A crónica do Portugal-Bélgica, 0-3: naufrágio afunda as Navegadoras

Primeiro faltou eficácia e depois maior solidez defensiva para evitar pesada derrota

Bastava o empate, mas a Seleção feminina saiu vergada a uma derrota pesada com a Bélgica nos Barreiros e desceu ao Grupo B da Liga das Nações. Depois de ter tido ascendente na primeira metade, ao qual faltou outra eficácia para se colocar em situação privilegiada, Portugal acabou por cair sem apelo nem agravo.

Por Gonçalo Vasconcelos

Bruno Fernandes diz que Portugal está na Alemanha para fazer história

O médio Bruno Fernandes afirmou esta terça-feira que Portugal, que não vence a Alemanha há 25 anos, está em solo germânico para fazer história e conquistar a Liga das Nações de futebol, afastando primeiro a Mannschaft nas meias-finais.

“O que está no passado está no passado. Queremos criar uma história nova e essa história começa aqui. Sabemos que somos duas das melhores seleções do mundo e temos de aproveitar as nossas valências. Temos muitos jogadores com capacidade para um ‘ato heróico’ e acredito que se houver um momento de inspiração podemos ganhar o jogo”, afirmou Bruno Fernandes. O médio português falava na conferência de imprensa de antevisão do duelo de quarta-feira com a Alemanha, em Munique, na Allianz Arena. “Obviamente um Mundial é o mais importante, depois um Europeu e a Liga das Nações. Um troféu é um troféu. É um troféu pela seleção, algo muito importante. Prefiro jogar a final r da Liga das Nações do que jogar dois particulares no final da época, pelo menos a competitividade vai ser maior. E é a oportunidade de poder representar uma seleção e de estar num momento de decisão”, acrescentou.

Após uma época desgastante a nível físico e mental no Manchester United, Bruno Fernandes referiu que quase toda a equipa teve uma semana para descansar antes do torneio, menos os jogadores do Paris Saint-Germain, e admitiu que chega a Munique em condições para levar Portugal ao título. “São épocas desgastantes, mas é mais fácil lutar para ganhar do que para estar numa situação mais difícil. Agora tivemos quase todos uma semana para refrescar a cabeça e descansar um bocado. Temos uma semana curta para dar o nosso melhor e poder ganhar esta competição. Depois, teremos as nossas merecidas férias. Quer dizer, nem todos”, disse o internacional luso, referindo-se ao Mundial de clubes, que vai arrancar no Estados Unidos na próxima semana.

[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 3.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E o primeiro episódio aqui e o segundo aqui.]

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Fernandes, que leva 78 jogos e 25 golos pela seleção nacional, congratulou ainda Nuno Mendes, Vitinha, João Neves e Gonçalo Ramos pela conquista da Champions com o PSG e confessou que trouxeram uma ambição ainda maior ao balneário da equipa de Roberto Martínez. “Estão com mais motivação do que nunca. Não podia estar mais feliz por eles. São miúdos excecionais, com uma qualidade incrível. Esperamos que a energia positiva que retiraram disso possa vir para aqui. Tenho toda a certeza que eles estão mais do que preparados para isso. E, sabemos que a Alemanha está preocupada, porque são jogadores de grande calibre”, concluiu o jogador de 30 anos.

O Alemanha-Portugal está agendado para as 20h00 (21h00 locais) e terá arbitragem do esloveno Slavko Vincic. Caso vença os germânicos, Portugal vai disputar a final no domingo, 8 de junho, também na Allianz Arena, diante de França ou Espanha, que jogam a outra meia-final na quinta-feira. Se acabar derrotada pelos germânicos, a equipa lusa disputa o jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares, que será também no dia 8, mas em Estugarda.

Portugal, ainda com Fernando Santos no comando, conquistou a primeira edição da Liga das Nações, em 2019, tendo depois falhado a qualificação para a final four em 2020/21 e 2022/23.

O Almirante no nosso Labirinto

Se está a ler este texto é porque – para além de ter inquestionável bom gosto – a probabilidade da Rússia ser o proverbial gigante com pés de barro é elevada. E é daquele barro dos trabalhos manuais do 7.º ano, todo ressequido e cheio de rachas, com que se esculpia uma linda caneca cuja pega caía, não ao ser agarrada pela primeira vez, mas à mera menção de a agarrar pela primeira vez. Como se isto não bastasse à Rússia, o gigante portador deste distúrbio podiátrico está sempre tão ébrio que é incapaz de pôr um pé de barro à frente do outro pé de barro.

É pelo menos esse o meu palpite, após o ataque ucraniano a várias bases militares russas, que destruiu bombardeiros estratégicos com drones de loja dos brinquedos, ainda não ter tido resposta para além de imensos palpites sobre o que a Rússia fará e acontecerá. A única coisa certa, até ao momento, é que a complexidade desta operação militar ucraniana com drones faz desconfiar de apoio externo. Dos Estados Unidos? Mais provavelmente de dois ou três funcionários da Toys “R” Us de Kiev.

Quem talvez pudesse emitir uma opinião interessante sobre este assunto era o Almirante Gouveia e Melo. Agora, seria uma enorme coincidência a sua primeira opinião interessante ser, justamente, sobre este tema. Enfim, poderei estar a ser injusto, uma vez que é extremamente interessante o indivíduo que, em 2021, afirmou sobre entrar na política que “se isso acontecer, dêem-me uma corda para me enforcar”, porque “a democracia não precisa de militares”, vir agora informar que decidiu avançar em setembro de 2024 quando percebeu que Trump ia ganhar as eleições, uma vez que “já não se sabe quem são os amigos e os inimigos”.

Senhor Almirante, permita-me a veleidade de o tentar esclarecer, então. Portanto, os amigos são os Estados Unidos da América e todos os países interessados em promover os valores que tornaram a civilização ocidental única na defesa dos direitos humanos. Os inimigos são – aposto que já está a ver para onde isto vai – todos os países interessados em aniquilar os valores que tornaram a civilização ocidental única na defesa dos direitos humanos.

Enfim, receio que apesar de razoavelmente simples, a explicação não venha a tempo de fazer o Almirante reconsiderar a candidatura, aliviando-o de inúmeras chatices. Uma delas já garantida e auto-infligida, na figura do mandatário da campanha, Rui Rio. O mesmo Rui Rio que, enquanto líder do PSD, elegeu como prioridade combater o quê? O governo do PS liderado por António Costa? Foi quase isso, mas não. Rui Rio decidiu combater um governo, sim, mas o do seu PSD, liderado por Pedro Passos Coelho, cujo legado entrou para a história como o único vislumbre de tentativa de reformar o Estado nos últimos 30 anos.

A propósito de histórias, é curioso que Gabriel García Márquez tenha contado a d’O General no seu Labirinto e nós corramos o risco de, em breve, sermos personagens d’O Almirante no nosso Labirinto: todos embrulhados numa presidência que reúne tudo o que de mais rançoso o centrão tem para oferecer, eternamente perdidos num labirinto de empobrecimento digno do Shining, onde pereceremos – politicamente, claro! – quais Jack Nicholsons, levados à demência por falta de verba para medicação e de SNS que nos atenda.

Mas calma, que ainda à porta do labirinto, há tempo para destacar, com algum folguedo, a espontaneidade da candidatura do Almirante. Sim, que o professor Marcelo só avançou para Belém ao fim de anos de comentários na RTP e na TVI. A Gouveia e Melo bastou aparecer na televisão a montar barracas, para logo se tornar, não num forte candidato à concessão da zona de comes e bebes do Festival do Sudoeste, mas sim num fortíssimo candidato à Presidência da República. E está percebida a razão pela qual a Cristina Ferreira não apresentou a sua candidatura: no contexto actual, a Cristina é sobrequalificada para ser Presidente da República.

A perda de controlo

Há um conceito que está latente em quase todas as análises, no subtexto de muitos artigos, e em muitas conversas nos meios da elite de Lisboa por estes dias: a perda de controlo. Nunca é abordado directamente, claro, mas é possível ouvir o desespero e, em muitos casos, a total incompreensão perante o que está a acontecer. Pela primeira vez desde o PREC, a elite dominante percebeu que perdeu completamente o controlo à situação e se, desta vez, apesar de tudo, foi possível mitigar os danos, com um governo liderado por Montenegro com o apoio tácito de um PS muito fragilizado, nada garante que da próxima vez não seja diferente. Os receios de que Ventura chegue ao poder são agora reais. Em todo o lado pergunta-se: Como chegámos aqui? Como e quando é que perdemos o controlo da situação e da narrativa? Quando é que aquilo que o Expresso e os seus escribas PMIs (pequenos e médio intelectuais) escrevem em letra de forma deixou de ser a verdade revelada em Portugal?

Há uma parte de mim que, apesar de ser abertamente hostil ao Chega, às suas posições e ao seu estilo de fazer política, está genuinamente feliz pela perda de controlo por parte de uma elite rentista, medíocre e francamente impreparada do ponto de vista intelectual. O motivo para esta satisfação é simples. Na literatura de ciência política aprendemos que os agentes políticos apenas corrigem as suas acções e se tornam mais responsivos às necessidades da população perante a incerteza da reeleição e a possibilidade real de serem apeados do poder pelos cidadãos. Do ponto de vista retórico, é evidente que os políticos estão atentos às necessidades da população e têm as suas preocupações como ponto cardial da acção política. No entanto, o mecanismo chave da accountability é, sem dúvida, o perigo de serem corridos do poder.

Um exemplo paradigmático da perda de poder e do abismo como mecanismo para mudar de rumo é o Partido Socialista. Agora, depois de uma catástrofe eleitoral, o partido decidiu fazer uma reflexão que, estranhamente, nunca existiu em 2014, depois da prisão de um líder emblemático que havia socializado politicamente uma parte da elite que, mais tarde, esteve com Costa na Geringonça.

No entanto, apesar de tudo, continua a existir uma bela parte da nossa elite que conserva a certeza de que o Chega nunca chegará ao poder e que, portanto, no fundo, não é necessário mudar coisa nenhuma. O argumentário que sustenta este raciocínio baseia-se em duas premissas. Em primeiro lugar, o eleitor médio não reconhece credibilidade suficiente ao Chega para confiar ao partido as chaves de São Bento. Diferentemente, continua o mesmo raciocínio, PSD e PS continuam a ser percepcionados como altamente credíveis e, logo, os únicos partidos passíveis de ganhar as eleições. Em segundo lugar, e por extensão do primeiro argumento, o Chega nunca obterá um número suficiente de votos para ganhar as eleições e formar um governo. Estes dois argumentos estão completamente errados.

Em primeiro lugar, é verdade que há uma bela parte do eleitorado que considera que o Chega não tem credibilidade para lidar o governo. Concordo. No entanto, alas, existe também uma parte significativa do eleitorado, cada vez maior, de resto, que também não considera que PS e PSD tenham qualquer credibilidade. No fundo, se pensarmos nos partidos como uma empresa com uma marca, tal como nos ensina a teoria da firma, PS e PSD estão com um produto esgotado, com uma quota de mercado cada vez menor, com dificuldades em encontrar novos consumidores e com uma marca cujo valor histórico acumulado tem cada vez menos valor intrínseco e extrínseco. Se fossem uma empresa falida que apenas vende a sua marca registada, PS e PSD receberiam hoje ofertas muito menos generosas do mercado do que há dez ou vinte anos atrás.

Em segundo lugar, sobre a questão da dificuldade de lograr o número absoluto de votos para ganhar as eleições, convém perceber que no equilíbrio de sistema de competição eleitoral tripartido para o qual o sistema partidário está a convergir, diferentemente do passado, quando era necessário ter no mínimo 35 por cento para ficar em primeiro, é possível ganhar as eleições e ficar em primeiro lugar com menos de 30 por cento dos votos. Visto sob este ângulo, o Chega precisa de crescer qualquer coisa como cinco ou seis pontos percentuais para conseguir ficar em primeiro nas eleições. Nas próximas eleições, uma combinação de penalização do incumbente, o aumento de abstenção nos partidos grandes, juntamente com um aumento da mobilização eleitoral do Chega tornam este cenário não só viável como até provável.

Marques Mendes defende que Presidente deve ser “quem tem mais experiência política”

O candidato presidencial Luís Marques Mendes defendeu, esta terça-feira, que o cargo de Presidente da República “deve ser exercido por quem tem mais experiência política”, assegurando que “não é um voto no desconhecido nem um tiro no escuro”.

No discurso de encerramento da apresentação da comissão de honra da sua candidatura à Presidência da República, no edifício da UACS – União de Associações do Comércio e Serviço, Luís Marques Mendes defendeu o caráter “eminentemente político” do cargo de Presidente da República.

“Todos se podem, naturalmente, candidatar. Não é isso que está em causa. Mas aos portugueses compete avaliar. E desde logo deve ter em atenção isto. O cargo mais político na estrutura do Estado em Portugal deve ser exercido também pela democracia por quem tem mais experiência política. Nada disto é corporativo. Tudo isto é bom senso”, atirou.

Marques Mendes afirmou que os mais de 20 anos em cargos públicos e mais de 10 de comentário televisivo permitiram aos eleitores conhecê-lo “muito bem”, desde o seu pensamento político até aos seus defeitos.

Mendes – que tem com principais adversários assumidos nesta contenda eleitoral Henrique Gouveia e Melo e António José Seguro – garantiu que um voto na sua candidatura “não é nem um voto no desconhecido, nem um tiro no escuro”, mas sim um “voto na experiência”.

[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 3.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E o primeiro episódio aqui e o segundo aqui.]

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O antigo presidente do PSD defendeu que a sua experiência política traduz-se em “segurança, previsibilidade e confiança”, e assegurou que a sua candidatura é uma “aposta na independência”.

Apesar de agradecer o apoio do PSD à sua candidatura, Marques Mendes garantiu que preza a sua independência, “elogiando quando o elogio faz sentido” e “criticando quando as decisões assim o exigem”.

“Agirei sempre assim na Presidência da República. Com isenção, imparcialidade e independência. Na linha da tradição de todos os Presidentes da República até hoje”, acrescentou Marques Mendes.

Marques Mendes lembrou ainda o seu papel na última revisão constitucional em que “negociou o direito de voto dos portugueses que vivem fora de Portugal” e incluir na Constituição a possibilidade de “reduzir de 230 para 180 o número de deputados na Assembleia da República”.

“Não é preciso nova revisão constitucional para reduzir deputados. Basta coragem para cumprir a revisão anterior. Foi a mesma ambição que me levou a negociar o direito de mudar as leis eleitorais, criando, por exemplo, um ciclo nacional para reduzir substancialmente os votos que atualmente são desperdiçados”, frisou.

Antes, interveio a presidente da comissão de honra da candidatura, Leonor Beleza, que defendeu que Marques Mendes como Chefe de Estado colocará os interesses do país acima de quaisquer outros, e argumentou que um Presidente da República “não é um árbitro”.

“O Presidente da República não é um árbitro, não estamos no futebol aqui. Não tem o Presidente da República como árbitro que enfrenta as diferenças ou as competições entre distintas equipas. O Presidente da República é ele próprio um ator. É um ator de primeira grandeza, nos termos da nossa arquitetura constitucional. Ele não arbitra, ele participa“, afirmou.

Também o autarca de Lisboa, Carlos Moedas, discursou para sublinhar que Marques Mendes “foi sempre uma voz cuja opinião poucos prescindiam de ouvir” e argumentar que vê no antigo líder social-democrata a audácia e “a moderação de quem faz pontes” e que considera necessária num Presidente.

Injecção brasileira, 7ª dose

Nos últimos anos tem-se verificado a intervenção de vários cidadãos brasileiros ou residentes no Brasil no debate sobre escravatura, e é possível afirmar que grande parte do se discutiu na esfera pública, desde 2023, foi por eles aí injectado. Essa intervenção poderá ser muito positiva, se for construtiva e esclarecedora, mas por vezes para além de assumir uma forma panfletária de estimulação ou de provocação, ela caracteriza-se pela propagação de estereótipos errados. Foram, nomeadamente, os casos do cantor Luca Argel, dos artistas Dori Nigro e Paulo Pinto e do compositor Pierre Aderne.  A última dose dessa injecção algo tóxica, a que o jornal Público, como tem sido habitual, deu voz, surgiu há dias e tem como autor José Luís Landeira, um residente no Brasil que se apresenta como linguista. Ora, ao falar de escravatura, Landeira avança infelizmente com vários erros e meias verdades, e faz algumas confusões que em lugar de esclarecerem as coisas as baralham e obscurecem.

De facto, o referido linguista afirma que a prática da escravidão remonta ao Império Romano, o que é um erro grosseiro, já que essa prática é muito anterior aos romanos. Está atestada na Suméria e noutros estados do mundo antigo desde que há registos escritos, isto é, desde o IIIº milénio a.C. Diz, também, que “Portugal foi o primeiro país a comercializar internacionalmente escravizados africanos”, o que é um erro ainda mais grosseiro e flagrante, pois mesmo sem recuarmos desnecessariamente no tempo, houve estados árabes (os califados abássida e fatímida, vários emirados e sultanatos, etc.) que promoveram o tráfico de negros de África para a Ásia e a Europa, antes ou muito antes de os portugueses terem começado as suas viagens de descoberta ao longo da costa africana e terem iniciado a compra e exportação de escravos africanos. Na Idade Média já havia escravos negros no Extremo Oriente e não foram portugueses que os levaram para lá.

José Luís Landeira afirma, ainda, que “em 1761, o Marquês de Pombal proibiu a entrada de novos escravos, mas que isso “não acabou com a escravidão portuguesa”. Claro que não, nem era essa a intenção do alvará de 1761 que apenas visava o fim do tráfico, isto é, da entrada de novos escravos no território europeu de Portugal. Mas em 1773 — e não 1783, como Landeira erradamente afirma — Pombal pôs fim, de forma gradual, à escravidão. O articulista residente no Brasil nota, em tom acusatório, que em Portugal nunca chegou a haver uma lei como a Lei Áurea brasileira que pôs fim, de chofre, à escravidão. De facto não houve uma lei dessas em Portugal pois os políticos portugueses optaram, tanto para a metrópole como, depois, para as colónias, por seguir um método gradual, como aliás havia sido feito por vários estados americanos. Mas quando, a 13 de Maio de 1888 a Lei Áurea tornou ilegal a escravidão no Brasil, já ela era ilegal há muitos anos no território português. José Luís Landeira esqueceu-se desse facto e de sublinhar um outro ainda mais importante: é que a Lei Áurea veio pôr fim a uma situação que se tornara desonrosa para os brasileiros, visto que já todos os países ocidentais haviam abolido a escravidão, excepto o Brasil, que ainda a mantinha.

José Luís Landeira tem outros esquecimentos selectivos e afirma outras enormidades — como, por exemplo, a de que o Estado português escondeu “jeitosamente” (isto é, ardilosamente) a sua história africana, ou a de que essa história é pouco estudada e mal conhecida — que são tão evidentemente falsas que nem vale a pena refutá-las aqui. O que importa sobretudo é reafirmar que, ao contrário do que vários articulistas ou activistas de origem ou residência brasileira pensam e sugerem, não há analogia ou paralelo entre o caso português e o brasileiro. A dimensão e a importância que a escravidão de africanos teve no Brasil nada tem a ver com o peso e significado que assumiu na sociedade portuguesa. Sim, houve escravos em Portugal, mas em números relativamente diminutos quando comparados com os das colónias americanas. Aqui constituíram sempre uma parcela muito menor da população, ao invés do que sucedeu no Brasil ou nas Caraíbas, onde chegou a haver onze escravos negros para cada branco. O seu papel na economia do Portugal europeu não foi estruturante e fundamental, e aqui nunca houve levantamentos de escravos nem quilombos, ao invés do que ocorreu no Brasil, onde se verificaram vários. Estar a misturar alhos com bugalhos é absolutamente contraindicado, pelo que a primeira coisa que as vozes provenientes do Brasil, e as dos portugueses que gostam de reproduzir as suas perspectivas, devem tentar perceber é que, no que toca à escravatura, a problemática brasileira é radicalmente diferente da portuguesa e confundir tudo num mesmo saco é o pior serviço que podem fazer ao esclarecimento da opinião pública.

São os brasileiros que têm grandes problemas com as heranças políticas, sociais, económicas, culturais e outras do tráfico de escravos e da escravidão. Portugal não tem esses problemas e é pernicioso estar a injectá-los artificialmente na nossa sociedade. É bom que se separem as águas e que se usem diferentes seringas.

Cuidado! Há um novo malware para Android que quer esvaziar a tua conta bancária

A empresa de segurança Field Effect partilhou recentemente uma nova descoberta que deve alertar todos os utilizadores Android. Em causa, um novo malware bastante criativo que pretende roubar dinheiro das contas bancárias das vítimas.

Uma das funcionalidades mais alarmantes deste software malicioso é a sua capacidade de criar contactos nos smartphones das vítimas. Este método visa criar um falso sentimento de segurança nas vítimas, aumentando as probabilidades de estas caírem no engodo.

Crocodilus é nome do novo malware para Android ao qual deves estar atento

Tal como a empresa refere no seu blog, o malware em causa é conhecido como Crocodilus. Este não é novo no mercado, tendo sido avistado em março deste ano, mas na altura visava apenas carteiras de criptomoedas na Turquia.

malware Android
Imagem ilustrativa criada pela IA Microsoft Designer

Entretanto, o Crocodilus aumentou o seu leque de influência, sendo agora uma ameaça à escala global. Ademais, deixou de atacar apenas criptomoedas para atacar também as contas bancárias das vítimas.

Um dos principais métodos para tentar alcançar esse objetivo passa pela criação de contactos nos smartphones das vítimas. Estes não são sincronizados com a tua conta Google, por isso, só o verás no teu telefone comprometido.

Após criar esses contactos, os hackers que usam o Crocodilus usam-nos para entrar em contacto com as vítimas. Seja por chamada telefónica ou mensagem escrita, eles fazem-se passar por familiares ou bancos para tentar roubar dinheiro e credenciais.

Além de tudo isto, o Crocodilus consegue ainda aceder remotamente ao teu smartphone. Através desta técnica, os meliantes podem copiar algumas das aplicações financeiras que usas para que introduzas as tuas credenciais de acesso em cópias falsas.

Número de vítimas é desconhecido

A Field Effect não arrisca a avançar com uma estimativa do número de pessoas afetadas pelo Crocodilus. Estando esta ameaça dispersa por vários países, o número de vítimas pode ser avultado.

A dispersão do Crocodilus é feita através de sites maliciosos, promoção falsas nas redes sociais e até em lojas de aplicações terceiras. Para evitar ser detetado, ele não necessita de acesso às opções de acessibilidade do Android e consegue ainda ludibriar o Google Play Protect.

Como te protegeres desta ameaça

A melhor forma para te manteres longe do alcance do Crocodilus é adotar boas práticas de segurança. Esses englobam evitar sites duvidosos, carregar em ligações para descarregar apps que desconheces, sobretudo quando estas chegam por mensagem.

Além disso, evita descarregar aplicações de lojas de apps duvidosas. Tenta fazê-lo sempre através de lojas fidedignas, como a Play Store, Galaxy Store ou Amazon App Store.

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Mide e a conquista do filho Mateus pela seleção de sub-17: «Mostra que a minha escolha foi acertada»

Mide, ex-jogador de futsal e pai do médio, falou sobre a carreira do campeão europeu

Um dos destaques da Seleção Nacional sub-17, campeã europeia frente à França, foi Mateus Mide, médio das camadas jovens do FC Porto. Nos dragões desde os quatro anos, o camisola 10 é filho do brasileiro Adriano Mide, treinador de futsal do Leixões e antigo jogador da modalidade, que se mudou para Portugal em 2002 para jogar no Miramar. Em conversa com Record, Mide aborda a carreira do filho e a sensação de vê-lo conquistar o Campeonato Europeu de sub-17. 

Por Record

Itália. Professor que fez discurso de ódio contra filha de Giorgia Meloni foi suspenso

Um professor de alemão do Instituto Superior de Nápoles, de 65 anos, foi suspenso devido a uma publicação nas redes sociais com discurso de ódio à filha da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Dois dias depois, perante a polémica causada pelo texto, tentou suicidar-se, encontrando-se ainda no hospital mas não correndo risco de vida.

De acordo com a imprensa italiana, Stefano Addeo desejou, numa publicação no Facebook, que a filha de Giorgia Meloni — Ginevra, de 8 anos de idade — tive o mesmo destino que Martina Carbonaro, uma adolescente que foi vítima de feminicídio por parte de um antigo namorado.

O texto, publicado no último sábado, gerou muita polémica e vários comentários, tendo sido criticado por todos os partidos italianos, desde a coligação de direita conservadora (atual governo) aos partidos da oposição. O professor acabou por ser suspenso, tendo o Ministério da Educação de Itália justificado a suspensão “como forma de garantir e proteger a serenidade da comunidade escolar”.

Stefano, após o caso ter corrido o país e o mundo, tentou o suicídio, ingerindo uma grande dose de medicamentos. No entanto, os meios de comunicação italianos referem que o professor avisou a direção da instituição onde trabalha e a polícia chegou a tempo à sua casa. Deu entrada num hospital em estado grave, mas, neste momento, já não corre risco de vida.

O professor de alemão prestou declarações à rádio regional italiana TGR Campania, reconhecendo o erro e explicando que pediu ajuda à inteligência artificial para formular “uma mensagem contra Meloni”. “Fui superficial e até pedi ajuda à inteligência artificial para compor aquele texto publicado nas minhas redes sociais. Foi um erro grave ter dito coisas assim em relação a uma menina. Peço desculpa. Apercebi-me da gravidade. Nas aulas nunca falei de política. Foi um erro”, afirmou.

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Numa publicação na rede social X, Giorgia Meloni afirma que a publicação de Stefano Addeo “não é um embate político nem raiva”. Trata-se, segundo a líder italiana, de um “clima doentio, de um ódio ideológico, em que tudo parece permissível”.

Giorgia Meloni pede, ainda, para que a política se una para combater “este clima violento”, uma vez que “há fronteiras que nunca devem ser ultrapassadas”.

Diogo Ferreira renovou e pode ir ao Mundial de Clubes: «Costumo dizer que há grandes clubes e depois há o Benfica»

Guarda-redes de 18 anos

Diogo Ferreira, guarda-redes de 18 anos, renovou contrato com o Benfica. O anúncio foi feito no site oficial clube da Luz, onde o jovem assumiu um grande orgulho por este passo na carreira. “Esta renovação significa um orgulho imenso. Eu costumo dizer às pessoas que há clubes grandes e que depois há o Benfica. Logo aí, é um orgulho enorme ter renovado. Há muito trabalho ainda por fazer”, afirmou.

A cumprir a sexta época ao serviço dos encarnados, Diogo Ferreira teve, na última temporada, um papel importante na conquista do campeonato de juniores, assim como na Taça Revolução, ao serviço dos Sub-23. Mas acredita que ainda há muito por conquistar de águia ao peito. “Foram 6 épocas incríveis, cheias de aprendizagens. Alguns percalços pelo caminho, algumas lesões, mas, sem dúvida, muitas coisas boas aconteceram e vão acontecer”, apontou, antes de sublinhar as conquistas da última época: “Acho que foi uma época incrível, com muita aprendizagem. Muitas coisas boas aconteceram, conquistas, mas, acima de tudo, acho que consegui evoluir como jogador e como pessoa e isso é o mais importante”.

Agora, Diogo Ferreira aponta ao topo da hierarquia encarnada e assume que o objetivo é ter um papel de relevo na equipa principal. E, , é um dos eleitos por Bruno Lage para começar a preparar o Mundial de Clubes. “Qualquer jogador, estando na Formação do Sport Lisboa e Benfica, ambiciona chegar à equipa A, e esse é o meu maior objetivo. Vou trabalhar todos os dias para conseguir chegar a esse patamar e aproveitar as experiências futuras que me vão aparecer”, apontou o guarda-redes, que contabiliza 35 internacionalizações pelas seleções jovens de Portugal.

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