Tenista australiano Max Purcell suspenso por 18 meses devido a doping

 O australiano Max Purcell, vencedor dos Grand Slam de Wimbledon e Estados Unidos, em pares, aceitou uma suspensão de 18 meses devido a doping, comunicou esta terça-feira a Agência Internacional de Integridade do Ténis (ITIA).

Em dezembro, o tenista, de 27 anos, tinha-se retirado voluntariamente do circuito ATP, referindo estar “devastado” e garantiu que nunca teve a intenção de infringir as regras antidopagem.

“Quando recebi registos médicos que mostram que a quantidade de líquido intravenoso que recebi foi superior a 100 ml, eu estava totalmente convencido de que fiz tudo o que podia para garantir que estivesse em conformidade com as regras e regulamentos da AMA”, justificou em dezembro o tenista.

O tenista terá recebido infusões intravenosas de vitaminas de mais de 500 ml nos dias 16 e 20 de dezembro de 2023 e quando o limite estabelecido pelo Código Mundial Antidopagem é de 100 ml num período de 12 horas.

Segundo a ITIA, a cooperação permite a redução da suspensão em 25%, devendo o tenista estar fora dos ‘courts’ até 11 de junho de 2026, com a perda dos resultados e conquistas que teve entre 16 de dezembro de 2023 e 03 de fevereiro de 2024.

O caso de Purcell é o mais recente escândalo de doping no mundo do ténis, depois de a antiga líder mundial Iga Swiatek, que, entretanto, retomou a competição, ter aceitado no último ano um mês de suspensão, depois de um controlo positivo a melatonina, um suplemento regulamentado no país de origem da atleta, a Polónia.

Em masculinos, o italiano Jannik Sinner está fora dos ‘courts’ por três meses, suspensão que acatou, depois de um controlo positivo em fevereiro, e deverá regressar já em maio.

O tenista acusou, em março de 2024, em duas ocasiões, vestígios de clostebol, um produto anabolizante.

Alguém recebeu SMS da Protecção Civil? SIRESP “não funcionou” (mais uma vez)

Muitos portugueses não chegaram a receber qualquer mensagem da Protecção Civil a apelar à calma e com recomendações básicas sobre como deveriam agir perante o apagão. O SMS enviado só chegou após o regresso da energia elétrica – e só a algumas pessoas. Mais uma vez, o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) falhou, como já ocorreu em várias outras situações de crise no país, como durante os incêndios de Pedrógão Grande. Desta feita, o SMS enviado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) a apelar à “serenidade de todos” durante o apagão

As novas fotografias da infanta Sofía aos 18 anos: filha mais nova de Felipe VI e Letizia alcança a maioridade

A filha mais nova do Rei Felipe VI e da Rainha Letizia de Espanha alcançou a maioridade esta terça-feira, 29 de abril. Para assinalar o aniversário de 18 anos da infanta Sofía, a Casa Real espanhola publicou cinco novas fotografias da jovem, tiradas nos jardins do Palácio de Zarzuela, em Madrid.

Diferente da princesa Isabella da Dinamarca, que surgiu com vestido de gala e tiara para as suas fotografias de 18 anos, Sofía aposta num visual muito mais casual. Calças azuis escuras, camisa azul clara de corte clássico, cabelos soltos e nenhuma joia à vista.

A maioridade de Sofía também está a ser celebrada de uma forma bastante diferente da irmã, Leonor, já que em 2023 os 18 anos da filha mais velha de Felipe e Letizia foram assinalados com uma sessão solene no Congresso dos deputados, na qual a princesa fez o juramento à constituição. Uma imagem muito mais serena para uma princesa que, por não ser herdeira ao trono, tem obrigações diferentes dentro da família real.

No final de maio Sofía termina os estudos do Bacharelado Internacional no UWC Atlantic College, no País de Gales, o mesmo colégio onde andou Leonor. Contudo, a partir de agora parece que a infanta já não irá seguir os passos da irmã, já que no início de abril a Casa Real confirmou ao El País que “não está prevista uma formação militar” para Sofía. Ao contrário da irmã, a infanta deve seguir um percurso acadêmico, ainda não sendo conhecido o curso ou a universidade que vai frequentar. De referir que a princesa Leonor encontra-se em missão pelo continente americano com o navio-escola Juan Sebastián de Elcano, parte da sua formação na marinha espanhola.

Sondagem: AD sobe, PS desce. Apagão adiou debate dos grandes

AD reforça liderança nas intenções de voto (32%) e abre vantagem sobre PS (26%). Chega “chuta” IL. A Aliança Democrática (AD) liderada pelo PSD sobe nas intenções de voto para 32% na mais recente sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público, face a uma descida do Partido Socialista (PS) para 26%. Enquanto a AD ganha três pontos percentuais desde a última sondagem de março, os socialistas caem em um ponto. O Chega também sobe: atinge os 19% e consolida-se como terceira força política, face a uma Iniciativa Liberal que recua para 6%. À esquerda, o Livre

Euronext faz correção e atualiza número de subscritores das obrigações da Benfica SAD

Afinal, foram quase 4 mil os investidores a subscrever

A Euronext informou hoje que, afinal, houve um erro e foram quase 4 mil os investidores que subscreveram as obrigações da Benfica SAD. Ontem, no documento enviado à CMVM, o número comunicado foi de cerca de 3.200 investidores. A SAD benfiquista, recorde-se, colocou 55 milhões de euros junto de investidores de retalho, com a procura a superar a oferta e a levar a um aumento do montante emitido. A emissão foi composta por duas ofertas, uma de subscrição e outra de troca.  

Foram assim emitidos 55 milhões de euros em dívida que atinge a maturidade em abril de 2029 e com uma taxa de juro fixa bruta de 4,50% ao ano. A procura superou a oferta em 1,39 vezes. De acordo com os resultados divulgados ontem, mais de 25 M€ foram angariados através da operação de troca que tinha como objeto até 8 milhões de obrigações da SAD encarnada emitidas em 2022. A cada obrigação 2022-2025 correspondeu uma obrigação 2025-2029.

Os restantes 29,6 M€ foram emitidos junto de outros investidores. Com um valor nominal de 5 euros, o mínimo de subscrição era de 2.500 euros. Do total de subscritores da oferta, 158 investidores optaram por este montante, enquanto 981 investiram entre 2.505 e 5.000 euros, 296 foram até 10 mil e 419 colocaram até 50.000 euros. Houve ainda 45 pessoas ou entidades que investiram mais de 50 mil euros. As subscrições terminaram na última quinta-feira.

Esta é a primeira emissão a quatro anos, depois de várias a três. A última, lançada em abril de 2024, foi de 50 M€ e vencerá em 2027, com o clube da Luz paga uma taxa de juro de 5,1%. O objetivo inicial das águias era arrecadar 40 M€, mas, em função do grande interesse, aumentaram para os 55 M€.

Por Record

Um português na Coreia do Norte: João viu o país a correr e trouxe a medalha

Quando João Sousa Pinto regressou a Portugal vindo da Coreia do Norte, foi inundado por mensagens e chamadas de familiares, amigos e conhecidos. No entanto, durante “quatro ou cinco dias”, confessa ao PÚBLICO, ainda não conseguia “perceber bem o que tinha acontecido”.

“É difícil de acreditar. Já é praticamente impossível entrar na Coreia do Norte. Participar numa corrida, vencer à frente dos líderes e aparecer na televisão e nos jornais norte-coreanos é mesmo inacreditável”, conta o portuense de 25 anos.

João estava na China, em viagem com amigos, quando soube que tinham sido abertas 200 vagas para a Maratona Internacional de Pyongyang​ —​ que inclui uma prova de dez quilómetros —​, uma das poucas portas de entrada no país, sobretudo desde o encerramento das fronteiras em 2020, por causa da pandemia. Sem perder tempo, contactou nesse mesmo dia a Koryo Tours, a única agência autorizada a organizar viagens para o evento, e garantiu o seu lugar na prova dos 10km.

Depois de enviar uma fotografia do passaporte à agência de viagens e pagar 2195 euros, João embarcou num voo de Pequim com destino a Pyongyang. Não contou aos pais sobre a aventura. Se soubessem, diz, “não iam dormir”. Foram cinco dias os que passou na capital norte-coreana, e a maratona de Pyongyang estava marcada para o penúltimo dia da viagem.

“Viajei com a ideia de juntar duas coisas. Gosto imenso de correr, faço-o pelo menos quatro vezes por semana. E queria muito conhecer o país”, afirma João, que não esperava era sair de lá com uma medalha de ouro ao pescoço.

A corrida de 10 quilómetros iniciou e acabou no estádio
DR

“A minha ideia era apenas correr e ver os monumentos, os edifícios e as pessoas. Mas nos primeiros três quilómetros percebi que ia na frente e desisti de ver a cidade, concentrei-me na corrida. Apercebi-me que ia ganhar e que ia ser incrível”, conta.

Para João, conquistar a medalha de ouro na corrida de 10km em Pyongyang foi uma “experiência única”. “Entrei no estádio e as pessoas começaram a gritar, a aplaudir, a apoiar… Não consigo descrever. É uma emoção tão grande que só quem vive algo assim consegue entender. Nunca vou esquecer esse momento na minha vida”, confessa.

Entre as memórias mais marcantes está ver-se na televisão norte-coreana, a ser entrevistado depois da prova. “No final da entrevista perguntaram-me se gostava de Portugal e como era a vida cá. Foi bom poder partilhar um pouco da nossa cultura com eles. Quando voltámos ao hotel, havia uma televisão ligada no canal principal norte-coreano e foi muito engraçado ver-me ali, a falar na televisão”, recorda.

“Vi ruas superlimpas e pessoas a fazer compras, com normalidade”

Durante a viagem, o grupo de 200 estrangeiros do qual João fez parte esteve sempre acompanhado por dez guias norte-coreanos, que definiram as actividades diárias e os locais a serem visitados. As manhãs eram reservadas para o treino da corrida, enquanto as tardes eram dedicadas a tours pela cidade.

João observa que muitos dos outros participantes pareciam ser “criadores de conteúdo, instagrammers ou youtubers, que estavam ali para filmar e fazer vídeos”. “Eu diria que mais de 60 ou 70% não eram corredores nem nada do género”, conta.

Afirma que não sentiu medo ou receio em nenhum momento da viagem, excepto talvez um pouco quando lhe confiscaram o passaporte ao entrar no país. “Quando aterrei, eles apenas olharam para o meu telefone por alto e anotaram a marca e as coisas que trazíamos”, diz.

“Na Europa, temos a ideia de que se te portares mal, ficas lá e é o fim do mundo, mas não”, acrescenta.

A Coreia do Norte é um país profundamente isolado, e pouco se sabe sobre o que acontece dentro das suas fronteiras. O Governo, com raízes no comunismo, tem permanecido sob o controle de uma única dinastia: após a divisão da Península da Coreia, Kim Il Sung assumiu o comando do país e do Partido dos Trabalhadores da Coreia, sendo sucedido pelo seu filho, Kim Jong Il, que, mais tarde, viria a ser sucedido pelo seu filho, o actual líder Kim Jong Un.

As Nações Unidas (ONU) denunciaram em 2024 um cenário “profundamente alarmante de “miséria, repressão, medo, fome e desesperança na Coreia do Norte, onde assistir a uma série televisiva estrangeira “pode ser punível com a morte.

Era essa a imagem que João tinha da Coreia do Norte antes de chegar a Pyongyang. No entanto, afirma que o que encontrou foi completamente diferente do que estava à espera.

“Há sempre um grande secretismo à volta do país e parece que muitas filmagens são feitas quase às escondidas. Estava à espera de um ambiente muito mais controlado e fiquei surpreendido com a liberdade nesse sentido”, afirma.

João no Grande Monumento Mansudae. A parte central do monumento consiste em duas estátuas dos falecidos líderes norte-coreanos Kim Il-sung e Kim Jong-il
DR

“O que vi foram ruas superlimpas, pessoas a fazer compras nos supermercados, a comprar pão e fruta, com normalidade. Não vi nenhum sem-abrigo, o que achei interessante”, conta.

Os tours para turistas na Coreia do Norte são meticulosamente planeados, com o objectivo de mostrar o país sob a sua melhor luz, em locais previamente autorizados, segundo meios de comunicação internacionais. João diz que estava ciente disso.

“Se calhar tudo aquilo foi planeado. Não sei se o país faz mesmo um controle ao máximo, mas claramente sabiam sempre onde estávamos, até porque os guias norte-coreanos diziam-nos o que fazer e nós tínhamos de aceitar; não havia plano B. Dizem que as pessoas lá passam muita fome, mas não vi nada disso. Não posso dizer que há o que eu não vi”, afirma.

Apesar de descrever a experiência como “tranquila, dentro do possível”, João reconhece que “a viagem não foi normal”.

“Em outros países podes fotografar o que queres. Nós estávamos sempre acompanhados, não livres. Mas mesmo que não concorde com o que lá acontece, como é o meu caso, sei que quando vou a outro país tenho que respeitar e entender as pessoas de lá”, afirma.

“Fomos muito bem acolhidos”

Para João, um dos aspectos que mais o marcou na viagem foi “a simpatia das pessoas”. “Até mesmo aqueles que não eram guias eram muito simpáticos. Conheci um delegado no estádio que até me mostrou fotos da família e contou que já tinha estado em Portugal, acompanhando uma equipa desportiva norte-coreana numa competição. Tinha a ideia de que as pessoas lá seriam frias e me olhariam como um invasor, mas fomos muito bem acolhidos”, conta.

“Eu falava sobre Portugal e eles respondiam sempre ‘Ronaldo’. Só conheciam isso. ‘Mas onde é Portugal?’, perguntavam, e eu explicava que ficava na Europa, mas não sabiam muito bem onde era. Disseram que, se algum dia tivessem a oportunidade, viriam”, acrescenta. “Acho que numa viagem é sempre interessante não só explorar o país, mas também estar em contacto com a sua cultura e com as pessoas.”

Dica para quem também quiser ir à Coreia do Norte? O mais importante, segundo João, é que qualquer viajante “respeite e entenda que é uma cultura diferente” da portuguesa.

“Nunca falei mal de nada, embora não concorde com grande parte do que lá acontece. Respeitar é essencial, não só na Coreia do Norte, também na China ou mesmo em Itália ou em Espanha”.

Depois, brinca, é preciso ser “um bocado doido ou ter um espírito muito aventureiro”.

“Não é uma viagem normal, não é? Penso que o mais difícil é tomar a decisão e ir, porque depois do primeiro dia, senti-me tranquilo. É não pensar duas vezes e portar-se bem e respeitar”, afirma.

Por sua parte, João já planeia voltar no próximo ano, se tiver a oportunidade. “Prometi às pessoas que conheci, aos amigos, que voltaria. Então, se conseguir, tenho mesmo de cumprir a promessa e ir.”

João Perdigão, presidente da JS de Torres Novas, morre em acidente de viação na A1 aos 26 anos

O presidente da Comissão Política da Concelhia da Juventude Socialista de Torres Novas, João Perdigão, morreu na tarde de segunda-feira num acidente de viação na A1. O jovem tinha 26 anos, era membro da Assembleia de Freguesia de Riachos e estava, também, a iniciar carreira como árbitro de futebol.

“É com profunda tristeza e consternação que a Federação de Santarém da Juventude Socialista comunica o falecimento de João Perdigão, Presidente da Comissão Política Concelhia da JS Torres Novas”. Era “um jovem humilde, dedicado a Riachos e Torres Novas, e que viu na política e no PS uma forma de ajudar os outros”, escreve o PS de Torres Novas.

Perdemos um quadro ímpar da nossa organização, um líder inspirador e um mobilizador incansável da sua estrutura. Mas, acima de tudo, partiu um ser humano livre, criativo e apaixonado pela sua terra, a quem dedicou esforço, talento e coração. O João Perdigão era a personificação da alegria contagiante, vivia como uma verdadeira força da natureza e possuía uma admirável habilidade de transformar um momento de angústia num instante de esperança e de sorriso”, escreveu a JS nas redes sociais.

O acidente de viação aconteceu na zona do Cartaxo, envolvendo dois automóveis – outras três pessoas ficaram feridas, sendo que a a GNR está, nesta altura, a investigar as circunstâncias do acidente.

Repsol tinha alertado na semana passada para grande falha de energia

Há 5 dias, uma falha no fornecimento de energia afetou a rede de alta velocidade espanhola. Situação teve semelhanças ao início do apagão esta segunda feira. Há 5 dias, a empresa espanhola de energia Repsol alertou para “uma paragem inesperada devido a problemas técnicos com o fornecimento de energia elétrica”. Em causa, segundo avança o El Mundo, estava uma uma falha alheia à instalação, cuja magnitude obrigou a Repsol a ativar uma cláusula de “força maior”. Nesse mesmo dia, 22 de abril, Óscar Puente, o ministro espanhol dos transportes, escreveu no X que esse “excesso de tensão na rede elétrica”

Apagão ibérico. Espanha afasta hipótese de ciberataque

A operadora da rede elétrica espanhola garante que a primeira avaliação permite excluir a hipótese de um ciberataque à rede, embora a investigação ainda não tenha sido concluída

“Conseguimos concluir que, de facto, não houve intrusão no sistema de controle da Rede Elétrica”, afirmou o diretor de Serviços de Operações, citado pela Reuters.

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Eduardo Prieto, insistiu, durante a conferência de imprensa desta manhã, que as conclusões sobre a causa do apagão são preliminares, afirmando que o objetivo agora é “adotar as medidas necessárias para evitar que um incidente desta natureza ocorra”.

Segundo este responsável, “pode levar algum tempo para entender completamente o que aconteceu”.

O diretor de Serviços de Operações da Rede Elétrica reiterou ainda que o incidente começou ontem às 12h33 (hora local, menos uma em Lisboa), quando “foram desligadas as interligações com a França” e ocorreu o “isolamento do sistema elétrico peninsular do sistema elétrico europeu”.

Segundo a Agência Reuters, a rede elétrica espanhola está a funcionar de forma “normal, estável e correta”.

De acordo com o jornal El País, o fornecimento de energia foi quase totalmente restaurado, com algumas exceções, persistindo alguns problemas no transporte ferroviário.

O Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, permanecia, ao final da manhã desta terça-feira, reunido com o Conselho de Segurança Nacional, presidido pelo Rei Felipe VI. O encontro começou às 9h00 (hora local).

Sobre a “falta de educação”

No PÚBLICO, a 26 de abril, Nuno Crato alerta para o declínio recente dos resultados dos jovens portugueses nos principais testes internacionais de competências. Tem razão quando nota que a educação, uma área decisiva para o nosso presente e futuro coletivos, tem estado ausente do debate político. Contudo, de um matemático com ampla experiência na governação seria de esperar maior rigor analítico.

Segundo o ex-ministro, “entre 2002 e 2015 o nosso país conseguiu melhorar de forma espetacular” e, daí para cá, entrou num “declínio educativo”. Daí, conclui que devemos voltar às metas curriculares e sistemas de avaliação que vigoravam em 2015.

Ora, tal como os próprios organismos que desenvolvem estes testes têm advertido, não podemos extrair conclusões imediatistas dos seus resultados. Por um lado, as políticas educativas, sobretudo, aquelas que são estruturantes (como as reformas curriculares e os sistemas de avaliação) demoram vários anos entre o desenho, a discussão, a pilotagem, a aprovação e a implementação nas escolas. Por outro lado, as aprendizagens que estes testes aferem são desenvolvidas ao longo da escolaridade (não esquecendo o papel do pré-escolar). Assim, as competências de leitura, matemática e ciências que revelam os jovens aos 15 anos, no PISA, não dependem tanto do que estão a aprender nesse ano letivo, quanto daquilo que aprenderam no 1.º e 2.º ciclos de ensino.

Assim sendo, a estabelecer alguma relação com as políticas educativas, teremos de associar o “espetacular” progresso dos resultados dos jovens portugueses, entre 2002 e 2015, a políticas que se desenvolveram, desde o final do século XX, as quais eram, à época, fortemente atacadas por Nuno Crato que já via nelas o prenúncio do “declínio educativo” resultante do “facilitismo” e do “eduquês”.

Entre 2011 e 2015, o então ministro da Educação coloca, por fim, em prática a sua agenda pela “exigência”, rompendo com as políticas que vinham sendo desenvolvidas nos vintes anos anteriores. O tempo de desenvolvimento das políticas, somado ao necessário percurso de aprendizagem dos estudantes aponta para que os principais impactos dessa agenda seriam observáveis no período entre 2015 e 2025. E o que tivemos, então?

Não se pretende, com isto, isentar de responsabilidades os governos subsequentes. Efetivamente, a educação depende de muitos fatores e, mesmo cingindo-nos aos impactos das políticas educativas nos resultados dos alunos, é necessário reconhecer que estes ocorrem em diferentes temporalidades. Há, portanto, muito para refletir, discutir e investigar. Mas não é com pensamentos maniqueístas como o de Nuno Crato que podemos esperar melhorias.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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