Joe Biden atribui derrota de Kamala Harris ao sexismo e racismo

O ex-presidente norte-americano Joe Biden reconheceu que é o responsável pela vitória de Donald Trump no outono passado, mas atribui a derrota de Kamala Harris, pelo menos em parte, ao sexismo e ao racismo.

Biden, que deixou o cargo em janeiro, abordou esta quinta-feira a desastrosa eleição dos democratas em 2024, as preocupações sobre a sua idade e a liderança divisória de Trump durante uma entrevista no programa “The View”, da ABC.

O democrata de 82 anos disse que evitou intencionalmente falar publicamente até esta semana para dar ao presidente republicano mais de 100 dias no cargo sem a sua interferência, como costuma ser tradição após uma mudança na Casa Branca.

Questionado sobre a última eleição, Biden disse estar surpreendido com o papel que o género e a raça tiveram na corrida.

“Seguiram o caminho sexista”, apontou Biden sobre as críticas de que “uma mulher não poderia liderar o país e uma mulher de raça mista”.

E acrescentou: “Eu estava no comando e ele [Trump] ganhou, por isso assumo a responsabilidade”.

Biden afastou-se bastante da política nacional desde que deixou a Casa Branca. Não se espera que desempenhe um papel central nos assuntos democratas, à medida que o partido se vira para uma nova geração de liderança.

O democrata reconheceu esta quinta, no entanto, que manteve contacto regular com Harris e ofereceu a sua orientação sobre o seu futuro político.

“Ela tem uma decisão difícil a tomar sobre o que vai fazer. Espero que continue empenhada“, frisou Biden, recusando-se a partilhar os seus conselhos específicos.

Biden rejeitou as preocupações sobre o seu declínio cognitivo motivado por um desempenho desastroso no debate de junho passado.

Recusou também criticar os líderes democratas que o pressionaram privadamente a abandonar a sua campanha.

“A única razão pela qual desisti da corrida [eleitoral] foi porque não queria ter um Partido Democrata dividido”, frisou, acrescentando que o partido em geral não acreditou nas preocupações sobre a sua idade após o desempenho terrível no debate.

Mas a liderança democrata e alguns dos contribuidores mais significativos acreditaram“, acrescentou.

As sondagens, no entanto, sugerem que as preocupações entre os democratas eram generalizadas.

Em janeiro de 2022, apenas um ano após o primeiro mandato de Biden, uma sondagem AP-NORC descobriu que apenas 48% dos democratas queriam que ele se recandidatasse.

Este número caiu para 37% dos democratas numa sondagem AP-NORC realizada em fevereiro de 2023. E depois do fracasso do debate, quase dois terços dos democratas disseram que Biden deveria desistir da corrida.

A aparição desta quinta-feira marcou também a primeira entrevista conjunta de Biden com a ex-primeira-dama Jill Biden desde que deixou Washington.

Rejeitou a tese de que Jill criou um casulo protetor à volta do marido enquanto estava no cargo para o proteger do escrutínio sobre a sua idade.

“Foi muito doloroso, especialmente vindo de alguns dos nossos ditos amigos”, sublinhou a ex-primeira-dama sobre as críticas.

“Estive com o Joe dia e noite… e não criei um casulo à volta dele”, garantiu.

“Viram-no na Sala Oval. Viram-no a fazer discursos. Ele não estava escondido em lado nenhum”, insistiu.

O ex-presidente não se conteve quando a conversa mudou para o desempenho profissional de Trump.

“Ele teve os piores 100 dias que qualquer presidente já teve”, vincou Biden.

O diretor de comunicação da Casa Branca, Steven Cheung, reagiu às declarações de Biden, acusando o ex-presidente de ser “uma completa vergonha para este país e para o cargo que ocupou”.

“Perdeu claramente todas as faculdades mentais, e os seus conselheiros acharam que seria uma boa ideia ele fazer uma entrevista e resmungar incoerentemente em cada resposta. Infelizmente, isto parece abuso”, apontou.

Chegou Leão XIV, o Papa da paz

Vieram de todo o mundo para assistir ao fumo branco e explodiram de alegria quando perceberam que tinha sido eleito o sucessor de Pedro, esta quinta-feira, 8 de maio de 2025.

Em poucos minutos, a Praça de São Pedro, no Vaticano, encheu-se de fiéis que, entre alegria, confiança e curiosidade, esperavam ver à janela o rosto do novo Papa.

“É americano”, dizia um dos peregrinos, no momento em que a multidão, quase silenciosa, ouvia o nome de Robert Francis Prevost, o 267.º Papa da Igreja Católica.

Muitos não perceberam logo de quem se tratava. “Um norte-americano?”, questionavam alguns. “Não conheço”, dizia um italiano.

“Será que é próximo a Donald Trump?”, perguntava uma francesa, depois de uma amiga lhe ter dito que o novo sucessor de Pedro nascera em Chicago.

Em poucos minutos, as dúvidas dissiparam-se e os sorrisos multiplicaram-se.

Novo Papa Leão XIV aplaudido pelos cardeais. Veja as imagens da Capela Sistina

Leão XIV, o nome escolhido pelo primeiro Papa norte-americano da história, fazia um discurso que sublinhava a centralidade de Cristo e que dava continuidade à mensagem de paz deixada por Francisco.

Rezava, também, a Avé Maria, sinal da sua devoção a Nossa Senhora.

“Tenho muita esperança que este novo Papa possa ser decisivo na resolução dos conflitos mundiais”, dizia uma peregrina argentina.

“É um Papa missionário da Ordem de Santo Agostinho”, destacava um sacerdote português, pouco depois de uma mulher que o conhecera recentemente ter destacado a proximidade com que lhe falou: “É de Leão XIV que agora a Igreja precisa.”

Nove vezes paz, obrigado a Francisco, S. Agostinho e uma Avé Maria. Leia e veja na íntegra o primeiro discurso do Papa Leão XIV

Nove vezes paz, obrigado a Francisco, S. Agostinho e uma Avé Maria. Leia e veja na íntegra o primeiro discurso do Papa Leão XIV

08 mai, 2025 – 23:46 • Marta Pedreira Mixão , Catarina Santos

Com um “Para vós bispo”, citou Santo Agostinho, de quem se apresentou como “filho”, agradeceu a “voz fraca mas sempre corajosa” do Papa Francisco, por nove vezes falou de “paz”. Num discurso que levou escrito, não esqueceu (em castelhano) o Perú, onde foi missionário durante duas décadas, pediu à Igreja de Roma que esteja “sempre aberta a receber como como esta praça, de braços abertos”. Falou de caridade e dos que sofrem. No final, a entrega a Maria, com a oração que pôs a praça de São Pedro e o mundo católico a rezar consigo. Leia e veja na íntegra o primeiro discurso do novo Papa, Leão XVI, até hoje cardeal Robert Prevost.

EUA e Reino Unido fecham acordo para aliviar tarifas sobre metais e automóveis

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou esta quinta-feira um novo acordo comercial com o Reino Unido, marcando o primeiro pacto concluído após a imposição das chamadas tarifas recíprocas por parte dos EUA.

O entendimento prevê a eliminação total das tarifas sobre aço e alumínio britânicos e uma redução das taxas sobre automóveis de 25% para 10%.

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Segundo Trump, o acordo prevê ainda que a maioria das importações britânicas continue sujeita a uma tarifa de 10%, enquanto os bens exportados para o Reino Unido passam a pagar uma taxa de 1,8%.

A medida foi anunciada numa conferência de imprensa na Casa Branca, acompanhada da divulgação de uma tabela com os novos detalhes tarifários.

“Estamos muito próximos de fechar novos acordos com outros países”, afirmou Trump, sublinhando que as negociações continuam em andamento.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, saudou o entendimento, classificando-o como “um dia histórico” para a cooperação bilateral. “Este é um dia realmente fantástico e histórico, em que podemos anunciar este acordo entre os nossos dois grandes países”, disse.

Casos de assédio laboral estão a aumentar nas organizações

Mais de um em cada quatro trabalhadores refere ter sido vítima de assédio laboral, um valor que tem vindo a aumentar, segundo um estudo a que a Lusa teve acesso, com os investigadores a sugerirem entidades externas de arbitragem.

O estudo do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (Labpats), que vai ser apresentado dia 14, na Universidade Lusófona de Lisboa, mostra um aumento da percentagem média destas situações nos últimos anos: de 16,5% (2021/22) passou para 20% (2023) e para 27,7% em 2024.

Em declarações à Lusa, a coordenadora do estudo, a psicóloga Tânia Gaspar, disse que “os dados vão de 15% a 36%”, consoante as empresas, valores que preocupam os investigadores, que dizem que o facto de se falar mais no tema leva as pessoas a estarem mais atentas.

“Para algumas gerações, isto era comum e a pessoa nem percebia bem se nalguns casos era normal”, disse a responsável, lembrando que, quando se fala de assédio laboral, não se está a falar apenas em assédio sexual: “Há coisas muito mais subtis”, como o facto de o trabalhador ser “posto de lado”, exemplificou.

A responsável lembrou a ligação entre o assédio laboral e a saúde mental dos trabalhadores, acrescentando: “Quando vamos comparar as pessoas que são vítimas de assédio com as que não são, a nível da saúde mental, notamos que as vítimas de assédio têm menos saúde mental. É um círculo vicioso”.

Disse ainda que, mesmo os casos de ‘burnout’, que também têm aumentado, “muitas vezes tem que ver com situações de assédio”: “Quando apanho na clínica casos de ‘burnout’, em muitos casos é por assédio. A pessoa já não aguenta a situação e começa a ter sintomas de ansiedade ao domingo à noite só de pensar que vai ter de enfrentar aquela pessoa”.

Os dados do Labpats indicam ainda que diminuiu o número de pessoas sem sintomas de burnout; aumentou o de pessoas com um sintoma (12,9% em 2021/22, 14,8% em 2023, 17,8% em 2024) e com dois sintomas de burnout (16,2%, 13,6%, 28,5%), mas há menos pessoas com três sintomas (50,5%, 45,5%, 38,7%).

“Aqui há uma situação clara que é menos sintomas de depressão e mais pessoas com sintomas de irritabilidade, ansiedade e exaustão”, explica Tânia Gaspar, que relaciona tudo com o clima mais agressivo e hostil que se sente na sociedade.

Este ambiente de hostilidade, agressividade e intolerância também está relacionado com a questão do burnout e do assédio laboral. As lideranças e os colegas andam todos mais irritáveis, mais impacientes, mais intolerantes e a forma como tratam o outro e os limites e filtros estão mais baixos “, afirmou.

Lembrou que “as organizações laborais são feitas de pessoas que estão na sociedade”. “Já olhou para a Assembleia da República? E esta questão da intolerância com as mulheres? Já não acontecia e voltámos a falar disto”.

“Todo este ambiente de intolerância que se sente acaba por afetar o ambiente nas organizações e a forma como as pessoas se tratam no local de trabalho”, acrescentou.

Recordou que um dos problemas é que “as pessoas não sabem o que fazem e com quem falar em caso de assédio” e “não confiam porque não é transparente”. “Mesmo quando vai para tribunal é muito difícil provar porque é a palavra da pessoa contra a liderança”.

A especialista sugere que as empresas passem a ter entidades externas de arbitragem, que sejam “de confiança”. “Um dos critérios para confiança é a perceção de neutralidade”

“Na seleção das pessoas devia haver logo uma mensagem clara da organização a dizer: nesta organização não se admite assédio. Para transmitir uma mensagem muito clara de início”, defendeu a especialista.

Sugeriu igualmente uma mais fácil comunicação entre hierarquias: “O que acontece é que quando se está muito fechado, porque há lideranças que só falam com as suas chefias e estas não têm acesso aos trabalhadores (…) é muito difícil que a [mensagem da] pessoa que é vítima de assédio chegue lá”.

Além da fluidez na comunicação entre as várias hierarquias da organização, a especialista disse que, na seleção, deve ficar muito clara esta mensagem de intolerância para com casos de assédio e, por outro lado, defendeu que as próprias lideranças devem ser apoiadas.

“Muitas vezes, estes comportamentos são de exasperação, ou seja, a liderança está tão nervosa, stressada, pressionada, que muitas vezes acaba por ser desadequada com a sua equipa, mas é porque ela própria também não está bem”, explicou.

O Labpats estuda a saúde e o bem-estar dos profissionais e das organizações, ajudando a definir políticas com impacto na saúde e bem-estar, desenvolvimento saudável e sustentável dos profissionais e das organizações.

Bastonário dos advogados quer plataforma digital com a AIMA e auditar contas da Ordem

O novo bastonário dos advogados quer criar com a agência para as migrações “uma plataforma digital de gestão do fluxo de trabalho com os advogados” nos processos de regularização e vai pedir uma auditoria às contas da Ordem.

João Massano, que tomou posse como novo bastonário da Ordem dos Advogados (OA) nesta quinta-feira, numa cerimónia no Salão Nobre da sede da Ordem, em Lisboa, disse no seu discurso inaugural querer “melhorar a relação com os serviços públicos a que os advogados têm que aceder”.

No caso da Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA), na qual se encontram pendentes milhares de processos de regularização de migrantes e com a qual a OA, no mandato da bastonária cessante, estabeleceu um protocolo de cooperação para agilizar esse processos, João Massano disse querer retomar uma ideia que enquanto presidente do Conselho Regional de Lisboa da OA apresentou à anterior direção do organismo.

A ideia passa pela criação de “uma plataforma digital de gestão do fluxo de trabalho com os advogados, dignificando quer o seu trabalho, quer os migrantes que servem”, disse.

Mostrando-se cético da ideia de “uma grande reforma da Justiça”, que disse “tem redundado em nada reformar”, afirmou que “talvez o segredo seja iniciar reformas setoriais”, propondo começar pela área da família e das crianças, “tratada como um direito de 2.ª”, apesar do impacto na vida das pessoas.

“Um impacto que em nada se compara com o dos megaprocessos mediáticos, mas que não tem infelizmente visibilidade a não ser quando estão em causa estatísticas e casos graves, como acontece, demasiadas vezes, com os casos de violência doméstica”, disse.

João Massano, que por várias vezes se mostrou crítico da gestão financeira da OA pela anterior bastonária, nomeadamente no que diz respeito à compra de um novo edifício sede, disse querer uma “gestão de contas certas”, pelo que vai pedir uma auditoria às contas da OA.

Reafirmou ainda que vai exercer o cargo sem estar em exclusividade e de forma não remunerada, recorrendo “apenas aos benefícios essenciais para o levar a cabo”.

Num discurso em que retomou vários objetivos enunciados na sua candidatura, entre os quais melhorar as condições de trabalho e pagamento aos advogados do sistema de acesso ao direito e aos tribunais (SADT), pôs também a tónica na melhoria do acesso por parte dos cidadãos a apoio judiciário, “não o limitando apenas aos quase indigentes”.

João Massano quer ainda “implementar uma rede de consulta prévia ao dispor do cidadão para avaliar a viabilidade dos casos” e “simplificar os procedimentos de solicitação de apoio judiciário”, estabelecendo “pontos de atendimento e informação em áreas de maior vulnerabilidade social”.

Garantir uma revisão periódica da tabela de honorários, recentemente revista, é também uma prioridade.

Insistindo na ideia da necessidade de unir a classe, que também marcou a sua campanha, João Massano, e falando “para dentro”, disse que não se trata “de unanimismo”, mas “de cooperação”, apelando aos advogados para que encontrem “uma base comum de trabalho sobre os principais desafios” para que puxem “todos para o mesmo lado”.

«Tudo isso é falso»: River Plate nega interesse na contratação de Di María

Clube argentino afasta-se igualmente de Darwin Núñez

O River Plate negou hoje o interesse em Ángel Di María e em Darwin Núñez, antigo ponta-de-lança do Benfica, atualmente no Liverpool, para o Mundial de clubes. “Tudo isso é falso”, atirou Stefano Di Carlo, secretário-geral dos milionários, em declarações ao Tyc Sports, desmentindo informações que têm circulado com frequência.

“Tudo isso é absolutamente falso. Antes, costumávamos falar sobre transferências na altura do mercado. Hoje acontece algo inédito. As pessoas falam sobre isso o tempo todo. O mercado forte do River foi em janeiro. É claro que vamos fortalecer algumas posições, cirurgicamente, mas tudo o que se tem dito não é real”, reforçou o dirigente.

Di María está a pouco mais de um mês de terminar contrato com os encarnados. Como Record já deu conta, a SAD liderada por Rui Costa pretende apresentar, ao extremo e a Otamendi, uma proposta de extensão do contrato por 15 dias.

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Por Record

A direita que “não gosta de direitos” e que Tavares quer entortar

A paralisação da CP e a discussão sobre uma possível alteração da lei da greve fizeram Rui Tavares, do Livre, endurecer o discurso contra a direita e acusá-la de ter mudado para pior. “Estamos a viver tempos em que já não temos uma direita que goste tanto de direitos como ela costumava gostar”, criticou, à margem de uma iniciativa sobre cultura em Lisboa.

Mais do que a questão circunstancial sobre esta greve em específico, Rui Tavares coloca a questão no centro do debate sobre as bases da democracia portuguesa. E, para isso, o historiador coloca-se em terreno confortável e puxa da memória coletiva para provar o seu ponto.

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“Nós vemos um primeiro-ministro que, em plena campanha eleitoral, decide reabrir um debate sobre um direito conquistado no 25 de Abril e que já há mais de um século teve muita luta em Portugal. Como é que um primeiro-ministro reabre o consenso que existe em relação ao direito à greve e o quer infringir? É uma questão que me parece assombrosa, até”, lamentou.

As palavras podem ser vistas como tomar a parte pelo todo, mas na manhã desta quinta-feira Rui Tavares já explicava quais são alguns dos outros direitos que acredita ficarem em risco com o governo da AD. Quando questionado pela Renascença sobre a postura do governo na gestão da greve na CP, Rui Tavares colocou a marcha-atrás e recuou até ao passado fim-de-semana.

Montenegro defende alterações à lei da greve: "Porque também há o direito a trabalhar e a circular"

Este Governo pode anunciar deportações a um sábado de manhã (…) e aí não é governo de gestão. Mas para fazer aquilo que o ministro das Infraestruturas tem de fazer – sentar-se à mesa, falar com os trabalhadores e perceber que há funções que, mesmo com um governo de gestão, muitas vezes, são inadiáveis, porque o serviço está a faltar aos portugueses – aí um governo de gestão não pode fazer. Não – o que não quer é fazer”, criticou.

Nas entrelinhas da estratégia para enfraquecer um possível governo à direita, o líder do Livre parece dizer que o Governo da AD está menos importado com os problemas do quotidiano dos portugueses e mais preocupado com “a jigajoga da campanha eleitoral”, para não perder fôlego nas sondagens. Mas, na cidade dos galos, deixa um aviso de amigo aos adversários: prognósticos só no fim do jogo. “A direita não pode contar com o ovo antes do ovo ser posto”, avisou, na feira de Barcelos, a cidade dos galos.

O alvo do costume e “basta fazer as contas”

O dedo foi fortemente apontado à AD, mas Rui Tavares não quis deixar de fora das críticas aquele que tem sido o seu alvo mais recorrente. “Ter um Estado social agora é radical? Só se for para Rui Rocha”, respondeu Tavares ao homónimo que, na quarta-feira, acusou PS, Bloco de Esquerda e Livre de estarem a formar uma “esquerda perigosa”.

Para justificar a tese de uma “direita a radicalizar-se”, o porta-voz do Livre insiste na revisão constitucional da IL que deixam direitos “afuera”, o “aventureirismo” das privatizações e, principalmente, o “motosserismo” que muitos liberais dizem apoiar. “O Bernardo Blanco, da IL, já disse que, entre Macron e Milei, preferia de longe Milei. Isso é que é extremismo”, apontou.

O objetivo, já assumido, é disputar o lugar de quarta força política nacional com os liberais – e também fortalecer uma possível alternativa governativa de esquerda e enfraquecer uma solução à direita. E se isso pode fazer prever que as críticas a Rocha vão continuar nos próximos dias, não parece significar que Tavares se venha comprometer com um número específico de deputados a alcançar. “Dá azar, eu não vou dar uma meta específica”, reforçou, entre risos.

Mas, em plena Feira de Barcelos, em Braga, Rui Tavares assumiu estar confiante na eleição de um deputado por aquele distrito. Se a este se juntarem os quatro lugares ocupados atualmente pelo partido no parlamento, os deputados estreantes desejados em Leiria e Aveiro e ainda os lugares extras sonhados para Lisboa, Porto e Setúbal, o número de deputados ambicionados pelo Livre situa-se nos dez, mais do dobro do que os atuais.

Se vocês fizerem as contas, como dizia o outro, chegam a números. Mas eu não vou dar esses números”, rematou Tavares.

Millenials são os trabalhadores com maior risco ao nível da saúde mental

Os profissionais da geração millenium (30 a 45 anos) são os que têm maior risco ao nível da saúde mental e a geração babyboom, próxima da reforma, a que tem mais fatores de proteção relacionados com ambiente de trabalho saudáveis.

As conclusões são da última investigação do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (Labpabs), a que a Lusa teve acesso, e que vai ser apresentada dia 14, a qual indica que os profissionais das gerações mais jovens são os que referem “menos envolvimento” com as empresas.

“Nitidamente a babyboom é a melhor [em termos de riscos para um ambiente de trabalho saudável], ou seja, aqueles que estão quase a reformar-se, os filhos também já estão criados“, disse à Lusa Tânia Gaspar, coordenadora do estudo e fundadora do Labpats.

Entre as outras gerações, disse haver “coisas boas e más” em cada uma delas: “No caso dos mais novos, é mesmo esta coisa do engagement. Este envolvimento, sentimento de pertença, que o trabalho dá significado à sua vida, não têm”.

Afirmou que esta característica acaba por proteger estes profissionais a nível da saúde mental, pois o envolvimento está muito relacionado com o t: “Estudei a relação entre o engagement e o burnout e há uma correlação, ou seja, há um grupo de pessoas que têm grande engagement , mas grande burnout, porque acabam por se envolver demais, não têm limites”.

“A perceção destas pessoas é que dão muito mais à empresa do que recebem”, explicou, acrescentando: “Como os miúdos também têm menos expectativa naquilo que dão, dão menos valor àquilo, e, se não correr bem, isso não tem um peso tão grande na sua vida”.

Já as gerações do meio — millenium e X (a partir dos 45 anos) — , já estão há algum tempo a trabalhar e com casa e filhos “ficam mais afetadas na sua saúde mental” e, no caso da X, são os pais daquela que está a começar a trabalhar”.

“Além de se preocuparem consigo, têm de se preocupar com os filhos, porque hoje em dia a vida não é fácil, por exemplo, é ver o preço das casas, e também têm de se preocupar em muitos casos já com os pais, que estão a ficar idosos. São só mais sobrecarregados”, explicou.

Dos estudos que fez, a geração millenium é “a que está mais saudável”, pois “já não teve de levar com os pais que passaram por uma ditadura “ e têm pais que se dedicam muito a eles e têm “alguma dificuldade em impor regras”.

“Se formos a ver, num casal, é aquela geração que tem mais igualdade, por exemplo, a tratar dos filhos, (…) na questão das mulheres começarem progressivamente cada vez mais a trabalhar em posições de destaque”, disse, em contraponto com a geração mais nova, “teve a pandemia, as crises económicas e a incerteza muito grande e com esta questão do populismo”.

E, insistiu, “ainda não têm espessura histórica e acabam por ir nas conversas menos tolerantes e isso é muito preocupante”.

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