Fundação Jornada tem 360 mil euros para projetos de jovens após JMJ

Dois anos depois do Papa Francisco se ter despedido de Lisboa e da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a Fundação que geriu o evento muda de nome – passa a chamar-se Fundação Jornada – e anuncia a abertura de um concurso de apoio aos jovens.

Em entrevista à Renascença, a diretora-executiva da nova Fundação Jornada, Marta Figueiredo, explica que vão lançar a 16 de outubro o primeiro “concurso-piloto”. A ideia é que haja dois concursos anuais para os quais está prevista uma verba total de 800 mil euros.

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“Neste primeiro ano vamos lançar um concurso piloto para receber candidaturas de projetos e iniciativas focadas nos jovens, ou lideradas pelos jovens, entre os 15 e os 35 anos, nas áreas da educação, formação, espiritualidade, saúde mental, liderança e cidadania”, detalha.

Segundo a responsável, “todos os jovens podem candidatar-se, mas “o foco é que o público-alvo seja residente em Portugal”. Contudo, a candidatura poderá ser também de uma “qualquer entidade constituída legalmente em Portugal”.

Para este primeiro concurso é disponibilizada uma verba total de 360 mil euros. Cada projeto será apoiado “até um valor máximo de 30 mil euros”, indica Marta Figueiredo.

Também em entrevista à Renascença, D. Alexandre Palma, presidente da Fundação Jornada, sublinha que a ideia da Fundação é não ser “apenas financiadora”.

“Quer estar como amiga, parceira, suporte e como capacitadora dos jovens. Queremos fazer um caminho com os jovens. Não queremos apenas vê-los fazer esse caminho”, refere o também bispo-auxiliar de Lisboa.

Afinal, para onde vão os 35 milhões de lucro da JMJ?

Nesta “segunda fase” da vida da Fundação Jornada, como lhe chama D. Alexandre Palma, vão aplicar o dinheiro que resulta do lucro gerado pela Jornada Mundial da Juventude.

Questionado pela Renascença sobre o uso dos 35 milhões de lucros, D. Alexandre Palma começa por indicar que “o projeto de Fundação é perpetuar o seu fundo, ou seja, não é depauperá-lo”.

O presidente da Jornada vai mais longe e explica que têm como “objetivo” enriquecer esse fundo dos 35 milhões de euros.

Vamos redistribuir os proveitos que este património gera. Neste sentido, é de maneira muito semelhante ao que boa parte das fundações que têm um fundo próprio e financiam as suas atividades funcionam”, esclarece.

Segundo as palavras de D. Alexandre Palma “o que se trata é de conservar e multiplicar este fundo”. Vão assim, “distribuir os proveitos desse fundo pelos jovens”, sublinha o bispo-auxiliar, acrescentando que esperam desta forma “beneficiar” várias gerações de jovens.

“Vai impactar muito mais a juventude do que apenas aqueles que têm a sorte de ser jovens neste tempo”, diz D. Alexandre Palma, que recorda que o legado da JMJ é um “património estável”, de uma “escala extraordinária” e que “é um bem”.

“O património material da Fundação é um bem, não é um mal, mas o património da Fundação não é apenas o património material. Há aqui um sonho, um ideal que não é apenas traduzível, nem quantificável. Este valor material, resulta de um número extraordinário de peregrinos, da enorme generosidade de voluntários e parceiros de toda a ordem e grandeza”, destaca.

Não esquecendo o trabalho de D. Américo Aguiar, que liderou a JMJ, e de D. Manuel Clemente, então cardeal patriarca, D. Alexandre Palma refere que tiveram “uma visão de estratégia, rigor e transparência ao nível da gestão” que foi “muito importante”.

“A fé move, a ação multiplica” é o lema da Fundação

“É uma Fundação focada nos jovens, para os jovens, pelos jovens e com os jovens”, destaca Marta Figueiredo. A diretora-executiva lembra o legado da JMJ de Lisboa para sublinhar que querem “devolver aos jovens a confiança no futuro, dar-lhes o que eles precisam, capacitá-los com as competências para tomar decisões”.

Seguindo o lema da Fundação “A fé move, a ação multiplica”, querem ir ao encontro da “experiência dos jovens com o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude”.

“É esta adesão que houve movida pela fé e que agora, segundo o convite do próprio Papa, chama os jovens à ação, transformação e multiplicação”.

Recordando as recentes palavras do agora Papa Leão XIV no Jubileu dos Jovens, é pedido à nova geração que sejam “agentes de transformação e esperança”.

Como será a intervenção da Fundação?

“O modelo de intervenção da Fundação será sempre através de quem já está no terreno”, indica Marta Figueiredo. “O nosso grande objetivo é potenciar aqueles que são os projetos que trabalham para os jovens ou são liderados por jovens”, refere a diretora-executiva da Fundação Jornada.

Marta Figueiredo esclarece que não irão atuar diretamente, mas sim, “através dos jovens e dos seus projetos.

Questionados sobre se irão atuar na área da habitação que muito preocupa a nova geração, D. Alexandre Palma afirma: “Não ignoramos que esse é um desafio muito importante da juventude, mas devo dizer que a escala do problema, no contexto nacional, é tal que vai muito além do que uma fundação como a nossa pode fazer”.

“Nós estamos com os jovens nos seus problemas, e também estamos com esse. Apesar da nossa escala grande, é muito pouca para o tamanho do desafio social que temos entre nós”, sublinha D. Alexandre Palma.

Também Marta Figueiredo lembra o momento da Via Sacra em Lisboa em que foi feito um levantamento dos problemas dos jovens: “percebemos que são inúmeros os desafios que existem, e a habitação é, sem dúvida, um desses temas, mas à medida que íamos fazendo o aprofundamento desta decisão de onde é que nos queremos focar, foi ficando cada vez mais claro que o nosso foco é o jovem”.

“Não podemos resolver todos os problemas”, esclarece Marta Figueiredo. “Vamos capacitar os jovens para que eles próprios sejam capazes de enfrentar os desafios”, afirma a responsável.

O novo Papa Leão XIV e os jovens

A mobilização da juventude portuguesa no recente Jubileu dos Jovens, que decorreu em Roma, é resultado ainda da JMJ de Lisboa, diz D. Alexandre Palma.

“É fruto de toda a ação, de todas as dioceses em Portugal, sem exceção, de todos os organismos ligados à Pastoral Juvenil, e de toda a sociedade portuguesa”, elenca o bispo-auxiliar de Lisboa.

“Creio que os frutos das jornadas não se podem ver de forma miope”

Para o presidente da Fundação Jornada, “o tempo vai mostrar que os frutos da JMJ” resultarão a longo prazo. Contudo, a “experiência em Roma nestes dias” revela uma “enorme janela de esperança para a Igreja em Portugal e para a sociedade portuguesa”.

Ao escutar as palavras do Papa Leão XIV aos jovens, D. Alexandre Palma confessa que sente que vai ao encontro do trabalho que têm desenvolvido na Fundação portuguesa.

“É uma enorme confirmação. Nós já tínhamos acertado entre nós que queríamos jovens agentes de esperança. Quando na abertura do Jubileu, o Papa se dirige pedindo-lhes que eles sejam sinais de esperança, nós achamos, quem nos está a conduzir não é apenas a nossa reflexão, é também a providência divina”.

Nas palavras de D. Alexandre Palma, os jovens são “um potencial de bem”. “Há uma capacidade de bem extraordinária entre a juventude. Isto não branqueia que não existam problemas. Mas há um potencial na juventude, uma capacidade que todos nós, sociedade e igreja, não estamos a saber beneficiar suficientemente”, critica o responsável.

“Aos jovens que queiram ser agentes de esperança, convidamos a vir connosco nesta jornada” convida o presidente. Também Marta Figueiredo lança “um convite ao coração dos jovens, para que se aproximem” da Fundação Jornada que agora começa uma nova etapa.

Cientistas descobrem um “sexto sentido” que liga o intestino e o cérebro

A descoberta pode ser útil para o tratamento da obesidade e para condições psiquiátricas como depressão ou ansiedade. Um novo estudo publicado na Nature dá conta da descoberta de uma via até agora desconhecida que permite aos micróbios intestinais influenciar diretamente a função cerebral, o comportamento e a regulação do apetite. As descobertas introduzem um “sentido neurobiótico” recentemente identificado que preenche a lacuna de comunicação entre o cérebro e o microbioma intestinal em tempo real. O estudo, liderado pelos neurocientistas Diego Bohórquez e M. Maya Kaelberer, centra-se em células sensoriais especializadas chamadas neurópodes. Localizados no revestimento do cólon, os neurópodes

Estados Unidos impõem tarifas de 50% ao Brasil em clima de tensão política: café e carne fora das exceções

Entraram hoje em vigor as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a centenas de produtos brasileiros, numa medida que agrava a crise diplomática entre os dois países.

A decisão da administração de Donald Trump surge num contexto de forte tensão política e foi interpretada por Brasília como uma tentativa de pressionar o Governo de Lula da Silva a conceder amnistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliária e acusado de tentativa de golpe de Estado.

Entre os produtos visados estão o café e as carnes, dois dos principais bens exportados pelo Brasil para os EUA, que ficaram de fora da lista inicial de exceções. A ministra brasileira do Planeamento, Simone Tebet, manifestou esperança de que Washington reveja a decisão, alertando para o impacto da medida nos preços ao consumidor norte-americano, dada a escassez global de oferta, especialmente no setor do café.

Em 2024, as exportações brasileiras de café e carne para os EUA totalizaram mais de 3,6 mil milhões de dólares, representando cerca de 9% do total exportado para o mercado norte-americano.

De acordo com estimativas do Governo brasileiro, como a lista inicial de exceções ao novo imposto inclui vários dos principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA, como petróleo e combustíveis, aviões, minérios e sumo de laranja, a taxa punitiva deverá atingir apenas 36% das vendas.

Isso porque, segundo Brasília, as exceções já anunciadas abrangem 44% das exportações brasileiras para os Estados Unidos e os restantes 20% dizem respeito a aço, alumínio, automóveis e autopeças, que têm um regime especial.

Novo presidente da Polónia promete mudar a constituição até 2030

O historiador nacionalista Karol Nawrocki tomou posse como Presidente da Polónia esta quarta-feira, depois de prestar juramento perante as duas câmaras do Parlamento.

No seu discurso, prometeu uma mudança da constituição do país até 2030, garantiu que o país não se vai juntar ao Euro e garantiu que será “a voz da nação”.

Eleito para um mandato de cinco anos, Karol Nawrocki, de 42 anos, terá de trabalhar com o governo pró-europeu de Donald Tusk, uma coabitação que promete ser difícil, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

Nawrocki sucede a Andrzej Duda como Presidente da Polónia, um país da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte, conhecida pela sigla inglesa NATO

Programa de Reabilitação para Incendiários anunciado em 2018 ainda não foi implementado

O Programa de Reabilitação para Incendiários, anunciado em 2018, foi entretanto reformulado, mas ainda não foi implementado nas prisões, onde estão atualmente 86 pessoas presas pelo crime de incêndio florestal.

Em resposta enviada à Lusa, a Direção-Geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais (DGRSP) explicou que o programa “foi objeto de avaliação e de reformulação” e adiantou também que foi dada formação a 38 técnicos.

“Todavia e em termos práticos, o programa ainda não foi implementado junto da população reclusa”, acrescentou a DGRSP, sem adiantar uma data para a implementação do Programa de Reabilitação para Incendiários.

O Programa de Reabilitação para Incendiários começou a ser desenhado em 2016, tendo a DGRSP avançado com uma proposta de adaptação para o contexto português do programa Firesetting Intervention, Programme For Prisoners, da Universidade de Kent, no Reino Unido, que tinha como objetivo prevenir a reincidência.

De acordo com a informação avançada esta quarta-feira pela DGRSP, os conteúdos deste programa foram revistos em 2019 e durante os anos de 2021 e 2022 foram feitas “ações de formação dirigidas a aplicadores do referido programa, tendo sido capacitados 38 técnicos superiores e de reinserção social”.

A DGRSP informou que foram feitos testes ao programa, que revelaram “a sua desadequação às características sociocriminais e psicológicas/psiquiátricas dos sujeitos condenados a pena privativa de liberdade pelo crime de incêndio florestal”. Por isso, acrescentou a mesma fonte, “está a equacionar-se o reajustamento do programa para aplicação no âmbito das penas e medidas de execução na comunidade”.

Neste momento, de acordo com os números adiantados pela DGRSP, as cadeias portuguesas têm 86 pessoas presas pelo crime de incêndio florestal. Deste total, 40 foram condenados a pena de prisão efetiva, 25 foram considerados inimputáveis e encontram-se a cumprir medida de internamento, 16 estão em prisão preventiva a aguardar julgamento e cinco esperam que a condenação transite em julgado.

O registo de condenados e de inimputáveis — 65 reclusos — é o número mais elevado desde 2013, ano em que há registo e em que existiam nas prisões 21 presos pelo crime de incêndio florestal. Em comparação com os dados do ano passado, atualizados a 31 de dezembro de 2024, há agora mais 15 presos.

Além dos detidos nas prisões, há ainda a registar, neste momento, 13 pessoas com vigilância eletrónica — 11 no âmbito da suspensão da execução da pena de prisão e duas em liberdade condicional.

WWF diz que desinformação climática aumenta em contexto de incerteza e é obstáculo à ação

A técnica de clima e políticas da organização ambientalista WWF Portugal Alice Fonseca afirma que a desinformação climática aumenta em contextos de incerteza, tornando-se um obstáculo à ação climática.

Em entrevista à agência Lusa, a representante da organização ambientalista World Wide Fund for Nature (WWF) admite que a desinformação sobre o clima tende a aumentar em contextos de incerteza, crise e quando existem fenómenos climáticos extremos, “porque são situações em que as pessoas estão mais vulneráveis a informação que apela muito à emoção”, tornando-as mais suscetíveis a acreditar em informação incorreta.

“Todas as ocorrências de grande dimensão causam um impacto grande na vida das pessoas, por isso não se consegue identificar de forma muito imediata quais são as causas da circulação de informação falsa”, acrescentou a especialista.

Assim, “a desinformação climática é efetivamente um obstáculo à ação climática”, garante a representante da WWF, referindo que este tipo de desinformação circula sobretudo em redes sociais com diferentes atores de propagação, como empresas ou influenciadores.

Um recente estudo do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH – Center for Countering Digital Hate, em inglês) revelou que as quatro principiais plataformas digitais (Facebook, Instagram, X e YouTube) usaram eventos climáticos extremos para amplificar desinformação e teorias da conspiração, de modo a obter lucro com a rápida proliferação de conteúdos.

Além disso, Alice Fonseca refere que a desinformação sobre climanão passa só pelo negacionismo mais taxativomaspassa também por desacreditar as soluções, questionando a sua eficácia, justiça ou então propor soluções que na realidade não o são”.

Para a especialista, uma das principais artérias da desinformação climática refere-se não à rejeição do facto que existem alterações climáticas, mas “à influência na forma como as pessoas percecionam as suas soluções”.

Recentemente um Eurobarómetro revelou que cerca de 90% dos portugueses considera as alterações climáticas um problema grave, sendo que 91% defende que a luta contra este fenómeno deve ser uma prioridade.

Neste sentido, Alice Fonseca reconhece que “em Portugal não se tem assistido a campanhas de desinformação tão intensas quanto noutros países, mas isso não deixa de ser uma preocupação crescente e uma questão cada vez mais presente”.

A representante da WWF concluiu dizendo ser necessário criar resiliência climática, de forma a proteger um conjunto de serviços que são essenciais para o bem-estar populacional.

50 angolanos desaparecidos durante visita de João Lourenço: André Ventura mentiu

O vídeo é falso, a PSP desconhece o desaparecimento de cidadãos angolanos durante a visita oficial do Presidente João Lourenço a Portugal, o Governo não comenta desinformação e as autoridades angolanas desmentem a denúncia do presidente do Chega. A Lusa fez o fact-check: Ventura mentiu. No dia 27 de julho, o presidente do Chega denunciou o alegado desaparecimento de mais de 50 cidadãos angolanos de um grupo maior que teria viajado até Lisboa para participar nas iniciativas de apoio à visita oficial do Presidente angolano, João Lourenço, que esteve em Lisboa entre 24 e 26 de julho. Segundo uma publicação

Gabinete de segurança de Israel deverá aprovar ocupação total de Gaza

De acordo com o canal público de Israel, a tendência é que o Governo aprove a ocupação integral da Faixa de Gaza.

Mas, depois da primeira reunião de alto nível realizada esta terça-feira, o chefe do Estado-Maior do Exército alertou novamente ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que a decisão colocará em risco as vidas dos reféns israelitas ainda mantidos em cativeiro pelo Hamas e também levará ao esgotamento dos soldados das forças regulares e da reserva

O alerta de Eyal Zamir, o chefe do exército, pode ter um impacto ainda mais significativo após os números obtidos pela Renascença: Israel tem hoje um défice que varia entre dez mil e 12 mil soldados.

Esta quinta-feira, o gabinete de segurança israelita deverá reunir para iniciar o processo de aprovação da nova proposta. Diante da possibilidade de uma ofensiva ainda maior na Faixa de Gaza, Netanyahu vai reunir-se com Yair Lapid, o líder da oposição.

Lapid escreveu um comunicado em que deixa claro a oposição ao plano de ocupação de Gaza. Segundo ele, a expansão da ofensiva vai colocar em risco os reféns israelitas que ainda estão vivos e também sobrecarregar os cidadãos de Israel pelos custos de longo prazo de governar milhões de palestinianos que vivem na Faixa de Gaza.

Durante a noite, ativistas da luta pela libertação dos reféns bloquearam a rodovia Ayalon, a principal que corta Tel Aviv, em protesto contra a decisão do governo de continuar a campanha em Gaza. “Não concordaremos com a expansão dos combates às custas das vidas de nossos irmãos e irmãs – os desamparados e os famintos”, disseram os manifestantes.

Sentebale. Regulador britânico não encontra evidências de assédio em instituição de Harry mas critica exposição mediática do caso

A Comissão de Caridade divulgou na passada terça-feira, 5 de agosto, os resultados da investigação aberta em abril à Sentebale, instituição de solidariedade africana fundada pelo Príncipe Harry há 20 anos, depois de a presidente da associação, Sophie Chandauka, acusar Harry e os membros do conselho de bullying, racismo, assédio e misoginia. O órgão regulador não encontrou evidências que corroborem as acusações de Chandauka, mas criticou os envolvidos pelas declarações públicas que antecederam a abertura do inquérito.

“Não foram encontradas evidências de assédio ou intimidação generalizada ou sistémica, incluindo misoginia ou misoginia na instituição de caridade, mas a Comissão reconheceu a forte perceção de maus-tratos sentida por diversas partes na disputa e o impacto que isso pode ter tido sobre elas pessoalmente”, diz o relatório tornado público esta terça-feira. O órgão regulador também considera que não houve “‘exagero’ por parte da presidente ou do Duque de Sussex como patrono, mas a Comissão critica a falta de clareza da instituição de caridade nas delegações à presidente, o que permitiu a ocorrência de mal-entendidos. A falha em esclarecer as delegações dentro da instituição de caridade à presidente e a falta de processos adequados para reclamações internas equivalem a má gestão na administração da instituição.”

Para a Comissão de Caridade, o facto de os poderes da presidente não terem sido definidos permitiu um processo “confuso, complexo e mal administrado”, enquanto considera que os curadores da época “não tinham processos e políticas adequados para investigar reclamações internas.” Por fim, o regulador critica “as declarações públicas feitas à imprensa e as críticas públicas feitas em entrevistas televisivas”, que considera não “terem sido conduzidas de forma a atender aos melhores interesses da instituição de caridade.” Diante das conclusões, Sophie Chandauka permanece na presidência da instituição, enquanto Harry, que renunciou em março, afasta-se definitivamente da Sentebale.

Em reação à conclusão da investigação, Sophie Chandauka destaca, num comunicado, que os resultados “confirmam as preocupações de governança que levantei em particular em fevereiro de 2025. A experiência foi intensa e se tornou um teste da nossa clareza estratégica e resiliência operacional”, diz a presidente da instituição, que entretanto termina o comunicado a fazer tanto uma crítica quanto um elogio ao Duque de Sussex. “A inesperada campanha mediática adversa lançada por aqueles que renunciaram em 24 de março de 2025 causou danos incalculáveis e oferece um vislumbre dos comportamentos inaceitáveis demonstrados em privado. Estamos a emergir não apenas gratos por termos sobrevivido, mas mais fortes: mais focados, mais bem governados, ousadamente ambiciosos e com nossa dignidade intacta”, diz Chandauka, que conclui a dizer que a organização inspira-se em Harry. “Apesar da recente turbulência, sempre seremos inspirados pela visão dos nossos fundadores, o Príncipe Harry e o Príncipe Seeiso, que fundaram a Sentebale em memória de suas preciosas mães, a Princesa Diana e a Rainha ‘Mamohato.”

Já Harry diz não estar surpeendido pelas conclusões da Comissão de Caridade em relação às acusações feitas contra si. “Apesar de tudo, o seu relatório é preocupantemente insuficiente em muitos aspetos, principalmente no que diz respeito ao facto de as consequências das ações da atual presidente não serem suportadas por ela — mas sim pelas crianças que dependem do apoio de Sentebale”, diz o comunicado divulgado pelo representante do Duque de Sussex, citado pela People.

Harry renunciou do cargo de patrono da Sentebale no final de março, depois de a presidente da associação acusá-lo publicamente de assédio. Sophie Chandauka chegou a dar uma entrevista à Sky News na qual disse que o Duque de Sussex queria expulsá-la da organização: “Isto prolongou-se durante meses através de intimidação e assédio, tenho documentação”. Na mesma entrevista, Chandauka cita um momento com Meghan num jogo de polo um ano antes. Diante das acusações, Harry também emitiu comunicados a comentar o tema e a polémica motivou a abertura do inquérito pela Comissão de Caridade, um órgão independente que regula instituições de caridade na Inglaterra e no País de Gales.

Dominado incêndio de Vila Real

O incêndio que lavra em Vila Real desde sábado foi dado como dominado pelas 7h45 desta quarta-feira, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).

“Às 07h45 mudámos a situação deste incêndio para em resolução, o que quer dizer que o incêndio está dentro do seu perímetro, está estabilizado, mas ainda temos alguns pontos muito quentes, outros com alguma chama activa mas com equipas em trabalho”, afirmou José Guilherme, segundo Comandante Regional do Norte, que falava aos jornalistas pelas 8h no posto de comando.

O incêndio lavrava desde às 23h45 de sábado. Teve início em Sirarelhos e serpenteou a serra do Alvão, passando por várias aldeias, até alastrar para o concelho de Mondim de Basto, atingindo área do Parque Natural do Alvão (PNA).

Ao quarto dia, o fogo entrou em fase de resolução, mas, segundo José Guilherme, o dia ainda vai ser de muito trabalho no terreno. “Vamos acompanhando a evolução da situação, mas neste momento o incêndio está na fase de resolução”, realçou, referindo ainda que durante a noite estiveram a trabalho 606 operacionais.

Esta manhã, são 512 operacionais que estão espalhados pelo perímetro extenso deste incêndio. Logo que possível, de acordo com o responsável, serão activadas aeronaves. “Um helicóptero pesado ou uma parelha de alfas para fazer uma vigilância armada, ou seja, não vão fazer descargas directas, vão andar em voo carregados e se houver alguma necessidade na hora actuam”, explicou.

E, se necessário, será também aumentado o número de operacionais. “Está tudo planeado e agilizado com o comando nacional (…). Ainda há preocupação, o incêndio estar em resolução não é igual a estar em conclusão ou já consolidado, há muito trabalho a fazer, temos muitas zonas quentes que parecem de acompanhamento e de alguma preocupação”, repetiu.

Na terça-feira, verificam-se várias reactivações durante a tarde e a que mais preocupou foi a de Galegos da Serra, aldeia onde foi feito o confinamento da população devido ao fumo intenso.

Segundo José Guilherme, nunca a população esteve em perigo. “Em toda a noite houve, mais uma vez, um trabalho de excelência, abnegado e de entrega de profissionalismo de todas estas mulheres e homens que mais uma noite fizeram um esforço para que agora, a esta hora, conseguíssemos ter este incêndio nesta situação”, fez questão de destacar o Comandante das Operações de Socorro (COS).

Num balanço à agência Lusa pelas 23h45 desta terça-feira, José Guilherme já tinha referido que a situação estava mais calma, após um final de tarde com algumas reactivações. “Com a entrada da humidade, penso que vai ajudar o combate durante a noite”, apontou.