Incêndios: Governo diz que está “no terreno” para levantar prejuízos e apoiar população

O Governo assegurou esta terça-feira que está “desde o primeiro dia” a avaliar os prejuízos dos incêndios rurais no Centro e no Norte do país, tendo já realizado levantamentos para garantir o apoio rápido às populações afetadas.

Num comunicado conjunto, o Ministério da Economia e Coesão Territorial e o Ministério da Agricultura e Mar referem que os levantamentos estão a ser realizados pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro e do Norte, pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e por serviços regionais da Agricultura e Mar, em articulação com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Proteção Civil.

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Segundo o executivo, a recolha de informação destina-se a identificar prejuízos em explorações agrícolas, habitações, indústrias e comércios, para assegurar uma resposta célere com apoios financeiros.

“Desta forma, são identificadas as necessidades de reparação das explorações atingidas, a reposição do potencial produtivo, as primeiras habitações afetadas, assim como as indústrias e comércios. O Governo, tal como fez nos incêndios de setembro de 2024, ajudará rapidamente as populações, agricultores, produtores, empresários e os que sofreram perdas e prejuízos, em primeira habitação, culturas, animais, e equipamentos agrícolas, industriais e comerciais”, explica a nota.

Incêndios: Marcelo defende ministra e pacto de regime

A tutela indica ainda que a DGAV ativou uma linha de apoio permanente (213 329 621), disponível 24 horas, para reportar necessidades relacionadas com rações, acolhimento e encaminhamento de animais.

“Desde o primeiro dia o Governo tem estado ativamente ao lado das populações”, afirmou o ministro da Economia e Coesão Territorial, Castro Almeida, citado na nota.

No mesmo sentido, o ministro da Agricultura e Mar, José Manuel Fernandes, garantiu que “os agricultores e as comunidades afetadas nunca estarão sozinhos”.

Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 2 de agosto.

Os fogos provocaram dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual chegaram dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos fogos.

Segundo dados oficiais provisórios, até esta terça-feira arderam mais de 201 mil hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024.

Sindicato quer trabalho extra de trabalhadores da floresta e Proteção Civil pago a 100%

Acompanhe o nosso liveblog sobre a situação dos incêndios em Portugal.

O Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil (SinFAP) exigiu esta terça-feira que, de forma excecional, o trabalho extraordinário destes profissionais seja pago a 100%, sem prejuízo do limite mensal estabelecido.

“No atual teatro de operações, milhares de profissionais têm estado empenhados, de forma ininterrupta, no combate e apoio às populações”, sublinha o SinFAP, defendendo que estes profissionais “têm demonstrado uma dedicação exemplar” no combate aos incêndios.

Segundo o sindicato, em causa estão assistentes operacionais, assistentes técnicos, assistentes técnicos superiores dos serviços municipais de proteção civil, bem como os “operacionais das diferentes forças envolvidas no combate” aos incêndios, “assim como aqueles que operam as telecomunicações de emergência e asseguram ações de fiscalização e segurança”.

“Contudo, importa sublinhar que muitos destes profissionais já atingiram o limite legal de 60% de trabalho extraordinário mensal, previsto na lei, sem que até ao momento tenham sido emitidas, pelo Governo, as sucessivas declarações de situação de alerta que legitimariam um enquadramento excecional”, salienta, em comunicado.

Nesse sentido, e de forma “excecional”, o sindicato defende que seja “reconhecido o trabalho extraordinário realizado a 100%” por estes profissionais, “sem prejuízo do limite mensal estabelecido”.

Segundo o sindicato, este reconhecimento seria “justo” e “um sinal inequívoco de valorização a quem, diariamente, se encontra na linha da frente, garantindo a segurança e proteção da população”.

Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 2 de agosto.

Os fogos provocaram dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual chegaram dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos fogos.

Segundo dados oficiais provisórios, até 19 de agosto arderam mais de 201 mil hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024.

[Governo decide que é preciso invadir a embaixada para pôr fim ao sequestro. É chamada uma nova força de elite: o Grupo de Operações Especiais. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. Ouça no site do Observador o quinto episódio deste podcastplus narrado pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Também o pode escutar na Apple Podcasts, no Spotify e no YoutubeMusic. E ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]

Incêndios: Ferido grave no Sabugal apresenta “queimadura extensa”

O homem que ficou ferido com gravidade no incêndio no Sabugal, distrito da Guarda, na terça-feira, apresenta “uma queimadura extensa”, estando a ser “avaliado e estabilizado” no serviço de urgência do Hospital de São João, no Porto, adiantou à agência Lusa fonte hospitalar.

Fonte do Hospital de São João, no Porto, referiu na terça-feira à noite que a vítima “apresenta uma queimadura extensa e encontra-se a ser avaliado e estabilizado no serviço de urgência (SU).

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Um operacional da Afocelca (empresa de proteção florestal detida pelos grupos do setor da celulose Altri e Navigator), de 45 anos, ficou gravemente ferido em operações de combate ao incêndio que lavra no concelho do Sabugal, tinha referido a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em comunicado.

“O ferido grave foi estabilizado no local pelas equipas de emergência e posteriormente transportado, pelo helicóptero do INEM, para o Hospital de São João, no Porto”, acrescentou.

Segundo fonte da Afocelca, contactada pela Lusa, o funcionário integrava uma equipa de cinco elementos da empresa.

Os restantes quatro elementos sofreram ferimentos ligeiros e foram assistidos no local por equipas do INEM.

Fonte do Comando Sub-Regional das Beiras e Serra da Estrela tinha adiantado à agência Lusa que o alerta para estes feridos foi dado às 16h46, na zona de Vale da Senhora da Póvoa, localidade do município de Penamacor, na fronteira com o concelho vizinho do Sabugal.

50 anos depois, o poder local ainda é o motor de Portugal?

Meio século de democracia autárquica deu-nos concelhos mais modernos, conectados e dinâmicos. Mas também nos deixou perante uma questão urgente: conseguirá o poder local responder aos desafios da coesão territorial, da economia e do envelhecimento? Com as eleições à porta, é tempo de repensar o papel das autarquias como força motriz do futuro nacional.

Este ano, Portugal assinala 50 anos de poder local democrático. Desde as primeiras eleições autárquicas, em 1976, muito mudou. Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia levaram água potável a aldeias onde se vivia com poços, asfaltaram estradas que antes eram caminhos de terra batida, criaram redes de saneamento, abriram escolas, centros de saúde e bibliotecas. Em muitas localidades, foram as autarquias que trouxeram a cultura acessível a todos e que investiram no desporto como ferramenta de coesão social.

Ao longo de cinco décadas, o poder local foi mais do que um executor de políticas centrais: foi motor de transformação e modernização do país. Ao aproximar a decisão política do cidadão, deu voz a comunidades que antes viviam esquecidas. Foi na escala local que se testaram soluções inovadoras, muitas vezes antes de chegarem ao debate nacional. Mas, à medida que nos aproximamos de novas eleições autárquicas, a pergunta impõe-se: será que o poder local está preparado para enfrentar os desafios do próximo meio século?

O primeiro é-nos bastante evidente: um país desigual exige autarquias fortes. Portugal é um país profundamente assimétrico. Enquanto o litoral concentra população, serviços e investimento, vastas zonas do interior continuam a perder habitantes, sobretudo jovens, e a envelhecer a um ritmo preocupante. Este desequilíbrio territorial não é apenas um problema demográfico: é uma ameaça à coesão social, à competitividade económica e à sustentabilidade do próprio Estado Social.

É nas autarquias que reside, muitas vezes, a capacidade de inverter esta tendência. São elas que conhecem melhor o território e que podem agir de forma rápida e adaptada à realidade local. Mas, para isso, precisam de competências reais, recursos suficientes e autonomia administrativa que lhes permita mais do que gerir rotinas – precisam de espaço para pensar e executar estratégias de longo prazo.

Esta linha de pensamento guia-nos a uma luta conhecida, a descentralização. O discurso da descentralização repete-se há anos, mas a prática está longe de corresponder às promessas. Muitas competências foram “transferidas” para os municípios sem o correspondente envelope financeiro, transformando oportunidades em fardos orçamentais. Outras ficaram retidas no labirinto da administração central, que continua a tratar muitas decisões locais como se fossem meras extensões do ministério de turno.

Se queremos que o poder local seja um inequívoco motor de desenvolvimento, temos de lhe dar as ferramentas para agir. Isso significa garantir financiamento adequado e reduzir burocracias.

As campanhas autárquicas como as conhecemos continuam, em muitos casos, a girar em torno de inaugurações e promessas visíveis: mais rotundas, mais asfalto, mais obra de proximidade. É legítimo e até necessário investir nestas melhorias, mas é insuficiente.

Hoje, o grande teste para um município é saber como atrair e fixar população, criar emprego qualificado, apostar na transição energética, proteger o ambiente, promover a cultura e fomentar a participação cívica. É repensar o território para que seja lugar de vida e não apenas de passagem ou de turismo sazonal. É colocar as pessoas, e não apenas as obras, no centro da política local.

Falamos da democracia que vive na porta ao lado. O poder local é, por natureza, o nível de governação mais próximo do cidadão. É na câmara ou na junta que se resolvem problemas concretos: uma licença de obras, a reparação de uma rua, a organização de uma feira. Mas é também ali que muitos cidadãos têm o seu primeiro contacto com a política.

Reforçar a participação nas eleições autárquicas é reforçar a própria democracia. E aqui o papel dos jovens é crucial. Não basta vê-los como “futuro”, eles já são presente e têm de ser parte das decisões que moldam o lugar onde vivem.

Afinal, qual é o grande desafio dos próximos 50 anos?
Olhar para trás é reconhecer que as autarquias foram, em muitos casos, a locomotiva do progresso. Olhar para a frente é perceber que não podemos dar isso por adquirido. O país precisa de autarquias mais fortes, mais inovadoras e mais responsáveis.

Se, em 1976, o desafio era reconstruir um país pobre e isolado, em 2025 o desafio será manter viva a proximidade democrática num mundo globalizado, digital e em rápida mutação. Para isso, é preciso coragem política para descentralizar de verdade, visão estratégica para pensar o território a 20 anos e capacidade para envolver todos — do centro da capital à freguesia mais remota.

O poder local foi, é e pode continuar a ser motor de Portugal. Mas só se tiver o combustível certo: autonomia e recursos crescentes. O resto é andar em ponto morto e o país não se pode dar a esse luxo.

Real Madrid arranca campeonato com vitória magra

O Real Madrid arrancou esta terça-feira a Liga espanhola 2025/2026 com uma vitória, por 1-0, frente ao Osasuna, que poderá ser a nova equipa do sportinguista St. Juste.

O golo solitário foi apontado na segunda-parte por Kylian Mbappé, na conversão de uma grande penalidade.

O treinador Xabi Alonso deu a titularidade a três reforços: o ex-Benfica Alvaro Carreras, Trent Alexander-Arnold e Dean Huijsen, e promoveu a estreia do jovem prodígio argentino Franco Mastantuono.

O campeão em título, FC Barcelona, entrou em campo no sábado e começou a Liga com uma vitória sobre o Maiorca, por 3-0.

As Neurociências da Política: o Cérebro no Jogo do Poder

A política muitas vezes é nos apresentada enquanto um conjunto de ideias, argumentos e ideologias. No entanto, as neurociências têm mostrado que, por trás de discursos e pessoas carismáticas, existe o cérebro humano, com mecanismos que regulam emoções, memória, tomada de decisão e vieses cognitivos. É aqui que a política realmente acontece.

Estudos recentes sugerem que preferências políticas podem estar relacionadas a diferenças no processamento cerebral do risco, da recompensa e da ameaça. Ou seja, eleitores conservadores mostram maior reatividade da amígdala a estímulos percebidos como perigosos, enquanto eleitores liberais apresentam maior ativação em regiões ligadas à integração de informação social (Social Brain Network). Não se trata propriamente de um determinismo biológico, mas sim de uma pista sobre como pré-disposições cognitivas e emocionais podem influenciar orientações políticas.

O cérebro tem a tendência para reforçar crenças pré-existentes em vez de corrigi-las, mesmo diante de evidências contrárias. Este é o porquê de mesmo passados 50 anos, os portugueses elegerem sempre os mesmos partidos para constituir um governo… um fenómeno conhecido como viés de confirmação. Quando entendemos que o cérebro é o responsável por todas as decisões que tomamos, logo por tudo o que acontece no mundo provocado pelo homem, a repetição de escolhas políticas ao longo do tempo torna-se evidente. Sendo explicada não só por mecanismos de aprendizagem e memória coletiva e não apenas por fatores históricos e socioeconómicos. O cérebro humano tende a privilegiar a familiaridade e segurança em detrimento da incerteza, um processo associado ao chamado “efeito de mera exposição”. Desta forma, partidos como o PS e o PSD, que dominaram o panorama político português durante décadas, beneficiam de um enquadramento neuronal que associa continuidade à estabilidade. Esta preferência não é diretamente correlacionada com a satisfação dos resultados, mas traduz a forma como os circuitos neuronais de recompensa e aversão ao risco influenciam a manutenção das mesmas escolhas eleitorais, ignorando os erros do passado.

Em suma, a política não é só um duelo de ideias abstratas, mas sim um reflexo de como nossos cérebros percepcionam, sentem e interagem. Isto não diminui a importância da racionalidade democrática, mas expõe a necessidade de integrar a neurociência no quotidiano de forma a compreender as dinâmicas do poder. A política, afinal, é feita de cérebros em relação.

Os portugueses, o Estado e a memória

A citação inicial nunca terá sido tão apropriada como nas últimas semanas. Da crise na Saúde, que as dificuldades nas Urgências evidenciam com dramatismo, à tragédia repetida dos incêndios e à incapacidade de o Estado funcionar em tempo útil e oportuno, tudo parece confirmar o conceito. A se associará uma relação difícil com a memória do passado, mesmo que recente. Será incapacidade de assumir os custos de uma estratégia e a coragem promover as opções tácticas adequadas ao tempo e à oportunidade, mediante acção coerente e continuada?

A crise na Saúde e o problema das urgências têm décadas. Sobre o assunto escreveram-se artigos, livros, emitiram-se com opiniões que pareciam indiscutíveis, fizeram-se promessas de acção. Mas só recordamos quando a tragédia bate à porta. E curiosamente sem pudor, repetem-se análises, promessas como se tudo fosse novidade. Perante um grave acidente com ferimentos extensos, um episódio cardiovascular agudo que poderá configurar risco de morte iminente, uma gravidez que se aproxima do termo sem local seguro assegurado para o parto, que poderão pensar o cidadão e as futuras mães? Não têm outra solução se não confiar na capacidade e eficácia dos serviços de urgência que os conduza, tão rápido quanto possível, ao hospital mais indicado para a resolução do problema. A eficácia do sistema de Urgência representa, muitas vezes, a diferença entre a vida e a morte, a cura e a incapacidade prolongada ou permanente, o sofrimento continuado ou uma vida normal. Ou o fim feliz de uma gravidez desejada. Como é que ainda persistem intermitências no funcionamento das Urgências hospitalares, maternidades a funcionar em yo-yo, ora sim ora não, mudanças súbitas de direcção porque a primeira estava encerrada? Porque não foi possível organizar e resolver o problema?

Proponho curta viagem ao passado. Portugal tinha um bom Sistema de Urgência Médica, seguro, confiável, competente e dedicado. Com bons exemplos de sucesso que nos colocaram no pelotão da frente na Europa: as Vias Verdes para o enfarte do miocárdio e AVC, as emergências vasculares, grandes traumatismos, etc. Comprovei na urgência hospitalar que servi, a excelente capacidade profissional dos seus recursos humanos, médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes operacionais. Baseava-se em Emergência pré-hospitalar o INEM – com capacidade de centralizar a informação e organizar a resposta imediata e no local, orientar o transporte mobilizando os meios mais adequados de acordo com a natureza e gravidade clínica, assegurando comunicação directa com a instituição hospitalar de referência. A seguir Organização hospitalar hierarquizada e com uma estrutura integrada. Houve dificuldades? Claro que sim. Nem sempre se conseguiu a centralização de recursos de modo a assegurar o funcionamento 24h/7 dias semanais em especial nas instituições mais diferenciadas. Na última década em que dirigi o serviço de cirurgia vascular do HSM organizou-se com todos os serviços da área de Lisboa uma Urgência Metropolitana que assegurou sempre a prestação de cuidados. E nós teremos sido apenas a ponta do iceberg! E a comunicação fluía pelas vias competentes para o INEM, corporações de bombeiros, que sabiam antecipadamente que caminho seguir, sem a colaboração da informação televisiva! Centralização de recursos é o conceito chave. Não pode haver um hospital em cada bairro ou á porta de casa…! O que certamente obrigará a redefinir e reorientar a missão de algumas instituições. O que se passou recentemente em Obstetrícia Ginecologia com sucessivas maternidades a fecharem sequencialmente sem polos centralizadores e de referenciação verdadeiramente actuantes minimizando tempos de viagem, foi inaceitável. Admitir que possa continuar encontrando justificações potenciais terá um custo social e político inaceitável!

Revendo as sucessivas decisões tomadas é a aparente ausência de uma estratégia coerente fundada em avaliação rigorosa e que fosse orientando as intervenções necessárias. Porque as causas que foram persistindo eram conhecidas. Sabe-se: 50 a 60% da procura de serviços de urgência hospitalar é falsa urgência. Há claramente que distinguir a grande urgência médica que precisa de internamento hospitalar imediato, dos episódios agudos de doença, menos graves, mais frequentes na comunidade, que podem e devem ser avaliados por médicos com formação generalista, e cuja educação profissional os prepara para o reconhecimento clínico e para intervenção na maioria destas situações.

O que a realidade vem evidenciando e desde há anos é a resposta insuficiente do sector de Medicina Ambulatória pré-hospitalar centralizado nos Centros de Saúde. E daí consolidou-se uma cultura que assimilou a Urgência como porto de abrigo perante necessidades médicas sem resposta de maior proximidade e integrada na comunidade. Como ultrapassar esta dificuldade? No início da década de 80 o então governo da AD criou os SAP´s (Serviços de Atendimento Permanente) que ofereciam serviço clínico diurno e nocturno em Pediatria e Medicina Interna, com os especialistas hospitalares indo à Comunidade. O impacto na redução da procura hospitalar foi reconhecido, mas a experiência foi terminada com a mudança de orientação governamental. 40 anos depois aplicar-se-ia? A Medicina é mais complexa, a exigência maior, bem como a necessidade de recursos laboratoriais e imagiológicos basilares indispensáveis no diagnóstico, os quais devem estar disponíveis na intervenção pré-hospitalar.

Há cerca de 15 anos, como director da FMUL, convidei Lord Ara Darzi, que fora membro do governo de Gordon Brown na área da Saúde, para a abertura do ano académico. A sua conferência foi muito interessante; focou a necessidade de criação de novas estruturas intermédias entre Centros de Saúde ambulatórios e os grandes hospitais diferenciados, com meios laboratoriais e imagiológicos básicos.  As circunstâncias políticas consequência da crise económica e financeira que também afectou Portugal, certamente contribuiu para que não tivesse impacto. Recentemente o Ministério da Saúde recuperou a iniciativa e optou por uma articulação público-social com a Misericórdia do Porto, certamente mais fácil e expedita que a mobilização dos Centros de Saúde, desviados desde o fim de 2022 para uma outra rota organizacional, outra iniciativa táctica – as Unidades Locais de Saúde! Não sabemos se a experiência foi avaliada, se foi eficaz e útil e quais os custos financeiros envolvidos. E se melhorou tempos de espera e racionalizou a procura hospitalar. Aparentemente não terá sido um sucesso para a solução dos problemas das Urgências! Mas recuperar e adaptar a orientação de constituir o terceiro pilar da reforma com a criação de Centros de Atendimento Clínico Urgente como estruturas intermédias pré-hospitalares com meios de diagnóstico, funcionamento nocturno capazes de rastreio e intervenção em situações que, sendo urgentes e relevantes para os doentes, não precisam de internamento hospitalar, poderia ser uma boa solução e eficaz. Até fidelizando os médicos e enfermeiros, evitando peregrinação à tarefa por outras instituições…

A saga do INEM e das suas disfunções, os atrasos inaceitáveis no atendimento de chamadas, as greves de zelo (?), a carência de meios de acção e transporte, alarmaram a cidadania. Concursos anuais para helicópteros que são necessários para o ano inteiro, 365 dias? E a uma empresa sediada em ilha mediterrânica conhecida como paraíso fiscal e que necessitava de aprovação prévia no concurso para se equipar? Em aeronaves e equipas profissionais? Helicóptero da Força Aérea que só poderia aterrar num heliporto no Minho, num moderno hospital que, não obstante a qualidade do seu pessoal e dos seus serviços, não é o único centro de referência regional e nacional para a grande urgência médica. Não há política de Saúde que resista. Configura o que há duas décadas designei por o Síndroma de Disfunção do Estado (SDE) ou, como alguém mencionou recentemente o Estado Incompetente. Como se verifica na incapacidade de organizar, planear e executar o combate ao flagelo dos incêndios, como ontem (17/8) ouvi ao Prof. António Nunes, Comandante do Corpo de Bombeiros, pondo o dedo na ferida com grande coragem, lucidez e contenção.

Teremos memória do passado recente? Eu recordei os primórdios da Pandemia COVID 19. Da coragem, dedicação, espírito de serviço de todos os profissionais de Saúde na fase pré-vacinação. Depois a entrevista notável do Presidente Ramalho Eanes que apelou à participação de todos os sectores, público, social e privado e das Forças Armadas, oferecendo à cidadania horizonte de tranquilidade e esperança, onde só prevalecia a indecisão e receio. E depois a actuação notável da Task Force para a Vacinação presidida pelo Almirante Gouveia e Melo, que mostrou como se organiza, se faz e se presta um serviço recuperando a dignidade e eficácia do Estado. Foram dois momentos definidores! Já nos teremos esquecido? Precisaremos agora de uma task force para as Urgências e os Incêndios?

Post-scriptum: Este foi o 3º artigo dedicado ao tema desde 2022. Em comum têm o lamento consubstanciado na citação usada em todos, a qual é a verdadeira essência das dificuldades que enfrentamos.

Trump quer acabar com a guerra na Ucrânia para “chegar ao céu”

Donald Trump, o Presidente dos Estados Unidos, confessou que está a esforçar-se para acabar com a guerra na Ucrânia para tentar “chegar ao céu” numa entrevista ao programa Fox & Friends da Fox News durante o qual descartou o envio de tropas norte-americanas para a Ucrânia, no âmbito das garantias de segurança de um futuro acordo de paz com Moscovo.

Mas tenho ouvido dizer que não tenho feito um bom trabalho“, ressalvou ainda Trump, acrescentando que ouviu dizer que está “mesmo no fim da fila”.

Porém, para o Presidente dos EUA, se chegar ao céu, acabar com a guerra na Ucrânia será “uma das razões” para que isso aconteça.

Na mesma entrevista à Fox News, esta terça-feira citada pelas agências internacionais, Donald Trump concordou que as nações europeias assumam a liderança da iniciativa.

Trump disse que vários países europeus já mostraram disponibilidade para enviar militares para a Ucrânia, como tal “não será um problema” responder às garantias de segurança exigidas pelo homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Na entrevista, divulgada após contactos em Washington que envolveram, na segunda-feira, Trump, Zelensky, e uma delegação de vários líderes de países da UE, o governante deixou claro que os EUA não se vão envolver de forma alguma na mobilização de forças para solo ucraniano.

“Têm a minha garantia”, sublinhou, depois de questionado sobre como podia assegurar que não haveria quaisquer tropas norte-americanas no terreno.

Mas Trump acrescentou estar “pronto a ajudar“, nomeadamente através do envio de apoio aéreo, uma ideia que a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, assumiu mais tarde como sendo “uma opção e uma possibilidade”.

Só estou a tentar evitar que pessoas sejam mortas“, insistiu o chefe de Estado norte-americano na entrevista.

Trump reiterou que “haverá algum tipo de segurança” para Kiev, “embora não no âmbito da NATO” e afirmou concordar com a presença de forças militares europeias no território ucraniano.

“Eles [os ucranianos] não vão fazer parte da NATO, mas temos as nações europeias, e elas vão estar na linha da frente. E algumas delas, França e Alemanha, também o Reino Unido, querem ter, como sabe, tropas no terreno. Não creio que isso vá ser um problema, para ser sincero. Creio que [Presidente russo, Vladimir] Putin está cansado desta situação. Creio que todos estão cansados”, prosseguiu.

O líder norte-americano já tinha descartado nos últimos dias uma possível integração da Ucrânia na NATO.

[Governo decide que é preciso invadir a embaixada para pôr fim ao sequestro. É chamada uma nova força de elite: o Grupo de Operações Especiais. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. Ouça no site do Observador o quinto episódio deste podcast plus narrado pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Também o pode escutar na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]

Na segunda-feira, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, que também participou nas conversações em Washington, disse que os EUA iam estar envolvidos num esforço de cerca de 30 países para garantir a segurança da Ucrânia no quadro de um acordo de paz com a Rússia.

O responsável indicou, porém, que na reunião na Casa Branca não foi acordado o envio de tropas para o terreno, nem concretizado o papel dos Estados Unidos.

Quanto a uma potencial troca de territórios, Trump afirmou ainda à televisão que “a Ucrânia vai recuperar a sua vida” assim que o conflito terminar e também “muito terreno”, mas sem dar mais pormenores.

O chefe de Estado norte-americano chegou a admitir há poucos dias que Kiev teria de renunciar definitivamente à península da Crimeia, que foi anexada em 2014.

Um dos grandes objetivos estabelecidos por Trump é organizar uma nova cimeira com a presença de Zelensky e de Putin.

Os dois não precisam se tornar “nos melhores amigos”, mas vão ter de ceder em algumas das respetivas reivindicações, avisou.

O Presidente norte-americano defendeu a organização da reunião “o mais rápido possível” e garantiu ainda que um dos líderes europeus que esteve na Casa Branca na segunda-feira propôs dar “mais um ou dois meses” de prazo antes do encontro Zelensky-Putin, algo que classificou como contraproducente.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

De novo, nada de novo: Portugal em chamas

O país está a arder. E, sejamos claros, não é apenas Portugal: grande parte do sul da Europa está a arder. O fogo já não respeita fronteiras, nem mapas políticos, nem a arrogância de quem insiste em acreditar que os incêndios são apenas um problema geográfico, ou uma fatalidade “à portuguesa”. Esta ilusão, tantas vezes alimentada pela classe política e por alguns “sábios” de gabinete, esconde o essencial: estamos perante uma crise europeia, global, existencial.

No entanto, como em qualquer momento de catástrofe, há sempre quem aproveite a tragédia para colher dividendos políticos ou ideológicos. Há quem culpe os técnicos, quem grite contra conspirações, quem finja surpresa. Só quando as chamas batem à porta, quando o fumo invade as nossas casas, quando os noticiários abrem com números que já não cabem nas estatísticas, quando percebemos que “os próximos” poderemos ser nós, é que a opinião pública desperta. E, por breves instantes, ousa apontar o dedo aos responsáveis. Mas logo depois, a indignação esvai-se e tudo volta ao mesmo.

Um continente em combustão

Os números não deixam margem para dúvida: em 2024, arderam 13,5 milhões de hectares de floresta a nível global, uma área equivalente ao território da Grécia. Os incêndios representaram quase metade da perda de cobertura arbórea registada entre 2023 e 2024. Só na Europa, em 2025, já foram devastados 438.568 hectares, quase o triplo da área ardida no mesmo período de 2024. Trata-se da pior época de incêndios em duas décadas.

O fogo deixou de ser um fenómeno sazonal para se tornar numa ameaça estrutural. A paisagem mediterrânica, moldada por séculos de agricultura, pastoreio e floresta diversificada, está a transformar-se num pavio contínuo: secas prolongadas, monoculturas inflamáveis, abandono rural e fragmentação da propriedade criaram corredores de fogo altamente eficientes. A isto somam-se os ventos cada vez mais imprevisíveis e violentos, filhos das alterações climáticas, que tornam os incêndios mais rápidos, mais quentes, mais agressivos e menos previsíveis.

Não são apenas árvores que ardem. Ardem aldeias, ardem modos de vida, arde a economia local. Arde a saúde pública, o fumo tóxico dos incêndios é hoje reconhecido como uma ameaça mortal, embora sistematicamente subestimada. Ardem ainda os ecossistemas, transformando sumidouros de carbono em fontes de poluição, acelerando o colapso climático que já vivemos.

A resposta que não responde

Perante este cenário dantesco, seria de esperar que as políticas públicas estivessem à altura. A União Europeia dispõe, de facto, de mecanismos de coordenação, planos de resposta rápida, fundos de emergência. Mas a verdade é que a máquina continua refém da lógica reativa: apagar primeiro, pensar depois. Investem-se milhões em meios aéreos, mas migalhas em prevenção e gestão integrada do território.

O resultado é um círculo vicioso: gastam-se fortunas a combater incêndios cada vez mais impossíveis de combater, enquanto se negligenciam as medidas que poderiam, de facto, mitigar a sua ocorrência e intensidade. Para agravar, a alocação de recursos não segue, muitas vezes, critérios de risco real, mas de pressão política e mediática. O território continua desordenado, as comunidades continuam desprotegidas, os ecossistemas continuam a colapsar.

A pergunta que não quer calar

Diante desta evidência, a pergunta é inevitável: porque é que nada é feito? Porque é que soluções que existem, comprovadas e disponíveis, continuam sistematicamente adiadas ou ignoradas?

Todos sabemos o que precisa de ser feito:

Investir maciçamente na prevenção e não apenas no combate.

Reordenar o território, devolvendo à paisagem mosaicos agrícolas, pastagens e florestas diversificadas que dificultem a propagação do fogo.

Apoiar as comunidades locais, tornando-as protagonistas da proteção e não apenas vítimas da tragédia.

Adotar tecnologias avançadas de deteção precoce, monitorização e combate inteligente.

roteger a saúde pública, garantindo planos de contingência para ondas de fumo tóxico que já afetam milhões de pessoas.

Harmonizar a governação entre níveis nacional, regional e europeu, acabando com o jogo de culpas.

Tudo isto está ao nosso alcance. Mas não acontece. E não acontece porque falta coragem política, visão estratégica e, sobretudo, a perceção de que o que está em causa não é apenas o ambiente, mas a própria habitabilidade da Europa.

O fogo como espelho da nossa decadência

Se quisermos olhar de frente, os incêndios florestais são o espelho da nossa decadência coletiva: um continente envelhecido e centralizado, que abandonou o interior e a agricultura sustentável; uma política que vive de curto-prazismos e gestos mediáticos; uma sociedade que só acorda quando o fumo lhe entra pela janela.

A verdade nua e crua é que a Europa está a aquecer mais rapidamente do que qualquer outro continente. Isso significa que o que hoje vemos em Portugal, Espanha, Itália ou Grécia, amanhã será a realidade da Alemanha, da Polónia ou da Finlândia. Não há muralhas contra o fogo do clima.

Um ultimato à consciência europeia

É tempo de encarar os incêndios não como tragédias “naturais”, mas como sintomas de uma doença profunda: a incapacidade de gerir o território, de enfrentar as alterações climáticas, de proteger as pessoas e o futuro.

Se a Europa quiser sobreviver como espaço habitável, terá de mudar o paradigma: abandonar a ilusão de que se pode viver eternamente a reagir ao fogo e assumir, finalmente, uma estratégia de transformação estrutural. Caso contrário, não será exagero dizer: arde hoje Portugal, arde amanhã a Europa inteira.

Papa tem esperança, “mas é preciso trabalhar e rezar muito” pela paz na Ucrânia

O Papa Leão XIV considera que há esperança num fim para a guerra na Ucrânia, mas é preciso trabalhar e rezar muito pela paz após os últimos desenvolvimentos diplomáticos.

Há esperança, mas ainda é preciso trabalhar muito, rezar muito e buscar de verdade o caminho para seguir adiante, encontrar a paz”, disse o bispo de Roma, esta terça-feira, em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, citado pelo site Vatican News.

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O Papa está de regresso ao Vaticano, após alguns dias de férias, e tem acompanhado os últimos desenvolvimentos na guerra na Ucrânia, nomeadamente os encontros do Presidente norte-americano, Donald Trump, com os homólogos da Ucrânia e da Rússia, bem como com líderes europeus.

Questionado pelos jornalistas, disse ainda que, de vez em quando, fala com outros líderes envolvidos na guerra na Ucrânia.

“De vez em quando falo com alguns. Continuamente. Vamos rezar e procurar formas de progredir”, referiu.

Noutro plano, o sucessor do Papa Francisco disse que os 100 dias de pontificado têm sido “uma bênção de Deus”.

“Tenho recebido tanto. Acredito profundamente na graça de Deus estou muito grato pelo forma como fui acolhido. Agradeço a todos”, sublinhou.

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