Fogo em Pampilhosa da Serra obriga à evacuação da aldeia de Covanca

A aldeia de Covanca, em Pampilhosa da Serra, vai ser evacuada devido ao agravamento do incêndio que lavra desde quarta-feira naquele concelho do distrito de Coimbra.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra disse que a situação no seu concelho está a agravar-se, sobretudo por causa das condições climatéricas adversas.
“O incêndio não nos deu descanso durante toda a noite. Tem uma extensão muito grande. Neste momento estamos a preparar-nos para evacuar a aldeia de Covanca”, disse Jorge Custódio.
O autarca explicou ainda que Covanca é atualmente habitada por cerca de 300 pessoas.
Esta aldeia situa-se no extremo nordeste do concelho de Pampilhosa da Serra e nos seus limites encontram-se as linhas divisórias de três concelhos, Pampilhosa da Serra, Arganil e Covilhã, consequentemente de dois distritos, Coimbra e Castelo Branco.
Várias frentes em Arganil ameaçam aldeias e Mata da Margaraça
O incêndio florestal que lavra há mais de 48 horas no município de Arganil, distrito de Coimbra, está a evoluir em várias frentes, ameaçando aldeias e a ‘joia ambiental’ da Mata da Margaraça, disse o presidente da Câmara.
À Lusa, Luís Paulo Costa manifestou-se muito preocupado com a evolução do incêndio no seu concelho, antecipando muitos problemas ao longo do dia, com frentes de fogo a norte, oeste e sudoeste do local onde o incêndio eclodiu na freguesia do Piódão, na quarta-feira, situadas a quase dez quilómetros em linha reta da origem.
“Neste momento a Mata da Margaraça está ameaçada, ainda não ardeu, mas o fogo está nas imediações, na mesma encosta. Está a ser feito lá um trabalho do sentido de tentar fazer a contenção do incêndio, mas está difícil”, diz.
Os meios foram reforçados no combate ao incêndio de Arganil. São nove os meios aéreos que apoiam o trabalho de 900 operacionais.
Autarca denuncia falta de meios e má abordagem por parte da proteção civil
As últimas horas foram bastante difíceis. O vento forte comprometeu o trabalho dos bombeiros e houve mesmo a necessidade de retirar, por precaução, quatro pessoas, nas aldeias de Valado e Casarias.
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A população que é obrigada a deixar as habitações está a ser acolhida com a ajuda de IPSS locais. Há ainda um pavilhão gimnodesportivo em Coja, para acolher pessoas.
“Nas várias linhas de fogo encontram-se várias aldeias. Tem havido aqui um trabalho de articulação, nomeadamente da Proteção Civil com a GNR, no sentido de avisarem as pessoas e de chegarem antes do fogo circundar as aldeias”, diz o autarca à Renascença, revelando que durante a madrugada foram retiradas quatro pessoas de duas aldeias.
O presidente da Câmara de Arganil, Luís Paulo Costa, queixa-se da falta de meios e identifica no trabalho da Proteção Civil uma possível má abordagem ao incêndio
“Nós vimos de anteontem, com um dia em que houve aqui um número muito significativo de meios, um empenho muito grande, houve muita organização. As coisas ontem já não correram tão bem. Houve aqui coisas que claramente não correram bem, para não dizer expressamente que correram mal”, assinala.
Ressaltando que não sabe o suficiente sobre combate a incêndios, Luís Paulo Costa destaca que “num incêndio, que tem sempre um conjunto de adversidades, em determinados momentos acontecem janelas de oportunidade, que são uma hipótese para fazer trabalhos ou de contenção ou de combate a incêndio com probabilidade de sucesso”.
“E aquilo que ontem aconteceu foi o desperdício de algumas janelas de oportunidade, porque não estavam meios nas localizações necessárias, porque não eram em número suficiente. E esta madrugada a coisa foi ainda mais flagrante e, portanto, está a ser aqui um exercício muito desanimador”, completa.
De acordo com a Proteção Civil há mais de 900 operacionais no incêndio de Arganil que alastrou a Oliveira do Hospital.
Número semelhante em Sátão, com as chamas a atingirem também os concelhos de Aguiar da Beira, Sernancelhe e Moimenta da Beira.
Agravamento da situação na Lousã. Duas frentes ativas e aldeias evacuadas
O incêndio florestal em curso na serra da Lousã, no distrito de Coimbra, tem duas frentes ativas, uma delas em direção à localidade de Vilarinho e ao concelho de Góis.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara, Luís Antunes, considerou que a situação “é ainda muito preocupante”, com “dois pontos principais de preocupação”.
A frente que lavra para norte, em relação à origem do incêndio, na povoação de Candal, que deflagrou ao início da tarde de quinta-feira, dirige-se para Vilarinho, mas ainda está longe de povoações, mantendo-se na cumeada da serra, indicou.
No entanto, a exemplo do sucedido na quinta-feira, quando foram evacuadas oito aldeias, por precaução, na manhã de hoje foram dadas indicações para retirar preventivamente de casa moradores das localidades mais próximos das chamas “e que podem vir a estar na linha de progressão do incêndio”, declarou o autarca.
Foi o caso das localidades de Cabanões, Póvoa de Fiscal e Fiscal (esta situada a dois quilómetros do núcleo urbano da sede do município), entre outras.
A outra zona a concentrar a atenção dos operacionais no terreno localiza-se junto à ribeira de São João, (situada abaixo da aldeia da Cerdeira) e que corre serra abaixo até à Senhora da Piedade, zona turística onde se situa um santuário, praia fluvial e o Castelo da Lousã, e que já tinha sido fechada na quinta-feira.
Nas aldeias de xisto evacuadas aquando da deflagração do incêndio, como o Talasnal, “que tem uma vocação turística significativa”, os turistas foram retirados, ficando apenas os proprietários das casas.
Luís Antunes vincou que as aldeias foram salvaguardadas pelos bombeiros no terreno, não existindo, aparentemente, danos em habitações, tendo a progressão do incêndio também sido travada no Trevim, o ponto mais alto da serra, a 1.205 metros de altitude, impedindo que se propagasse ao concelho de Castanheira de Pêra, já no distrito de Leiria.
De acordo com a página de internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, pelas 11h40 o incêndio da serra da Lousã estava a ser combatido por 301 operacionais, apoiados por 87 viaturas e cinco meios aéreos.
Dominado fogo em Portalegre e Castelo de Vide
O incêndio dos concelhos de Portalegre e Castelo de Vide foi considerado dominado às 10h19 de hoje, revelou à agência Lusa fonte da Proteção Civil, realçando que os meios estão agora posicionados nas áreas mais críticas.
“O incêndio está dominado na totalidade, o que confirmámos às 10h19, após um reconhecimento aéreo a todo o perímetro”, disse o 2.º comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Alentejo, João Vaz.
Segundo o mesmo responsável, o sinistro queimou “um pouco de tudo, eucaliptal, pinho, matos, pasto, sobreiros, entrou na Serra de São Paulo, mas não chegou a entrar na Serra de São Mamede”.
Além disso, continuou, foram afetadas “algumas habitações” na zona de Castelo de Vide, “dispersas e situadas na orla florestal”, mas o levantamento desses danos está a ser efetuado pela câmara municipal deste concelho alentejano, no distrito de Portalegre.
O incêndio “tem um perímetro de sete quilómetros, ou seja, da cauda até à orla, mas depois toda a orla estende-se por 33 quilómetros”, indicou ainda João Vaz.
O 2.º comandante sub-regional do Alto Alentejo destacou que, agora que o foco está dominado, “continuam trabalhos de rescaldo e consolidação” e os meios “estão espalhados sobretudo pelas áreas mais críticas, para reagir a eventuais reativações que possam ocorrer”.
“E é expectável que ocorram devido às condições meteorológicas severas [esperadas hoje] e ao acumulado dos dias de calor que se fizeram sentir nas últimas semanas, estando os combustíveis com secura elevada”, avisou.
Às 11h20, de acordo com a página de Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o incêndio mobilizava 236 operacionais, apoiados por 80 viaturas.
[notícia atualizada às 11h55 de 15 de agosto de 2025]