Em vigília, Papa Leão XIV pede a jovens que sejam “testemunhas de justiça e paz”

Acolhido em clima de festa, Leão XIV demorou mais de meia hora a percorrer o recinto de Tor Vergata, para saudar cerca de um milhão de jovens concentrados para celebrar o Jubileu da Esperança. Quando desceu do papamóvel, pegou na Cruz de madeira alusiva ao Jubileu, caminhou uma parte do percurso e subiu até ao altar, acompanhado por uma pequena delegação juvenil, com representantes dos cinco continentes, enquanto outros mais longe gritavam “Esta é a juventude do Papa”.
Durante a vigília de oração, o Santo Padre respondeu a três perguntas, em diferentes línguas.
À primeira, sobre tecnologia, redes e solidão, afirmou em espanhol que a Internet e as redes sociais se tornaram “uma oportunidade extraordinária de diálogo, encontro e intercâmbio entre as pessoas” sublinhando, no entanto, que “estes instrumentos tornam-se ambíguos quando dominados por lógicas comerciais e interesses que destroem as nossas relações em milhares de fragmentos.” Além disso, “temos hoje algoritmos que nos dizem o que temos de ver, o que pensar e quem deveriam ser os nossos amigos. Ora, quando o instrumento domina o homem, o homem torna-se um instrumento do mercado e, por sua vez, uma mercadoria”, denunciou. “Só relações sinceras e laços estáveis fazem crescer histórias de vida boa”.
A segunda pergunta, formulada em italiano, baseou-se no clima de incerteza de muitos jovens, tentados a adiar decisões, com medo do futuro.
“A escolha é um ato humano fundamental”, sublinhou o Papa. A escolha por excelência é a decisão sobre a nossa vida: que homem queres ser? Que mulher queres ser? Queridos jovens, aprende-se a escolher através das provações da vida e, antes de tudo, lembrando que fomos escolhidos. Tal memória deve ser explorada e educada”.
A este propósito, recordou as palavras que, há vinte e cinco anos, São João Paulo II proferiu naquele mesmo local, em Tor Vergata, durante a Jornada Mundial da Juventude de 2000: “é Jesus quem buscais quando sonhais a felicidade; é Ele quem vos espera, quando nada do que encontrais vos satisfaz; Ele é a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com aquela sede de radicalidade que não vos deixa ceder a compromissos”.
Leão XIV recordou a todos que recebemos a vida gratuitamente, sem a escolher e que “na origem de nós mesmos não houve uma decisão nossa, mas um amor que nos quis”. Por isso, “ao longo da existência, quem nos ajuda a reconhecer e renovar esta graça nas escolhas que somos chamados a fazer mostra-se verdadeiramente amigo”.
O Papa fez questão de apontar para um tipo de “escolhas radicais e cheias de significado: O matrimónio, a ordem sagrada e a consagração religiosa expressam a doação de si mesmo, livre e libertadora, que nos torna verdadeiramente felizes. Estas escolhas dão sentido à nossa vida, transformando-a à imagem do Amor perfeito, que a criou e redimiu de todo o mal”, frisou.
Por fim, um jovem dos Estados Unidos da América perguntou a Leão XIV como se pode encontrar Jesus e ter a certeza da sua presença no meio das provações e incertezas.
Na sua resposta em inglês, o Santo Padre citou o Papa Francisco ao recordar que “no coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expectativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã”.
Leão XIV lembrou também que “Bento XVI gostava de dizer que “quem acredita nunca está sozinho. Ou seja, encontramos Cristo na Igreja, isto é, na comunhão daqueles que O buscam sinceramente” e que é o próprio Senhor que nos reúne para formar uma comunidade de fiéis que se apoiam mutuamente. “Quanto precisa o mundo de missionários do Evangelho, que sejam testemunhas de justiça e paz! Quanto precisa o futuro de homens e mulheres que sejam testemunhas de esperança! Queridos jovens, esta é a tarefa que o Senhor Ressuscitado confia a cada um de nós!”, disse com veemência. “A minha oração por vós é que possais perseverar na fé, com alegria e coragem!”.
Durante o discurso, Leão XIV pediu orações por duas jovens que morreram a caminho deste Jubileu, Maria, espanhola de 20 anos e
Pascale, egípcia de 18 anos. “Rezemos por elas e pelas suas famílias”, disse.
Após um tempo de silêncio e adoração do Santíssimo Sacramento, o Papa deu a benção e, antes de regressar ao Vaticano, saudou os jovens, uma vez mais, aconselhando-os a “repousar um pouco para estarem prontos para a missa de amanhã”.