PCP vinca que ligação direta do comboio internacional Celta “não pode acabar”


O deputado do Partido Comunista Português (PCP) Alfredo Maia vincou esta quinta-feira, antes de embarcar no comboio internacional Celta, que a ligação direta entre o Porto e Vigo “não pode acabar”, numa altura em que um transbordo será obrigatório a partir de domingo.
“A iniciativa de hoje (…) inclui uma viagem no comboio para chamar à atenção da importância desta ligação, ligação essa que não pode acabar”, disse esta quinta-feira aos jornalistas na estação de Campanhã, no Porto, antes de embarcar numa viagem no Celta que visa denunciar a “degradação do serviço (…) em consequência do desinvestimento promovido por sucessivos governos PS e PSD/CDS”.
Em causa estão alterações ao serviço do comboio internacional Celta, que faz o trajeto Porto-Vigo, e que vai obrigar a transbordo em Viana do Castelo a partir de domingo, para “garantir a continuidade do serviço”.
Segundo a CP, esta é uma medida “excecional e temporária”, sem indicar qual a data de conclusão dos “ajustes transitórios” no serviço que é operado em conjunto com a espanhola Renfe desde julho de 2013, ligando Vigo ao Porto com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine.
Alfredo Maia diz que não se sabe “em que condições nem durante quanto tempo” é que durará a situação temporária. Contudo, o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre (PS), disse que esta mudança está prevista até “meados de dezembro”,
“A Renfe anunciou como transitória esta solução, mas nós, infelizmente, já estamos habituados ao significado da palavra transitório, e o transitório transforma-se muitas vezes em definitivo, e a consequência é a perda de um serviço fundamental para as populações”, vincou.
Para o deputado comunista, eleito pelo círculo do Porto, “a solução é o investimento em material circulante”, e também “garantir a operação contínua entre Porto e Vigo e, já agora, de preferência, de mais um horário”
“Na semana passada dirigimos uma pergunta ao ministro das Infraestruturas exatamente sobre este tema, o gabinete do ministro já respondeu, pedindo mais 30 dias para reunir informação para nos responder cabalmente”, revelou.
O PCP espera que a resposta vá no sentido da “reposição integral” do serviço com ligação direta, considerando que é o que “é justo para as populações”.
Alfredo Maia apontou ainda “às condições em que a operação se faz, tendo em conta que estamos a falar de dois tipos de tensão [elétrica], que são diferentes em Portugal e em Espanha”, apesar do comboio ser a diesel.
“Sobre essa matéria, é preciso que os operadores de um e de outro lado da fronteira se entendam, cooperem, e que enquanto essa solução, em termos de tração elétrica, não chegar, pelo menos as locomotivas diesel continuem a assegurar estes comboios”, advogou.
A Renfe garantiu que o comboio internacional Celta, entre o Porto e Vigo, fará um “transbordo simples” em Viana do Castelo e continuará com os mesmos horários, adiantando apenas “motivos operacionais” como causa para a mudança no serviço.
Luís Nobre, por sua vez, disse esta quinta que vai vigiar a implementação “temporária” de transbordo no comboio Celta, e reclama investimento na linha do Minho.
O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular denunciou a “traição” de fazer alterações ao comboio internacional Celta em agosto, condenando a “má gestão” e garantindo que irá fazer tudo para repor os níveis de serviço transfronteiriços.
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