Mafia: The Old Country vai receber atualização com modo Free Ride

O estúdio Hangar 13 anunciou que vai introduzir o modo Free Ride em Mafia: The Old Country através de uma atualização gratuita para todos os jogadores, que deverá ser lançada nos próximos meses que ainda inclui “novas atividades e gameplay”.

Para acompanhar o anúncio, a Hangar 13 partilhou uma nova imagem, que podes ver abaixo:

Para quem não conhece, o modo Free Ride é uma tradição que remonta ao jogo original de 2002, Mafia: The City of Lost Heaven. Permite-te explorar livremente o mundo do jogo, sem a pressão das missões. É a oportunidade perfeita para apreciar as paisagens, testar os carros da tua garagem, encontrar colecionáveis e descobrir alguns segredos escondidos.

Na versão de Mafia: Definitive Edition, o estúdio combinou a vertente de “passeio turístico” com os “desafios loucos” do modo “Free Ride Extreme” do original. É provável que a Hangar 13 siga uma abordagem semelhante para The Old Country.

Segundo os dados da empresa Sensor Tower, Mafia: The Old Country vendeu mais de 800.000 unidades, sendo que 48% das vendas registaram-se na PlayStation, enquanto que a Steam é responsável por cerca de um terço das vendas e a Xbox fica com a fatia restante. De assinalar que estes números ainda não foram oficialmente confirmados pela editora 2K.


Pedro Pestana é viciado em gaming, café e voleibol, sensivelmente nesta ordem. Podem encontrar alguns dos seus devaneios no Threads ou Bluesky

Call of Duty: Black Ops 7 poderá quebrar a promessa da Microsoft e falhar o lançamento na Switch 2

O muito aguardado Call of Duty: Black Ops 7 poderá falhar o seu lançamento na Nintendo Switch 2, apesar do “acordo legal vinculativo de 10 anos” que a Microsoft assinou para levar a saga para as plataformas da Nintendo. A informação vem do ‘leaker’ credível billbil-kun (via Dealabs), que partilhou hoje a data de lançamento e as plataformas para o novo jogo.

Isto parece entrar em conflito direto com a promessa que a Microsoft fez em 2023, durante a sua batalha legal para adquirir a Activision Blizzard. Na altura, a empresa assinou um acordo de 10 anos com a Nintendo, comprometendo-se a lançar os futuros jogos de Call of Duty na mesma data que na Xbox e com “paridade total de funcionalidades e conteúdo”. O último Call of Duty a ser lançado numa consola da Nintendo foi Ghosts, em 2013, para a Wii U.

Ainda em junho, a Activision reafirmou à IGN o seu compromisso, dizendo: “Estamos empenhados em levar a franquia para a Switch. Ambas as equipas estão a trabalhar nisso. Partilharemos detalhes quando estivermos prontos.”

Para além das plataformas, o leaker revelou que Black Ops 7 terá o terá o custo de 79,99€. Este valor parece contradizer a recente decisão da Microsoft de manter os seus jogos ‘first-party’ de final de ano nos 70€, como é o caso de The Outer Worlds 2, o que pode indicar uma política de preços diferente para os títulos da Activision.

Tudo isto deverá ser clarificado na próxima semana. A revelação oficial de Call of Duty: Black Ops 7 está agendada para a Gamescom Opening Night Live, o evento de abertura da feira alemã, que acontece na próxima terça-feira, 19 de agosto.

Resta saber se Black Ops 7 chegará mais tarde à Switch 2, ou se a Microsoft encontrou alguma forma de contornar o seu acordo com a Nintendo. As respostas chegarão na próxima semana. Fica atento à IGN Portugal para todas as novidades da Gamescom.


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Incêndios: Portugal ativa Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Aviões vão demorar “algum tempo”

Portugal pediu à União Europeia quatro aeronaves Canadair; as condições climatéricas não permitiram resolver alguns fogos. Portugal pediu hoje à União Europeia quatro aeronaves Canadair para auxiliar no combate aos incêndios florestais. Durante uma conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide, para dar conta da evolução dos incêndios que assolam o país, o comandante nacional da proteção civil, Mário Silvestre, disse que Portugal será o sétimo país a ativar o mecanismo europeu. As autoridades optaram inicialmente por recorrer aos acordos bilaterais de cooperação com Espanha e Marrocos, tendo este último país disponibilizado dois Canadair,

Ex-autarca e candidato à freguesia de Vila Franca de Deão morre a combater incêndio no concelho da Guarda

O ex-autarca de Vila Franca do Deão, Carlos Dâmaso, é a primeira vítima mortal dos incêndios florestais que assolam o país. Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, confirmou que o ex-autarca de Vila Franca do Deão Carlos Dâmaso morreu na sequência do combate às chamas, tendo o seu corpo sido encontrado esta sexta-feira.

Carlos Dâmaso era novamente candidato à presidência da freguesia de Vila Franca do Deão, no concelho da Guarda, nas eleições autárquicas de outubro, pelo Movimento Independente. O ex-autarca de 43 anos esteve à frente da junta durante três mandatos até 2021.

Já Pedro Prata, o presidente da junta de freguesia de Vila Franca do Deão desde 2021, recorda a relação de proximidade com o seu antecessor que, num testemunho dado à RTP, indica que estariam juntos a combater o incêndio esta manhã até que, por volta das 12h, Carlos Dâmaso terá desaparecido. Foi nesta mesma altura em que veio uma rajada de vento inesperada e que uma outra pessoa sofreu ferimentos graves — e que foi transportada para Coimbra, como confirmou o Observador.

O Governo, através do secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, já lamentou este óbito.

A estreia do Benfica – e das Ligas inglesa, espanhola e francesa

A estreia do Benfica no campeonato será uma das atracções da 2.ª jornada da Liga portuguesa de futebol. Adiado o jogo com o Rio Ave, por causa da pré-eliminatória da Champions, os “encarnados” entram em campo no sábado, na Amadora, para enfrentarem o Estrela (20h30, SPTV), na tentativa de não perderem terreno para os dois rivais, que iniciaram a prova com a chuteira direita. No domingo, será a vez de o Sporting se estrear nesta época em Alvalade, quando receber o Arouca (20h30, SPTV), enquanto o FC Porto volta a jogar na segunda-feira (20h15, SPTV), em Barcelos, medindo forças com um Gil Vicente que ganhou há uma semana na Madeira.

Antes dos pratos fortes da Liga portuguesa, nesta sexta-feira há um triplo arranque nos principais campeonatos europeus. A Premier League começa com um Liverpool-Bournemouth (20h), a espanhola com um Girona-Rayo Vallecano (18h) e a francesa com um Rennes-Marselha (19h45). Isto num fim-de-semana em que as atenções, em Inglaterra, estarão centradas no embate entre Manchester United e Arsenal, agendado para a tarde de domingo (16h30). 

No basquetebol, prossegue a preparação da selecção portuguesa para a fase final do Eurobasket, já no final do mês. Nesta sexta-feira, em Braga, a selecção nacional defronta a Islândia (20h30), no sábado mede forças com a Suécia e no dia 21 de Agosto tem um derradeiro embate com o Sporting, em Sines, antes da partida para Riga. Serão as últimas etapas da rampa de lançamento para o Europeu, na esperança de que a lesão que tem afectado Neemias Queta nos últimos dias seja completamente debelada até ao início do torneio.

Nas estradas portuguesas, domingo será dia de coroação. No contra-relógio final, em Lisboa, será decidido o vencedor da Volta a Portugal 2025, que viu Artem Nych consolidar a camisola amarela na etapa-rainha da Torre e ficar muito perto de revalidar o título conquistado na edição passada. O russo da Anicolor parte para a tirada desta sexta-feira com 46 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, o companheiro de equipa Alexis Guérin, o que significa que, se cumprir os mínimos na chegada ao Montejunto, terá o triunfo final na mão, ou não fosse ele um dos favoritos na luta contra o cronómetro reservada para a capital. 

Depois de quase um mês de interregno, está de regresso o Mundial de MotoGP. O campeonato é retomado com o Grande Prémio (GP) da Áustria, onde o espanhol Marc Márquez (Ducati) procurará alcançar a sexta vitória consecutiva, reforçando o domínio que tem registado desde o início da época. Nos treinos livres em Spielberg, o líder do Campeonato do Mundo foi o mais rápido na sessão de treinos livres, deixando indicações positivas para a corrida, quer para a sprint de sábado (14h), quer para a corrida principal de domingo (13h). 

O que talvez lhe tenha escapado no PÚBLICO

O primeiro troféu do Paris Saint-Germain na Supertaça Europeia.

O apuramento de Portugal para o Europeu feminino de voleibol.

A medalha de ouro de Catarina Dias no kickboxing dos Jogos Mundiais.

Vodafone Paredes de Coura 2025, Dia 2

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Com Lola Young como estrela principal do segundo dia do Vodafone Paredes de Coura, foi daqueles momentos em que quem esteve, esteve, e quem não esteve, perdeu um pedaço de história.

E o segundo dia do Vodafone Paredes de Coura começa, vamos ser francos, mal. À tarde chega a notícia do cancelamento dos ingleses Maruja, uma das bandas que mais curiosidade reunia pelos relatos das suas atuações ao vivo. E a mistura de post-punk com free jazz não podia encaixar melhor na identidade do festival aos dias de hoje.

Siga a banda, ou no caso Mike Hadreas, mais conhecido artisticamente como Perfume Genius. Glory, álbum deste ano, é registo de fino equilíbrio entre escrita acessível a muitos e ambição musical, mas, e apesar do reconhecimento da crítica, percebe-se que este não é o dia em termos de receção popular. O ambiente está diferente, por exemplo, dos tempos de Too Bright (2014) e No Shape (2017), e a elegância de Perfume Genius só terá, apostamos, receção apoteótica em sala fechada para os fieis do culto, e nem tanto num festival generalista. O que não é mau em si mesmo, simplesmente é assim.

E claro, há a muito falada relação de extrema intimidade com uma cadeira, que inevitavelmente levanta comparações com Mitski e a sua mesa em 2019. Se ali houve estranheza que poucos anos depois gerou sucesso a grande escala, aqui há a teatralidade aplicada fruto do trabalho de um jovem veterano, se assim se pode descrever. Caminhos diferentes.

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Perfume Genius no Vodafone Paredes de Coura 2025 – Foto: Emanuel Canoilas

Fat Dog é toda uma outra coisa, um quinteto caótico onde se juntam vários estilos, em particular o estilo da música klezmer a ser uma espécie de ingrediente secreto no meio do punk dançável. Há também método na loucura, com uma preparação cuidada antes do início do concerto – o vocalista Joe Love no meio da plateia quase vazia à espera que chegue o resto do público. E o público chega em grande número, naquilo que se torna imediatamente um festão: há “Running”, malta de calções e boné a fazer jogging sem sair do mesmo sítio – com agradecimentos pelo meio -, e muita anca a abanar. Há também muita vontade de meter a tocar o disco de estreia WOOF a caminho de casa. A malta que toca habitualmente no Windmill volta a atacar.

Pouco depois no palco maior, dois focos solitários em cima precedem o princípio do concerto de Lola Young, com música de fundo a fazer lembrar um ambiente de filme tarantinesco. Há, pouco depois, uma receção calorosa àquela que é, claramente, a artista mais aguardada da noite. Bem calorosa por sinal, e parece que isso bateu fundo na londrina, com ar visivelmente abalado de forma feliz, disparando vários elogios ao público enquanto arranca com “Good Books”. Com um discurso de quem pede desculpas pelo cansaço pela falta de hábito de começar concertos tão tarde (22h40, as coisas são de facto diferentes no Reino Unido), mas que ganha nova energia por um tratamento que nunca tinha recebido na sua vida, Lola Young procede para dar um concerto que só pode ser considerado impecável pelos fãs.

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Lola Young no Vodafone Paredes de Coura 2025 – Foto: Emanuel Canoilas

No meio de mais um reconhecimento penhorado à energia que brota do habitat natural da música, canta a novíssima “d£aler” – título bastante auto-explicativo – e, já na reta final, “Big Brown Eyes”, com uma dedicatória meio trapalhona aos portugueses, conhecidos por serem sexy e terem olhos castanhos. Não é propriamente Francisco José, mas está bem.

Deixa para o fim “Messy”, e fez muito bem para dar a cereja no topo do bolo aos fãs, despedindo-se dizendo que já está a ficar triste por aquele momento ter acabado. Antes vai fazer selfies com dois membros da primeira fila, o que aparentemente é inédito ou quase. No fim de contas, foi daqueles momentos em que quem esteve, esteve, e quem não esteve, perdeu um pedaço de história. A jovem Lola tem tudo para ir muito longe e entrar no rol exaltado daqueles que vão entrar na trilha do grande sucesso e tiveram a estreia nacional (no caso julgamos até peninsular) no Alto Minho. Aqueles casos em que podemos depois sacar dos galões e perguntar aos menos afoitos: “Mas viste-a no concerto de Paredes de Coura?”

O ato seguinte, antes de Portugal. The Man (que projetam na tela do palco um curioso código QR para um concurso cujo vencedor poderá ir visitar os ditos cujos a Portland, Oregon, EUA), pertence aos Soft Play. O duo punk tem colhido sucesso nos últimos anos, mas a verdade é que a energia de malta em tronco nú, depois de ter assistido àquilo, não colhe especialmente. Mais vale ir ouvir os bombos até São Roquinho.

Pampilhosa da Serra cancela festas no concelho e ativa Plano Municipal

A Câmara de Pampilhosa da Serra anunciou esta sexta-feira o cancelamento de todo o programa de festas devido ao incêndio que se encontra ativo na zona norte do concelho e a ativação do Plano Municipal de Emergência.

Numa nota enviada à agência Lusa, o município de Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, justifica esta decisão, com “a necessidade de concentrar todos os esforços e recursos na salvaguarda de pessoas e bens” em virtude do incêndio que se encontra ativo na zona norte do concelho.

O presidente da Câmara Municipal, Jorge Custódio, revogou ainda todas as licenças emitidas até domingo, o que implica também o cancelamento obrigatório de todas as festas previstas em diversas aldeias do concelho até esse dia.

“Esta decisão, embora difícil, é tomada em nome da segurança, da responsabilidade e do respeito para com todos os munícipes, bem como para com as entidades e profissionais envolvidos no combate ao incêndio”, lê-se na nota.

Foi ainda ativado, pelo meio dia desta sexta-feira, o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil.

Segundo a autarquia, esta decisão visa garantir que as entidades e instituições que integram a Comissão Municipal de Proteção Civil acionam, a nível municipal, os meios necessários ao desenvolvimento das ações de proteção civil, reforçando a resposta.

Permite, também, o acionamento dos meios, públicos e privados, necessários para responder às necessidades.

Uma pessoa morreu em Vila Franca do Deão, quatro bombeiros feridos e fogo à porta da cidade de Mêda

Quatro bombeiros da corporação da Mêda ficaram feridos enquanto combatiam o fogo em Paipenela, esta quinta-feira, naquele concelho, e foram encaminhados para o Hospital da Guarda.

“Dois deles já tiveram alta, os restantes continuam internados com queimaduras de segundo grau. Estão em observações e não correm risco de vida”, confirmou à agência Lusa o vice-presidente do município, César Figueiredo.


Segundo o autarca, neste momento há uma frente ativa na localidade de Vale Flor e outra entre a Prova e Aveloso, na zona norte do concelho do distrito da Guarda.


Esta última frente está agora “à porta” da sede do concelho.

“Em ambas as situações o incêndio está a avançar com muita intensidade, atiçado pelo vento, que varia muito e está a dificultar o trabalho dos operacionais”, referiu.


César Figueiredo adiantou que os meios estão colocados à entrada das localidades para “travar as chamas e evitar o pior, mas precisamos de meios aéreos rapidamente porque a situação estão incontrolável”.


Segundo o vice-presidente da Câmara da Meda, já terão ardido “entre 5.000 a 6.000 hectares” no seu município, sobretudo pastos, floresta, soutos, pinhais, terrenos agrícolas e, hoje, algumas casas de segunda habitação.

“Provavelmente, também haverá muitos animais mortos, como ovelhas, cabras e vacas, porque os donos soltam-nos, simplesmente, devido à ameaça do fogo”, afirmou.  

Montenegro anuncia regresso da F1 a Portugal. Valerá a pena o investimento?

Não se extraiu muito sumo das declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na tradicional Festa do Pontal, na quinta-feira, de tal forma que um dos temas a saltar para a linha da frente acabou por ser o anúncio do regresso da Fórmula 1 ao Algarve. Em Quarteira, o chefe de Governo apontou para 2027 a entrada de Portugal no calendário da mais mediática prova de desporto motorizado, depois de uma presença episódica no circuito no período da covid-19. Mas será um investimento com retorno?

Desde que o Autódromo Internacional do Algarve (AIA) foi utilizado como escapatória para os problemas logísticos provocados pela pandemia, em 2020 e 2021, que a expectativa em torno de um eventual retorno da Fórmula 1 ao sul do país se renova. Os obstáculos têm sido muitos, a começar pelo esforço financeiro que os contratos comportam e a acabar na concorrência e na vontade da Liberty Media (actual detentora dos direitos comerciais da F1) de diversificar mercados, mas aparentemente essas dificuldades terão sido contornadas nos últimos meses.

“Uma das circunstâncias que mais contribui para a promoção desta região são os grandes eventos. Assegurámos a realização do MotoGP, a prova-mãe do motociclismo a nível mundial para 2025 e 2026. E estou em condições de vos dizer que temos tudo pronto para formalizar o regresso da Fórmula 1 ao Algarve no próximo ano, em 2027”, adiantou o primeiro-ministro, reconhecendo que o Estado terá de abrir os cordões à bolsa. “Estes eventos implicam algum esforço financeiro por parte do Governo, mas têm um retorno financeiro quer directo, quer indirecto, de promoção, que valem, sinceramente, a pena”, justificou.

O exercício de perceber em que medida compensa, efectivamente, uma aposta desta natureza é sempre complexo (até porque há algumas variáveis intangíveis), mas neste caso há indicadores objectivos e números palpáveis que nos permitem compreender o que está em causa e os riscos assumidos. A começar pelo fee, o valor a pagar ao organizador pelo circuito promotor do Grande Prémio, que no fundo traduz o investimento inicial para ter o direito de acolher a corrida.

Muitas obrigações, poucas receitas directas

Em média, o montante relativo ao fee ronda os 25 milhões de euros por prova, valor que tem sido inflacionado pelas quantias pagas pelos promotores emergentes. Ou seja, a Liberty Media tem negociado investimentos mais avultados, por exemplo, com países como o Azerbaijão (49 milhões de euros) e a Arábia Saudita (47), ao passo que as paragens mais tradicionais, como acontece com o continente europeu, beneficiam de valores mais baixos, entre os 18 e os 25 milhões.

Levando em linha de conta que factores como a localização, as condições do circuito, o afluxo de espectadores e a oferta logística têm também impacto no montante final, Portugal deverá integrar a bitola europeia neste particular. E a experiência que acumulou na organização não só das provas de Fórmula 1 de 2020 e 2021, mas também do MotoGP (este é o quinto ano consecutivo em que Portimão acolhe o Mundial de motociclismo de velocidade) dão garantias ao organizador de que estes pressupostos são satisfeitos.

Desembolsar dezenas de milhões de euros garante, assim, ao promotor o direito de realizar a corrida no país e de utilizar a marca Fórmula 1 para efeitos de promoção. O que não garante, por outro lado, é uma fatia sequer dos direitos de transmissão televisiva da corrida, nem dos patrocínios directamente ligados à prova, habitualmente dispostos ao longo do circuito. Essa é uma verba que entra directamente nos bolsos da Liberty Media.

Com que receitas directas poderá contar, então, o anfitrião do Grande Prémio? Essencialmente as provenientes da venda de bilhetes, concessões e patrocínios exclusivamente locais. Francamente pouco para o caudal de despesas previstas – que incluem, para além da milionária taxa de organização, os custos com segurança, staff, mercadorias, publicidade ou manutenção da pista.

Negociações individuais e confidenciais

Em 2021, a Parkalgar, empresa que gere o AIA, deu conta de um investimento aproximado de 10 milhões de euros e de um impacto económico do GP de Portugal que rondou os 27 milhões de euros – um pouco abaixo das estimativas do Governo e muito distante dos 40 milhões de receita directa previstos pelo Turismo do Algarve, que apontava para os 80 milhões considerando a receita indirecta. Mas o contexto era extraordinário, tendo o Algarve sido considerado, em ano de disseminação da covid-19, uma espécie de porto seguro e uma alternativa de última hora para compor o calendário do Campeonato do Mundo.

De resto, a dificuldade estrutural de equilibrar as contas ao assumir a empreitada de receber a Fórmula 1 foi assumida, já nessa altura, pelo então presidente do Conselho de Administração do autódromo de Portimão. “São provas que valem pelo impacto económico que trazem aos países e pela exposição mediática que dão. Para o país e para a região é fantástico, para o circuito não. É para o bem público. E como é para o bem público, o que acontece em todo o lado é que é o Estado que paga o ‘fee’ de entrada da prova. Porque o retorno que vai receber é muito superior. É um investimento, não é um custo”, afirmou então Paulo Pinheiro, à agência Lusa.

As negociações com a Liberty Media são feitas a título individual e cada contrato está protegido por uma cláusula de confidencialidade, sendo que a regra é os acordos serem plurianuais. E o que acontece, nestes casos, é o que valor da taxa de organização vai sendo revisto em alta ao longo do tempo de vigência do contrato, o que significa que o montante do primeiro ano será sempre mais baixo do que o do último. No caso de Portugal, desconhece-se ainda a duração e os termos do acordo anunciado por Luís Montenegro.

Igualmente por definir nesta altura está a data que o Grande Prémio de Portugal poderá ocupar no calendário – e esse será também um factor a ter em conta na previsão de receitas. Para um promotor exclusivamente privado, é particular espinhoso rentabilizar o investimento, como provam os prejuízos avultados registados na Índia, em 2011 a 2013 (cerca de 20 milhões de euros) e na Coreia do Sul, em 2012 (31 milhões). O papel do Governo é, pois, fundamental para assumir o risco, sempre na perspectiva de que as dormidas, os gastos dos turistas em bens e serviços e a promoção da região e do país como destino turístico compensem o investimento.

F1 vai voltar a Portugal? Os possíveis custos e o espaço (em falta) no calendário

Luís Montenegro anunciou, na Festa do Pontal, que Portugal vai “formalizar” o regresso da Fórmula 1 a Portugal, aoAutódromo Internacional do Algarve. A F1 esteve pela última vez no circuito de Portimão em 2021, numa altura em que o campeonato precisava de encher o calendário para combater os impedimentos da pandemia de covid-19.

A F1 tem, atualmente, 24 corridas por ano: dez na Europa, quatro na Península Arábica, seis no continente americano (com três só Estados Unidos da América), três na Ásia e uma na Oceania. E enquanto o número de corridas não deve aumentar, a lista de interessados em entrar no calendário tem crescido.

O responsável do Autódromo do Algarve, Miguel Praia, preferiu não comentar a hipótese à Autosport, publicação especializada de desportos motorizados. “Desde o tempo do nosso querido Paulo [Pinheiro] que mantemos a porta da F1 aberta. De momento, não podemos acrescentar mais”, afirmou.

Há espaço no calendário de F1?

Muito pouco. Os regulamentos ainda permitem chegar às 25 corridas, numa altura em que a F1 faz 24 Grandes Prémios por ano, mas atingir o número atual de corridas não foi pacífico. Sabendo disso, o atual chefe da Fórmula 1, Stefano Domenicali, disse recentemente à Auto Hebdo que “vamos ficar neste número, mas algumas corridas vão entrar em rotação”.

Com a F1 em crescimento, não faltam candidatos ao calendário: além de Portugal se estar a juntar à lista, pelo menos África do Sul, Nigéria, Ruanda, Tailândia, Turquia e Coreia do Sul querem entrar no mundo da F1. Aqui, as prioridades da F1 estão na Tailândia e numa corrida no continente africano.

F1 tem calendário de nove meses em 2026. Imola sai para dar lugar a Madrid

Geograficamente, há outro desafio para a candidatura. A F1 já tem uma corrida em Espanha, no circuito nos arredores de Barcelona, e vai passar a ter outra em 2026, com a primeira corrida citadina em Madrid. O contrato de Barcelona termina em 2026, abrindo uma hipótese, mas a Fórmula 1 pode sentir que o mercado da Península Ibérica já está bem explorado. Uma renovação do contrato de Barcelona pode dar pistas ao que é possível a Portugal, dependendo dos termos revelados.

Rotação de corridas pode abrir espaço

A saída do GP dos Países Baixos depois de 2026 vai abrir espaço no calendário, mas a corrida em Imola (no quintal da Ferrari, no norte de Itália) — que caiu do calendário para a entrada de Madrid — quer voltar, apesar de isso parecer improvável. A melhor hipótese para Portugal parece ser o sistema de rotação entre corridas, que pode começar em 2028.

Esse é o primeiro ano em que o contrato de uma corrida atual, o do GP da Bélgica, deixa espaço para outra corrida assumir o lugar desse Grande Prémio no calendário — a Bélgica tem corridas asseguradas em 2026, 2027, 2029 e 2031. Se Barcelona desaparecer mesmo da F1, o Autódromo do Algarve poderia entrar na F1 em rotação com o circuito de Spa-Francorchamps e aparecer no calendário em 2028 e 2030.

Resumindo, com a Bélgica a já ter rotatividade prevista no contrato, há candidatos a encaixar nesses espaços: Barcelona, Azerbaijão e, talvez, Portugal.

A renovação dos contratos atuais, sem rotação, de Barcelona e Azerbaijão pode depender do quão cedo a F1 considera possível ter um Grande Prémio na Tailândia, ou num país africano, para ocupar esses espaços — o que empurraria essas corridas para um sistema de rotação.

Quanto custa ter uma corrida de F1?

Para ter uma corrida de F1 em Portugal, é preciso pagar à F1. No último ano em que se falou de um regresso da F1 a Portimão, estaria a negociar-se um contrato de 25 milhões de euros, segundo disse a presidente da câmara à SIC Notícias.

Os pagamentos dos promotores dos circuitos são uma das maiores fontes de receitas do campeonato: em 2024 renderam 999,4 milhões de dólares dos 3,4 mil milhões de receitas totais, de acordo com a Standard & Poors. Isso significa que, em média, cada corrida pagou, em 2024, 41,6 milhões de dólares pelo privilégio de estar no calendário da F1. Apesar de haver secretismo em torno dos valores dos contratos, sabe-se que nem todos pagam o mesmo.

Leclerc perdeu 1,4 segundos por volta no GP Hungria com um misterioso problema no chassis

O Mónaco será quem paga menos pela corrida — depois de décadas sem pagar, o valor é agora de 20 milhões por ano, segundo a CNBC. Na outra ponta da escala estão principalmente as corridas no Médio Oriente: a Arábia Saudita paga perto de 60 milhões de dólares por ano, tal como o Qatar. O Azerbaijão também está entre estes valores.

As corridas europeias estão, tendencialmente, entre as que menos pagam, não ultrapassando os 30 milhões de dólares por ano. O valor mais alto na Europa será o do Grande Prémio da Hungria, em torno dos 40 milhões anuais, enquanto a corrida de Barcelona pagava 25 milhões em 2023. Mas os contratos definem, habitualmente, aumentos anuais, tradicionalmente de 5%.

Como se cobrem estes custos? Os patrocínios visíveis em torno do circuito são geridos pela F1 e, por isso, receitas da própria F1, mas ainda há corridas com os seus próprios patrocinadores titulares (como Singapura), o que contribui para reduzir a fatura. Na falta desse investimento privado, apenas o interesse de governos paga os custos. Seguem-se as receitas de bilhetes, e possíveis concessões para a venda de alimentação.

Em 2020, Portugal terá pagado pouco ou nada à F1 pelo Grande Prémio, e pouco mais em 2021. Esses anos, em que a F1 precisava de corridas para compensar os impactos da covid-19, foram uma exceção.

O que está a favor do circuito do Algarve?

Há algo inegável: os pilotos gostam do Autódromo Internacional do Algarve.

“A pista é incrível. Demorou algumas voltas a entrar no ritmo porque as curvas são cegas, mas assim que entramos no ritmo, é muito bom”, disse Charles Leclerc em 2020. Pierre Gasly acrescentou que nas primeiras voltas sentiu “o estômago como se estivesse numa montanha-russa”.

“É muito desafiante, há muitas curvas cegas, alta velocidade, baixa velocidade, travagem combinada [com curva], portanto é bastante incomum”, continuou o francês.

Os elogios também eram seguidos por Lewis Hamilton, então ‘apenas’ com seis campeonatos do mundo e ainda na Mercedes. “Na saída da curva 8, está-se a olhar para o céu durante algum tempo e não se faz ideia do que está depois da colina. Na curva 11, não sabes onde estás e de repente estás na curva”, descreveu o então campeão em título.

A ondulação e desafio da pista é mesmo o maior ponto forte do Autódromo.

O que está contra o circuito do Algarve?

Um ponto contra o circuito é a falta de acessos. Para chegar ao circuito na Mexilhoeira Grande sem usar caminhos de terra, apenas existe o Caminho Municipal 1054 (CM1054), acessível na saída 3 da A22. A experiência de 2020, com longas filas, mostrou que esse acesso é insuficiente para o volume de pessoas de um dia de corrida — nem com autocarros a ir buscar adeptos às cidades nos arredores.

O circuito também não tem parques de estacionamento da dimensão necessária para acomodar todos os carros de adeptos — em 2020, recorreu a terrenos de terra batida nas imediações, além dos muitos carros estacionados pelas estradas. A queda de chuva algo forte, ainda que por pouco tempo, após a corrida, transformou os parques improvisados em lama, dificultando a saída de carros.

Presidente da FIA sugere que Fórmula 1 não vai voltar a Portugal

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