Designer usa motosserra para “dar vida” a árvores

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Aos 70 anos, o designer gaúcho Hugo França, que vive em Trancoso, na Bahia, já faz planos para o lançamento de seu novo livro, Hugo França — Esculturas Mobiliárias, em Portugal. E avisa: “Existe uma chance bastante grande de a gente fazer algum evento em Lisboa, por exemplo. Da minha parte, eu gostaria muito”.

A obra, com 280 páginas e textos do curador Paulo Herkenhoff, será oficialmente lançada nesta quinta-feira (14/08), na FGV Arte, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, das 19h às 21h. Será, na verdade um evento duplo, pois o artista também inaugurará, no mesmo espaço, a exposição Natureza, Escultura e Sustentabilidade, a partir das 17h. As entradas são gratuitas.

Desde o fim dos anos de 1980 desenvolvendo “esculturas mobiliárias”, feitas com troncos e raízes de árvores, o designer ressalta que seu trabalho ressignificou a função da motosserra. “Ela é o símbolo do desmatamento, mas eu a uso como uma ferramenta para esculpir as minhas obras”, destaca. “Eu desenho diretamente no resíduo florestal, como tecnicamente se chama a minha matéria-prima, que são de árvores mortas, há pelo menos 50 anos, troncos e raízes”, acrescenta.

Autodidata, o artista explica que faz o resgate e o garimpo do material usado em seu ateliê. E o pequi-vinagreiro abastece 90% da produção. “É uma árvore praticamente extinta. Ela fornecia, na verdade, a madeira para os pataxós fazerem as suas canoas. A minha primeira ação em direção a esse trabalho foi aproveitar as canoas antigas, que os pescadores não utilizavam mais”, afirma.

Hugo França usa a motosserra como instrumento de trabalho, mas para fazer arte
Divulgação

Ele acrescenta. “Essa árvore não tem características para a construção civil, nem para a marcenaria. Ela se adapta mesmo à confecção de canoas. E tem outras peculiaridades. Por exemplo, é a árvore que tem a maior longevidade em floresta tropical, ela pode viver até 1.200 anos. Ou seja, têm valor arqueológico. Além de ser a única madeira que sobrevive ao fogo”, garante.

“Estupidez de Trump”

Hugo França, que também dá palestras sobre temas como sustentabilidade, enfatiza que tenta alertar as pessoas para a importância das florestas tropicais e para um tratamento mais criterioso do meio ambiente. “Até porque hoje vivemos esse drama, do avanço da extrema-direita no mundo, que parece querer aniquilar a natureza”, afirma

O designer reforça suas preocupações: “Pioramos não só na questão da saturação do planeta, por conta da poluição, mas, ideologicamente, vivemos um péssimo momento. Estamos praticamente, sendo assim um pouco pessimista, a caminho de um suicídio”. E cita o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Em relação à estupidez do Trump, creio que ele precisava ser internado.”

Formado em engenharia, Hugo passou um período em São Paulo, até se fixar de vez em Trancoso, onde também tem uma galeria de arte. “Quando eu mudei para a Bahia, construí muitas casas por lá, fiz vários projetos e aprendi muito sobre floresta tropical. Mas, a partir do fim dos anos de 1980, comecei a pensar no aproveitamento da madeira. Assisti a um desmatamento predatório lá, à exploração da floresta pelos madeireiros. Então, pensei em utilizar a madeira de uma outra maneira, e levar isso como uma ferramenta de educação ambiental”, finaliza.

Na exposição, que ficará em cartaz até 13 de outubro, na FGV Arte, o artista apresentará 33 peças de grandes dimensões. Algumas têm funcionalidade e promovem a interação com as pessoas. Mas 70% das “esculturas mobiliárias” da mostra carioca, frisa Hugo França, não são para uso funcional, chegam a ter seis metros de altura e uma tonelada de peso.

“Há esculturas de quatro, cinco toneladas, mas ficaria inviável apresentá-las agora, por conta do espaço. Mesmo assim, o conjunto das obras tem bastante impacto pelo volume, pelas formas orgânicas e pela textura da madeira. Isso cria um efeito especial no olhar das pessoas”, aponta ele, que tem trabalhos expostos em espaços como o Instituto Inhotim, em Minas Gerais.

Encontrou diamante de 2.3 quilates num parque natural. Vai usá-lo no anel de noivado

Uma jovem nova-iorquina encontrou um diamante em bruto num parque estatal do Arkansas, nos Estados Unidos.  Chamou-lhe Diamante Fox-Ballou — e vai usá-lo no seu anel de noivado. A maioria dos casais tem uma história para contar sobre o seu pedido de casamento. No caso de Micherre Fox, a história é o próprio anel de noivado — e a forma como a noiva se encarregou de o fazer aparecer. Após semanas de árduo trabalho à procura, no Crater of Diamonds State Park, um dos únicos locais no mundo onde os visitantes podem procurar pedras preciosas e ficar com elas, Micherre

O que deve fazer o Sporting com um Morita em fim de contrato? “A transferência faz pouco sentido agora”

Hidemasa Morita tem sido dos jogadores mais importantes no sucesso recente do Sporting, mas está em final de contrato e sem renovação à vista. Quais são as opções para o Sporting em relação ao médio de 30 anos?

Diogo Boa Alma é o diretor desportivo que trouxe Morita para a Europa. Contratou-o para o Santa Clara, em 2020, aos japoneses do Kawasaki Frontale.

Para além de conhecer de perto o jogador, percebe dilemas como o que os leões estarão a enfrentar em relação a Morita. Explica à Renascença quais são as duas opções realistas para o Sporting.

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“O clube quer renovar, manifestou esse interesse várias vezes, mas não existindo essa abertura do jogador, é optar pelo que é melhor para o clube: uma venda, sendo que os valores não serão elevados e dificilmente conseguirá um jogador dessa qualidade com os valores que encaixaria com a sua saída, ou aproveitar o rendimento desportivo até final e perder a custo zero”, explica.

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Já com mais de 100 milhões de euros encaixados com as vendas de Viktor Gyökeres, Dário Essugo e Geovany Quenda, Boa Alma acredita que o Sporting estará a optar por apostar no rendimento de Morita.

“Acho que o Sporting ainda não terá desistido da possibilidade de renovar, mas assume claramente que precisa do rendimento desportivo e prefere isso a um valor que poderia encaixar agora, que não será significativo”, considera.

Convidado a colocar-se no lugar da direção desportiva do Sporting, Boa Alma optaria também nesse sentido: “Acho que se deveria ter tentado uma venda anteriormente. Não tendo acontecido, agora faz pouco sentido a transferência, seria útil aproveitá-lo até ao fim e começar a preparar um substituto para o próximo ano.”

O objetivo da Premier League

Morita está a arrancar a sua sexta temporada em Portugal, duas no Santa Clara e quatro no Sporting. Boa Alma vê um médio “que cresceu bastante”.

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“Está mais adaptado, até numa questão linguística. Como jogador, cresceu com mais chegada à área, no Japão era um primeiro médio. No Santa Clara, foi fazendo essa adaptação e no Sporting foi-lhe exigido isso, conseguiu evoluir bastante nesse aspeto e destacar-se”, avalia.

Boa Alma define Morita como um jogador “com uma mentalidade muito boa”: “Gosta de estar permanentemente a ser desafiado e não quer entrar em zona de conforto. Entende que fez o que podia fazer no Sporting e precisa de um novo desafio. Não conseguindo este ano, procurará no próximo ter todas as opções em aberto.”

Nesse sentido, o diretor desportivo aponta o japonês à Premier League, um sonho já assumido por Morita.

“O Sporting é um clube enorme, mais do que a dimensão dos clubes, é sobretudo a dimensão das ligas. Ter a experiência de um campeonato das ‘top-5’ era um desejo para ele, principalmente a Premier League. Tem nível para esse patamar e ser útil em várias equipas”, conclui.

Morita, de 30 anos, tem 118 jogos feitos pelo Sporting, nos quais marcou dez golos e apontou 11 assistências, tendo vencido dois títulos de campeão nacional.

Porque é que Portugal não pediu apoio no combate aos fogos? O que esperar nos próximos dias? Cinco perguntas e respostas sobre os incêndios

Os incêndios que lavram em Portugal não têm dado tréguas nos últimos dias. Desde 2 de agosto que o território está em situação de alerta devido ao risco de fogos, que também tem atingido países como Espanha, França ou Grécia. Ao início da manhã desta quinta-feira, mais de 2.700 bombeiros combatiam incêndios em várias regiões do país. Estavam ativos quatro fogos de grandes dimensões: Cinfães, Sátão, Trancoso e Arganil. Este último, que deflagrou devido a uma trovada seca, era o que mobilizava pelas 10h00 mais meios: acima de 900 bombeiros, 301 carros e cinco meios aéreos.

Este ano já arderam 63.247 hectares de área florestal, metade dos quais nas últimas três semanas, e deflagraram 5.963 incêndios, sendo a maioria nas regiões do Norte e Centro. Especialistas em risco de incêndio já tinham vindo a alertar que este ano podia ser um ano de fogos florestais graves. A primavera chuvosa, que criou as condições para o crescimento de muita vegetação, agora seca, aliada ao anticiclone que desde julho está sob a Europa, trazendo temperaturas muito elevadas, têm proporcionado as condições ideais. Perante este cenário, Portugal planeia recorrer a apoio europeu, como Espanha fez? E o que se pode esperar dos próximos dias?

Espanha formalizou na quarta-feira à noite um pedido de ajuda à União Europeia (UE) para ajudar a combater os incêndios que lavram no país, provocando pelo menos três mortos e vários feridos e queimaram cerca de 50 mil hectares. Foram solicitadas duas aeronaves Canadair, anunciou o ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlask. Também a Grécia, onde na quarta-feira deflagraram 82 focos de incêndios, recorreu aos mecanismos europeus para obter quatro bombardeiros de água suplementares. E Portugal? Porque não fez o mesmo?

Incêndios. Espanha pede ajuda da UE para combater vários fogos

Na semana passada, a UE garantiu que está disponível e em condições de apoiar os países no combate aos incêndios. A porta-voz do executivo comunitário Anna-Kaisa Itkonen explicou, no entanto, que só o faria mediante um pedido dos Estados-membros. Na noite desta quarta-feira, porém, o primeiro-ministro afastou para já a possibilidade de recorrer a ajuda internacional, garantindo que “quando as circunstâncias o motivarem” o Governo fa-lo-á.

“Isso obedece a critérios de natureza técnica e operacional que terão de ser atendidos”, disse aos jornalistas após a reunião semanal e jantar com o Presidente da República, que se realizou esta quarta-feira no Algarve. “Nós não temos nenhuma objeção a fazê-lo, quando tiver de ser feito, mas também não o vamos fazer nas alturas em que não for tecnicamente adequado”, acrescentou.

Não é incomum Portugal recorrer a ajuda internacional no combate a incêndios. No ano passado, a pedido da Região Autónoma da Madeira, o Governo português ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, que permitiu a chegada de dois aviões Canadair uma semana depois de os fogos deflagrarem. Não se sabe se este ano o executivo vai fazer tal solicitação, estando para já afastada essa hipótese.

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Este verão, e em particular nas últimas semanas, Portugal tem sido afetado por sucessivas ondas de calor, começa por explicar o climatologista Carlos da Câmara ao Observador. Se essa sucessão de vagas é “anómala”, o fenómeno que as está a provocar é comum: um anticiclone, uma zona de altas pressões, que está atualmente sobre a Europa. O professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa refere que essa zona de altas pressões não se move desde julho: “Há uns dias em que enfraquece um bocadinho, depois anda mais para o oeste, mais para o leste, mas não sai”.

E porque é que o bloqueio provoca estas ondas de calor tão grandes? Há três mecanismos que o explicam. O primeiro é que o anticiclone faz com que venham ventos do norte de África, que atravessam Espanha, e que são “muito quentes e muito secos”. Há um segundo fator que importa: esse ar, já quente e seco, desce e é comprimido, o que aumenta ainda mais a temperatura. “Já deve ter experimentado que se encher uma bola com uma bomba de ar a bomba fica quente. Isto porque quando o ar é comprimido aumenta a sua temperatura”. O terceiro aspeto é que nas zonas anticiclónicas não há nuvens e, por isso, a radiação solar chega em maior quantidade.

O problema neste momento é que o anticiclone não sai do sítio, o que contribuiu para uma onde de calor extensa. “Costumamos ter ondas de calor na ordem de seis, sete, oito dias, que depois quebram e retomam uns dias depois. Desta vez já há zonas do norte e centro que estão em onda de calor há 14 ou 15 dias e que hoje e amanhã vão continuar”, aponta Patrícia Gomes, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Estas situações de bloqueio são “tão velhas como a Sé de Braga” — os primeiros estudos de bloqueios são de 1950 –, diz Carlos da Câmara, e significam que os efeitos se vão acumulando. O que é anómalo é ficar tanto tempo parado. O motivo? “Temos o Mediterrâneo, e também o Atlântico, extremamente quente”, explica, acrescentando que essa temperatura tão elevada se deve às alterações climáticas. “A situação meteorológica é normalíssima. Os mecanismos são os mesmos, mas estão a atuar num background diferente”.

A situação de bloqueio não afeta só Portugal. “Basta olhar para o mapa e ver os fogos em Espanha, onde a situação é insustentável, em França, incêndios brutais, na Grécia, na Turquia e agora na Croácia”, sublinha.

Alguns especialistas em risco de incêndio, como Carlos da Câmara, já vinham a alertar para essa possibilidade. Numa entrevista à Renascença, a 2 de julho, indicava que 2025 poderia ser “um ano de fogos florestais graves”. Ao Observador, diz agora que as previsões do Centro Europeu, sobre um verão mais quente e seco do que o habitual, aliadas às temperaturas dos oceanos, que são muitíssimo lentos a arrefecer, e à primavera extremamente chuvosa que vivemos, que criou muita vegetação agora seca, já permitiam adivinhar um cenário preocupante.

O também professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa destaca que nunca viu intensidades tão grandes em incêndios. “Ontem à noite o incêndio de Piódão estava a chegar a 800 megawatts, o que é uma libertação de energia que era mais aceitável se fossem 16h da tarde. Às 22h é uma loucura”, aponta. “Há energias a serem libertadas da ordem de mil megawatts. Já trato estes dados há muitos anos e nunca me tinha acontecido usar quatro dígitos”, diz, lembrando o incêndio de 4 de Agosto em Vila Real que chegou aos 1052,3 MW.

Domingos Xavier Viegas, especialista em fogos florestais, disse à agência Lusa que, em termos meteorológicos, 2025 está “muito próximo” dos “piores anos” das últimas décadas, como os de 2003, 2005, 2017 — quando se registaram incêndios de Pedrogão Grande — e 2022. O professor jubilado da Universidade de Coimbra alertou para o elevado índice de secura.

Citando dados de um programa da Universidade de Coimbra de medição do teor de humidade dos combustíveis da floresta, que é realizado com uma amostragem na Lousã, com combustíveis representativos do centro e norte do país, Xavier Viegas salientou que o “teor de humidade para já dos combustíveis mortos é muito, muito baixo”. “Os dados que os meus colegas me facultaram indicam teores de humidade na ordem dos 4 ou 6%, que são valores que indicam um índice de perigo extremo. E os valores do teor de humidade dos arbustos” estão “entre os 5% mais baixos desde que temos registo há mais de 20 anos”, apontou.

Segundo o IPMA, o aviso de tempo quente vai continuar pelo menos até domingo, principalmente no interior e a região sul. No entanto, na sexta-feira e sábado já se vai notar que a temperatura no litoral, norte e centro pode descer. “Mas será só um pouco”, salienta Patrícia Gomes. “Se calhar nos locais que hoje registarem 35.ºC, no sábado estarão 29.ºC ou 30.ºC, portanto já se nota uma diferença”.

Patrícia Gomes nota também que, por oposição, a partir de sábado deverá registar-se uma subida de temperatura no Algarve. “Mesmo junto à faixa costeira algarvia poderemos ter previsão de valores entre os 35.ºC e os 38.ºC, que acabam por ser valores bastante elevados para uma praia”.

A partir de segunda-feira espera-se uma “descida significativa” da temperatura, com uma corrente mais de Norte, situação que poderá ajudar no combate aos incêndios que estão a afetar várias regiões do território. “Acaba por chegar até nós um ar menos quente. Esta massa de ar terá também um maior conteúdo em humidade que vai ajudar a ‘refrescar’ as temperaturas”, explica. “Vamos continuar com valores de 30ºC e muitos no interior do Alentejo, em alguns locais do interior centro e da região de Trás-os-Montes, mas já não serão valores da ordem de 40ºC”. Dia 18 também traz o fim das noites tropicais, que eventualmente podem manter-se apenas na zona do Algarve, que deverá registar uma descida menos significativa nos termómetros do que o resto do território.

O alerta partiu do Presidente da República. “É um dia particularmente preocupante. Pode apontar para uma situação muito propícia ao agravamento dos incêndios”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa na quarta-feira, depois do encontro com Luís Montenegro. Garantiu, no entanto, que “haverá resposta adequada para esta situação verdadeiramente grave”.

Carlos da Câmara reconhece que “quinta, sexta, sábado e domingo vão ser uma série de dias muito complicados”. “Sexta-feira é um dia particularmente complicado, mas temos que olhar para isto em sequência”.

Focando-se exclusivamente nos parâmetros meteorológicos, o IPMA diz que tudo aponta para a manutenção da situação. “A nível de parâmetros meteorológicos, amanhã parece igual a hoje e a ontem. Não vemos assim nada que nos pareça que agrave a situação”, refere.

Carlos da Câmara salienta ainda que quando se fala sobre incêndios é preciso falar em prevenção. Por um lado, diminuir o número de ignições, que, destaca, não são apenas fruto de incendiários ou fatores climáticos. “O fogo na vida rural é utilizado para inúmeras atividades. Se estamos a usar uma máquina para roçar mato ou para cortar uma árvore, ela bate numa pedra, faz uma faísca. Há todo um conjunto de atividades humanas que levam a ignições”, alerta.

Mas isso não é suficiente, diz, lembrando que a paisagem rural mudou completamente e há atualmente menos terrenos cultivados, aliado a um desaparecimento da população no interior. “Há uma desarmonia entre uma meteorologia que tem efeitos mais gravosos devido às alterações climáticas, uma vegetação que não é compatível com o tipo de meteorologia que a envolve e comportamentos humanos que levam a ignições”, salienta.

Incêndio em Arganil e Oliveira do Hospital: Proteção Civil prevê 12 horas de muito trabalho

A Proteção Civil prevê 12 horas de muito trabalho no incêndio que começou em Arganil, e que já migrou para outros três concelhos vizinhos. As chamas obrigaram a evacuar várias aldeias no concelho de Oliveira do Hospital.

Num ponto de situação depois das 13h, o comandante Elísio Oliveira adiantou que ainda não há previsão para ter o fogo dominado, uma vez que o vento e as características do terreno estão a dificultar o trabalho dos bombeiros.

“Não é previsível, neste momento, que nas próximas 12 horas o incêndio fique dominado, face às condições que temos”, explicou o responsável sublinhando que as informações existentes “em termos de previsões e dados no apoio à decisão, dando-nos indicações de vento com determinado rumo”, acabam por diferir da realidade: “devido à altitude e à orografia do terreno no alto da montanha, ele [o vento] tem um sentido completamente diferente e, portanto temos pontos em que o incêndio está a subir a montanha e de repente, começa a descer por outro lado”.

"Temos um quadro raro." Risco de fenómenos semelhantes a 2017 na base do prolongamento da situação de alerta

Já sobre os meios aéreos, o comandante da Proteção Civil esclarece que nem sempre é possível ter aeronaves a operar, ainda que haja “meios aéreos disponíveis”, já que “por vezes” no terreno “não temos condições para eles poderem operar, quer seja pela temperatura criada nas diferentes bacias onde se encontra o incêndio, quer pelo próprio fumo”.

“Nós precisamos dos meios aéreos. Eles têm que ser rentáveis e temos, portanto, que os utilizar, onde na realidade eles são necessários”, esclarece Elísio Oliveira.

Este incêndio já obrigou à evacuação de várias aldeias no concelho de Oliveira do Hospital. O autarca José Francisco Rolo aponta que, “neste momento, estamos a fazer esse trabalho em Vale do Maceiro, e estamos a ver no Avelar e também no Parente”.

“Foi logo imediatamente criada uma zona de concentração e apoio à população numa zona fresca junto ao rio Alva, uma zona segura que tem psicólogos, tem técnicos da Câmara Municipal, também tem aqui a equipa da Segurança Social”, revelou o autarca.

O incêndio começou em Arganil e já chegou a Seia, Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra.

A marca Observador lidera o ranking de podcasts da Marktest

O Observador é a primeira entre doze marcas de produtores de podcasts. O estudo de consumo deste formato, que analisa o mês de julho, revela o Observador no primeiro lugar da tabela de marcas e também a única a ultrapassar a fasquia dos 3 milhões de downloads mensais, neste caso, 3.142.101. No segundo lugar está a Rádio Comercial com 2.825.287 downloads, o que representa uma diferença de mais de 315 mil audições.

Olhando para os vários dados disponíveis, encontramos nove podcasts do Observador nos primeiros trinta de títulos individuais. “A Guerra Traduzida” alcançou o nono lugar e o “Contra-Corrente” o décimo primeiro. São os melhores títulos do Observador na tabela geral, que continua dominada por programas de humor e entretenimento. “O Homem que Mordeu o Cão” foi o mais ouvido, seguido de “Extremamente Desagradável” e “Mixórdia de Temáticas” durante o período agora auditado.

Nos 100 primeiros há 33 títulos do Observador. E no ranking de Publishers – que agrega todas as marcas de cada um dos grupos empresariais – o Observador está na segunda posição. O grupo Impresa ocupa o primeiro lugar, Bauer Media em terceiro e Renascença Multimédia em quarto. Importa salientar que cada um destes três publishers detém diversas marcas ao contrário do que acontece com o Observador. Por exemplo, a Bauer tem as marcas Rádio Comercia e Cidade FM. Neste capítulo do estudo, somam-se os downloads de todas as marcas de cada um dos 4 participantes neste ranking.

Melania ameaça processar Hunter Biden por dizer que Epstein a apresentou a Trump

Hunter Biden disse que foi Jeffrey Epstein quem apresentou Melania a Donald Trump. A primeira-dama não gostou e está a ameaçar processar o filho de Joe Biden em mais de mil milhões de dólares, caso este não retire a afirmação, descrita como “falsa, depreciativa, difamatória e inflamatória”. Certo é que não há provas de como Trump e Melania se conheceram, adensando-se as suspeitas sobre a ligação do Presidente norte-americano ao magnata que criou uma rede de tráfico sexual.

Melania conta a sua versão: conheceu Trump em 1998, numa festa organizada por Paolo Zampolli, dono da agência de modelos que representava então a manequim eslovena. Em 2016, contou à Harper’s Bazaar que terá rejeitado dar o seu número de telemóvel ao milionário por estar num encontro com outro homem. Trump tinha acabado de se separar da segunda mulher, Marla Maples, e venceu pela persistência — os dois casaram-se em 2005 e partilham um filho, Barron, de 19 anos.

Todavia, recentemente, surgiu uma nova teoria de que teria sido Epstein a proporcionar tal encontro, ideia reforçada por Hunter Biden numa entrevista recente ao canal de YouTube de Andrew Callaghan, onde declarava que há documentos a implicar Donald Trump na teia de Jeffrey Epstein — um tema que tem provocado agitação entre os apoiantes republicanos. “Epstein apresentou Melania a Trump — as ligações são tão vastas e profundas”, reforçou.

Trump tem rejeitado as ligações a Epstein, mas confessou que cortou relações com o consultor financeiro quando este recrutou jovens do spa do seu resort em Mar-a-Lago para a rede pedófila, através da qual centenas de raparigas foram abusadas sexualmente.

Nesta semana, os advogados da primeira-dama enviaram uma carta ao advogado de Hunter Biden a exigir um pedido de desculpas público, cuja recusa terá por consequência um processo multimilionário pelos “avassaladores danos financeiros e de reputação” que a afirmação terá provocado. Melania diz que o filho mais novo de Biden, acusado de compra e posse ilegal de arma, tem “um vasto historial de exploração dos nomes dos outros para chamar a atenção para si”, cita a BBC.

Mas a ideia de que terá sido Epstein a apresentar o casal presidencial não foi inventada por Biden, é atribuída a Michael Wolff, biógrafo de Donald Trump, que diz ter cassetes “exclusivas” de Epstein a falar sobre o Presidente dos EUA. Num entrevista ao Daily Beast, onde fala sobre as gravações, conta como Melania Trump era próxima de um dos “associados” de Epstein ainda antes de conhecer Trump.

O Daily Beast acabou por retirar parte do artigo do site, depois de uma intimação vinda da Casa Branca. “Após a publicação desta história, o The Beast recebeu uma carta do advogado da primeira-dama Melania Trump a contestar o título e o enquadramento do artigo. Depois de analisar o assunto, o Beast retirou o artigo e pede desculpa por qualquer confusão ou mal-entendido”, reconhece numa nota publicada na notícia, entretanto arquivada.

As cartas de ameaças foram confirmadas à BBC, que cita um comunicado do assistente da mulher de Trump: “Os advogados da primeira-dama Melania Trump estão activamente a assegurar retratações imediatas e pedidos de desculpa por parte daqueles que espalham falsidades maliciosas e difamatórias.” Até agora, os advogados de Hunter Biden ainda não reagiram à notícia.

O caso surge na sequência da pressão por parte da Casa Branca para serem divulgados os documentos do caso de Epstein com o objectivo de fazer cumprir uma promessa eleitoral de Trump. Antes de ser reeleito, o republicano tinha dito que ia divulgar uma lista de figuras públicas associadas à rede de tráfico sexual, mas o FBI diz que não existia qualquer registo dos clientes de Epstein, que morreu em Agosto de 2019, na prisão em Nova Iorque, enquanto aguardava o julgamento.

Em 2021, os Kiss diziam que Donald Trump era “um perigo para a democracia”, agora sentem-se “profundamente honrados” com homenagem dele

Donald Trump anunciou esta quarta-feira os nomes dos homenageados deste ano do Centro John F. Kennedy de Artes Performativas, do qual é presidente, e entre eles estão os Kiss. Os elementos da banda nova-iorquina, que em 2021 consideravam o atual presidente dos Estados Unidos “um verdadeiro perigo para a nossa democracia”, já reagiram a esta nomeação, dizendo-se “profundamente honrados”.

“Os Kiss são a encarnação do sonho americano. Sentimo-nos profundamente honrados por receber esta homenagem do Kennedy Center”, disse o baixista e vocalista Gene Simmons, que em 2008 participou na primeira temporada no reality show apresentado por Trump, “The Apprentice”, em declarações ao site “TMZ”. O cantor e guitarrista Paul Stanley, por seu lado, terá dito: “aceito esta homenagem em nome do longo legado dos Kiss e de todos os membros que ajudaram a criar a nossa icónica banda”.

Em 2017, os Kiss recusaram o convite para tocar na primeira tomada de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Quatro anos depois, na sequência de Trump ter perdido a eleição presidencial para Joe Biden, Stanley apelidou-o de “um verdadeiro perigo para a nossa democracia” e em 2022 Simmons disse, em declarações à revista “Spin”: “Vejam o que este cavalheiro fez a este país e a polarização que trouxe – fez com que todas as baratas chegassem ao topo”.

Recorde-se que Trump disse ter estado bastante envolvido na seleção dos artistas homenageados este ano pelo Kennedy Center, entre os quais se encontram também o ator Sylvester Stallone, a cantora Gloria Gaynor, a estrela da Broadway Michael Crawford e o cantor country George Strait. Será o próprio presidente a apresentar a cerimónia, em dezembro.

Vírus cria coelhos “zombie” nos Estados Unidos

Há coelhos no estado do Colorado, nos Estados Unidos da América (EUA), a surgir com lesões negras, com a forma de chifres ou tentáculos, na zona do focinho destes animais. O fenómeno não é novo, mas tem sido aproveitado nas redes sociais para gerar conteúdo e interações.

O fenómeno levou, segundo a Sky News, várias pessoas a utilizar os termos “frankenstein”, “zombie” ou ainda “coelhos do demónio”. Mas não se trata do início de uma versão real (e saltitante) do enredo série “The Last of Us” —, mas sim do efeito do vírus do Papiloma de Shope, de acordo com os responsáveis pelos parques naturais do Colorado.

A porta-voz dos parques indica que estas lesões não são incomuns em coelhos. O vírus infeta principalmente animais da família dos coelhos e lebres e, se as lesões crescerem o suficiente, podem interferir com a capacidade de alimentação dos animais.

Apesar de as entidades avisarem para não se tocar nos coelhos infetados, o vírus do Papiloma de Shope apenas se dissemina entre estes animais, através do contacto — e não atinge pessoas, cães, ou sequer gatos, segundo os parques naturais do Colorado.

O vírus é combatido pelo sistema imunitário dos coelhos — o que faz com que as lesões desapareçam após algum tempo. Contudo, no caso de coelhos domésticos, o vírus pode ser mais perigoso, pelo que é aconselhável o tratamento por um veterinário.

Portugal nunca teve tantas crianças com necessidades especiais como hoje – e as respostas não chegam

Portugal enfrenta um aumento histórico de crianças com necessidades especiais – e os pais raramente têm garantias de que deixam os filhos num espaço seguro, onde lhes são dadas as respostas que precisam. Portugal tem testemunhado um aumento histórico de casos de crianças com necessidades educativas especiais (NEE). No ano passado, um relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) sobre o estado da “educação inclusiva” em 2022/2023 revelou que os alunos com “necessidades especiais” aumentaram 13% em dois anos. Esse aumento é patente, por exemplo, na procura por ATL Inclusivos, especialmente na altura do verão. Nos últimos

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