Nice para garantir o apuramento para o playoff de acesso à Liga dos Campeões, onde já sabe que vai defrontar o Fenerbahçe de José Mourinho. Depois de Bruno Lage ter garantido que Fredrik Aursnes até ajuda o departamento de scouting dos encarnados com o conhecimento brutal que tem do futebol nórdico, o médio norueguês mostrou que é tão bom olheiro que se viu a ser herói antes de todos os outros verem.

Associações repudiam proposta do Governo para a amamentação

Várias associações acorreram esta terça-feira em defesa da amamentação, repudiando a proposta do Governo de impor um limite de dois anos na dispensa de trabalho para o efeito.

“É lamentável esta intenção do Governo (…). A crítica à amamentação após os dois anos de idade, além de desinformada, ignora os fundamentos legais, científicos e sociais que a sustentam”, referem em comunicado a Associação Portuguesa de Consultores de Lactação Certificados, a Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto, o Movimento Amamentar em Portugal, o Observatório de Violência Obstétrica, a Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras e a Associação Europeia de Medicina da Amamentação.

Segundo as associações subscritoras, as medidas anunciadas “contrariam a promoção da natalidade” em Portugal, “constituindo um desincentivo”, e violam diretrizes internacionais, nomeadamente do Comité dos Direitos da Criança da ONU e da Organização Mundial da Saúde, e direitos consagrados na legislação portuguesa.

O comunicado realça a falta de provas que atestem “efeitos adversos da amamentação continuada durante a infância” e insta o Ministério da Saúde e a Direção-Geral da Saúde a tomarem “uma posição clara e inequívoca em defesa das pessoas que amamentam, combatendo a desinformação e o estigma associado à amamentação continuada”.

A proposta do Governo passa, ao nível da amamentação, a impor um limite de dois anos na dispensa de trabalho para este efeito, enquanto a lei atualmente em vigor admite que este período se prolongue “durante o tempo que durar a amamentação”, sem prazo máximo.

Adicionalmente, passa a ser exigida a apresentação à entidade empregadora de um atestado médico comprovando a situação de amamentação, “com a antecedência de 10 dias relativamente ao início do período de dispensa”, devendo este documento ser renovado a cada seis meses “para efeitos de prova de que [a mãe] se encontra em situação de amamentação”.

Neste momento, não é exigido qualquer atestado até que o bebé tenha um ano, tal como não está determinada qualquer periodicidade para comprovação posterior da amamentação, ficando tal ao critério do empregador.

Já no caso dos trabalhadores a tempo parcial, com a reforma agora proposta é removida a salvaguarda de que o ajuste do período para amamentação ou aleitação face à carga horária não pode “ser inferior a 30 minutos”.

[Um homem desobedece às ordens dos terroristas e da polícia e entra sozinho na embaixada. Momentos depois, ouve-se uma enorme explosão“1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto a embaixada turca em Lisboa e uma execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o quarto episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube MusicE ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui e o terceiro aqui]

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Perguntou à IA como trocar o sal na comida. Está internado com bromismo e paranóia

As gerações mais recentes das aplicações de Inteligência Artificial provaram (quase sempre) ser úteis para recomendações de restaurantes e escrever emails, mas como fonte de aconselhamento médico causaram frequentemente problemas sérios. Desta vez, correu muito mal. Um homem que seguiu o plano de saúde de um chatbot acabou no hospital depois de se dar uma forma rara de toxicidade. A história começou quando o paciente decidiu melhorar a sua saúde reduzindo o seu consumo de sal, ou cloreto de sódio. Para encontrar um substituto ao aditivo culinário, fez o que tantas outras pessoas fazem hoje em dia: perguntou ao ChatGPT.

Trump ameaça autorizar “grande ação judicial” contra presidente da Fed

Trump tem vindo a demonstrar uma crescente impaciência com Powell há semanas.

Além de chamar idiota ao presidente da Fed, que o próprio Trump nomeou para o cargo durante o primeiro mandato, pede também a outros banqueiros centrais que o despeçam, finge regularmente querer despedi-lo e até fez uma visita surpresa, no final de julho, para a renovação da sede da instituição em Washington.

O episódio deu origem a uma cena amplamente divulgada nos meios de comunicação social, com Trump e Powell lado a lado, de capacete.

[Um homem desobedece às ordens dos terroristas e da polícia e entra sozinho na embaixada. Momentos depois, ouve-se uma enorme explosão“1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto a embaixada turca em Lisboa e uma execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o quarto episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube MusicE ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui e o terceiro aqui]

Nessas imagens, Powell abana a cabeça e coloca os óculos quando Trump lê um documento e afirma que o custo da obra subiu para 3,1 mil milhões de dólares (cerca de 2,6 mil milhões de euros, ao câmbio atual). O líder da Fed corrige imediatamente o Presidente norte-americano, uma vez que o banco central estimou o montante em 2,5 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros).

O republicano voltou a lamentar um custo de “três mil milhões de dólares para um projeto que devia ter custado 50 milhões de dólares (43 milhões de euros)”, aproveitando para reiterar que Jerome Powell “precisa de reduzir as taxas de juro AGORA”.

Powell, uma das 12 vozes do comité de taxas de juro da Fed, deverá presidir à instituição até maio de 2026, mas poderá manter-se como governador por mais tempo, até janeiro de 2028.

No entanto, Donald Trump está de olho na vaga para nomear alguém mais próximo da sua visão.

O Presidente dos EUA está prestes a nomear um dos principais conselheiros económicos, Stephen Miran, para a Fed, depois da demissão de um governador.

Concentração de Góis espera 22 mil amantes de motos

A 32.ª Concentração Internacional de Motos de Góis, no distrito de Coimbra, decorre entre quinta-feira e domingo e tem como ambição atingir a lotação máxima de 22 mil participantes.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Motoclube de Góis, Nuno Bandeira, revelou que a edição deste ano conta com o 1.º Encontro Sidecar, que se junta ao 19.º Passeio de Vespas, ao 25.º Encontro Mini-Trail e à terceira edição do Encontro Feminino.

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“Há dois anos esgotámos a lotação e nesta edição esperamos lotar também”, salientou o dirigente, que espera cerca de 15 mil motas em trânsito na pequena vila de Góis, sede de um concelho com pouco mais de 3.800 habitantes.

Com um orçamento de 700 mil euros, a concentração motard de Góis, uma das maiores do país, ocupa novamente uma área de 17 hectares, nas margens do rio Ceira, afluente do rio Mondego, onde se localizam várias praias fluviais.

“A concentração é, há mais de três décadas, um ponto de encontro incontornável para a comunidade motard e para todos os que vivem este espírito de partilha. Trabalhámos para que esta edição seja, mais uma vez, motivo de orgulho para Góis e para o país”, sustentou Nuno Bandeira.

Muita música e animação garantida

O evento acolhe participantes de cerca de duas dezenas de países, 120 expositores e um cartaz musical que junta Xutos & Pontapés, The Gift, Karetus, Peste & Sida, David Antunes & Midnight Band, Fade Out, The Peakles, Puro Rock e CRF.

Durante quatro dias, a Concentração Internacional de Motos de Góis conta com animação de rua e jogos de água no rio Ceira, exposições, uma feiras, um “sunset” e sessões de trabalho.

No dia de abertura, 14 de agosto (quinta-feira), o destaque da animação musical vai para a atuação da banda rock nacional Xutos e Pontapés e do grupo Puro Rock.

O também grupo português The Gift é o cabeça de cartaz do dia 15 (sexta-feira), numa noite em que atuam também os Karetus e os Fade Out.

No sábado sobe ao palco David Antunes e & The Midnight Band, os Peste & Sida e CRF.

A concentração, que envolve 400 voluntários na organização, termina no domingo, dia 17, de manhã com o habitual desfile pelas ruas de Góis.

Governo estende concurso para novas salas de pré-escolar no sector social até 27 de Agosto

O concurso destinado às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) para a abertura de novas vagas na rede de educação pré-escolar foi estendido até 27 de Agosto. O prazo para a apresentação de candidaturas para a criação de novas salas, que começou a 29 de Julho, terminava esta segunda-feira, dia 11 de Agosto, mas foi estendido por mais duas semanas. O Governo pretende financiar 150 novas salas para a educação pré-escolar. No entanto, as instituições do sector não acreditam que apareçam muitas interessadas.

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Cybertruck não vende, mas militares compraram várias. Sabe porquê?

A Tesla enganou-se nas previsões em relação ao sucesso comercial da sua primeira pick-up, necessariamente eléctrica, à semelhança do resto da gama. Apostou num veículo imponente em potência e autonomia, a que aliou um aspecto diferente, até revolucionário, quase tanto como o facto de a Cybertruck ser construída em aço inox para ser mais resistente, o que obrigou a uma carroçaria sem curvas e apenas com arestas, condicionante que limitou os designers.

Depois das entregas da Cybertruck terem arrancado em final de 2023, no primeiro ano completo (2024) a pick-up da Tesla cativou 38.965 clientes. O valor fica claramente abaixo das previsões da marca, mas não é necessariamente mau dentro do universo das pick-ups a bateria, uma vez que a mítica Ford F-150 — tradicionalmente, esta é a pick-up mais vendida nos EUA (e no mundo), entre as que usam motor a combustão —, não superou as 33.510 unidades na versão eléctrica, denominada Lightning. Tendo presente que as pick-ups F Series da Ford (o que inclui as F-150, 250, 350, 450, 550, 650 e 750) são as mais vendidas (apesar da primeira vender mais de 50% do total da gama), tendo transaccionado em 2024 um total de 761.455 unidades, a versão eléctrica da F-150 vende apenas 4,4% da gama F-Series. E este desempenho comercial reforça a ideia que os clientes de pick-ups ainda estão com dificuldades em aderir às alternativas a bateria.

Cybertruck entregue a cliente europeu com… metralhadora de guerra

Independentemente de a Cybertruck liderar as vendas entre as pick-ups a bateria, a Tesla esperava mais das vendas deste seu modelo (Musk chegou a mencionar 500.000 unidades/ano), especialmente nos EUA, pois a Cybertruck não está homologada para venda na Europa, dado que não é capaz de ultrapassar os crash-tests no Velho Continente, que exigem estruturas deformáveis que o inox usado neste modelo não permite por ser demasiado rijo.

E num momento em que a Tesla já reduziu a capacidade de produção da sua pick-up na fábrica do Texas, chega um reforço na procura, mas pode tratar-se de um presente envenenado. Referimo-nos ao interesse manifestado pelo exército dos EUA na pick-up da Tesla, com a encomenda de 33 unidades. Porém, as pick-ups não vão servir para deslocar generais, sargentos ou até mesmo soldados rasos, uma vez que o objectivo é utilizá-las exclusivamente para… tiro ao alvo.

Ao que parece, o exército norte-americano pretende ver os danos causados por algumas das suas armas num veículo civil que é tido como um dos mais resistentes a balas e a outro tipo de munições. E aqui surgem potenciais explicações paralelas, umas sugerindo que a opção dos militares americanos tem a ver com o facto de alguns paramilitares chechenos (fãs de Putin) já utilizarem a Cybertruck como veículo de eleição, em virtude da sua alegada resistência a balas e alguns mísseis, enquanto outras avançam que o objectivo é Trump embaraçar o seu antigo amigo Musk, utilizando o seu modelo mais emblemático (e que foi um fiasco comercial) para tiro ao alvo, como se se tratasse de um velho balde de lixo.

Marcelo levou reforma do Estado na mala de férias, mas FCT ainda de fora

“Ainda vou ter de assinar o diploma.” Em conversa com um investigador expectante sobre o impacto da extinção da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), como mostrou a reportagem da RTP, o Presidente da República sinalizava que a última palavra lhe cabe a ele. Foi na recente visita ao Okeanos – Instituto de Investigação em Ciências do Mar, na ilha açoriana do Faial, mas afinal não vai ser agora que Marcelo Rebelo de Sousa se pronunciará: na mala das férias estão vários decretos-lei da reforma do Estado, mas ainda não aquele que dá corpo à extinção da FCT.

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Em As Estações, Maureen Fazendeiro inventa um outro Alentejo

Podemos começar a falar de As Estações, de Maureen Fazendeiro, filme que teve a sua estreia mundial no Concurso Internacional do Festival de Locarno na tarde de segunda-feira, pelo modo como a sua realizadora o descreve: um “documentário do imaginário” baseado na realidade tangível da História e da arqueologia. Ou não fosse a sua origem… um artigo do PÚBLICO de Agosto de 2015, em que a jornalista Lucinda Canelas falava do acervo do casal de arqueólogos alemão Vera e Georg Leisner e do seu trabalho de campo sobre os monumentos funerários do Alentejo.

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Desembarque no Algarve mostra importância de “redes de emergência”

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) considera que o desembarque de 38 pessoas no Algarve na última sexta-feira mostra a “urgência” de ter redes de apoio a migrantes em Portugal.

Numa conferência de imprensa esta terça-feira, em Fátima, a propósito da Peregrinação do Migrante e Refugiado, Eugénia Costa Quaresma “congratula” a resposta das autoridades, que deram prioridade “à situação de vulnerabilidade” e só depois ao procedimento jurídico.

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“O que estas situações exigem é alguma urgência: tem de haver aqui uma rede de apoio para responder estas situações de urgência, sejam elas para permanecer, sejam elas para regressar. Pode haver humanidade neste tempo. Congratulei-me primeiro porque foram atendidas as vulnerabilidade”, afirmou, sobre o desembarque de 38 migrantes na última sexta-feira em Vila do Bispo, no Algarve.

Sobre as condições de acolhimento destes migrantes (que ficaram a dormir em pavilhões desportivos), a diretora da OCPM ressalva que esta foi uma “situação de emergência”. Eugénia Costa Quaresma ressalvou que o “procedimento” é agora enviar os migrantes para Centros de Instalação Temporária e dar seguimento ao regresso destas pessoas ao países de origem.

Vila do Bispo critica "falta de resposta" do Governo após desembarque de migrantes

Apesar de admitir ser “uma possibilidade” que Portugal passe a assistir desembarques ilegais de migrantes de forma mais frequente, Eugénia Costa Quaresma diz estar convicta de que as autoridades estão a trabalhar para evitar o crescimento dessas rotas, muitas vezes utilizadas para tráfico humano.

Nós temos a informação de que as redes costeiras estão mais vigilantes. Em seis anos, apenas foram detetados 140 migrantes. Portanto, não é um número invasor – quer dizer que as polícias estão a atuar e estão a fazer o seu trabalho para que este número não cresça. Também sabemos que estão atentos àquilo que podem ser as redes de tráfico: portanto, se estão a ensaiar, vão encontrando obstáculos”, afirmou em declarações à Renascença, à margem da conferência de imprensa.

Ainda assim, e na eventualidade de o número de desembarques ilegais com migrantes crescer, a responsável da OCPM acredita que Portugal deve ser capaz de pôr a render e desenvolver as suas redes de acolhimento.

“As redes de acolhimento são mistas, é sociedade civil e Estado, portanto é um compromisso de todos, assumido por todos e tendo em conta sempre a capacidade real do país. Neste momento, estamos a procurar, quer por lado da igreja, quer por lado do Estado, tomar consciência do que é a real capacidade de acolhimento”, sublinhou.

Lei de Estrangeiros deve “promover diálogo” com países de origem

Quanto à Lei de Estrangeiros, a diretora da OCPM considera que o chumbo do Tribunal Constitucional e o veto do Presidente da República devem incentivar ao diálogo e à “reflexão das diferentes forças políticas” para chegar a um diploma “humanista”.

A lei de estrangeiros exige que todas as forças políticas se sentem à mesa e conversem, porque as diferentes perspetivas são importantes para a reflexão. [Para que], atendendo à situação de Portugal, às pessoas que nos procuram ou que vêm cá parar, nós construirmos uma solução conjunta e podermos, à semelhança do que fizemos no passado, ter uma lei humanista e exequível”, frisou.

No processo de revisão do diploma, Eugénia Costa Quaresma espera também que a nova versão esteja alinhada com a Carta Universal dos Direitos Humanos e a diretivas da União Europeia, promovendo o “diálogo diplomático” com os principais países de origem dos migrantes em Portugal

“Creio que algumas das situações exigem este encontro e esta diplomacia para normalizar as migrações e olharmos os migrantes de uma forma positiva e não como vem sendo publicitado, como vemos nas redes sociais, ouvimos falar de invasão. Não é disso que se trata. Não esquecer a origem, não esquecer as causas e não esquecer o trabalho diplomático”, apelou.

Milhares de migrantes esperados nas celebrações de agosto em Fátima

Portugal pode ser “exemplo” na imigração

Para a diretora da OPCM, os “migrantes de hoje não são diferentes dos migrantes da história”, principalmente nos momentos em que “denunciam guerras e opressões”.

Também a marcar presença na conferência de imprensa, D. José Traquina alinhou-se com esta perspetiva, referindo que Portugal tem bons exemplos no combate ao tráfico humano, como o acordo bilateral com Marrocos para a imigração.

Existem condições para as coisas serem bem feitas. Se as coisas não acontecem bem feitas, então surge uma preocupação, que é o tráfico – alguém que está a continuar a explorar situações de fragilidade e a explorar pessoas para as trazer sem que ser pelos vias legais”, apontou, ressalvando, no entanto, o “esforço das autoridades políticas” para “garantir cuidado e segurança” a quem vem trabalhar para Portugal.

O também bispo de Santarém lembrou o caso de várias dioceses do país – onde “há escolas com crianças de 30 nacionalidades, onde as pessoas se sentem bem” – para acrescentar que Portugal tem “toda a capacidade de coração e humana” para se tornar “exemplar” no tema da imigração.

“Desde que os estrangeiros venham de reta intenção, são pessoas de bem que vêm viver para Portugal, os portugueses acolhem bem. Ficam suspensos é quando as pessoas não se identificam, quando são pessoas que não dizem quem são. Mas quando se identificam, quando vão trabalhar, são respeitadas, não há dificuldade de entendimento”, considerou.

O Santuário de Fátima acolhe esta terça e quarta-feira a Peregrinação do Migrante e do Refugiado, presidida este ano por D. Joan-Enric Vives, arcebispo emérito de Urgel e ex-copríncipe de Andorra. A peregrinação – que aproveita também as comemorações do 13 de agosto, a única aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos que não aconteceu na Cova da Iria – insere-se na 53ª Semana Nacional das Migrações, com o tema “Migrantes: missionários da Esperança” e organizada pela OCPM.

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