De bicicleta, a viver no estrangeiro e a rezar pela paz: 60 mil pessoas no primeiro dia da Peregrinação do Migrante


Do outro lado do mundo, à hora que falamos os filhos e netos de Maria Carneiro já estão a dormir, mas vêm à conversa rapidamente. “Agora já não quero voltar, já construí tudo lá”. Maria foi com o marido há 38 anos para a Austrália, à procura de uma vida melhor do que aquela que tinha em Paredes. Ao início, relembra-se de ser “difícil” e de “não ser bom”, mas o tempo foi ajudando e agora o único ponto negativo são as saudades de Portugal.
“Venho cá de dois em dois anos e gosto muito de cá estar. Foi cá que a gente nasceu. E tenho de vir sempre aqui, à festa do migrante”, relata à Renascença, sem olhar para o microfone e com os olhos postos sempre no Santuário.
Uns passos mais à frente, e já de vela na mão, Dino Gomes chuta o cansaço para o lado e prontifica-se a falar – estacionou há pouco o carro vindo da Alemanha, onde vive há vários anos. Chegar a Fátima parece ser como encontrar um balão de oxigénio.
“Isto é uma coisa que se sente e que não se consegue explicar. Eu adoro Portugal. Chega-se aqui e esquece-se de tudo, do pior. Saudades da família, dos amigos e do ‘comer’”, relata, entre risos.