Inflação homóloga em Cabo Verde subiu para 2,7% em julho

Cabo Verde registou uma inflação homóloga de 2,7% em julho, mais 0,9 pontos percentuais que em junho, anunciou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), ao divulgar o Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

A inflação média a doze meses fixou-se em 1,9%, valor 0,1 pontos percentuais acima do registado no mês anterior.

O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo energia e bens alimentares não transformados) assinalou uma variação homóloga de 3,1%, valor superior em 0,8 pontos percentuais ao registado no mês anterior.

Este ano, a taxa de variação acumulada do IPC, até junho, é de 2,2%, superior em 1,4 pontos percentuais superior à observada no mês homólogo do ano anterior, indicou o INE.

Em maio, o Banco de Cabo Verde (BCV) reviu em alta as perspetivas de inflação (média a 12 meses) para 1,8% (2025) e 1,4% (2026), “abaixo dos 2%, valor de referência para a estabilidade de preços”, mas acima dos 0,8% que, em novembro de 2024, se previa para ambos os anos, indicou.

A revisão da inflação refletiu “a incorporação de dados mais recentes com um aumento dos preços acima do esperado, sobretudo de alimentos e bebidas nos mercados internacionais”, além de “alguma volatilidade esperada nos preços energéticos, influenciada por fatores geopolíticos e pressões internas associadas aos preços de alguns serviços”, justificou o BCV.

A inflação em Cabo Verde está historicamente ancorada à Europa por ser o principal fornecedor do país.

Migrantes de Vila do Bispo esgotaram vagas do CIT de Faro. Centros do Porto alojam famílias e pessoas infetadas com sarna

Os 38 migrantes que deram à costa na praia da Boca do Rio, em Vila do Bispo, no dia 8 de agosto já foram todos alojados em centros de instalação temporária ou espaços equiparados, em Faro e no Porto. Segundo a PSP, a instalação destas pessoas faz com que “a capacidade dos centros de instalação temporária no País esteja perto do limite“. O Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária (EECIT) de Faro ficou mesmo com a capacidade esgotada: encontram-se lá 15 pessoas, todas vindas de Vila do Bispo, nas alas masculina e feminina. É o máximo de vagas neste local.

Ao Observador, a Polícia de Segurança Pública (PSP) detalha que as famílias, compostas por três adultos e três menores — o passageiro mais novo do barco tinha um ano de idade — foram colocadas no Centro de Instalação Temporária (CIT) do Porto, na Unidade Habitacional de Santo António, que tem um espaço dedicado aos núcleos familiares. Além destas seis pessoas, outras oito foram encaminhadas na noite de quarta-feira para este CIT, elevando para 14 o número de migrantes que aqui se encontra. Este CIT no Porto tem espaço para 34 pessoas, caso se recorra à capacidade complementar de cinco lugares.

Também no Porto, mas no Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária do Aeroporto Sá Carneiro que tem capacidade para 19 pessoas, foram alojados nove homens. É na segunda cidade do País que estão a ser acompanhados os casos de escabiose, ou sarna, detetados entre estes migrantes: “Importa referir que, com o apoio do Exército Português, foi montada uma tenda de campanha no CIT do Porto (tendo em conta as pessoas instaladas em CIT e EECIT) para a implementação em curso das recomendações da DGS e do parceiro que presta cuidados médicos (Médicos do Mundo), tendentes ao acompanhamento da situação médica já noticiada (Escabiose)”, ressalva a PSP. Entre outras recomendações, a Direção-Geral da Saúde (DGS) determina que é necessário “evitar o contacto direto com pessoas infetadas” e “não partilhar objetos pessoais, roupas individuais e roupa de cama e toalhas”.

A PSP não indicou quantas pessoas se encontravam nos centros de instalação temporária antes da chegada dos migrantes, mas detalha que alojar os migrantes de Vila do Bispo obrigou a transferências de pessoas entre centros. “Toda esta operação determinou, naturalmente, operações de transferência e libertação de cidadãos”, indica a mesma fonte. Será nestes centros que os migrantes, todos de nacionalidade marroquina, ficarão durante um máximo de 60 dias a contar da decisão judicial de afastamento do território nacional.

“Em regra, com o aumento das atividades de interceção em fronteira e de fiscalização no território nacional desde 2024, os espaços estão com taxas de ocupação elevadas (superior a 95%)”, admite a PSP.

Estes espaços recaem sob responsabilidade da PSP. Porém, a sua segurança é feita não só pela PSP, mas também por “serviços de segurança privada”. As instalações estão “dimensionadas para gestão normal da capacidade dos espaços (dos mais altos índices de enquadramento de acordo com dados oficiais da União Europeia) e com protocolos de atuação para as diferentes situações de riscos de saúde ou de segurança e ordem pública, que nesses casos pode envolver meios não alocados aos CIT e espaços equiparados”.

As “necessidades básicas e especiais, em termos de saúde, alimentação, higiene, aconselhamento jurídico e de direitos humanos, bem como necessidades especiais” são cumpridas pela PSP, que possui contratos, acordos de parceria e protocolos de colaboração com entidades públicas e privadas, nas quais se destacam as organizações não governamentais que prestam serviços de cuidados médicos permanentes, aconselhamento jurídico, aconselhamento em termos de migração e retorno e proteção de direitos humanos”.

Além dos espaços no Porto e em Faro, a PSP gere também o Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária de Lisboa, que se situa no aeroporto Humberto Delgado. Os migrantes não foram enviados para este local, apesar de a sua utilização ter sido considerada. A opção “foi afastada no sentido de manter um espaço de trânsito para as operações de retorno em curso, de retorno voluntário e elevado número de detenções na Área Metropolitana de Lisboa”, explica a PSP.

Atualmente, em Portugal as unidades destinadas às pessoas migrantes em processo de asilo ou de retorno aos países de origem têm capacidade para 94 pessoas. Em 2026 e 2027, deverão entrar em funcionamento dois centros “de nova geração (adaptados às obrigações decorrentes do Pacto Europeu de Migrações e Asilo) com capacidade conjunta de instalação de 300 cidadãos de países terceiros em processo de asilo ou de retorno”. Está previsto um custo de 30 milhões de euros, provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Os arquipélagos da Madeira e Açores também terão cada um um espaço equiparado a centro de instalação temporária.

Os migrantes de Vila do Bispo — 25 homens, seis mulheres e sete menores — chegaram num barco e, até à sua transferência para centros de instalação temporária, estiveram num pavilhão em Sagres e sob cuidado da Guarda Nacional Republicana. Nos CIT, estão agora sob tutela da PSP e, se o processo de afastamento do território nacional não estiver concluído em 60 dias, terão que ser libertados.

Miguel Sousa Tavares: “Há sinais preocupantes da absoluta incompetência do Estado, o combate aos incêndios é um deles”

Neste episódio do podcast Miguel Sousa Tavares de Viva Voz, o jornalista começa por Washington, para onde Trump enviou tropas da Guarda Nacional para conter uma alegada onda de crime: “Toda a gente está a capitular perante Trump, é um autêntico bulldozer que ninguém trava, e eu chego a espantar-me como é que ele tem capacidade durante as 24 horas de um dia para tomar tantas decisões e disparar em tantas direções”.

Tiago Pereira Santos

Aliás, o cronista vê o Presidente dos EUA a aproximar-se do “seu grande sonho de ser Prémio Nobel da Paz: “Seria uma coisa extraordinária que um homem que intimida o mundo inteiro, através de ameaças ou através de tarifas, fosse considerado o maior pacifista do mundo, mas eu já vi prémios Nobel serem atribuídos por razões políticas. Basta pensar que Kissinger [ex-Secretário de Estado dos EUA] foi Nobel da Paz, e portanto tudo é possível”.

A situação em Gaza merece atenção neste episódio, em que também se antevê o que poderá sair do encontro de sexta-feira no Alasca, entre Trump e Putin, do qual a Europa se vê arredada: “Não fez nada para que essa guerra terminasse, e agora vê-se nesta situação de ser ultrapassada, humilhada, desconsiderada pelos Estados Unidos, e merece-o. Merece-o porque esta geração de dirigentes europeus é absolutamente incompetente, hipócrita e está fora da história”.

Miguel Sousa Tavares de Viva Voz é um podcast de Paula Santos e que neste episódio foi conduzido por João Pedro Barros. Oiça e subscreva na aplicação que usa no seu smartphone para ouvir podcasts ou acompanhe em Expresso.pt.

Jonathan Caicedo ganha no alto da Torre. Nych reforça liderança

O ciclista Jonathan Caicedo venceu a sétima etapa da Volta a Portugal em Biclicleta, que terminou no alto da Torre.

O russo Artem Nych foi segundo e reforçou a liderança na prova. O português Gustavo Leaça foi terceiro, a 46 segundos, depois de ter sido o maior animador da etapa.

Na geral, Nych tem agora 46 segundos de vantagem sobre o novo segundo colocado, o colega de equipa Alexis Guerin. e 1.20 sobre Jesus Pena e 1.21 sobre Byron Munton.

[em atualização]

Petição exige fim de medida do YouTube que estima idade dos utilizadores com IA

Uma petição pública, com mais de 90.000 assinaturas, exige que o YouTube volte atrás na implementação de uma medida que usa Inteligência Artificial (IA) para verificar a idade dos utilizadores.

No final de julho, a aplicação informou que começou a testar o uso de funções de IA nos Estados Unidos para descobrir se os utilizadores são maiores de idade na plataforma, com base em vários sinais, como os tipos de vídeos pesquisados, a categoria dos vídeos ou a antiguidade da conta.

A medida pretende oferecer “as experiências e proteções mais adequadas para cada idade”, refere a plataforma.

Contudo, a nova funcionalidade de IA do YouTube está a gerar grande contestação, tendo sido criada uma petição que já soma mais de 90.000 assinaturas devido ao receio de violação de privacidade dos utilizadores.

Os autores da petição, disponível na plataforma Change.org, temem a análise de “todo o seu histórico de visualizações e comportamento para estimar a sua idade”, estando em causa a “vigilância em massa e controlo de dados (…) que viola a privacidade e a autonomia”.

Quando um utilizador for identificado como adolescente serão automaticamente aplicadas uma série de medidas de segurança, que consistem em desativar a publicidade personalizada, ativar ferramentas de bem-estar digital e adicionar salvaguardas às recomendações.

A plataforma também alertou que, se o sistema calcular erroneamente que um utilizador tem menos de 18 anos, este poderá verificar a sua idade através de um cartão de crédito ou de um documento de identificação oficial.

A petição pode ser consultada através da seguinte ligação: https://www.change.org/p/youtube-s-ai-tracks-everything-you-watch-stop-this-now.

José Cid recorda Mário Martins figura “fulcral” na música portuguesa

O músico José Cid recordou o produtor discográfico Mário Martins, que morreu esta quinta-feira aos 90 anos, como uma figura “fulcral” na música portuguesa, pelo apoio que deu a muitos artistas.

Mário Martins, responsável por dar a conhecer ao público nomes como Carlos Paião (1945-1988), José Cid, Marco Paulo (1945-2024) e Rui Veloso, morreu hoje numa unidade hospitalar em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da Casa do Artista, onde residia.

“Ele é fulcral na música portuguesa, deu muitos apoios a muitos colegas e à minha pessoa, então, foi incondicional”, afirmou José Cid, em declarações à Lusa.

A voz de temas como “Cai Neve em Nova Iorque”, “A Minha Música” e “Ontem, Hoje e Amanhã”, lembrou que Mário Martins “produziu muitos, muitos, muitos artistas, que ajudou”.

“Nos anos 1960 eu tinha a maior das dificuldades em entrar em qualquer editora portuguesa. É o Mário Martins que me abre os braços e me coloca, num lugar prioritário até, na Valentim de Carvalho, onde era diretor artístico”, recordou José Cid.

Morreu Mário Martins, o produtor que revelou José Cid, Marco Paulo, Carlos Paião e Rui Veloso

O produtor foi “defensor acérrimo” da criatividade do músico, tendo mesmo “lutado muitas vezes, até na própria editora, contra algumas opiniões contrárias”.

“Foi uma pessoa que esteve ao meu lado incondicionalmente. Depois, o nosso relacionamento foi sempre de grande amizade. O Mário Martins era um homem muito inteligente, muito culto. Um bocadinho, às vezes, divertidamente sarcástico”, partilhou.

Mário Martins foi durante cerca de 30 anos responsável pelo departamento de Artistas e Reportório (A&R) da editora discográfica Valentim de Carvalho, onde começou a trabalhar em 1966, a convite de João Belchior Viegas, agente artístico de Amália Rodrigues.

Autárquicas. Tribunal Constitucional recusa mudar nome da coligação PSD/CDS/PPM em Aveiro

O Tribunal Constitucional (TC) recusou um pedido do PSD no sentido de alterar para “ALIANÇA MAIS AVEIRO” a designação da coligação entre o PSD, CDS e PPM que vai concorrer à presidência da Câmara de Aveiro nas próximas autárquicas.

Num acórdão datado de 12 de agosto, consultado esta quinta-feira pela Lusa, o TC indeferiu o pedido feito pelo secretário-geral do PSD, Hugo Soares, para corrigir o acórdão daquele tribunal que determinou a anotação da coligação com a denominação “ALIANÇA COM AVEIRO”.

No pedido, Hugo Soares refere que se tratou de “um lapso” na indicação da denominação da coligação em causa, que deveria chamar-se “ALIANÇA MAIS AVEIRO” e não “ALIANÇA COM AVEIRO”, o nome que foi usado pela candidatura liderada por Ribau Esteves em 2013, 2017 e 2021.

No entanto, os juízes do TC referem que a pretensão do requerente configura não uma retificação de qualquer erro material de escrita do acórdão em causa, mas antes “uma verdadeira alteração material da denominação da coligação, que, ademais, não tem reflexo nos anúncios de jornal já publicados com o propósito de dar a conhecer a coligação”.

“Conclui-se, pois, que no momento em que é apresentado o requerimento ora em apreço (12/08/2025) já não é possível a correção da denominação de uma coligação anteriormente anotada, que sempre implicaria a publicação de novos anúncios nos jornais, que neste momento seria já igualmente extemporânea”, refere o acórdão.

Contactado pela Lusa, o presidente da Concelhia do PSD, Firmino Ferreira, garantiu que este “problema burocrático” não irá afetar o processo da candidatura da coligação.

“É um problema de voltar a assinar as fichas dos candidatos”, disse Firmino Ferreira, adiantando que os candidatos que já tinham assinado as fichas e foram de férias poderão enviar a assinatura digital.

O dirigente referiu ainda que a entrega das listas da coligação no Tribunal de Aveiro será feita na segunda-feira, último dia do prazo definido pela Comissão Nacional de Eleições para a entrega das candidaturas.

Até ao momento, foram anunciadas as candidaturas à Câmara de Aveiro de Alberto Souto Miranda (PS), Luís Souto Miranda (PSD/CDS/PPM), João Moniz (Bloco de Esquerda), Miguel Gomes (Iniciativa Liberal), Isabel Tavares (CDU), Bruno Fonseca (Livre) e Diogo Machado (Chega) e Paulo Alves (Nós, Cidadãos!).

Atualmente, a Câmara de Aveiro é liderada pelo social-democrata Ribau Esteves, que completará o seu terceiro mandato e, por esse motivo, não pode recandidatar-se.

Nas autárquicas de 2021, a coligação PSD/CDS-PP/PPM elegeu seis mandatos e o PS/PAN três. O Chega tem atualmente um eleito na Assembleia Municipal de Aveiro.

As eleições autárquicas vão realizar-se em 12 de outubro.

Se tiver uma história que queira partilhar sobre irregularidades na sua autarquia, preencha este formulário anónimo.

Um Tratado dos Plásticos enviado pela Temu

O clima de tensão está a dominar as negociações para um tratado global dos plásticos das Nações Unidas. Muitos países consideraram “inaceitável” a proposta de texto apresentada quarta-feira por Luis Vayas Valdivieso, o diplomata equatoriano que está a presidir ao encontro em Genebra do Comité Intergovernamental sobre Poluição Plástica (o chamado INC-5.2). O texto em causa era tão “fraco”, e tinha como ponto de partida “uma fasquia tão baixa”, que há Estados-membros a redigir um novo documento em contra-relógio. O plenário final do INC-5.2 está agendado para o final da tarde desta quinta-feira.

E porque foi tão mal recebida a proposta de Vayas? O descontentamento de inúmeros delegados deveu-se à diluição e deformação da proposta original, publicada em Dezembro de 2024. Imaginem abrir uma caixa à espera de 34 páginas, repletas de palavras assertivas, de parênteses rectos que merecem ser negociados, e encontrar no interior um rascunho bem menor (12 páginas) e com uma linguagem suavizada. É uma decepção, como nos muitos memes de expectativa vs. realidade nas encomendas da Temu. 

“Ao tentar agradar a todos, Vayas acabou por não agradar a ninguém”, resumiu Daniel Gocher na newsletter diária Global Plastics Diplomacy Briefing. Os Estados-membros que desejam um tratado ambicioso e eficaz ficaram frustrados com as cedências ao lobby dos combustíveis fósseis e do sector petroquímico. E não se calaram, fazendo com a diplomacia fosse “por água abaixo”.

“Lamentamos informar que, para a Colômbia, o rascunho do texto proposto é totalmente inaceitável e não podemos considerá-lo como base para negociação”, afirmou Sebastián Rodríguez, coordenador de assuntos ambientais do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, durante a sessão plenária de quarta-feira, que durou cerca de três horas.

“Fechar um acordo só para dizer que fechamos um acordo não foi o que nos fez viajar milhares de quilómetros para chegar a Genebra”, disse Steven Victor, ministro da Agricultura, das Pescas e do Ambiente de Palau, um Estado insular na Micronésia.

Como escrevi no Azul esta semana, cerca de cem dos 184 países presentes apoiam um acordo global e vinculativo que atinja quatro metas: limite e reduza a produção total de plástico, elimine gradualmente os produtos químicos nocivos, erradique progressivamente os produtos plásticos problemáticos e desnecessários, garanta uma transição justa para aqueles que vivem da recolha de lixo, povos indígenas e outras comunidades afectadas e que, por fim, arrecade financiamento público suficiente para garantir essa evolução.

Há ainda Estados-membros, como o Kuwait e a Arábia Saudita, que preferem centrar a discussão na gestão de resíduos, em apoios facultativos e compromissos voluntários determinados ao nível nacional. Os Estados Unidos já avisaram que rejeitarão qualquer documento que inclua não só limites para a produção de plástico, mas também para aditivos químicos potencialmente nocivos.

Para a bióloga marinha Melanie Bergmann, cientista que está a acompanhar a delegação alemã em Genebra, o texto apresentado por Vayas “carece da ambição necessária” para cumprir o mandato dado pela Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente. Segundo explicou esta manhã, falta-lhe foco na saúde humana, por exemplo, além de menções específicas à redução da produção de novos plásticos e ao uso de compostos químicos potencialmente nocivos. 

Face à proposta de Tratado dos Plásticos enviada por Vayas, o que os Estados-membros ambiciosos podem fazer? Mandar o texto para trás? Usá-lo como ponto de partida para chegar a uma versão aceitável? Abandonar o processo e estudar caminhos alternativos? Adiar novamente e considerar, depois de Busan e Genebra, um terceiro “último” encontro negocial? Todas as possibilidades permanecem em aberto. 

Os turistas que conduzem em Espanha também precisam de ter a luz de emergência V-16?

As alterações às regras de condução significam que todos em Espanha terão em breve de manter uma luz V16 no seu carro, mas a autoridade de trânsito do país confirmou recentemente regras diferentes para turistas. Brevemente, os condutores espanhóis deixarão de poder usar legalmente os tradicionais triângulos de aviso em caso de avaria ou estiverem envolvidos num acidente. A partir de 1 janeiro de 2026, todos os condutores em Espanha deverão ter no carro, e usar em vez dos triângulos de aviso, uma luz de emergência V16 — uma pequena luz LED com uma bateria de longa duração, ímanes, e

Morreu Mário Martins, o produtor que revelou José Cid, Marco Paulo, Carlos Paião e Rui Veloso

O produtor discográfico Mário Martins morreu esta quinta-feira, aos 90 anos, numa unidade hospitalar em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da Casa do Artista, onde residia.

Mário Martins marcou o século XX português ao ser responsável por dar a conhecer músicos como Carlos Paião, José Cid, Marco Paulo e Rui Veloso.

Nascido em Lisboa, em 1934, Mário Martins incentivou também artistas como Lara Li, Paco Bandeira e José Alberto Reis, de quem se tornou amigo.

O produtor discográfico privilegiou sempre “o lado profissional, mas houve casos em que se construiu uma amizade”, como disse numa entrevista à agência Lusa na década passada, dando como exemplo a declamadora Maria Germana Tânger, o músico José Cid, que sempre o convidava para assistir aos seus espetáculos, e o cantor José Alberto Reis.

Com Maria Germana Tangêr (1920-2018), Mário Martins iniciou uma série de gravações discográficas de poesia portuguesa, numa coleção que inclui álbuns com poemas ditos pelos seus autores, como David Mourão-Ferreira (1927-1996) ou Mário Cesariny (1923-2006).

“[No caso do] Rui Veloso foi a mãe que marcou comigo e veio de comboio do Porto até Lisboa, e deu-me a ouvir uma cassete do filho, para dizer se achava se tinha ou não futuro”. A resposta foi “sem sombra de dúvida que sim, e a carreira dele fala por si”, contou à agência Lusa.

Mário Martins referiu “o seu dedo” direto em êxitos como “Somos Livres”, de Ermelinda Duarte, que “insistia em não gravar e depois foi um sucesso retumbante”, “Vinte Anos”, pelo grupo Green Windows, do qual faziam parte José Cid, Vítor Mamede e Mike Sergeant, entre outros, ou no álbum “O Nazareno”, de Frei Hermano da Câmara, que contou as participações de Amália Rodrigues e Mara Abrantes, entre outros, e ao qual se referiu como a sua “mais complexa produção, mas que valeu a pena”.

Mário Martins foi durante cerca de 30 anos responsável pelo departamento de Artistas e Reportório (A&R) da editora discográfica Valentim de Carvalho, onde começou a trabalhar em 1966, a convite de João Belchior Viegas, agente artístico de Amália Rodrigues.

Graças à sua intervenção, Amália Rodrigues — a quem Mário Martins se referia como “o verdadeiro milagre português” — gravou, em 1982, “O Senhor Extraterrestre”, de Carlos Paião (1957-1988), artista que passou a constar do catálogo da Valentim de Carvalho.

Mário Martins desenvolveu também a faceta de poeta e escreveu para Amália, mas a sua timidez impediu-o de mostrar o poema à fadista e foi gravado por Beatriz da Conceição, em 1967, “porque faltava um tema para fechar o disco”.

“Tive vergonha em mostrar à Amália, ela cantava David Mourão-Ferreira, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill, e quem eu era ao pé destes grandes poetas? Ninguém”, afirmou à Lusa.

O músico José Cid recordou o produtor discográfico Mário Martins como uma figura “fulcral” na música portuguesa, pelo apoio que deu a muitos artistas.

“Ele é fulcral na música portuguesa, deu muitos apoios a muitos colegas e à minha pessoa, então, foi incondicional”, afirmou José Cid, em declarações à Lusa.

A voz de temas como “Cai Neve em Nova Iorque”, “A Minha Música” e “Ontem, Hoje e Amanhã”, lembrou que Mário Martins “produziu muitos, muitos, muitos artistas, que ajudou”.

“Nos anos 1960 eu tinha a maior das dificuldades em entrar em qualquer editora portuguesa. É o Mário Martins que me abre os braços e me coloca, num lugar prioritário até, na Valentim de Carvalho, onde era diretor artístico”, recordou José Cid.

O produtor foi “defensor acérrimo” da criatividade do músico, tendo mesmo “lutado muitas vezes, até na própria editora, contra algumas opiniões contrárias”.

“Foi uma pessoa que esteve ao meu lado incondicionalmente. Depois, o nosso relacionamento foi sempre de grande amizade. O Mário Martins era um homem muito inteligente, muito culto. Um bocadinho, às vezes, divertidamente sarcástico”, partilhou.

[Um homem desobedece às ordens dos terroristas e da polícia e entra sozinho na embaixada. Momentos depois, ouve-se uma enorme explosão“1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto a embaixada turca em Lisboa e uma execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o quarto episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube MusicE ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui e o terceiro aqui]

Entre as várias vedetas com quem trabalhou, o produtor realçou o profissionalismo da cantora Maria Clara (1923-2009): “O incêndio no Chiado [em Lisboa, em agosto de 1988], destruiu parte dos arquivos da Valentim de Carvalho e decidiu-se voltar a gravar alguns temas que se tinham perdido. A Maria Clara aceitou gravar alguns dos seus êxitos, décadas depois da sua primeira gravação, veio do Porto, acompanhada pelo marido, chegou pontualmente e cantou maravilhosamente afinada e com aquela voz clara, uma grande profissional”.

Na conversa com a Lusa, Mário Martins realçou a dificuldade em gerir artistas e escolher repertórios adequados à voz e às ambições de cada um.

Quando conheceu António Variações (1944-1984), apresentado pelo jornalista Luís Vitta (1945-2015), Martins reconheceu-lhe o talento, mas projetou para o cantor um repertório com base no folclore, área que conhecia bem, pelas várias gravações que efetuou com o poeta Pedro Homem de Mello (1904-1984), em diferentes regiões do país.

A Mário Martins se deveu o sucesso de Marco Paulo (1945-2024), cujo repertório inclui algum material original, mas é essencialmente composto por versões portuguesas de autoria de António José Lampreia (1929-2003) para composições estrangeiras. Depois da morte de António José, foi Mário Martins quem passou a responsabilizar-se pelas versões em português do intérprete de “Eu Tenho Dois Amores” (António José/Georges Hatzinassios).

Mário Martins produziu discos de Luís Goes, Fafá de Belém, Nuno da Câmara Pereira, Paco Bandeira, Carlos Paião, José Cid, Júlio Pereira, Jorge Palma, Grupo de Cantares de Manhouce, Alexandra, José da Câmara, Maria Teresa de Noronha e Lucília do Carmo.

Além do seu trabalho na Valentim de Carvalho, colaborou com a apresentadora de televisão Teresa Guilherme, na RTP e, mais tarde, foi convidado pelo realizador televisivo José Nuno Martins, para fazer um programa de sua autoria na RTP.

Na TVI foi o autor e apresentador do programa “Fado Fadinho” (1993), pelo qual recebeu um Prémio Bordalo.

Em 1993, saiu da Valentim de Carvalho para a Movieplay Portuguesa, onde coordenou a série “O Melhor dos Melhores” (1994), que reuniu êxitos de cerca de 100 artistas nacionais.

Nesta discográfica produziu, entre outros, o disco “O Outro Lado do Fado” (2005), de Lenita Gentil, que recebeu, em 2006, o Prémio Amália Rodrigues para Melhor Álbum do Ano.

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