Incêndios: Raimundo “incrédulo” perante voto contra do PS para debate no parlamento

O secretário-geral do PCP mostrou-se, esta terça-feira, incrédulo perante o anúncio do voto contra do PS aos pedido dos comunistas e do Chega para se debater no parlamento a coordenação do combate aos incêndios.

“Estou incrédulo. Não conhecia isso, estou incrédulo. O PS tem de explicar porquê. Estou incrédulo com isso. Só espero que a senhora [jornalista] esteja enganada, mas, infelizmente, se calhar não está”, respondeu Paulo Raimundo, quando confrontado pelos jornalistas com a decisão dos socialistas, à margem de uma visita a áreas ardidas no concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo.

O secretário-geral socialista disse que o partido vai votar contra os pedidos do Chega e do PCP para debater no parlamento a coordenação do combate aos incêndios, com a presença do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna.

“O PS é contra a chicana política, numa altura em que se está a combater os incêndios que põem em causa a vida das pessoas e o seu património”, justificou José Luís Carneiro, que falava aos jornalistas na cidade da Horta, na ilha do Faial, Açores, no final de uma visita às instalações locais da RTP/Açores.

Para Paulo Raimundo, “agora é altura de combater os incêndios, de salvaguardar as vidas das pessoas, de preservar os solos, de acabar com os fogos de grande dimensão que ainda existem”.

“Diria que ainda estamos longe do fim deste período conturbado, e é, de facto, altura para isso. Mas se não tomarmos agora as medidas, e percebermos o que aconteceu bem e o que aconteceu mal, então vamos andar sempre a arrastar com a barriga. E andamos há muitos anos a arrastar com a barriga e as consequências estão à vista. Vamo-nos habituando a que para o PS nunca é altura para nada”, acusou o líder do PCP.

[Governo decide que é preciso invadir a embaixada para pôr fim ao sequestro. É chamada uma nova força de elite: o Grupo de Operações Especiais. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. Ouça no site do Observador o quinto episódio deste podcast plus narrado pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Também o pode escutar na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]

Na segunda-feira, fonte do gabinete do presidente da Assembleia da República disse que a conferência de líderes parlamentares vai reunir-se na quarta-feira para discutir o pedido do Chega para um debate de urgência sobre a coordenação do combate aos incêndios com a presença do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna.

Hoje, o Grupo Parlamentar do PCP requereu uma reunião extraordinária da Comissão Permanente da Assembleia da República com a presença do primeiro-ministro para debater os incêndios que têm estado a afetar o país.

José Luís Carneiro disse hoje que, na conferência de líderes, o PS irá votar contra os pedidos.

“É um voto contra. Quando somos contra, temos que ser consequentes, que é um voto contra a tentativa de um aproveitamento, do meu ponto de vista indevido, num momento especialmente crítico”, justificou.

Acrescentou que haverá uma altura para avaliar o que “correu bem e o que correu menos bem” e que o PS já apresentou “propostas alternativas de como se poderia fazer bem”.

Questionado sobre se a posição do PS é tomada por as propostas terem sido do PCP e do Chega, respondeu: “Entendemos que é uma utilização indevida […] nós não faremos ao doutor Luís Montenegro, nem diremos do doutor Luís Montenegro, aquilo que o doutor Luís Montenegro disse do doutor António Costa e disse do Partido Socialista quando estava no Governo, a propósito dos incêndios”.

José Luís Carneiro reafirmou que o primeiro-ministro deve conduzir politicamente o combate aos incêndios, “no sentido de dar orientações”, por isso, propôs a convocação da Comissão Nacional de Proteção Civil.

Considera ainda importante saber “porque é que o ministro da Agricultura e das Florestas até agora ainda não falou”.

António Barbosa é o candidato do Chega à Câmara de Vila Nova de Gaia

O coordenador da Concelhia do Chega de Vila Nova de Gaia, António Barbosa, é o candidato àquela câmara nas eleições autárquicas de outubro com o objetivo de baixar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o preço da água.

“Temos de aliviar os bolsos dos gaienses”, disse António Barbosa em declarações esta terça-feira à Lusa.

O candidato explicou que quer reduzir a taxa de IMI e o preço da água para permitir que as pessoas tenham mais poder de compra.

Além destas medidas, António Barbosa aponta ainda as áreas da saúde, habitação, mobilidade e ambiente como prioridades.

[Governo decide que é preciso invadir a embaixada para pôr fim ao sequestro. É chamada uma nova força de elite: o Grupo de Operações Especiais. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. Ouça no site do Observador o quinto episódio deste podcast plus narrado pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Também o pode escutar na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]

A título de exemplo, e em termos de mobilidade, o candidato do Chega referiu que as pessoas têm muitas queixas sobre o funcionamento dos transportes públicos em Vila Nova de Gaia, do distrito do Porto, nomeadamente no que diz respeito a horários, algo que quer mudar.

Além de António Barbosa, na corrida à Câmara de Vila Nova de Gaia são já conhecidas as candidaturas de André Araújo (CDU — coligação PCP/PEV), João Paulo Correia (PS), Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), Daniel Gaio (Volt), João Martins (BE/Livre) e Rui Sequeira (ADN).

O executivo municipal é composto por 11 vereadores, tendo o PS nove e o PSD dois. O PS também lidera a Assembleia Municipal com maioria.

As eleições autárquicas realizam-se em 12 de outubro.

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Úrano “ganha” uma nova lua e soma um total de 29

O telescópio espacial James Webb, o maior e mais potente em órbita, detetou uma nova lua minúscula a orbitar Úrano, que, com esta, totaliza 29 luas, anunciou esta terça-feira a agência espacial norte-americana (NASA).

O novo membro do “gangue lunar” de Úrano, o terceiro maior planeta do Sistema Solar, depois de Júpiter e Saturno, parece ter 10 quilómetros de diâmetro.

A lua foi detetada durante observações feitas em fevereiro e os cientistas pensam que se manteve “escondida”, escapando à sonda Voyager 2 no seu sobrevoo há cerca de 40 anos, por causa do reduzido tamanho (em termos astronómicos) e da luz ténue.

Todas as luas de Úrano, com exceção da nova hoje anunciada, que só tem uma designação técnica, têm nomes de personagens dos escritores clássicos britânicos William Shakespeare e Alexander Pope.

Cerca de metade das luas são pequenas e orbitam Úrano, um gigante gasoso, a uma distância mais próxima.

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Mohamed Salah eleito melhor futebolista do ano em Inglaterra

O internacional egípcio Mohamed Salah, do Liverpool, venceu o prémio de melhor jogador do ano da Liga inglesa da Associação de Futebolistas Profissionais (PFA) desse país, anunciou esta terça-feira o organismo.

O extremo, de 33 anos, que ajudou os reds a conquistarem a Premier League na época passada, em que assinou 29 golos na competição, torna-se o primeiro jogador a vencer por três vezes o troféu atribuído pela PFA, depois de o ter recebido também em 2017/18 e 2021/22.

Na corrida ao prémio de melhor jogador, o avançado egípcio bateu a concorrência do português Bruno Fernandes (Manchester United), do sueco Alexander Isak (Newcastle), Declan Rice (Arsenal), Cole Palmer (Chelsea) e do argentino Alexis Mac Allister, seu companheiro de equipa no Liverpool.

Os prémios da PFA incluíram, entre outros, também o onze ideal da Premier League, que, pelo segundo ano seguido, não integra qualquer jogador português.

A equipa do ano é formada pelo guarda-redes Matz Sels (Nottingham Forest), os defesas William Saliba (Arsenal), Gabriel Magalhães (Arsenal), Virgil van Dijk (Liverpool) e Milos Kerkez (Bournemouth, mas entretanto transferido para o Liverpool), os médios Declan Rice (Arsenal), Ryan Gravenberch (Liverpool) e Alexis Mac Allister (Liverpool), e os avançados Mohamed Salah (Liverpool), Alexander Isak (Newcastle) e Chris Wood (Nottingham Forest).

[Governo decide que é preciso invadir a embaixada para pôr fim ao sequestro. É chamada uma nova força de elite: o Grupo de Operações Especiais. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. Ouça no site do Observador o quinto episódio deste podcast plus narrado pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Também o pode escutar na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]

200 anos de luta contra o pipi sauvage: há quem veja poesia no xixi de Paris

Conhecida como a cidade-luz, Paris ostenta o título de capital do amor e do charme europeu. Mas por detrás da imagem romântica da Torre Eiffel iluminada, esconde-se um problema que há vários anos incomoda moradores, turistas e autoridades: o xixi na rua. Urinar em espaços públicos é uma infração comum em grandes centros urbanos, mas em Paris o comportamento ganhou até um nome próprio: pipi sauvage, que numa tradução livre significa “xixi selvagem”. Na capital francesa, não é raro circular pelas estações de metro e sentir um forte odor a urina nos corredores ou nas plataformas, ou caminhar pelas ruas

Governo e Volkswagen formalizam produção do novo automóvel elétrico em Palmela

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De acordo com a empresa, a produção do Volkswagen ID.Every1 deverá arrancar em meados de 2027.

O Governo e a Volkswagen oficializaram o acordo para a produção do modelo elétrico ID.Every1, numa cerimónia realizada na fábrica da Autoeuropa, em Palmela.

Antes do arranque da produção do ID.Every1, a Autoeuropa iniciará a montagem do híbrido T-ROC NF. A escolha da unidade portuguesa para fabricar o novo veículo elétrico, anunciada em março, reforça a importância estratégica da fábrica para o grupo Volkswagen e garante perspetivas de continuidade para mais de 4.000 trabalhadores, bem como para a rede de empresas fornecedoras associadas.

O design do ID. EVERY1 une estética e praticidade, sendo inspirado no up!, modelo que esteve em produção até 2023, trazendo consigo elementos da nova linguagem visual da Volkswagen. Com dimensões compactas (3.880 mm de comprimento), ocupa um lugar entre o antigo up! e o Polo.

De acordo com a empresa, a produção do ID.Every1 deverá arrancar em meados de 2027. O modelo será equipado com um motor elétrico de nova geração de 70 kW (95 cv), o que lhe permitirá alcançar uma velocidade máxima de 130 km/h e tem uma autonomia mínima de 250 quilómetros. O elétrico contará com espaço para quatro ocupantes, uma bagageira de 305 litros e introduzirá, pela primeira vez no grupo, uma nova arquitetura de software. Este sistema permitirá a integração de funcionalidades adicionais ao longo de todo o ciclo de vida do veículo.

A produção deste modelo faz parte de uma estratégia mais abrangente, que está em conformidade com o acordo “Future Volkswagen“, assinado em dezembro de 2024. Este plano define objetivos para garantir estabilidade económica, preservação de postos de trabalho e liderança em mobilidade sustentável. O plano será implementado em três fases: reforçar a competitividade e expandir a oferta de modelos (Advance), lançar nove novos modelos até 2027, incluindo o ID. 2all e o ID. EVERY1 (Attack), e consolidar a Volkswagen como líder tecnológica no mercado de veículos de grande volume até 2030 (Achieve).

E é tudo, pessoal! Looney Tunes: Daffy e Porky Salvam o Mundo

A operação é nostálgica desde a raiz – um revival dos Looney Tunes, os clássicos desenhos animados da Warner Bros. que, pelo menos até aos anos 70 (há uma moda burra de caricaturar o velho Vasco Granja pela sua atenção à animação do Leste europeu, mas Daffy, Porky e todos os outros, foi ele quem no-los mostrou, nos seus programas), ainda faziam parte da dieta recreativo-cultural da miudagem (hoje, não sabemos, mas a intuição diz-nos que não haverá grande risco de ligar a televisão e darmos com estas personagens). E, por isso, o público a que aponta, sem excluir os miúdos de agora, é também o dos miúdos de outras épocas, coisa que se nota, para lá do ambiente geral, em certos detalhes, como o vago comentário político (é curioso que o princípio da história seja a “crise da habitação”: Daffy e Porky têm dificuldades em pagar a casa na qual vivem) e sobretudo a inusitada selecção musical (não se chega àquele nível Shrek de ter a versão John Cale do Hallellujah de Leonard Cohen, mas fica-se lá perto).

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Igreja centenária da Suécia rebocada para novo local: a culpa é da maior mina de ferro do mundo

Apesar de garantir a preservação do edifício, a mudança marcará o fim da sua permanência centenária no local original.

“De certa forma, a igreja é a alma de Kiruna, é um lugar seguro”, afirmou Lena Tjarnberg, pároca da cidade. “Para mim, é um dia de alegria. Mas penso que muitas pessoas sentem também tristeza por termos de deixar este lugar”, sublinhou.

Para a comunidade indígena Sami, que vive há milénios na região com as suas renas, a mudança traz sentimentos bem diferentes. Trata-se, para muitos, de mais um sinal das transformações profundas provocadas pela crescente atividade mineira.

“Esta zona é terra tradicional Sami”, afirma Lars-Marcus Kuhmunen, presidente da comunidade Sami de Gabna. “Era uma área de pasto e também de nascimento das crias das renas”, recorda.

Kuhmunen alertou ainda que a eventual aprovação de uma nova mina nas proximidades poderá interromper o percurso tradicional entre os pastos de verão e de inverno das renas, tornando a atividade praticamente “impossível”. “Há 50 anos, o meu bisavô disse que a mina iria devorar o nosso modo de vida. E ele tinha razão”, lamentou.

Black Myth: Wukong – Estúdio Game Science anuncia sequela Black Myth: Zhong Kui

Black Myth: Wukong, da Game Science, vai receber uma sequela: Black Myth: Zhong Kui, anunciada no momento final da Opening Night Live 2025.

No palco da gamescom, o anfitrião Geoff Keighley descreveu Zhong Kui como “o deus caçador de fantasmas que vagueia entre o inferno e a terra.” Apesar de Zhong Kui ainda estar em fase inicial de desenvolvimento, Keighley garantiu que Black Myth: Wukong não termina aqui, sugerindo também o lançamento de um DLC.

Podes ver o teaser trailer abaixo:

Eis a sinopse oficial partilhada pela Game Science:

Novo título Black Myth — oficialmente revelado hoje!

Nenhum fantasma caminhou sobre a terra sem nascer do coração humano;

No palco e fora dele, imortais caem perante demónios — a sua arte aperfeiçoada.

Dentro e fora de casa, o juiz continua preso aos mesmos laços familiares;

O sol é ocultado, a lua permanece imóvel — quem decide quem vive e quem morre?

Viro-me das intrigas mundanas e dos seus códigos, das glórias manchadas por engano.

Ergo a minha espada — ergo-a para lutar;

Com ela, julgarei o certo e o errado!

Desenvolvido pela Game Science, “Black Myth: Zhong Kui” — o segundo jogo da série Black Myth — foi hoje oficialmente apresentado com o seu primeiro teaser trailer em CG, estreado em simultâneo na Gamescom Opening Night Live 2025.

Este RPG de ação single-player inspira-se principalmente na lendária figura do folclore chinês “Zhong Kui”. Como o projeto ainda se encontra em desenvolvimento inicial, não há imagens de jogabilidade disponíveis neste momento.

Black Myth: Wukong, recordista em vendas, foi lançado no ano passado para PC e PlayStation 5. A versão para Xbox Series X e S chega a 20 de agosto de 2025.

Americana – Review: A paixão de um western à procura de consistência

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Americana possui uma riqueza temática e personagens com arcos emocionalmente satisfatórios, interpretados por um elenco inspirado.

Preparar para assistir a um western contemporâneo é sempre um exercício de expetativa e de curiosidade. O género, tantas vezes revisitado, pode ser tanto um terreno fértil para a reinvenção como um campo minado de clichés. Tony Tost, na sua primeira longa-metragem como realizador e argumentista, parte desta premissa arriscada com Americana, um híbrido entre western moderno e thriller criminal, carregado de personagens peculiares e temas que abordam tradições antigas e atuais. Confesso que o meu estado de espírito era uma mistura de entusiasmo e desconfiança: o elenco prometia, as ideias soavam intrigantes, mas sabia que o risco de tropeçar no tom ou na estrutura era considerável.

A narrativa, dividida em cinco capítulos assinalados com os respetivos títulos, segue um conjunto de personagens que se cruzam através de um objeto central: a lendária Ghost Shirt Lakota, uma relíquia nativo-americana roubada e lançada no mercado negro. Penny Jo Poplin (Sydney Sweeney), uma tímida empregada com o sonho de ser cantora country, e Lefty Ledbetter (Paul Walter Hauser), um veterano de guerra de coração aberto, unem forças na tentativa de recuperar o artefacto. Pelo caminho, enfrentam figuras perigosas como Dillon (Eric Dane), um criminoso contratado para o roubo, ou Roy Lee Dean (Simon Rex), um negociante corrupto de objetos valiosos. Ao mesmo tempo, Mandy Starr (Halsey) luta por escapar de uma vida de violência e de um passado sufocante, enquanto o seu irmão mais novo, Cal (Gavin Maddox Bergman), acredita ser a reencarnação do líder indígena Sitting Bull, dedicando-se a devolver a Ghost Shirt ao povo Lakota. No meio destes cruzamentos, surge ainda Ghost Eye (Zahn McClarnon), líder de um movimento revolucionário indígena que confronta Cal com a apropriação cultural que o define.

Americana

A divisão em capítulos, ainda que visualmente clara, não acrescenta muito à experiência global. Tirando um pequeno desvio cronológico – o primeiro capítulo corresponde, na verdade, ao final do terceiro -, a estrutura parece servir apenas para introduzir novas personagens de forma mais assertiva. Pessoalmente, nunca fui fã deste recurso de começar uma história pelo seu clímax ou resolução, apenas para depois “voltar atrás” e explicar como lá se chegou. A maioria das obras não faz nada de interessante com este artifício, e Americana não é exceção: o efeito surpresa esgota-se rapidamente e, como o reencontro com a cena acontece pouco depois, o impacto narrativo é praticamente nulo. Aqui, a diferença – muito importante – está no facto de não se tratar da conclusão da obra, nem perto disso.

Mais interessante é o jogo de géneros que Tost propõe, mesmo que nem sempre resulte com igual eficácia. O equilíbrio entre drama, thriller e momentos de humor funciona na maior parte do tempo, mas há sequências que soam a desfasamento – como uma tribo indígena a ouvir hip-hop para simbolizar o afastamento das suas raízes. Estas tentativas de comentário social através de toques cómicos ou irónicos nem sempre assentam de forma orgânica. Ainda assim, Americana encontra uma harmonia surpreendente entre o peso das suas temáticas e a leveza que por vezes adota, mesmo que essa dualidade torne o final sombrio ainda mais desconcertante.

No coração da história está a reflexão sobre tradição – tanto a que limita como a que merece ser preservada. Cal, o jovem branco que se declara herdeiro espiritual de Sitting Bull porque cresceu a ver westerns na televisão, representa uma visão distorcida de identidade, uma procura desesperada de pertença que acaba por sublinhar a fragilidade da sua infância marcada por traumas. O confronto com Ghost Eye expõe esta ferida cultural, lembrando que a memória coletiva não pode ser reinventada ao sabor da imaginação de quem a observa de fora. Do outro lado, há a família Starr, dominada por um patriarcado grotesco que reduz as mulheres a objetos de submissão. Mandy, marcada por essa educação opressiva, tenta quebrar o ciclo e oferecer às irmãs uma vida diferente, lutando contra a herança de violência e misoginia.

Americana

Se Cal e Mandy representam duas faces da tradição – a apropriação inocente mas problemática e o legado opressor a ser destruído -, Penny Jo e Lefty encarnam o lado luminoso de Americana. A jovem sonhadora com uma gaguez que só desaparece quando canta encontra no veterano desajeitado, mas sincero, alguém disposto a acreditar nela. A química entre Sweeney e Hauser é palpável, carregada de ternura e autenticidade, trazendo ao filme uma energia calorosa que contrasta com a brutalidade que os rodeia. Sweeney, em particular, impressiona pela forma como traduz fragilidade em força, oscilando entre vulnerabilidade e coragem com naturalidade.

Este mosaico de personagens, cada uma com um arco bem delineado, sustenta a narrativa mais do que o próprio MacGuffin. A Ghost Shirt é importante como símbolo – da luta, da memória, do poder atribuído às tradições -, mas o que realmente prende o público são as histórias pessoais. Ainda que muitos destes arcos terminem de forma trágica, o impacto emocional é sentido, deixando uma marca mais duradoura do que o aparato de violência ou ação que conduz a história. Talvez por isso desejasse uma abordagem mais coesa e realista, sem tantos desvios tonais que atenuam a gravidade da conclusão.

Visualmente, Americana aposta numa estética de western contemporâneo que mistura cenários rurais com composições que evocam o legado clássico do género. Existe uma vontade clara de ligar o mito cinematográfico do Oeste com a realidade atual e, nisso, a cinematografia de Nigel Bluck (True Detective) e a música country de David Fleming (Superman) encontram o tom certo. O resultado é uma atmosfera que conjuga familiaridade e estranheza, onde tanto a iconografia do faroeste como os sinais da América moderna coexistem, mesmo que nem sempre em plena harmonia.

VEREDITO

Americana possui uma riqueza temática e personagens com arcos emocionalmente satisfatórios, interpretados por um elenco inspirado. É verdade que a narrativa perde impacto em escolhas estruturais discutíveis e numa fusão de géneros que, apesar de ambiciosa, nem sempre se concretiza, mas Tony Tost estreia-se com uma obra que revela paixão, identidade pessoal e uma clara ligação ao seu passado cultural. Com um pouco mais de consistência na execução, estaríamos facilmente perante um dos filmes mais memoráveis do ano.

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