Alterações climáticas tornam ondas de calor em Portugal 40 vezes mais prováveis, diz estudo

As alterações climáticas provocadas pela atividade humana aumentaram em 40 vezes o risco de ondas de calor como a que alimentou incêndios florestais mortais em Portugal e Espanha em agosto, segundo um estudo divulgado esta quinta-feira.

A Península Ibérica, no extremo sudoeste da Europa, registou temperaturas excecionalmente elevadas ao longo do mês passado, ultrapassando os 40 graus Celsius em muitas regiões.

O calor persistente alimentou incêndios florestais, principalmente no norte de Portugal e no oeste e noroeste de Espanha, tendo provocado a morte de quatro pessoas em cada um dos países, obrigando milhares de pessoas a evacuar e devastando vastas áreas de terra.

Fogo contra fogo, retardantes e “deixar arder”: assim se combatem os mega incêndios, que se vão tornar cada vez mais comuns

As alterações climáticas, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis, tornaram as condições climáticas propícias a incêndios cerca de 40 vezes mais frequentes e 30% mais intensas, de acordo com os cientistas europeus que trabalharam no estudo do grupo internacional World Weather Attribution.

“Sem o aquecimento provocado pelo homem, tais condições meteorológicas propícias a incêndios teriam ocorrido apenas uma vez a cada 500 anos, em vez de uma vez a cada 15 anos, como acontece atualmente”, disse Theo Keeping, investigador da universidade britânica Imperial College London, aos jornalistas.

2024, o ano mais quente de sempre. Portugal representou 25% da área ardida na Europa

Períodos de calor intenso secam rapidamente a vegetação e podem originar incêndios intensos, que “podem gerar o seu próprio vento, levando ao aumento do extensão das chamas, explosões e à ignição de dezenas de incêndios próximos a partir de brasas”, acrescentou.

Outro fator que agravou o impacto do aquecimento global é o êxodo rural, que deixou vastas áreas de terra menos utilizadas do que antes, de acordo com Maja Vahlberg, consultora do Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

“O declínio da agricultura e do pastoreio tradicionais reduz o controlo natural da vegetação. As terras que antes eram habitadas e cultivadas tornaram-se, por isso, mais inflamáveis”, acrescentou.

“Do ponto de vista humano, a maioria destas zonas rurais sofreu um abandono massivo desde a década de 1970, o que permitiu que os combustíveis finos se acumulassem a níveis perigosos, um problema agravado pela gestão florestal inadequada”, disse Ricardo Trigo, professor do departamento de geofísica, engenharia geográfica e energia da Universidade de Lisboa.

Em Portugal, mais de 280 mil hectares foram queimados desde o início do ano, de acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, que recolhe estes dados desde 2006.

Espanha, por sua vez, perdeu mais de 380 mil hectares, um novo recorde.

A onda de calor que atingiu Espanha durante 16 dias em agosto de 2025 foi “a mais intensa de que há registo”, com temperaturas médias 4,6 graus mais elevadas do que as observadas nas ondas anteriores, de acordo com a agência meteorológica nacional espanhola AEMET.

A agência registou 77 ondas de calor em Espanha desde que começou a manter registos, em 1975, seis das quais com quatro graus ou mais acima da média. Cinco delas ocorreram desde 2019.

De acordo com uma estimativa divulgada na terça-feira pelo Instituto de Saúde Carlos III, mais de 1.100 mortes em Espanha podem ser atribuídas à onda de calor de agosto.

Blessing Lumueno, treinador-adjunto do Al-Arabi: “Espera-se que os jogadores negros sejam fisicamente mais fortes, não são treinados para pensar a tática do jogo”

TOMAS ALMEIDA

Tema incontornável na história de Blessing, o futebol ocupa um lugar tão central na sua vida, que não hesita em declarar que estão unidos em matrimónio.

Com uma visão de jogo aprimorada nos relvados, entre construções de equipas técnicas, o convidado desta semana de Georgina Angélica e Paula Cardoso também tem partilhado táticas como comentador desportivo, somando intervenções na TSF, Canal 11 e RTP, e publicações no Expresso, além da autoria do blogue “Posse de Bola”.

É com esta experiência que aguça a sua leitura crítica, além das quatro linhas. “Não há muito investimento em Portugal para os clubes. Há poucas oportunidades para os treinadores se profissionalizarem”, nota, antecipando resultados nada promissores, a partir de um foco cego no rendimento. “O mercado é muito violento, e os treinadores, fruto disso, vão procurando atalhos, e quando o fazem estão a tirar possibilidades aos jogadores de terem um tipo de evolução diferente”.

TOMAS ALMEIDA

A “máquina”, conforme descreve, calibrou-se com outro engenho a partir de José Mourinho, mas parece viciada numa programação que promove a medianidade em detrimento da excecionalidade.

“Estamos a perder os melhores, em prol de termos de jogadores, jogadoras assim-assim, que fazem o trabalho ‘benzito’”, alerta, sublinhando a importância do tempo para afinações.

“Se ao primeiro erro és massacrado, e ao segundo erro és espezinhado, acabou. A partir daí, a reação mais normal, quando queres tentar qualquer coisa que ainda não tentaste, é retraíres-te e nem sequer o fazeres”.

O preço a pagar, aponta, é o défice de inovação, que, prenuncia, vai implicar uma crise de talentos nas próximas gerações, e não apenas de futebolistas.

TOMAS ALMEIDA

A análise, conta Blessing, influencia o seu comportamento não apenas nos clubes, mas também em casa. “Tenho uma ideia de parentalidade muito aberta, de deixar experimentar, de não ser excessivamente interventivo no processo de crescimento da minha filha”, diz, sem nunca esquecer as suas próprias aprendizagens.

“Cresci com mulheres. Deu para perceber as dificuldades que qualquer uma tem para conseguir um cargo decente, fazer valer aquilo que são as suas melhores qualidades, e nunca ser olhada de lado por usar o cabelo mais comprido ou andar de vestido e, sobretudo, nunca ser deixada para trás por causa da maternidade ou por ser mais verdadeira com as emoções do que os homens, que conseguem esconder e manipular de outra forma”.

A proximidade feminina permitiu-lhe também observar a sua resiliência. “Vejo nas mulheres a capacidade para, dentro de situações horrorosas, dramáticas, de crise, continuarem a lutar. Acho isso ímpar”, destaca, sublinhando que foi a partir de muitos sacríficos da mãe e das tias que conseguiu dar “um salto geracional”.

TOMAS ALMEIDA

Vamos perceber de que forma nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, em que se revisitam feridas do colonialismo, desigualdades raciais, e desafios sociais. Sem nunca perder de vista as lições da vida.

“Aprendi, pelo rumo da vida da minha mãe e das minhas tias, que podem ser solteiras e felizes. Não necessitam um parceiro de vida disso para isso, podem fazer uma vida perfeitamente plena sem estarem ligadas, do ponto de vista afetivo, a um homem ou a uma mulher”

Ouça a conversa n’ O Tal Podcast.

TOMAS ALMEIDA

O Tal Podcast é um podcast semanal dedicado às relações interpessoais e aos afectos humanos. Através de conversas profundas com convidados notáveis, o podcast revela uma narrativa original e abre as portas a uma comunidade internacional de reflexão e de interesse.

Pioneiro na cultura negra e afro-descendente em Portugal, é um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização.

Em longas conversas sem guião, Georgina Angélica e Paula Cardoso apresentam convidados especiais, em novos episódios, todas as quintas-feiras nos sites do Expresso, SIC e SIC Notícias ou qualquer plataforma de podcasts.

Tiago Pereira Santos com Nuno Fox

Georgina Angélica é especialista em Educação e Intervenção Social. Atua como educadora, formadora e palestrante, com mais de 20 anos de experiência em Portugal, Inglaterra e Angola.

Paula Cardoso é fundadora da rede Afrolink e autora da série de livros infantis ‘Força Africana’. É ainda apresentadora do programa de TV “Rumos” , transmitido na RTP África.

Ouça aqui mais episódios d’O Tal Podcast:

Rússia. Garantias de segurança à Ucrânia são “garantias de perigo” para Europa

Acompanhe o nosso artigo em direto sobre a guerra na Ucrânia

A Rússia denunciou esta quinta-feira as garantias de segurança exigidas por Kiev para um acordo de paz com Moscovo, considerando serem “garantias de perigo para o continente europeu”.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, reiterou que a Rússia considera “absolutamente inaceitáveis” as garantias de segurança pedidas pelo Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que serão discutidas quinta-feira numa reunião da Coligação das Vontades.

“Estas não são garantias de segurança para a Ucrânia, são garantias de perigo para o continente europeu”, disse Zakharova aos jornalistas, numa conferência económica em Vladivostok, no extremo oriente da Rússia.

Na quarta-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, indicou que os países europeus estão prontos para prestar as garantias de segurança exigidas por Kiev, num encontro com Zelensky, em Paris.

“A Europa está presente, pela primeira vez, com este nível de empenho e intensidade”, disse o Presidente francês, na véspera da reunião da Coligação das Vontades, que juntará em Paris e por videoconferência os líderes de cerca de 30 países aliados de Kiev, incluindo Portugal.

Segundo Macron, “o trabalho preparatório está concluído” e foi desenvolvido “de forma extremamente confidencial”, permanecendo a questão de “determinar a sinceridade da Rússia e dos seus sucessivos compromissos ao propor a paz” aos Estados Unidos, que têm atuado como principal promotor das conversações entre as partes.

Após a reunião da Coligação das Vontades, copresidida por França e Reino Unido, deverão ser conhecidos os detalhes das garantias de segurança que os países envolvidos estão disponíveis para oferecer a Kiev, como forma de evitar uma nova agressão russa em caso de acordo de paz.

Zelensky observou que ainda não viu “qualquer sinal” de que a Rússia pretenda pôr fim à invasão do seu país iniciada 24 de fevereiro de 2022.

O líder ucraniano manifestou, por outro lado, confiança de que a Europa e os Estados Unidos ajudarão Kiev a “aumentar a pressão sobre a Rússia para que avance para uma solução diplomática”, quando os países europeus ameaçam aplicar novas sanções a Moscovo.

No final da reunião, está prevista uma conversa dos presidentes francês e ucraniano e outros líderes europeus com o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.

Ao fim de mais de três anos e meio da invasão russa da Ucrânia, as propostas para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev têm fracassado.

Putin exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie ao apoio ocidental e à adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis, reivindicando pelo seu lado um cessar-fogo imediato como ponto de partida para um acordo de paz, a ser salvaguardado por garantias de segurança.

Mapa mostra-nos como as estações do ano da Terra estão dessincronizadas

Retrato sem precedentes dos ciclos sazonais revela pontos críticos com  consequências ecológicas, evolutivas e até económicas. O ciclo anual das estações – inverno, primavera, verão, outono – é frequentemente dado como certo. Mas um novo estudo publicado na Nature, que recorre a uma nova abordagem para observar os ciclos de crescimento sazonais a partir de satélites, mostra que essa noção é muito simplista. O estudo traz um retrato íntimo e sem precedentes dos ciclos sazonais dos ecossistemas terrestres da Terra. Isso revela “pontos críticos” de assincronia sazonal em todo o mundo – regiões onde o tempo dos ciclos sazonais pode

Cientistas descobrem que o gelo gera eletricidade quando dobrado

Uma nova investigação revela que o gelo é um material flexoelétrico, o que significa que pode produzir eletricidade quando deformado de forma irregular. Este estudo, co-liderado pelo ICN2 e publicado na revista Nature Physics, poderá ter implicações tecnológicas importantes, ao mesmo tempo que poderá esclarecer fenómenos naturais como os relâmpagos. De acordo com o Phys.org, a água congelada é uma das substâncias mais abundantes na Terra. Encontra-se nos glaciares, nos picos das montanhas e nas calotes polares. Embora seja um material bem conhecido, o estudo das suas propriedades continua a produzir resultados fascinantes. Neste estudo internacional que envolveu o ICN2,

“Massacre do funicular de Lisboa”. Elevador da Glória em destaque na imprensa internacional

O acidente com o Elevador da Glória, que fez 15 mortos, é notícia em vários títulos de imprensa de todo o mundo.

O francês “Le Monde” cita o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, que disse aos jornalistas que uma tragédia assim “nunca aconteceu” na cidade. Já o “Le Figar”o destaca o facto de o veículo ter ficado completamente destruído.

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Em Espanha, o acidente é também noticia no site do “El País” que confirma que entre os feridos há dois espanhóis. A mesma notícia está em destaque no “El Mundo” online, que escolheu o descarrilamento como manchete.

Do outro lado do Atlântico, o “The New York Times” também fez do acidente do Elevador da Glória uma das notícias principais do site. “The Washington Post”, NBC, CBS e CNN também falam do acidente.

Já no Brasil, o “Folha de São Paulo” destaca o acidente e refere que nao há brasileiros entre as vítimas, até ao momento.

No Reino Unido, a tragédia do Ascensor da Glória está na abertura do site do “The Guardian” e a BBC online, que teve mesmo um minuto a minuto sobre o acidente, fala agora de um país em choque.

O italiano “La Stampa” escreve sobre o que chama de “massacre do funicular de Lisboa”.

Também a revista alemã “Der Spiegel” dá destaque ao descarrilamento e até a Turquia, através do “Daily Sabah” destaca o acidente com as palavras de condolências às famílias do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e do luto de três dias decretado em Lisboa.

Patriarca de Lisboa preside a missa pelas vitimas do acidente no Elevador da Glória

O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, vai presidir esta sexta-feira a uma eucaristia pelas vítimas do acidente no Elevador da Glória.

A celebração está marcada para as 19h00, na Igreja de São Domingos, ao Rossio.

O Patriarcado de Lisboa indica em comunicado que a “celebração será um momento de oração e solidariedade para com os familiares e amigos das vítimas, bem como para toda a cidade, profundamente abalada por esta tragédia”.

“O Patriarcado de Lisboa convida todos os fiéis a unirem-se nesta intenção e a rezar pelas vítimas mortais e pelas rápidas melhoras de todos os feridos”, pode ler-se na informação divulgada pelo Patriarcado.

O Patriarcado de Lisboa manifesta “profunda dor e tristeza” pelo acidente no Elevador da Glória.

O acidente provocou, até ao momento, 15 mortos e 23 feridos.

O aeroporto que o Golden Visa poderia ter construído

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Dia desses conversava com um amigo sobre o Golden Visa português quando ele fez uma reflexão que me deixou intrigado: “E se os investimentos fossem canalizados para infraestrutura do Estado, ao invés de fundos privados? Investindo em infraestrutura, os outros setores da economia se desenvolveriam.” A provocação me levou a investigar dados que sustentassem aquela ideia — e o que descobri é revelador.

Desde 2012, o programa Golden Visa já atraiu aproximadamente 8 bilhões de euros em investimento estrangeiro direto para Portugal. Para contextualizar: esse valor seria suficiente para financiar praticamente todo o novo aeroporto de Lisboa, orçado em até 9 bilhões de euros. Sim, você leu corretamente — o programa que tanto divide opiniões poderia ter resolvido um dos maiores gargalos infraestruturais do país.

Mas aqui está o problema: esses bilhões não foram “arrecadados” pelo Estado no sentido tradicional. Até 2023, a esmagadora maioria — mais de 90% — foi para compra de imóveis entre privados. O Estado beneficiou apenas indiretamente, através de impostos. Agora, com o fim da opção imobiliária, os investimentos vão principalmente para fundos privados.

Os dados empíricos sobre investimento em infraestrutura são contundentes. Uma meta-análise do GI Hub, analisando mais de 3.000 estimativas de 200 estudos acadêmicos, encontrou que o investimento público em infraestrutura tem multiplicador fiscal de 1,5 em médio prazo — ou seja, cada euro investido gera 1,50 euro em atividade econômica. Durante crises, esse multiplicador sobe para 1,6. Outras análises apontam multiplicadores ainda maiores, entre 1,5 e 2,7.

Imagine se Portugal tivesse estruturado o programa diferentemente. Bonds de infraestrutura específicos, um fundo soberano de desenvolvimento, ou parcerias público-privadas direcionadas poderiam ter canalizado esses recursos. Se apenas metade dos 8 bilhões de euros tivesse ido para infraestrutura, com o efeito multiplicador, teríamos gerado de 12 bilhões a 20 bilhões de euros em atividade econômica.

O Banco Mundial, sintetizando 300 estudos ao longo de 40 anos, confirma “a contribuição positiva esmagadora da infraestrutura no impulsionamento do desenvolvimento, incluindo empregos e crescimento”. Investimento em infraestrutura é consistentemente mais eficiente como estímulo fiscal do que cortes de impostos.

Alguns países já perceberam isso. Nações caribenhas direcionam contribuições do Golden Visa para fundos governamentais que financiam educação, saúde e energia verde. A Turquia permite investimento em títulos do governo que podem financiar infraestrutura. Portugal poderia ter sido pioneiro nesse modelo.

O ciclo virtuoso seria claro: melhor infraestrutura aumentaria a competitividade do país, atrairia mais investimento, valorizaria os próprios investimentos dos participantes do Golden Visa. E talvez o mais importante: o povo português poderia tangibilizar os benefícios. Em vez de ver apenas imóveis inflacionados, veria um novo aeroporto, linhas ferroviárias modernas, infraestrutura de energia renovável – todos parcialmente financiados pelo programa.

Em 2024, ironicamente o ano de maior sucesso do Golden Visa com quase 5.000 aprovações, o aeroporto de Lisboa ultrapassou 35 milhões de passageiros, operando acima da capacidade. O turismo já representa 20% do PIB português e gera 54 bilhões de euros anuais para a economia. A falta de infraestrutura aeroportuária adequada ameaça este setor vital — especialistas alertam que o turismo nacional “não consegue sobreviver 20 anos” à espera do novo aeroporto, previsto apenas para 2037. Existe capital disponível através do Golden Visa, mas o desenho atual não permite essa conexão direta com o desenvolvimento nacional.

A oportunidade perdida é evidente. Portugal tinha nas mãos a chance de transformar o Golden Visa de um programa controverso de “compra de residência” em um verdadeiro motor de desenvolvimento infraestrutural. Um programa que, em vez de dividir opiniões, poderia unir o país em torno de benefícios tangíveis e compartilhados.

Ainda há tempo para repensar. Com as mudanças recentes direcionando investimentos para fundos, por que não criar fundos específicos de infraestrutura? O Golden Visa poderia deixar de ser visto como um problema para tornar-se parte da solução. Afinal, como mostram os dados, quando bem direcionado, o investimento em infraestrutura não apenas constrói pontes e aeroportos — constrói também pontes entre comunidades e perspectivas de futuro compartilhado.

PJ afasta ação criminosa na tragédia do Elevador da Glória. Acidente fez 15 mortos e 23 feridos

Quinze mortos e 23 feridos, dos quais pelo menos cinco em estado grave. É com este balanço com que Lisboa amanhece ainda com as imagens da tragédia do descarrilamento do Elevador da Glória.

O guarda-freio da composição é, para já, a única vítima mortal identificada. O balanço foi atualizado pela Polícia Judiciária durante a madrugada desta quinta-feira, estando afastado o cenário de ação criminosa.

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Em declarações à SIC, o diretor da Polícia Judiciária de Lisboa e Vale do Tejo, João Oliveira, classificou o incidente como um “cenário de exceção”.

“Isto é um cenário de exceção, não é uma cena típica de crime ainda, porque ainda não temos nenhum indicador seguro, preciso, de que possa ter existido alguma ação criminosa na origem destes factos”, afirmou.

Entre as vítimas mortais estarão cidadãos de várias nacionalidades.

O Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses ativou na última noite a equipa de desastres de massa em Lisboa, com o objetivo de fazer as identificações até esta manhã.

Perante a tragédia do elevador da Glória foi decretado um dia de luto nacional e três em Lisboa.

Esta manhã, o local da tragédia mantém-se sob vigilância policial, com dois agentes da PSP a assegurar que ninguém ultrapassa o perímetro de proteção delimitado à volta da área do acidente.

Pelas 8h30, deverão chegar ao local equipas da Polícia Judiciária, da Autoridade para as Condições de Trabalho e do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários, para prosseguir com os trabalhos de perícia que visam esclarecer as circunstâncias do acidente.

A circulação já foi parcialmente retomada: é possível descer a Avenida da Liberdade até aos Restauradores e seguir em direção ao Rossio, bem como efetuar o percurso inverso. No entanto, continua interdita a passagem na zona lateral junto à Calçada da Glória, onde os polícias permanecem no terreno para garantir o cumprimento das restrições de segurança.

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