Há um pelotão invisível na Volta. Vestem farda, abrem caminho a ciclistas e alguns até têm um sonho

Enquanto o público se concentra nas bicicletas coloridas que rasgam estradas e metas, há um outro pelotão, discreto, mas indispensável, a garantir que cada etapa da Volta a Portugal decorre em total segurança: o Destacamento de Trânsito Eventual da Guarda Nacional Republicana (GNR).
O capitão Ricardo Vieira, comandante desta força, explica que o destacamento é criado anualmente para acompanhar provas de ciclismo nacionais e internacionais. “É uma força que na sua constituição tem uma seleção rigorosa e, ao longo do ano, um aperfeiçoamento e formação contínua para podermos proporcionar aos eventos e a todos os utilizadores da via pública a maior segurança possível”, explica à Renascença.
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O trabalho destes militares não se limita a abrir caminho. São eles os primeiros a entrar em contacto com o trânsito normal, comunicando diretamente com condutores e resolvendo situações antes que o pelotão chegue. Partem, em média, 15 minutos à frente dos ciclistas, podendo ser 20 ou 25, dependendo do tipo de via e da complexidade do percurso.
“Estamos muito à frente para ter tempo de resolver todos os conflitos e garantir que, quando os ciclistas passam, o ambiente é de festa e sobretudo seguro”, diz-nos o capitão Ricardo Vieira.
Tal como as equipas de ciclismo têm reuniões estratégicas diárias, também a GNR prepara cada etapa ao detalhe. O processo começa muito antes da prova, com o reconhecimento do percurso e um estudo minucioso das necessidades de policiamento, em coordenação com PSP, municípios e direção da prova.
Antes de cada etapa, há sempre um briefing para identificar perigos e pontos críticos. “É para que os nossos motociclistas não sejam surpreendidos no local com situações inesperadas”, refere Ricardo Vieira.
A Volta a Portugal é o ponto alto da temporada para estes militares. “Fazer parte do destacamento de trânsito eventual é o culminar de anos dedicados à especialização de trânsito na GNR. É um sonho estar aqui e fazer parte desta equipa. E é extremamente gratificante ver que o nosso trabalho dá frutos e proporciona ao ciclismo a festa que deve ser”.
Assim, enquanto as atenções estão voltadas para a meta, há um pelotão invisível a trabalhar quilómetros à frente, garantindo que a estrada está livre, segura e pronta para receber a caravana da Volta.
*jornalista em serviço especial para a Rádio Renascença