A bienal nómada europeia chega a Portugal: em 2028, a Manifesta será em Coimbra

A bienal Manifesta, que de dois em dois anos muda de cidade, fará a sua 17.ª edição, em Portugal, anunciou esta segunda-feira a organização com sede em Amesterdão.
Em 2028, a “bienal nómada“, como é conhecida, um grande festival centrado nas artes visuais com uma componente de renovação urbana, vai ter lugar em Coimbra. Será organizada conjuntamente com a Anozero — Bienal de Arte Contemporânea, evento tutelado pelo Centro de Artes Plásticas de Coimbra, “para co-criar uma edição colaborativa”, lê-se no comunicado.
Na sua página nas redes sociais, o Ministério da Cultura anunciou igualmente que “Coimbra será a cidade anfitriã da bienal Manifesta”, “um mega evento artístico internacional”.
A bienal itinerante, cuja última edição teve lugar no ano passado em Barcelona, adianta que a Manifesta terá como parceiros institucionais o Ministério da Cultura, a Câmara Municipal de Coimbra e a Universidade de Coimbra, no ano em que a cidade assinala os 15 anos anos da inscrição do conjunto formado pela Universidade, a Alta de Coimbra e a Rua da Sofia como Património da Humanidade da UNESCO.
“A Manifesta entra numa nova fase de colaboração intercultural no panorama europeu das artes e da paisagem arquitectónica ao associar-se à bienal Anozero, sediada em Coimbra”, diz a director da Manifesta, Hedwig Fijen. A 17.ª edição será liderada Carlos Antunes e Désirée Pedro, a dupla de arquitectos de Coimbra que fundou a Anozero em 2015.
A Manifesta sublinha que o seu modelo de intervenção se baseia “num compromisso partilhado de trabalho”, enraizado numa colaboração com as instituições e o contexto cultural locais. “Acolhemos de todo o coração a visão [da Anozero] e acreditamos que estas práticas de colaboração entre instituições, comunidades, colectivos e artistas não só são essenciais, como podem muito bem representar o futuro do mundo da arte.”
Hedwig Figen é uma historiadora da arte holandesa que há 30 anos lançou um grande festival ligado às artes visuais, ao qual nas últimas edições se associou uma forte componente urbanística. A Manifesta já aconteceu em Roterdão, Palermo, San Sebastián, Marselha ou Pristina e fará a sua edição de 2026 na região do Ruhr, na Alemanha. Na última edição, em Barcelona, a Manifesta teve pela primeira vez uma curadora portuguesa, Filipa Oliveira, actual directora do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.
“Muito mais do que uma bienal de arte contemporânea, a Manifesta é uma plataforma de diálogo entre comunidades, artistas, ideias e o futuro”, escreve o Ministério da Cultura na sua página nas redes sociais. “Um verdadeiro laboratório criativo é a vez de Coimbra brilhar.”
Carlos Antunes comentou que a vinda da Manifesta para Portugal “é a concretização de um desejo antigo do país e da própria Manifesta”, explicou numa resposta por email, sublinhando que esta “grande bienal internacional propõe-se co-produzir uma edição com uma pequena bienal – a Anozero.”
Foi há cerca de um ano que se começou a desenhar esta colaboração, numa bienal que já chegou iniciar negociações para ter lugar em Évora, cidade que em 2027 receberá a Capital Europeia da Cultura. A Manifesta, adianta Carlos Antunes, tem acompanhado o Anozero desde a primeira edição e, nos últimos anos, convidado a bienal de Coimbra para estar presentes em fóruns e encontros internacionais de bienais. “Há, na aparência desta aventura, deste encontro desigual, qualquer coisa de improvável, que o torna tão sedutor e desafiante”, acrescentou.
