Normas CPLP podem levar a veto político da Lei de Estrangeiros, admite Duarte Pacheco

O social-democrata Duarte Pacheco acredita que Marcelo Rebelo de Sousa poderá mesmo vetar a Lei de Estrangeiros. No programa Casa Comum da Renascença, o comentador argumenta que o envio da lei para o Tribunal Constitucional foi um ato defensivo do Presidente da República.

“Pela argumentação exposta, senti que o Presidente tinha muita vontade de usar já o veto político, mas que se procurou escudar no Tribunal Constitucional. Porque se as normas forem inconstitucionais ele não precisa de se expor”, observa o militante do PSD na Renascença.

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O antigo deputado social-democrata partilha algumas reservas sobre as normas da Lei de Estrangeiros que se aplicam a cidadãos da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).

“Mesmo que seja constitucional, admito que o Presidente possa utilizar algum veto mais político, nomeadamente por questões, por exemplo, relacionadas com a CPLP. Tenho dúvidas sobre algumas dessas normas, porque efetivamente há aqui uma história comum que devia ser privilegiada. Querer fazer coisas à parte, como foi afirmado pelo Governo ao Presidente da República de Angola, não é a melhor forma de resolver o problema”, acrescenta Duarte Pacheco no programa Casa Comum.

O ex-parlamentar tem dúvidas que seja constitucional que o reagrupamento familiar seja muito dependente do rendimento da pessoa”. Ou seja, o direito fundamental é ter a família reunida com base, pura e simplesmente, nos rendimentos financeiros”, explica Duarte Pacheco, que vê o envio do diploma para o Tribunal Constitucional com naturalidade democrática.

O social-democrata considera que este recurso dará “segurança jurídica” ao diploma caso este seja considerado constitucional e não houver veto político pelo Presidente da República.

Os argumentos que Marcelo usa “são muito coincidentes” com aqueles que o PS trouxe ao debate, contrapõe Mariana Vieira da Silva no mesmo programa da Renascença. A antiga ministra contesta a referência pelo primeiro-ministro à “pressão” do Tribunal Constitucional.

“O que está em causa é o funcionamento normal da nossa democracia. E se houve algum atropelo ao funcionamento normal foi a forma urgente que o PSD impôs, que passou inclusivamente por não ouvir os tribunais superiores que dão pareceres obrigatórios naquela alteração legislativa. Ver agora o primeiro-ministro colocar pressão sobre o Tribunal Constitucional faz-me excessivamente lembrar o período da Troika”, critica a deputada socialista.

Vasseur continua. Ferrari elimina dúvidas sobre liderança antes da pausa de verão

A Ferrari anunciou esta quinta-feira que Frédéric Vasseur vai continuar a ser o diretor de equipa da Scuderia na F1. O francês assinou uma renovação “plurianual” do contrato, tendo chegado à Ferrari em 2023.

O lugar de Vasseur começou a ser colocado em causa em junho, depois de um início de temporada desapontante para a Ferrari. A equipa terminou 2024 perto da McLaren e do título de construtores, mas ainda não venceu nenhuma corrida em 2025.

Com o contrato original a durar até ao fim do ano, alguma imprensa italiana — onde, habitualmente, não há fumo sem fogo quando o assunto é a Ferrari — sugeriu que Vasseur estava em risco. O chefe da Ferrari ficou irritado com a especulação “desrespeitosa”, e sugeriu que a única intenção era criar problemas para a equipa.

“Renovar o contrato do Fred reflete a determinação da Ferrari de expandir as fundações construídas até agora. A capacidade dele de liderar sob pressão, abraçar a inovação e perseguir a performance alinha-se completamente com os valores da Ferrari e as ambições de longo prazo”, anunciou a Ferrari, apontando que a equipa está “unida, focada, e comprometida com melhorias contínuas”.

O CEO da Ferrari, Benedetto Vigna, reforçou que a equipa quer “reconhecer o que foi construído e comprometer-nos com o que ainda precisa de ser alcançado”, e afirmou que a renovação “reflete a confiança na liderança do Fred”.

A Ferrari venceu pela última vez uma corrida de Fórmula 1 no Grande Prémio do México de 2024, pelas mãos de Carlos Sainz. Foi também aí, com o mesmo piloto, que conseguiu a pole position mais recente da equipa.

Já os títulos fogem à equipa desde 2008, ano em que venceu o campeonato de construtores. O último título de pilotos foi em 2007, com Kimi Räikkönen.

No regresso à normalidade, luandenses lamentam “dias de guerra” e temem mais desemprego

Após “dias de guerra”, a população de Luanda respira esta quinta-feira de alívio com o regresso da calma e maior tranquilidade, apesar de receios sobre o agravamento do desemprego devido aos episódios de vandalismo.

As consequências dos tumultos, violência e pilhagens registados no início desta semana, em Luanda, na sequência da paralisação dos taxistas, ainda continuam vivas na memória dos luandenses, que os descrevem como “dias de guerra”.

A tensão dos últimos dias em Luanda contrastou esta quarta com o regresso à normalidade, com a capital angolana a registar, desde as primeiras horas do dia, a circulação fluida de pessoas e viaturas, onde os conhecidos “azuis e brancos”, voltaram a colorir as principais vias da capital.

Paragens apinhadas de pessoas, postos de combustível, empresas, comércio e instituições em funcionamento assinalavam o retorno ao trabalho dos cidadãos, sem que os vestígios de atos de vandalismo e a presença de polícia em zonas estratégicas passem despercebidos.

Também não passou despercebida a barreira de contentores que atualmente cerca a sede do partido do poder desde a independência em Angola, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), que mantém vigilância policial juntos dos seus comités.

Na vila do município de Cacuaco, norte de Luanda, a intensa presença de pessoas foi destacada por algumas “zungueiras” (como são conhecidas as vendedoras ambulantes) que condenaram os “dias de guerra” vividos com a greve dos taxistas.

“O dia de hoje está mais calmo e tranquilo (…), esses últimos dias foram de guerra e nem conseguimos sair”, disse à Lusa a “zungueira” Lucinda Fernando, ao lado da sua bancada móvel onde estavam expostas bijuterias e outras quinquilharias.

Para esta vendedora ambulante, a paralisação dos taxistas que serviu para contestar a subida do combustível e da tarifa dos transportes foi aproveitada também por marginais para saquear e destruir bens públicos e privados.

“Acredito que [nesta paralisação] não se ganhou nada, porque o país ficou parado, muita coisa se perdeu, nós perdemos e acredito que na caixa do Estado não entrou nada”, referiu Lucinda, de 33 anos, que disse ter-se “ajeitado” com o pouco que tinha na despensa para alimentar os filhos.

Com os tumultos registados em Luanda, o “país perdeu muita coisa, as lojas e armazéns partidos, e não queremos que isso aconteça mais”, desabafou Emília António Paulino, também vendedora ambulante, que tenta esquecer as cenas de destruição a que assistiu.

Enalteceu o regresso ao trabalho, recordou que viveu momentos dramáticos no segundo dia da greve dos taxistas, onde perdeu alguns bens que vendia e regressou a casa a pé por falta de transportes.

“O dia de hoje está muito bem, na terça-feira nós sofremos muito, não queremos mais ter guerra no país, queremos que o país esteja bem (…). Perdemos muitas coisas, destruíram muita coisa e queremos que o nosso Presidente [da República] faça alguma coisa para o nosso país”, exortou.

À Lusa, Carlos Joaquim, 21 anos — que diz ter sido vítima de violência durante o saque ao armazém em que trabalha no município do Hoji-Ya-Henda —, afirmou acreditar que as ações de vandalismo registados na capital angolana vão agravar ainda mais o desemprego no país.

Com uma muleta a auxiliar a sua mobilidade, devido aos ferimentos no pé esquerdo, que diz terem sido causados por pedras arremessados para o interior do estabelecimento em que trabalha, Carlos lamentou as cenas de pilhagens que comprometem a economia do país.

“O país perdeu mais e automaticamente a taxa de desemprego vai aumentar, porque diretamente os mais afetados foram os comerciantes e são muitas lojas que foram danificadas, a taxa de fome e desemprego vai aumentar e só temos a perder”, deplorou.

[Horas depois do crime, a polícia vai encontrar o assassino de Issam Sartawi, o dirigente palestiniano morto no átrio de um hotel de Albufeira. Mas, também vai descobrir que ele não é quem diz ser. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o segundo episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro aqui]

Taxistas e “lotadores” (como são conhecidos os jovens angariadores de passageiros para os táxis) também destacaram o retorno à normalidade na sua atividade, criticando, contudo, os “tristes episódios” de vandalismo, que resultaram em vários mortos e feridos.

“Foi de facto triste mesmo aquilo que aconteceu, porque nós os taxistas paramos para poder cumprir o nosso dever, mas infelizmente apareceram grupos infiltrados que não gostam do bem”, afirmou Osvaldo Manuel, taxista há 30 anos, a bordo do seu “azul e branco” na conhecida paragem da Kianda, bairro do Kikolo.

Grande parte dos armazéns deste local estiveram abertos esta quarta-feira, com grande concentração de vendedoras ambulantes e moto taxistas, tendo sido também destacada uma equipa da Polícia de Intervenção Rápida, que foi chamada para travar uma tentativa de distúrbios, como disse o “lotador” Guilherme Major.

Guilherme e o seu colega Paulino Pedro José renderam “graças a Deus” pelo início do dia sem quaisquer constrangimentos, considerando mesmo que os dias de tumultos “foram complicados” e que o país perdeu muito com os atos de vandalismo.

Entre segunda e quarta-feira, Luanda foi palco de tumultos e pilhagens durante a paralisação convocada por taxistas, que resultaram em mais de 22 mortos, 197 feridos e mais de 1.200 detidos.

Sexta na TV: Herman, Romance e o lado Toxic do amor

CINEMA

La Caja – Quatro Mulheres e Um Morto
RTP2, 22h46

Numa aldeia de pescadores nas Canárias, morre o odiado Don Lúcio. A casa que dividia com a mulher não tem espaço para o velório. Isabel, uma vizinha, acolhe o corpo em sua casa. Enquanto a viúva tenta esquecer, os vizinhos passam por lá para ajustar contas com o morto. Juan Carlos Falcón assina este filme inspirado por uma história escrita por Víctor Ramírez.

Romance
TVCine Edition, 00h

O especial O Cinema de Catherine Breillat, em exibição às sextas e sábados, até dia 29, é inaugurado por este Romance que começou a causar polémica quando ainda não tinha passado do papel, com a realizadora francesa a avisar (e cumprir) que o filme haveria de conter cenas de sexo explícito. Na fita, Marie (Caroline Trousselard) está farta do desprezo a que o seu namorado a vota quando quer ter relações sexuais com ele. Por isso, procura o prazer com outros. Em qualquer lado. Com qualquer um.

SÉRIES

Memento Mori
Prime Video, streaming

Começa a terceira e derradeira temporada da história do assassino em série (Yon González) que é perseguido por um inspector (Francisco Ortiz) à medida que vai matando – e deixando poemas pelo caminho. Esta leva de episódios da produção espanhola, composta por quatro episódios de 45 minutos cada, corresponde ao último tomo da trilogia literária Versos, Canciones y Trocitos de Carne, de César Pérez Gellida.

Os Simpsons
Star Comedy, 18h23

Depois da oferta do Natal passado que foi a maratona dos seis primeiros episódios da 36.ª temporada (repetida esta tarde, às 15h55), ela é retomada com novos capítulos para ver de segunda a sexta-feira, a começar pelo sétimo, Treehouse of Horror Presents: Simpsons Wicked This Way Comes, um especial que homenageia o escritor norte-americano Ray Bradbury. Nesta temporada, os decanos Homer, Marge, Bart, Lisa, Maggie e os habitantes da mirabolante Springfield são apoiados pelas aparições/vozes convidadas de Conan O’Brien, John Cena, Danny DeVito, Tom Hanks ou Andy Serkis.

DOCUMENTÁRIOS

The Playboy Murders
ID, 22h

Casa de sedução, erotismo e liberdade sexual, a Playboy fica também ligada a histórias nada glamorosas na órbita das suas “coelhinhas” – incluindo homicídios. Holly Madison, que conviveu intimamente com Hugh Hefner, é a apresentadora desta série investida em desvendar essa faceta sombria, que agora entra na terceira temporada.

Toxic
Max, streaming

O lado negro do amor revela-se nesta série documental sobre relações tóxicas e/ou violentas, com Elizabeth Chambers como anfitriã. Cada episódio analisa um caso, junto das vítimas, com o duplo objectivo de expor os manipuladores e detectar os sinais de alerta que muitas vezes passam despercebidos ou são ignorados.

ESPECTÁCULO

Herman José – 50 Anos de Carreira
RTP1, 22h42

Acompanhado pela sua big band, Herman José protagoniza “uma sumarenta viagem por muitos estilos e exemplos de como a música e o humor andam de mão dada”. A RTP2 captou-a em Outubro do ano passado no Campo Pequeno, em Lisboa.

INFANTIL

Patos! (VO)
TVCine Top, 21h30

Os Pato-Bravo são uma família de patos que leva uma vida tranquila num lago de Nova Inglaterra. Pam, a mãe, está ansiosa por migrar e mostrar o mundo aos dois filhos; já o marido, Mack, não é adepto de sair da zona de conforto e está sempre a empatá-la. Quando Pam consegue finalmente convencer Mack a partir, eles planeiam uma rota cheia de lugares bonitos em direcção ao Sul, com a distante Jamaica como destino final.

Produzida pelos estúdios Illumination, uma comédia animada para toda a família, com realização de Benjamin Renner e Guylo Homsy. Na versão original, as vozes são de Kumail Nanjiani, Elizabeth Banks, Awkwafina, Keegan-Michael Key, David Mitchell e Danny DeVito. Já a versão portuguesa – com emissão marcada para este sábado, às 9h40 – conta com Carla Chambel, Tiago Retrê, Heitor Lourenço, Cláudia Cadima, Marina Albuquerque, Joana Marques e Daniel Leitão.

Morreu Bob Wilson, autor do espetáculo de abertura da Expo98

Morreu o autor e encenador norte-americano Bob Wilson, aos 83 anos, anunciou esta quinta-feira o Watermill Center.

Considerado um dos mestres do teatro contemporâneo, Bob Wilson foi o autor de “O Corvo Branco”, o espetáculo de abertura da Expo 98, em Lisboa.

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Era presença habitual em Portugal, onde ainda no ano passado apresentou um espetáculo sobre Fernando Pessoa.

A ópera “Einstein on the Beach”, com música de Philip Glass, é considerada um dos marcos da carreira de Bob Wilson.

New York Times esclarece que criança de um ano e meio fotografada em Gaza por sofrer de malnutrição tem condição médica pré-existente

Nas notas de editores desta quarta-feira, 30 de julho, o jornal norte-americano New York Times revela que um artigo publicado na sexta-feira sobre pessoas em Gaza que sofriam de subnutrição e fome após quase dois anos de guerra com Israel “tinha falta de informações sobre Mohammed Zakaria al-Mutawaq, uma criança que sofria de subnutrição grave e cuja fotografia foi destacada no artigo”.

Após a publicação do artigo, que o Observador citou, aquele jornal soube pelo seu médico que Mohammed também tinha problemas de saúde pré-existentes. “Se o The Times tivesse tido conhecimento da informação antes da publicação, esta teria sido incluída no artigo e na legenda da imagem”, informa.

Mohammed, segundo o seu médico, nasceu —  já depois de 7 de outubro de 2023 e do escalar da crise humanitária em Gaza — com problemas clínicos que lhe afetam o cérebro e o desenvolvimento muscular. O seu estado de saúde acabou por se deteriorar rapidamente nos últimos meses devido à falta de acesso a comida e cuidados médicos e entrou, assim, em estado de subnutrição severa.

Como destaca o New York Times, a criança passou de pesar nove para seis quilos, chegando ao ponto de desnutrição visível nas imagens. Mohammed vive com a mãe e um irmão numa tenda numa praia de Gaza, desde que o seu pai foi morto, em outubro, quando procurava comida para a família. Isto de acordo com o relato da sua mãe, que tem agora Mohammed e o irmão, Joud, de 3 anos, para alimentar.

Hedaya al-Mutawaq, de 31 anos, disse ao New York Times que está constantemente a procurar comida pelas ruas e que como adulta consegue suportar a fome, mas nota que os seus filhos não têm a mesma resistência. A foto tornou-se emblemática.

Para divulgar o esclarecimento sobre a informação que recebeu do médico que tratou Mohammed o New York Times publicou uma nota de editor, um esclarecimento no artigo original — ele próprio alterado para incluir o facto médico, bem como uma nota de um porta-voz na sua conta de relações públicas na rede social X. Tudo isto não tem, no entanto, sido visto como suficiente, ou proporcional, por ativistas pró-Israel.

“O mínimo que o New York Times poderia fazer seria publicar a correção da história do rapaz faminto na sua página principal, com 55 milhões de seguidores. Isso ajudaria a mitigar os danos que causaram”, escreveu no X Bill Ackman, CEO Pershing Square e uma das vozes mais mediáticas em Wall Street, que tem usado a sua plataforma para defender Israel nos últimos anos.

“É revelador que a história original estivesse na primeira página, na coluna da direita, no topo da página, e a correção esteja num qualquer site de relações públicas do Times que ninguém segue”, nota ainda, detalhando que a história publicada para 55 milhões de seguidores foi enviada para apenas 80 mil seguidores, referindo-se às duas contas do jornal no X — a principal e aquela que é destinada a comunicações, onde a nota do porta-voz do jornal foi publicada.

Ackman vai mais longe e diz que são “histórias como esta que levam os lunáticos a matar”. “Não é apenas a difamação da reputação de um país, é um apelo à violência contra os judeus“, assegura o CEO.

Por outro lado, a sede do New York Times, em Nova Iorque, sofreu esta quarta-feira um ataque de vandalismo que se pensa estar relacionado com a divulgação do esclarecimento. Ativistas pró-palestina atiraram tinta vermelha contra a fachada da redação do jornal, deixando a mensagem: “NYT mente, Gaza morre.”

Depois da revelação do The New York Times, o Ministério da Defesa de Israel está a colocar em causa várias imagens virais, incluindo aquela que foi tirada ao menino palestiniano Abdul Qader al-Fayoumi, de 14 anos.

Numa publicação na sua conta X em inglês, o Coordenador das Actividades Governamentais nos Territórios (COGAT) acusa o Hamas de “usar fotos de crianças doentes para promover a narrativa da ‘fome’ e culpar Israel”.

“A verdade conta uma história diferente: Abdul Qader al-Fayoumi, de 14 anos, foi tratado em Israel, em 2018, devido a uma doença genética. Abdul era uma das centenas de crianças de Gaza que sofriam de doenças semelhantes e que foram tratadas em Israel antes da destruição da Passagem de Erez pelo Hamas, a 7 de Outubro”, afirma-se ainda.

Até à tarde desta quinta-feira e desde o início da guerra em Gaza, contam-se 154 mortes relacionadas com a fome e subnutrição, incluindo 89 crianças, segundo dados revelados pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlada pelo Hamas. Nas últimas semanas têm-se sucedido relatos de casos de fome e subnutrição em crianças por médicos, Organizações Não Governamentais (ONG) como os Médicos sem Fronteiras, bem como das Nações Unidas, incluindo ONG’s israelitas, havendo muitas imagens que mostram crianças esqueléticas. E foi depois deste alerta geral que Israel aceitou que fosse distribuída ajuda humanitária por meios aéreos.

O maior raio de que há registo viajou 830 km — algo como ir de Lisboa a Barcelona

Um raio que no outono de 2017 se mostrou nos céus pelo céu do Texas até ao Kansas bateu oficialmente o recorde mundial de “raio com maior comprimento” de que há registo: mais de 800 km. Durante uma tempestade de grandes dimensões, em outubro de 2017, uma colossal descarga de eletricidade serpenteou pelas Grandes Planícies da América do Norte através de 830 quilómetros — uma distância que superou o recorde anterior em 61 quilómetros. Esta distância é próxima da que separa Lisboa, no extremo sudoeste da Península Ibérica, de Barcelona, na ponta noroeste: o raio poderia ter atravessado a península

Montenegro pede “serenidade” e avisa que “não há capacidade ilimitada” para combater incêndios

Luís Montenegro desvalorizou esta quinta-feira as críticas no combate a incêndios, pedindo que “não se adense a intranquilidade das populações que já sofrem muito” e avisando que “não há capacidade ilimitada” para fazer frente a incêndios.

Em declarações em Valpaços, onde inaugurou ao lado da ministra da Saúde o Centro de Relevância Alzheimer e Parkinson, o primeiro-ministro pediu “serenidade”.

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Não vale a pena estarmos concentrados em polemizar quando temos de estar concentrados em combater e responder à prioridade máxima, que é sermos capazes de proteger as pessoas, as suas vidas, e depois o seu património”, afirmou, perante questões sobre a falta de meios aéreos no combate a incêndios em Arouca e Ponte da Barca.

Montenegro defendeu que este é “o maior dispositivo de sempre mobilizado” e que tem sido aplicada uma “ política de prevenção cada vez mais intensa”.

“Temos meios, mas nas situações de crise é sempre muito difícil fazer essa gestão. Não temos capacidade ilimitada. Temos operacionais que precisam de descansar, que precisam de se movimentar no terreno e temos meios aéreos que respondem às necessidades que o dispositivo necessita, mas que em horas de crise têm uma dificuldade de gestão maior”, afirmou o chefe de Governo.

Perante a insistência dos jornalistas, Montenegro pediu para confiar no conhecimento e coordenação das autoridades.

Se tivéssemos um estalar de dedos que resolvesse o assunto, não tínhamos o impacto que temos dos incêndios em Portugal. Não é só em Portugal. É em Espanha, em França, na Grécia, na Califórnia, na Austrália, na China. Precisamos todos de ter serenidade. Não estou a dizer que não tenhamos que escrutinar”, afirmou, pedindo para “não adensar a intranquilidade das populações que já sofrem muito quando são confrontadas com a inquietação de ver as chamas aproximarem-se das suas casas”.

Montenegro anunciou ainda que, em conjunto com o Ministério da Economia, estão a ser criadas condições para apoios na recuperação de estragos dos incêndios.

Morreu Bob Wilson, o grande poeta abstracto do teatro contemporâneo

Morreu Robert Wilson, aliás Bob Wilson, um dos mais fulgurantes e influentes criadores do teatro contemporâneo, autor de espectáculos tão inesquecíveis como Einstein on the Beach. A notícia, lacónica, foi publicada na conta de Instagram do seu Watermill Center, em Nova Iorque, laboratório de onde saíram experiências que para sempre mudaram o entendimento do que pode ser um palco e a presença humana nele.

À beira de completar 84 anos (cumpri-los-ia a 4 de Outubro), o autor e encenador norte-americano, nascido em 1941 em Waco, no Texas, continuava a trabalhar. Por Portugal, de resto, onde várias das suas produções fizeram escala desde a década de 1990, passara não há muito tempo com a sua leitura de Fernando Pessoa, PESSOA — Since I’ve been me, apresentada em Março em Lisboa, no São Luiz Teatro Municipal. “Senti-me muito confortável no mundo de Pessoa. Senti uma profunda familiaridade entre a cabeça dele e aquilo que tento fazer como autor e como encenador com a luz, o tempo e o espaço — e com a liberdade de pensamento”, disse então ao PÚBLICO numa curta entrevista por email. Foi a sua última visita.

Nascido num lugar extremamente conservador, marcado pela influência repressiva da igreja baptista e pela linha da cor da segregação racial que então dividia o Norte do Sul dos Estados Unidos, Robert Wilson teve “a sorte” de se cruzar com um mentor que o faria encontrar-se com o seu destino, o de um criador total que viu no palco o lugar de confluência e deflagração de múltiplas artes (teatro, música, literatura, artes visuais, dança, arquitectura, instalação, performance…), potenciadas por uma cenografia e por um desenho de luz tão assombrosos quanto minimais, e por uma poesia interna sempre enigmática, e por isso fascinante.

“Waco era um lugar muito segregado. Era difícil dares por ti a caminhar na rua com um homem negro. Não havia muita cultura. Tive a sorte de ser apresentado a um homem chamado Paul Baker que na altura dirigia o departamento de teatro da Baylor University. Estavam a fazer um trabalho experimental. Era bastante incrível a forma como ele desenvolveu um programa integrado com outras artes, quer fossem a pintura, a escultura ou a performance (…). Para mim, isso foi uma janela para um outro mundo”, contou em Abril deste ano à revista Autre.

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