Dois suspeitos de burlas de 5 milhões de euros através de “grupo organizado transnacional” detidos em Loures

Dois homens suspeitos de pertencerem a “um grupo organizado transnacional” dedicado à criminalidade económica financeira, arrecadando “cerca de 5 milhões de euros” em burlas, foram detidos nesta quinta-feira no concelho de Loures, distrito de Lisboa, revelou a Polícia Judiciária (PJ).

“O dinheiro obtido de forma ilícita por esta organização ascende a cerca de 5 milhões de euros e tinha proveniência em bancos da Finlândia, burlando empresas desse país“, indicou a PJ, em comunicado.

Segundo este órgão de polícia criminal, o dinheiro arrecadado ilicitamente na Finlândia era depois transferido para contas em Portugal, “especificamente criadas para rececionar estes fundos”, tituladas por empresas fictícias criadas para esse efeito.

Assim que entrava em território nacional, esse dinheiro “era de imediato dissipado para outras contas bancárias”, referiu.

Através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), a PJ deteve nesta quinta-feira dois homens suspeitos, ambos com 22 anos, mas, recentemente, já tinham sido detidos “outros dois suspeitos pela prática de crimes de idêntica natureza, integrantes de uma outra célula da mesma organização criminosa”.

Os detidos são suspeitos de pertencerem a “um grupo organizado transnacional que se dedica à prática de criminalidade económica financeira, burlas e branqueamento de capitais”, através do modus operandi CEO Fraud, que é quando se fazem passar por um diretor executivo de uma empresa para realizar transferências bancárias ou outros atos financeiros ilícitos, de acordo com a PJ.

Os dois homens vão ser presentes nesta quinta-feira à autoridade judiciária competente para primeiro interrogatório e aplicação de medidas de coação, adiantou este órgão de polícia criminal.

Vieira sereno e orgulhoso com “confiança lúcida” em ex-diretores do Benfica

O ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira mostrou-se, nesta quinta-feira, convicto de que os alegados serviços da Questão Flexível no clube foram executados e revelou-se orgulhoso pelo trabalho que efetuou, durante o julgamento do processo “Saco Azul“.

No Tribunal Central Criminal de Lisboa, Luís Filipe Vieira foi ouvido durante pouco mais de 30 minutos na segunda sessão do julgamento, respondendo ao coletivo de juízes, à procuradora do Ministério Público (MP) e aos advogados dos arguidos.

“Ao longo do tempo, vamos criando uma relação e comecei a ter uma confiança lúcida. Tenho a certeza de que o serviço foi executado. O Miguel Moreira contou-nos o que era o projeto e, com aquilo que ele transmitiu, fiquei sereno”, explicou, embora admitindo ser “um bocado leigo” no que respeita a assuntos informáticos.

O antigo dirigente dos ‘encarnados’ salientou que, muitas vezes, assinou “de cruz” contratos devido à confiança e autonomia que depositou em Domingos Soares de Oliveira ou em Miguel Moreira, também arguidos no processo, dentro da estrutura.

“Conheço perfeitamente as pessoas que estão no Benfica. Fazer um contrato para desviar dinheiro do Benfica era impossível. Não é convicção só por gostar dele. É uma confiança lúcida, por decisões que tinham sido tomadas, que iam sempre ao encontro do que estava acordado”, reforçou o líder do Benfica entre 2003 e 2021.

Luís Filipe Vieira salientou que, quando chegou ao Benfica, percebeu que “a mais-valia que podia dar era profissionalizar o Benfica”, o que originou a contratação de Domingos Soares de Oliveira, tendo feito um balanço positivo da sua presidência.

“Tenho muito orgulho no trabalho que desenvolvemos até à minha saída. Éramos um exemplo em termos europeus e muitos clubes tentaram-nos copiar. Inovámos muito em Portugal, em todas as áreas, graças aos profissionais que tínhamos. O Benfica chegou a ter um pico de endividamento de 380 milhões de euros. Quando saímos, a dívida já estava abaixo dos 100 milhões. O Benfica foi bem gerido e eles tiveram uma quota-parte nisso. A SAD teve sempre um resultado positivo”, frisou.

Durante o período da manhã, continuou a interrogação ao proprietário da empresa Questão Flexível, José Bernardes, que afirmou que “sem demonstrações, não há contratos”, mas foi confrontado com datas que apontam precisamente o oposto.

“Uma pessoa que tenha a competência na área das Tecnologias de Informação pode conseguir desempenhar o papel, mas tem de perceber toda a arquitetura montada. Eu tenho essa vantagem porque estive no projeto desde o seu início. O que o Benfica fez foi pensar que seria algo crítico ter alguém externo a liderar e, por isso, passaram a ter uma pessoa interna [Nuno Silva]”, contou José Bernardes.

A seguir à audição de Luís Filipe Vieira, iniciou-se o interrogatório a Miguel Moreira, antigo diretor financeiro do Benfica e administrador da SAD, que assegurou estar satisfeito com os serviços prestados no âmbito informático, pois o sistema “nunca teve um crash ou um prejuízo que fosse”, não estando lá quando “internalizaram”.

A próxima sessão está agendada para dia 14 de maio, da parte da manhã, com a continuação da inquirição a Miguel Moreira, e os advogados de Luís Filipe Vieira e José Bernardes pediram as dispensas dos seus clientes nas próximas sessões.

Neste processo, que começou a ser julgado em abril no Juízo Central Criminal de Lisboa, está em causa um alegado esquema de pagamentos fictícios a uma empresa de informática externa ao grupo Benfica, a QuestãoFlexível, num valor que ultrapassa 1,8 milhões de euros.

De acordo com a acusação, confirmada em junho do ano passado por um juiz de instrução, o ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira é suspeito de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento, assim como Domingos Soares de Oliveira, antigo administrador, e o ex-diretor financeiro do clube Miguel Moreira.

Os mesmos crimes são também imputados em coautoria com a empresa QuestãoFlexível, da qual é proprietário o empresário José Bernardes, que vai responder também pelo crime de branqueamento de capitais.

Num processo no qual são também arguidos Paulo Silva e José Raposo, a Benfica SAD está acusada de dois crimes de fraude fiscal qualificada e a Benfica Estádio de um crime de fraude fiscal e 19 de falsificação de documento.

REN quase multiplica lucros por quatro e atinge 14,4 milhões de euros até março

A Redes Energéticas Nacionais totalizou 14,4 milhões de euros de lucro no primeiro trimestre, um aumento de 10,7 milhões de euros face ao período homólogo, foi anunciado nesta quinta-feira.

“O resultado líquido superou o do ano anterior, tendo registado um valor de 14,4 milhões de euros (+10,7 milhões de euros)”, indicou, em comunicado.

Para esta evolução contribuiu o aumento dos resultados financeiros e os efeitos fiscais positivos.

Trump pede ao Supremo Tribunal fim de proteção legal para 500 mil imigrantes

A Administração do Presidente Donald Trump pediu nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal norte-americano que a autorize a acabar com a proteção legal de mais de 500.000 imigrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela.

O recurso de emergência apresentado nesta quinta-feira à principal instância judicial norte-americana solicita a suspensão de uma anterior ordem da juíza distrital Indira Talwani que mantém em vigor o estatuto legal temporário dos imigrantes daqueles quatro países, travando a sua expulsão do país.

A administração republicana argumenta que a decisão interfere indevidamente na autoridade do Departamento de Segurança Interna.

“O tribunal distrital anulou uma das decisões mais importantes da política de imigração da Administração”, escreveu o procurador-geral John Sauer no pedido ao Supremo.

A decisão da juíza distrital Indira Talwani, em meados de abril, foi tomada pouco antes de serem canceladas as autorizações dos imigrantes, o que os colocaria numa situação de potencial deportação.

A Administração Trump tem procurado desmantelar as políticas do Presidente democrata Joe Biden que criaram novas formas de as pessoas viverem legalmente no país, geralmente durante dois anos com autorização de trabalho.

Biden usou a liberdade condicional humanitária mais do que qualquer outro Presidente, empregando uma autoridade presidencial especial em vigor desde 1952.

Os beneficiários incluíram mais de 500 mil cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos que entraram nos Estados Unidos com licenças de dois anos desde o final de 2022 e autorização para trabalhar.

Talwani, juíza de Boston nomeada pelo antigo Presidente democrata Barack Obama, disse que os imigrantes que estão nos Estados Unidos legalmente ao abrigo da liberdade condicional humanitária enfrentam agora a opção de “fugir do país” ou ficar e “arriscar perder tudo”.

Segundo a juíza, a explicação do governo para o fim do programa de liberdade condicional humanitária foi “baseada numa leitura incorrecta da lei”.

Trump prometeu, durante a campanha, deportar milhões de pessoas que estão no país ilegalmente.

O caso é o mais recente de uma série de recursos de emergência que a administração Trump apresentou ao Supremo Tribunal, muitos deles relacionados com a imigração.

Ventura luta contra abstenção e excesso de confiança

As sondagens mantêm o Chega com uma ligeira recuperação, mas com um resultado semelhante ao que teve no ano passado. Mas André não seria Ventura se não apontasse para cima: o objetivo é vencer as eleições (tal como fez no ano passado).

Numa campanha que se tem mostrado agreste, devido às duas manifestações de membros da comunidade cigana em dois dias seguidos, esta quarta-feira em Aveiro e esta quinta-feira, em Braga, André Ventura aproveita para lançar um novo slogan: “Não temos medo“.

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A frase saiu-lhe esta quinta-feira, depois de uma receção tensa de uma dúzia de membros da comunidade cigana em Braga, onde além dos insultos, cuspiram para cima da comitiva do Chega. André Ventura virou-se e insistiu: “Vocês é que são racistas, têm de trabalhar“.

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No final da arruada, a segunda consecutiva marcada por estes incidentes, aproveitou os episódios para mobilizar. Pelo meio, André Ventura surfa as ondas mediáticas que tiver de surfar, com a elasticidade e rapidez que o caracteriza.

Desde a entrada de Passos Coelho na campanha, as pensões, a greve na CP ou a imigração. Muitas vezes não há um tema concreto e pensado, o líder do partido aproveita o assunto do dia para tentar marcar pontos.

Abstenção, o aliado que pode tornar-se inimigo

Uma das maiores vitórias do Chega nas últimas eleições tem sido conseguir ir buscar votos à abstenção. Ainda que não seja possível fazer uma aferição precisa de onde vêm os votos de um determinado partido, há uma relação direta que pode ser estabelecida entre o aumento de votos do Chega e a inversão de uma tendência crescente da abstenção.

Ou seja, André Ventura tem conseguido mobilizar eleitores que, normalmente, não iam votar.

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Mas pela boca morre o peixe, e o Chega sabe disso. Há uma preocupação com a abstenção: “Não deixem ninguém votar por vocês, nem se deixem ficar em casa a achar que está ganhou ou perdido. Até nos podem dar 60%, temos de ir votar no dia 18”, apelou André Ventura durante o jantar-comício de Aveiro, esta quarta-feira.

Esta quinta-feira repetiu o número: “Mesmo as sondagens, que sabemos como são, dão-nos a poucos pontos de vencer, precisamos que todos façam o trabalho de ir votar”, apelou aos militantes e apoiantes que marcaram presença num jantar-comício no distrito de Braga.

Há uma necessidade de manter baixos os níveis de abstenção e convencer as pessoas a ir votar, como fizeram no ano passado. O desafio é o mesmo para todos os partidos, mas André Ventura sabe que disso depende um resultado vitorioso do Chega nas eleições de 18 de maio. Ambicioso, o líder do Chega tem estabelecido metas altas nos sucessivos atos eleitorais, e procura manter a dinâmica de crescimento, que foi travada pelas europeias do ano passado, mas que Ventura vai tentar provar que se tratou de um incidente de percurso.

Programa do Governo da Madeira aprovado com os votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP

A Assembleia Legislativa da Madeira aprovou nesta quinta-feira o Programa do XVI Governo Regional para o período 2025-2029, apenas com os votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP.

A IL absteve-se e JPP, PS e Chega votaram contra o documento, que foi discutido entre terça-feira e quinta-feira, com os debates setoriais referentes às oito secretarias que compõem o executivo liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque.

Na intervenção final, depois da votação, o presidente do executivo, Miguel Albuquerque, sublinhou que “a vontade do povo é soberana” e será concretizada através do Programa do Governo para 2025-2029.

“Podem ter a certeza [de] que o nosso Governo e esta maioria seguirá estritamente as linhas de rumo traçadas no programa“, disse, vincando que a sua equipa “não desceu ontem de Marte”, pelo que sabe o que é preciso fazer pela Madeira.

Albuquerque explicou que o principal objetivo é manter o crescimento económico, para assim continuar a distribuir a riqueza e manter a Segurança Social sustentável, e lembrou que o Produto Interno Bruto (PIB) regional atingiu 7.122 milhões de euros em 2024, o maior valor de sempre, e este ano deverá situar-se em 7.500 milhões de euros.

O chefe do executivo destacou o “valor residual” do desemprego e indicou que o rácio da dívida pública regional é inferior à média nacional e europeia, assegurando, por outro lado, que o Governo vai prosseguir com a redução progressiva dos impostos.

O deputado do JPP Élvio Sousa disse que o Programa do Governo Regional para 2025-2029 “deseja manter tudo na mesma” e não traz nada de novo, mas prometeu que o partido, o maior da oposição madeirense, vai continuar a fiscalizar o executivo “com calma, paz e tranquilidade”, no sentido de “auxiliar os desprotegidos e libertar os oprimidos”.

O também secretário-geral do JPP lembrou várias propostas apresentadas pelo seu grupo parlamentar no sentido de assegurar, por exemplo, habitação a preços acessíveis, redução do custo de vida e regulação dos preços dos produtos energéticos e, por outro lado, considerou que as promessas do Governo são para cumprir, nomeadamente o salário mínimo de 1.200 euros, as 1.003 camas em lares e o subsídio de insularidade para o setor privado.

Élvio Sousa também criticou o acordo entre o PSD e o CDS-PP, que garante maioria absoluta no parlamento, lembrando que assenta no único representante democrata-cristão e não foi tornado público.

O líder parlamentar do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, apontou que a população quis estabilidade política, acrescentando que isso “não resolve por si só a instabilidade que as pessoas sentem nas suas vidas, quando esperam anos por uma casa, por uma cirurgia ou chegam ao fim do mês sem conseguirem pagar as suas contas”.

“Este programa não traz nada de novo, um programa apresentado por um novo Governo, agarrado a velhas políticas. Mudaram os secretários regionais, porque eram arguidos em processos judiciais, mas as políticas permanecem iguais, a forma de governar continua a excluir os mesmos, os mais frágeis, os mais esquecidos”, declarou o deputado socialista.

Para o PS/Madeira, é fundamental criar um plano regional de emergência para a habitação, com construção de habitação pública massiva e apoios à habitação corporativa, assim como reestruturar o Serviço Regional de Saúde, realçou Paulo Cafôfo, que apenas interveio no debate do Programa do Governo nesta sessão de encerramento.

Pelo Chega, o deputado Miguel Castro considerou que o documento configura um “exercício de cosmética política”, com base na reciclagem de promessas antigas, pelo que “é mais do mesmo”, razão que justificou o voto contra da bancada por partido.

O Governo tem medo de romper com vícios do passado e de desagradar aos interesses que alimentou durante décadas”, afirmou, criticando, por outro lado, a “aliança tática” com o CDS-PP, que garante a maioria absoluta parlamentar, e promove um programa que, segundo disse, “ignora os madeirenses reais”.

Já o deputado único da IL, Gonçalo Maia Camelo, justificou a abstenção com o facto de o Programa do Governo ter sido sufragado pela maioria da população nas eleições antecipadas de 23 de março, vincando que, por isso, “merece o benefício da dúvida”.

Em sentido contrário, o líder parlamentar do PSD/Madeira, Jaime Filipe Ramos, defendeu que este Programa do Governo era desejado e “foi amplamente reforçado” após as eleições antecipadas de 23 de março, deixando críticas aos partidos da oposição que “preferiram condicionar o governo a não governar, escolhendo o caminho da instabilidade”.

Pelo CDS-PP, Sara Madalena acrescentou que o programa “pode não ser perfeito, mas é o necessário” e dá “resposta aos anseios” da população. A deputada criticou também os maiores partidos da oposição e vincou que o seu partido será um garante de “estabilidade, equilíbrio e descanso social”.

O Programa do XVI Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), que decorre das eleições antecipadas de 23 de março, é votado sob a forma de moção de confiança ao executivo, conforme disposto no Estatuto Político-Administrativo e no Regimento da Assembleia Legislativa da região autónoma.

O programa é composto por 188 páginas e apresenta os objetivos gerais do executivo em nove capítulos, destacando a habitação e a descida gradual dos impostos como algumas das “grandes prioridades”.

O executivo de coligação PSD/CDS-PP tem maioria absoluta no parlamento regional, com 23 deputados sociais-democratas e um democrata-cristão.

O parlamento da Madeira conta ainda com 11 deputados do JPP, oito do PS, três do Chega e um da IL.

AD e IL podem ter maioria absoluta e o PS está a leste

Cara leitora, caro leitor

Nenhuma sondagem dá a maioria à esquerda. É praticamente claro que o Parlamento que vai sair das eleições de dia 18 terá maioria de direita.

Aparentemente, toda a gente está a acreditar que o “não é não” ao Chega se vai mesmo cumprir – embora até agora só tenha sido formulado relativamente à integração do Chega num Governo AD.

Aquilo que parece estar escrito nas estrelas – e Rui Rocha já começou até a avançar com possibilidade de ministérios para a Iniciativa Liberal – é uma aliança entre a AD e os liberais, caso as duas formações políticas venham a conseguir a maioria absoluta.

Ora, estando Luís Montenegro a apregoar o seu centrismo e a reconciliação com os pensionistas, um acordo com a Iniciativa Liberal iria transformar o programa do Governo numa coisa bastante diferente daquele que é o programa da AD. Aliás, Rui Rocha só quer uma coligação “para influenciar políticas” e esta semana elogiou Passos Coelho, o mais liberal dos líderes do PSD; e pediu o mesmo “reformismo” à AD e até se ofereceu para dar esse “ímpeto” no futuro.

Ora, o programa da Iniciativa Liberal é totalmente distinto da AD na saúde e educação. É uma ruptura, não é uma continuidade. É a liberdade de escolha total. A Iniciativa Liberal quer descer quase todos os impostos. E quer mudar radicalmente o sistema de pensões. É verdade que Luís Montenegro se comprometeu a não mudar nada nesta legislatura. Mas vai um acordo com a Iniciativa Liberal passar por cima deste compromisso de Montenegro que, por acaso, até já tem um grupo de trabalho a pensar no futuro das pensões de reforma?

Quem parece já ter visto o filme todo é Rui Tavares, o rosto principal do Livre, que além de ter definido como objectivo eleitoral ficar à frente da Iniciativa Liberal, todos os dias ataca o partido de Rui Rocha, acusando a direita de se estar “a radicalizar”, nomeadamente ao atacar o Estado Social. “Ter um Estado Social agora é radical? Só se for para Rui Rocha”, disse Tavares esta quinta-feira.

O PS, apesar de ter corrido bem a Pedro Nuno Santos o debate com Rui Rocha, quando lembrou a Rocha as elegias a Javier Milei que aconteceram durante a convenção da Iniciativa Liberal com a metáfora da motosserra, parece ainda estar a leste deste possível cenário.

António Costa concentrou votos no PS – e até conseguiu a inesperada maioria absoluta – por causa da possibilidade de uma aliança entre Rui Rio e André Ventura. Mesmo não fazendo a Iniciativa Liberal parte da direita populista de Ventura, a ideia de uma coligação AD-Iniciativa Liberal é suficientemente agregadora à esquerda para poder levar muitos indecisos a votar PS. Estranhamente, o PS é que não parece muito preocupado com aquela possibilidade, a avaliar pelos discursos dos comícios que ignoram o assunto. Costa já lhe estaria a fazer um figo.

Ao pé da cama

Há a comida de conforto e a literatura de conforto. A minha comida de conforto é mesmo lixo, a literatura de conforto já não. Houve épocas em que reler Jane Austen, Agatha Christie ou A Morgadinha dos Canaviais de Júlio Dinis conseguiam esse objectivo. Esta semana precisei de literatura de conforto e comecei a ler Bourneville, de um dos meus mais recentes escritores de conforto, Jonathan Coe. Comecei a rir logo nas primeiras páginas, porque o primeiro capítulo começa em Março de 2020, em Viena, quando a Itália já estava tomada pela covid. Para espanto da personagem Lorna, o carro da personagem Susanne, que lhe dá boleia, está atulhado de rolos de papel higiénico. A cena escrita por Coe é de rir à gargalhada, principalmente quando nos lembramos do que se repetiu agora no apagão.

Até para a semana.

O lado B dos The Black Mamba no novo single “Cornerstone”

Last Night in Amsterdam, o mais recente álbum dos The Black Mamba, continua a revelar-se no novo single “Cornerstone”, já disponível em todas as plataformas digitais e no novo site oficial da banda -com conteúdos exclusivos, é o ponto de encontro da comunidade que a acompanha e onde os recém-chegados ao seu universo são muito bem-vindos.

Gravado na cidade que inspirou grande parte da sua mais recente jornada criativa, o videoclipe de “Cornerstone”reforça a profunda ligação emocional e estética da banda a Amesterdão, num contraponto contemplativo e diurno ao ambiente dos vídeos anteriores, mais eufóricos e noturnos – o “lado B” dos The Black Mamba.

A realização e direção de fotografia do vídeo de “Cornerstone” ficaram a cargo de Arlindo Camacho, que evoca a atmosfera das florestas de Amesterdão, próximas mas suficientemente afastadas da urbe. A cadência da música funde-se com a das imagens, em movimentos de câmara indolentes, que respeitam a intimidade da banda. Numa das imagens mais marcantes, o vocalista Tatanka surge nu, numa representação crua e despojada que espelha a simplicidade da canção, e a honestidade do próprio vídeo – despido de artifícios ou ambições cénicas. Camacho tece uma narrativa de contenção, em que a imagem serve a essência: a música, o corpo, a paisagem e o tempo.

“Cornerstone” junta-se ao repertório ao vivo dos The Black Mamba que inclui temas icónicos como “Love Is On My Side”, “Crazy Nando”, “Sweet Amsterdam” ou “Love Is Dope”, sempre interpretados com a elevada dose de soul, funk, virtuosismo e humor que marca a identidade única da banda.

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Eleição do novo Papa

Hoje é um dia de comunhão, de gratidão e de alegria.

Os cardeais escolheram o sucessor do Apóstolo Pedro, o Papa Leão XIV, aquele que irá guiar a vida da Igreja, na sua dimensão universal, tão diferenciada quanto chamada à unidade, pela adesão pessoal de milhões de crentes à verdade do Evangelho.

O tempo em que vivemos tem uma capacidade nova de globalizar acontecimentos, pessoas, sentimentos e juízos. E nesta voragem da globalização, nomeadamente a que decorre do exercício da comunicação, precisamos de conter análises, comparações e avaliações, muitas delas decorrentes de gostos e perceções pessoais. Num contexto cultural em que, tantas vezes, cada um julga a partir de si, da sua sensibilidade e do seu gosto, este é um momento para aprender a ser e a ver diferente.

Conscientes dos séculos de história da Igreja, precisamos de afirmar a sua dimensão humana e sobrenatural, que se revela de múltiplas formas, nomeadamente na escolha do Papa Leão XIV que é a partir de hoje o Bispo de Roma, o sucessor de Pedro, o Papa de todos e de cada um, o Papa para a igreja e para o mundo.

Governo admite rever plano para tribunal especializado em imigração

A criação de uma nova estrutura judicial especializada para processos de regularização de migrantes não está totalmente excluída, mas a proposta inicial do Ministério da Justiça terá de ser reformulada e não será concretizada a curto prazo.

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À margem da tomada de posse do novo bastonário da Ordem dos Advogados, a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, afirmou que qualquer solução judicial para responder à pendência de processos de migrantes será “desenhada na medida do que for necessário”.

“Não vamos implementar nenhuma estrutura sem que ela seja justificada (…). Para já não estamos com nenhum processo a concretizar, não vai ser concretizado nos próximos tempos”, sublinhou a ministra.

A ideia do Governo surgiu no início do mandato, quando ganharam visibilidade os milhares de processos de regularização pendentes e as longas filas diárias à porta da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). Entretanto, foi celebrado um protocolo de cooperação entre a AIMA e a Ordem dos Advogados para agilizar esses processos, uma iniciativa que a ministra considera estar a ter “bons resultados”.

“Está a dar resposta às necessidades de processamento dos processos que estavam em curso, e por isso é uma solução que vemos com bons olhos”, acrescentou.

No entanto, a criação de uma nova estrutura nos tribunais continua a ser analisada. A secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Maria Clara Figueiredo, explicou que está a ser feito um levantamento dos números das jurisdições comum, administrativa e fiscal.

Segundo a governante, “os números que nos foram apresentados de uma das jurisdições não justificavam a criação nos moldes inicialmente previstos”, acrescentando que uma eventual reformulação poderia integrar jurisdições penais, da família e menores, bem como tribunais administrativos.

A nova solução pretende também incluir as audições de estrangeiros retidos nos aeroportos, ainda que estas continuem a ser realizadas no local, esclareceu a secretária de Estado.

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