Caos no trânsito, comunicações cortadas e corridas às lojas. O longo dia em que um apagão paralisou o país

Da parte da tarde, mais desinformação: vários órgãos de informação citaram um artigo da agência Reuters que se baseava numa alegada fonte da REN dizendo que o apagão foi provocado por um “fenómeno atmosférico raro” e que a falta de abastecimento poderia durar até uma semana. Fonte oficial da empresa desmentiu “categoricamente” este dado e garantiu não ter dado qualquer informação sobre um possível fenómeno atmosférico à Reuters.

O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) já tinha avisado pela manhã para o risco de “circulação de desinformação que ocorre nestas situações” e aconselhava a que se procurasse informação apenas “junto de fontes fidedignas”.

As autoridades, quer nacionais, quer europeias (envolvendo a própria presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa), foram repetindo ao longo do dia: “Não há qualquer confirmação” de que o apagão seja fruto de um qualquer ataque”.

A hipótese de um ciberataque foi sendo aqui e ali levantada, mas sempre desmentida para já pelas autoridades. Primeiro, o ministro António Leitão Amaro esclareceu que o apagão se “trata de um fenómeno a nível europeu”, que “não terá tido origem em Portugal” e que “não há confirmação” de que se tenha tratado de um ataque informático.

Ao longo da manhã, vários líderes partidários foram-se pronunciando, enquanto o Conselho de Ministros estava reunido. Pedro Nuno Santos (PS) afirmou que “em função da situação que se vive no país, deve ser feita uma comunicação aos portugueses o quanto antes”, a fim de “dar todas as informações que permitam tranquilizar as populações”. Contudo, também garantiu que o PS está disponível para cooperar em tudo o que for necessário”.

Outros não foram tão compreensivos. André Ventura, do Chega, acusou o governo de “deixar a população às escuras, sem o mínimo de informação e sem saber o que fazer ou como proceder”, o que promove “o caos e a confusão nacional”. Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, afirmou que se espera “do Governo resposta pronta aos setores essenciais afetados e rapidez na comunicação com o país, incluindo no combate à desinformação” e Rui Tavares, do Livre, disse ser “urgente” que o Governo e a União Europeia comunicassem com as populações. Inês Sousa Real aproveitou o momento para puxar a agenda do PAN e lembrar a importância do “investimento na cibersegurança e na produção de energias renováveis como forma de soberania energética”

Luís Montenegro falaria finalmente às 15h30, pouco depois de várias empresas nacionais de abastecimento de água terem afirmado que poderia haver problemas nos seus serviços ao longo das horas seguintes (mais tarde a Câmara do Porto asseguraria que o abastacimento de água na cidade estava assegurado).

O primeiro-ministro começou por reconhecer a aflição causada pelo episódio, mas quis deixar uma mensagem de conforto aos portugueses: “Confiem no trabalho que estamos a desenvolver”, disse, a partir da capacidade e autonomia e a partir dos centros de produção portuguesa. “A nossa expectativa é que ainda hoje toda a situação seja restabelecida”, afirmou.

Sobre o clima social, o primeiro-ministro admitiu estar consciente da “intranquilidade”, mas sublinhou que o Governo espera “calma” e “espírito de solidariedade”, sem “acelerar consumos que não são necessários”. É preciso acudir primeiro a situações “urgentes”, reforçou Montenegro, com destaque para os serviços de saúde, transportes e infraestruturas críticas.

Apagão: INEM sem contacto com alguns meios próprios desde meio da tarde

Seja via telemóvel, seja através do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP)

O INEM está sem conseguir contactar alguns meios próprios, seja via telemóvel, seja através do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), contaram à Lusa funcionários do instituto.

Segundo uma das fontes ouvidas pela Lusa, o acionamento de meios atrasou em mais de 100 chamadas e cerca de 400 foram perdidas.

Pelas 18:00, a mesma fonte disse que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estava sem contacto com alguns meios próprios, entre ambulâncias, motos e Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER).

Em declarações à Lusa, um outro funcionário do INEM exemplificou estas dificuldades de contacto, dizendo que a ambulância do Fundão foi deslocada para os bombeiros porque “era a única forma de ter contacto com o CODU [Centro Operacional de Doentes Urgentes]”.

Desde o final da manhã, quando uma falha geral de energia afetou a Península Ibérica, a mesma fonte disse que se perderam mais de 100 chamadas feitas para o 112.

A agência Lusa questionou o INEM sobre esta matéria, mas até ao momento não recebeu resposta.

Ao inicio da tarde, o INEM tinha informado que os sistemas telefónico e informático do instituto estavam a funcionar com recurso a geradores devido à falha de energia.

“O INEM ativou o seu plano de contingência e tem os seus sistemas, telefónico e informático, a funcionar com recurso a geradores que foram automaticamente acionados”, assegurou o Instituto.

O INEM apelou ainda a todos os cidadãos que liguem para o 112 “apenas em caso de emergência, para evitar uma sobrecarga do sistema”.

A REN — Redes Energéticas Nacionais confirmou hoje um corte generalizado no abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica e avançou que estão a ser ativados os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia. O apagão registou-se às 11:30 de Lisboa.

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Por Lusa

Apagão em Portugal. Imagens de um dia atípico sem eletricidade

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Conselho de Disciplina indefere recurso do Sporting relativo à expulsão de Harder

O avançado já cumpriu castigo na partida com o Moreirense

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa indeferiu o recurso do Sporting relativo à despenalização de Harder que, recorde-se, foi expulso já no final do jogo com o Santa Clara por ter celebrado a vitória por 1-0 de uma maneira que o árbitro Cláudio Pereira considerou provocatória, após o avançado ter gritado ‘Yeah’ junto ao jogador da equipa açoriana, Rocha.

Este desfecho acaba por não ter qualquer efeito prático uma vez que o jogador já cumpriu o castigo no jogo com o Moreirense, disputado em Alvalade, no passado dia 18 de abril e que terminou com o triunfo dos campeões nacionais por 3-1. 

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Montenegro: “​Estamos a trabalhar, juntos, para responder rapidamente à falha elétrica”

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“Estamos a trabalhar, juntos, para responder rapidamente à falha elétrica”, afirma o primeiro-ministro, Luís Montenegro, numa mensagem publicada na rede social X.

O Governo está em “contacto permanente com as forças de segurança, a proteção civil, as forças armadas, hospitais, empresas de abastecimento de combustíveis, para garantir capacidade de resposta nas infraestruturas essenciais e apoio a quem precisa”, afirma o chefe do Governo.

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“Também estamos em contacto com as instituições e parceiros europeus. Não há tempo a perder! O nosso agradecimento a todos os que estão concentrados nestas tarefas prioritárias”, declarou Luís Montenegro.

Um apagão ocorrido pelas 11h33 desta segunda-feira deixou Portugal sem eletricidade. Espanha, França e Alemanha foram outros dos países afetados.

A Redes Energéticas Nacionais (REN) avança que fará tudo para que o apagão seja resolvido ainda esta segunda-feira, referindo que “cerca de 300 mil” consumidores já têm eletricidade, mas ressalvando que não se pode “dar um passo em falso”.

Em declarações na sede, em Sacavém, o administrador da REN, João Faria Conceição adiantou que a “previsão de estabilização dos consumos” é de duas horas para o Grande Porto, mas que na Grande Lisboa “vai demorar mais tempo” e que a normalização total é “mais difícil dizer”.

Pessoas retidas em elevadores, supermercados cheios e Sánchez fechado em reuniões. Como o apagão levou Espanha “de volta ao século XIX”

Além do metro, também a ferrovia ficou completamente paralisada em Espanha. A operadora de comboios espanhola Renfe encerrou toda a operação por causa da falta de eletricidade. Esta segunda-feira à tarde, o ministro dos Transportes, Oscar Puente, escreveu no X que “não é previsível que se recupere a circulação de comboios a média e larga distância” até ao final do dia.

Durante os primeiros minutos do apagão, várias pessoas ficaram retidas em estações de metro ou de comboios e tiveram de ser retiradas das estações e de túneis. Por causa da falta de eletricidade, várias pessoas ficaram presas em elevadores — e foram resgatadas. Por exemplo, em Valência, informa o jornal local Las Provincias, os bombeiros que trabalham na região realizaram 80 resgates. As 15 comunidades autónomas que integram a Espanha peninsular ativaram os seus planos de emergência — e o foco estava em retirar pessoas presas em elevadores e nos transportes públicos.

Segundo Oscar Puente, às 18h30 (menos uma hora em Lisboa), ainda havia 26 comboios parados, cujos passageiros ainda tinham de ser retirados das carruagens. Um total dos 14 dos comboios nesta situação faziam a ligação entre Madrid e Sevilha, ao passo que oito entre a capital e Barcelona.

Até em teleféricos houve registo de pessoas retidas. De acordo com o El Mundo, no Parque Nacional dos Picos da Europa, na região da Cantábria, no norte de Espanha, algumas pessoas estavam dentro da cabines quando a eletricidade foi abaixo. Porém, foram retiradas com segurança.

Electricidade regressa a conta-gotas, várias zonas do Norte e Centro já têm energia

A electricidade está a regressar a conta-gotas a alguns pontos do país. O fornecimento de energia foi reposto no Hospital de Gaia há momentos, tal como sucedeu com a cidade de Torres Novas. O Entroncamento e parte da cidade de Abrantes também já saíram do apagão, o mesmo tendo sucedido com algumas freguesias do concelho de Mação. Na Golegã a electricidade já foi reposta pelas 16h30, mas, por essa hora, Santarém ainda continuava às escuras.

Em Espinho, tal como em Abrantes, há partes da cidade onde a energia já foi reposta. Não é o caso da zona do casino, estabelecimento que teve de recorrer a um gerador.

Na cidade de Vila Nova de Gaia a electricidade também já está a regressar nalgumas zonas, como na de Santo Ovídio. E em Paços de Ferreira também. A electricidade foi reposta por volta das 17h15 e, entretanto, também as redes de multibanco e de telecomunicações já estão a funcionar, pelo menos, no centro da cidade.

A reposição da energia nestas zonas está acontecer a pelo facto de ter sido “recuperada a produção nas centrais hídrica de Castelo de Bode e termoeléctrica da Tapada do Outeiro”, as duas centrais que têm contratos de reposição de serviço da rede eléctrica nacional, segundo anunciou a REN, que gere o sistema eléctrico nacional.

“Com esta produção, está em curso um processo muito gradual de retoma dos consumos, em primeiro lugar na região destas centrais e progressivamente em zonas adjacentes”, explica a empresa. Castelo de Bode situa-se no distrito de Santarém, nos concelhos de Tomar e Abrantes. Já a Tapada do Outeiro fica no concelho de Gondomar, distrito do Porto.

No entanto, a energia poderá ainda demorar a voltar nalguns pontos do país. Segundo a REN, estão “a ser preparadas as acções necessárias para retomar, em primeiro lugar, o abastecimento a pontos de consumo prioritários, como hospitais, forças de segurança, aeroportos e vias ferroviárias e rodoviárias”.

“As operações de reposição da distribuição de energia por todo o país revestem-se de particular complexidade” porque parte de uma “situação de completo vazio e só com recurso aos meios de produção nacional”. Em contrapartida, em Espanha, a retoma do serviço “está a contar com contributos dos sistemas eléctricos francês e marroquino”. Segundo a Red Eléctrica de Espanha – a congénere espanhola da REN – já há abastecimento eléctrico em áreas da Catalunha, Aragão, País Basco, Galiza, Astúrias, Navarra, Castilha e Leão, Estremadura, Andaluzia e La Rioja. com Ana Brito e Ana Dias Cordeiro

Apagão. ANA afasta possibilidade de partidas de voos de Lisboa até às 22h00

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Devido ao apagão nacional, a ANA Aeroportos acredita que, com a informação atualmente disponível sobre a falha de eletricidade, não são esperadas partidas de voos do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, até às 22h00.

“No aeroporto de Lisboa a operação mantém-se condicionada, com alimentação por geradores de emergência, tendo nas últimas duas horas chegado quatro voos e partido outros quatro”, adiantou também a gestora aeroportuária, em comunicado.

Nos aeroportos do Porto e Faro, para onde estão a ser desviados voos de Lisboa, “a operação continua a decorrer com as limitações decorrentes da situação”.

A ANA aconselhou os passageiros a aguardarem pelo contacto das companhias aéreas antes de se dirigirem ao aeroporto e garantiu que os passageiros que estão no aeroporto “estão a ser apoiados pelas equipas da ANA no terreno, prestando a informação possível e distribuindo água e bens alimentares”.

Está também a ser preparada logística de apoio para quem precisar de ficar a passar a noite no terminal, acrescentou a ANA.

A situação será reavaliada as 21h00.

A REN – Redes Energéticas Nacionais confirmou um corte generalizado no abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica e avançou que estão a ser ativados os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia. O apagão registou-se às 11h30 de Lisboa.

Houve “oscilação na tensão espanhola”, mas REN ainda não avança causa do apagão

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A Redes Energéticas Nacionais (REN) revela que se verificou uma “grande oscilação na tensão espanhola” minutos antes da quebra energética em Portugal, na manhã desta segunda-feira, mas ainda não é conhecido o motivo que levou ao apagão geral.

Em conferência de imprensa, o administrador João Faria Conceição começou por dizer que “ainda não é possível apontar nenhuma causa concreta”, mas foi possível assistir, “momentos antes das 11h33, uma grande oscilação de tensões na rede espanhola e, naquele momento, o sistema elétrico português estava num momento de importação para aproveitar uma energia mais barata de Espanha”.

“Isso fez disparar algo semelhante aos disjuntores que temos em casa e o sistema veio todo abaixo”, explicou Faria Conceição.

No entanto, ainda não se sabe o que causou a instabilidade na energia espanhola e, por consequência, a queda de toda a eletricidade na Península Ibérica. E também não é uma prioridade para a REN.

João Faria Conceição diz que “a preocupação atual não é tanto ir às causas, isso será a seguir, agora é preciso recuperar os consumos”.

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Até chegar ao motivo – e “podem ser mil e uma causas” que levaram à quebra da energia – “vai demorar algum tempo” porque a REN “não quer criar falsas ideias”.

“Já ouvimos de tudo hoje, não temos qualquer informação de um ataque cibernáutico e não temos qualquer informação que um avião caiu. Pode ter sido só a oscilação de tensões no sistema espanhol que se propagou para o português”, explica.

A Redes Energéticas Nacionais (REN) avançou esta segunda-feira que fará tudo para que o apagão seja resolvido ainda esta segunda-feira, referindo que “cerca de 300 mil” consumidores já têm eletricidade, mas ressalvando que não se pode “dar um passo em falso”.

“Tudo o que depender da REN, vão acordar amanhã com eletricidade. Mas infelizmente não é só a REN que conta, é todo um sistema”, afirmou o administrador João Faria Conceição.

Com geradores a falharem, serviços (internet e chamadas) móveis são apanhados no apagão. Operadores desligam 5G

À medida que os geradores que fornecem eletricidade às baterias que alimentam as antenas e pontos centrais das redes de telecomunicações falham, também estas vão estando mais indisponíveis. A instabilidade tem sido sentida ao longo de todo o dia.

Os recetores instalados em casa dos clientes que são alimentados a eletricidade não funcionam desde o início do apagão. À medida que os portugueses chegam a casa deparam-se com essa realidade.

Mas ainda podiam recorrer à rede móvel, quer para aceder à internet quer para fazer chamadas. No entanto, a rede que suporta esses serviços começa também a apagar à medida que os geradores que alimentam as baterias deixem de ter combustível. As baterias têm carga para algumas horas, mas depois têm de ser alimentadas pelos geradores.

Os operadores estão a trabalhar no sentido de reconfigurarem a rede para garantirem mais autonomia. O Observador sabe que desligaram a rede 5G, que consome mais energia, mantendo a rede 4G operacional.

A Meo, por exemplo, indica que limitou a utilização de dados móveis e apelou aos clientes que “façam um uso responsável das comunicações móveis até que a situação seja totalmente normalizada”.

No início do incidente as operadoras indicaram logo que o prolongamento da situação iria deteriorar a capacidade das redes.

“Caso o período de reposição da energia se prolongue excessivamente, é expectável que ocorra deterioração da capacidade das nossas redes”, indicava então a Vodafone, acompanhada no mesmo alerta pela Nos. “Dependendo da duração da falha de energia, este impacto poderá ser generalizado a todos os serviços, em todo o país”.

As três operadores indicam ter acionado o plano de contingência.

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