Uribe, ex-Presidente da Colômbia, condenado a 12 anos de prisão domiciliária

Uma juíza de Bogotá condenou, na sexta-feira, 1 de Agosto, o antigo Presidente da Colômbia Álvaro Uribe (2002–2010) a 12 anos de prisão domiciliária, poucos dias depois de o ter declarado culpado pelos crimes de suborno de testemunhas num processo penal e de fraude processual. Uribe foi, no entanto, absolvido de uma acusação de suborno simples, no âmbito de um processo que remonta a 2012.
Para além da pena privativa da liberdade, a juíza, Sandra Liliana Heredia Aranda, determinou a sua inabilitação por mais de oito anos. Uribe terá ainda de pagar uma multa superior a 3444 milhões de pesos, o equivalente a 2420 salários mínimos (cerca de 720.700 euros), segundo o acórdão.
Na sentença, com mais de 1100 páginas, a juíza precisou que, para beneficiar do regime de prisão domiciliária, Uribe — actualmente com 73 anos — deverá apresentar uma apólice judicial.
Uribe anunciou que irá recorrer da decisão junto do Tribunal Superior de Bogotá, após a defesa ter pedido a extensão do prazo para apresentar esse recurso, invocando a complexidade do caso — pedido aceite pela juíza. O também ex-senador sempre negou os factos de que é acusado e tem alegado ser alvo de uma perseguição política.
“Os desvios temperamentais, as intemperanças contra a defesa, contra a minha família, contra mim mostram que aqui houve parcialidade, e isso deve ser considerado pela justiça nacional, pelos órgãos competentes e pela Justiça internacional”, declarou Uribe durante a audiência.
O actual Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reagiu à sentença em resposta à acusação feita por Jerónimo Uribe, filho do ex-Presidente, que afirmou que a condenação foi uma estratégia do Governo.
“Isto, com o devido respeito pelo senhor Jerónimo, é uma calúnia. A minha estratégia não passa pela condenação de Uribe, mas sim pela sua liberdade”, afirmou Petro numa publicação na rede social X. “Quem construiu a estratégia que levou à condenação do ex-Presidente Álvaro Uribe foi o próprio ex-Presidente, que iniciou o processo ao apresentar uma queixa contra Iván Cepeda e, mais tarde, se colocou nas mãos da juíza ao renunciar ao Senado”, concluiu.
Sandra Heredia condenou Uribe por considerar provado que o antigo governante instigou emissários a manipular testemunhas em estabelecimentos prisionais com o objectivo de beneficiar dos seus testemunhos. Segundo a investigação, o advogado Diego Cadena terá tentado oferecer benefícios a vários ex-paramilitares para que estes alterassem os seus depoimentos sobre os alegados vínculos do ex-Presidente e do seu irmão, Santiago Uribe, com o paramilitarismo.
O caso teve início em 2012, quando Álvaro Uribe apresentou uma queixa contra o senador Iván Cepeda, acusando-o de ter percorrido as prisões do país para recolher falsos testemunhos sobre o envolvimento do ex-Presidente na génese do paramilitarismo na região de Antioquia.
Contudo, à medida que surgiram provas no processo, várias versões indicaram que os advogados de Uribe tentavam manipular testemunhas para incriminar Cepeda. Assim, o senador passou de acusado a vítima, enquanto Uribe, inicialmente queixoso, passou a ser investigado.
