GPT-5, “o doutorado”: OpenAI lança novo modelo com foco em empresas e software à medida

A OpenAI apresentou esta quinta-feira o GPT-5, a mais recente versão do modelo de inteligência artificial ChatGPT.

O novo sistema passou a estar disponível para os 700 milhões de utilizadores da plataforma e foi promovido pela empresa pelas suas competências em áreas como programação, escrita, saúde e finanças.

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O lançamento aconteceu num momento crítico para o sector da inteligência artificial, numa altura em que empresas como a Alphabet, Meta, Amazon e Microsoft – esta última parceira da OpenAI – aumentaram significativamente os seus investimentos em centros de dados.

Em conjunto, estas quatro empresas estimavam gastar cerca de 400 mil milhões de dólares (aproximadamente 369 mil milhões de euros) durante este ano.

Em paralelo, a OpenAI encontra-se em negociações iniciais para permitir a venda de ações por parte de funcionários, numa operação que poderia avaliar a empresa em 500 mil milhões de dólares (cerca de 461 mil milhões de euros), uma valorização significativa face aos 300 mil milhões atuais.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, salientou que o GPT-5 representava um avanço importante em relação às versões anteriores.

“É a primeira vez que um dos nossos modelos principais deu a sensação de que se pode perguntar qualquer coisa a um verdadeiro especialista, ao nível de um doutorado”, disse numa conferência de imprensa.

Altman destacou ainda que uma das funcionalidades mais relevantes era a capacidade do modelo gerar software de forma instantânea. “A possibilidade de gerar software de forma imediata será uma das características centrais da era do GPT-5.”

Sondagem aponta PS com ligeira vantagem sobre PSD e Chega para a Câmara de Faro

O futuro da Câmara Municipal de Faro está em aberto, perante a saída do autarca Rogério Bacalhau (PSD) ao fim de três mandatos, e uma sondagem do ICS/ISCTE para o Expresso e a SIC indica um grande equilíbrio entre PS, a coligação liderada pelo PSD e o Chega, com um ligeiro favoritismo dos socialistas.

De acordo com os números da sondagem, o PS segue na frente da corrida para as autárquicas em Faro, com 21% das intenções de voto. A projeção dessa intenção em voto (com distribuição de indecisos) traduz-se em 31%, o que poderia levar a uma reconquista pelo PS da principal autarquia algarvia através do candidato António Miguel Pina.

O nome de António Miguel Pina foi escolhido em fevereiro pelo partido, com o ainda presidente da Câmara de Olhão (e líder da Comunidade Intermunicipal do Algarve) a atingir o limite de mandatos naquela cidade e a rumar agora a Faro.

Chega espera eleger 8 mil autarcas e aposta na conquista do Algarve

A seguir surge a coligação PSD-CDS-IL-PAN-MPT, liderada pelo candidato social democrata Cristóvão Norte, com 19% das intenções de voto e uma projeção de resultado na ordem dos 29%.

Já o Chega, que conquistou o distrito pela primeira vez nas eleições legislativas de março de 2024 e reforçou a votação nas legislativas de maio passado, persegue uma vitória na Câmara de Faro com o seu líder parlamentar, Pedro Pinto, mas fica nesta sondagem apenas na terceira posição, com 16% das intenções de voto e uma projeção de 23%.

Maior ainda do que os números apontados ao candidato do Chega é o peso dos eleitores inquiridos que ainda não sabe em quem votar nas autárquicas de 12 de outubro em Faro: 17%.

[Um jovem polícia é surpreendido ao terceiro dia de trabalho: a embaixada da Turquia está sob ataque terrorista. E a primeira vítima é ele. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o terceiro episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui e o segundo aqui]

O trabalho de campo da sondagem decorreu entre os dias 23 e 28 de julho de 2025 e foi coordenado por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris.

A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos e a intenção de voto recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram contactados 2.382 lares elegíveis e obtidas 802 entrevistas válidas. A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 802 inquiridos é de cerca de 3,5%, com um nível de confiança de 95%.

Sporting reforça defesa com duas norte-americanas

O Sporting oficializou, esta quinta-feira, a contratação de dois reforços para a sua equipa feminina de futebol.

Chega a Alvalade uma dupla de defesas centrais norte-americanas que já estavam em Portugal: Mackenzie Cherry (ex-Valadares Gaia) e Ashley Barron (ex-Racing Power).

Mackenzie Cherry tem 26 anos e na época passada realizou 32 jogos, marcou um golo e fez duas assistências.

Já Ashley Barron, tem 24 anos, e esteve em 26 partidas e marcou um golo.

Câmara de Loures diz que nova demolição ocorreu após aviso no sábado

A demolição de uma nova construção precária esta quinta-feira, no Bairro do Talude Militar, em Loures, ocorreu após os ocupantes terem sido avisados no sábado de que incorriam “em desobediência” ao avançarem com a edificação, afirmou a Câmara Municipal.

“Esta nova edificação constitui uma reiterada desobediência, uma vez que este núcleo familiar já tinha procedido a uma outra construção precária e ilegal no Bairro do Talude, que foi demolida pelo município em 14 de julho, antes da notificação do decretamento provisório da providência cautelar (ocorrido apenas no dia seguinte)”, afirmou a Câmara de Loures, presidida pelo socialista Ricardo Leão, em resposta à agência Lusa.

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O esclarecimento deste município do distrito de Lisboa surge após a informação dada pelo movimento Vida Justa de que a Câmara de Loures voltou esta quinta-feira a demolir no Bairro do Talude Militar, deitando abaixo uma construção precária reerguida por mãe e filha desalojadas nas operações de julho.

Confirmando a demolição da nova construção precária, a autarquia de Loures reforçou que a mesma ocorreu no âmbito da política do município de “combate à ocupação ilegal do território”.

Câmara de Loures volta a demolir no Talude Militar

O processo de construção de “uma nova barraca” no Talude Militar foi identificado pelos serviços municipais no sábado, 2 de agosto, indicou a câmara, referindo que, nesse mesmo dia, os ocupantes foram avisados pelas autoridades policiais competentes de que “estavam a incorrer em desobediência ao avançarem com esta edificação”.

Na terça-feira, dia 5, “pelas 12h15”, foi afixada na nova construção a notificação para a desocupação no prazo máximo de 48 horas, adiantou.

“Findas as 48 horas, os serviços da câmara desmantelaram-na na tarde desta quinta-feira”, indicou o município, referindo que, até ao momento da ação de demolição, a autarquia “não recebeu qualquer notificação formal de uma ordem judicial contrária a esta intervenção”.

Isto porque a providência cautelar em vigor que suspendeu as operações desencadeadas a 14 de julho, aprovada por um tribunal administrativo de Lisboa, só abrange anteriores construções, tendo por isso o movimento Vida Justa apoiado as duas moradoras em causa na apresentação de uma nova providência cautelar.

De acordo com a câmara, a família afetada pela demolição de hoje no Talude Militar é constituída por dois adultos e uma criança e “recusou o alojamento em unidade hoteleira sugerido como forma provisória de residência até se encontrar uma alternativa habitacional, com o apoio de caução e 1.ª renda garantidos pela autarquia”.

Movimento "Vida Justa" acusa Ricardo Leão de "mentir"

No esclarecimento enviado à Lusa, o município de Loures manifestou disponibilidade para “colaborar com todos os que procurem soluções legais e seguras” e reforçou que “não aceitará a edificação descontrolada de barracas que, além de ilegais, perpetuam circuitos de exploração e colocam em causa o esforço coletivo de uma política de habitação mais justa e estruturada”.

Com uma política de “tolerância zero” quanto a novas edificações deste tipo, que violem o ordenamento do território e coloquem em risco a segurança e a saúde públicas, a autarquia sublinhou que as demolições se inserem num esforço contínuo para “travar o crescimento de núcleos de autoconstrução ilegal”.

A Câmara de Loures afirmou ainda que este problema na área da habitação se tem vindo “a agravar de forma preocupante, muitas vezes explorando a vulnerabilidade de imigrantes em situação de fragilidade”.

A este propósito, o município dispõe de equipas compostas por técnicos da ação social, do apoio à empregabilidade e do apoio ao migrante para prestar apoio neste âmbito, que “têm trabalhado incansavelmente na identificação de soluções habitacionais, alimentares e, quando necessário, de acompanhamento no sentido de integração laboral para estas pessoas”.

Em 14 de julho, a autarquia de Loures desencadeou uma operação de demolição de 64 casas precárias e construídas pelos moradores no Talude Militar, onde viviam 161 pessoas, tendo sido demolidas 51 no primeiro dia e outras quatro no segundo. A operação foi entretanto suspensa após o despacho de um tribunal de Lisboa, na sequência de uma providência cautelar interposta por 14 moradores.

Animalife lança campanha para combater abandono de animais no verão

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Campanha nacional da Animalife alerta para o aumento do abandono de animais de companhia durante o verão. Em 2024, mais de 42 mil foram recolhidos pelos centros oficiais.

Com o verão a marcar tradicionalmente um aumento expressivo no abandono de animais de companhia, a associação Animalife lança, este mês, uma nova campanha de sensibilização dirigida à sociedade civil. Sob o mote O Meu Lugar É Contigo, a iniciativa pretende sublinhar a responsabilidade associada à guarda de animais e destacar a importância da sua inclusão nos planos familiares, particularmente em períodos de férias.

A campanha estará visível em mupis, outdoors e plataformas digitais até ao final de agosto, e surge num contexto em que os números continuam a suscitar preocupação. Em 2024, os Centros de Recolha Oficiais registaram a entrada de 42.718 animais abandonados, um dado que não contempla os milhares acolhidos por associações independentes, nem os que permanecem nas ruas por falta de resposta institucional.

O abandono, frequentemente justificado por deslocações, mudanças de residência ou dificuldades financeiras, é apontado pela Animalife como um problema que pode ser mitigado com maior planeamento e sentido de responsabilidade. A mensagem central da campanha recusa a ideia de que deixar um animal para trás seja inevitável, propondo alternativas seguras para garantir o seu bem-estar, como o recurso a petsitters, famílias de acolhimento temporário ou apoio comunitário.

A escolha do mês de agosto para a implementação da campanha não é arbitrária. A ação foi estrategicamente desenhada para coincidir com quatro datas emblemáticas relacionadas com a causa animal: o Dia Internacional do Gato (8 de agosto), o Dia do Protetor dos Animais (10 de agosto), o Dia Internacional do Animal Abandonado (16 de agosto) e o Dia Mundial do Cão (26 de agosto).

A campanha O Meu Lugar É Contigo convida ainda a população a contribuir com donativos para assegurar alimentação, cuidados veterinários e apoio a famílias e associações que enfrentam dificuldades no cuidado aos animais ao seu encargo.

Gaël Faye: “O trauma do genocídio transmite-se de geração em geração como paranóia”

No céu da infância de Gaël Faye (Bujumbura, 1982), os obuses cintilavam como estrelas cadentes — e até certa altura foi bonito de se ver. Depois, os mortos começaram a ser demasiados, e demasiado próximos.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue – nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para [email protected].

A trágica história dos trigémeos que foram separados para um estudo psicológico

Os gémeos idênticos Robert, David e Eddy nasceram num subúrbio de Nova Iorque em julho de 1961 e foram entregues para adoção ainda bebés para famílias diferentes. Cresceram sem saber que tinham irmãos biológicos — aliás, nem os pais adotivos sabiam. Quando eles se encontraram, totalmente por acaso, a história virou notícia e teve grande repercussão. Mas o que parecia uma história com final feliz acabou sendo muito mais complexa e sombria, quando veio à tona que os gémeos tinham sido separados como parte de uma experiência psicológica. A história do reencontro começa em 1980, quando Robert “Bobby” Shafran, de

Um núcleo no Largo do Romal em Coimbra imagina a Baixa a partir da arte

O Núcleo de Imaginação da Baixa (NIB) assentou arraiais no Largo do Romal, em Coimbra, neste verão, com uma programação que procura alimentar um diálogo com quem habita e vive naquela zona da cidade, a partir da arte.

O NIB, uma curadoria da Associação Há Baixa para o programa Verão a 2 Tempos da Câmara de Coimbra, começou em julho e estende-se até setembro, com apresentações todas as quartas-feiras, às 18h30, no Largo do Romal, em plena Baixinha, numa programação que junta artistas e comunidade.

O projeto arrancou com uma performance que também foi momento de encontro, intitulada “Chautari”, de Matilde Real, que se repete no final do ciclo, a 17 de setembro, dando nota da intenção do NIB — criar redes, numa Baixa diversa e que vai mudando —, explicou à agência Lusa a presidente da Há Baixa, Catarina Pires.

No Largo, já houve momentos em que, a partir de objetos, comerciantes e moradores — novos e velhos — contaram pedaços da sua vida e da sua relação com aquela zona, um concerto do coro BaixaVoz com Mariana Camacho, ou uma instalação feita por Ana Rita Albuquerque e o Saco da Baixa (BaixaVoz e Saco da Baixa são duas iniciativas criadas no seio da associação).

A escolha do Largo do Romal como palco do NIB deve-se à ideia de “uma intervenção mais localizada e intensiva”, naquele que foi também a espécie de berço do Há Baixa, em 2016, e que é também retrato de alguns dos problemas que marcam hoje aquela zona da cidade, disse a presidente da Há Baixa.

“Achámos que era uma oportunidade para aprofundar esta relação com quem está na Baixa e com os problemas sociais que contactamos todos os dias”, salientou.

No Largo do Romal, o NIB imagina como é que a Baixa pode ser transformada, perante uma realidade “feita de muitas camadas” e de uma intervenção que, no caso do núcleo, é quase na escala de “um para um”.

Essa escala, mesmo que tenha um âmbito de intervenção mínimo, “tem valor”, notou Catarina Pires, dando nota de diálogos e relações com pessoas que de outra forma não teriam rosto ou voz.

“É nesta abordagem de todas as pessoas como pessoas e não como problemas que nós quisemos aproximar-nos delas”, vincou.

Para a responsável do NIB, isso provoca mudanças tão simples, como a exigência de um Largo do Romal limpo e cuidado.

“Há também uma postura de exigência cidadã”, acrescentou.

Ao mesmo tempo, o NIB dá conta de algumas transformações da Baixa, que “está e não está diferente”.

“Continua com os mesmos problemas estruturais. É o cuidado com o espaço público, é a habitação degradada, é o comércio muito debilitado e é uma diferença abissal entre a rua Visconde da Luz e a Baixinha. Depois da Praça do Comércio, parece a passagem para outro universo”, notou.

Apesar disso, a Baixa deixou de ser habitada apenas por pessoas mais velhas, com imigrantes e as suas famílias que agora ali se vão estabelecendo, atraídos por habitações mais baratas, mas também com menos condições, referiu.

É com base nessas transformações que o NIB quer ajudar a criar redes e um sentido de comunidade.

Catarina Pires vinca que a iniciativa não pretende “que as pessoas venham para participar num projetozinho e depois acabou-se” e, apesar da vertente social, há um cuidado na qualidade artística dos projetos apresentados.

“Não é só o processo. O resultado também é importante”, salientou.

Até setembro, haverá outras propostas, como uma visita guiada para mostrar a cidade a partir do que está escrito nas paredes e um guia afetivo da Baixa pelo olhar das crianças que nela habitam, entre outros.

Em cada ação, conta Catarina, procura-se criar “um sentido de comunidade”, consciente de que a arte não tem mecanismos para resolver problemas estruturais, mas que pode imaginar caminhos e diálogos.

“O objetivo é transformar o Largo num espaço de estar”, diz Catarina Pires, que vê nos próprios tapetes que são lá postos todas as quartas-feiras um sinal das “tais redes maravilhosas” que se procuram criar — uns são emprestados, outros oferecidos.

JGA // JEF

Lusa/Fim

Eucaliptos são árvores VIP no Parque Peneda-Gerês

Há árvores de crescimento rápido que têm estatuto de privilégio na sub-região do Parque Nacional Peneda-Gerês, no Norte de Portugal. É a lei quem o diz: uma portaria, publicada há seis anos, refere o eucalipto como uma das espécies florestais que “devem ser privilegiadas” naquela área. Quem se habituou a ouvir que as acções de arborização com espécies do género Eucalyptus spp. devem ser proibidas em áreas protegidas, pode achar no mínimo bizarra esta recomendação do diploma em vigor.

As árvores não são intrinsecamente boas ou más – os impactos que poderão ter dependem sempre do contexto ecológico no qual são cultivadas ou introduzidas. Sob a perspectiva socioeconómica, o eucalipto figura como a base da indústria de pasta e papel, um sector que domina o mercado de produtos florestais em Portugal. Do ponto de vista ambiental, contudo, o eucalipto é visto com maus olhos por ser uma espécie exótica potencialmente invasora e muito inflamável, o que aumenta o risco e a intensidade de incêndios florestais.

Recorde-se que, há cerca de uma semana, os incêndios que assolaram o Parque Nacional Peneda-Gerês destruíram 5786 hectares da área protegida, segundo dados provisórios do Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Isto significa que, num punhado de dias, o fogo consumiu 8,3% do único parque nacional que temos.

Tantas chamas já arderam na vasta região montanhosa do noroeste de Portugal que, hoje, mais de 70% do território está dominado por matos – ou, para ser mais precisa, por carquejas, giestas, tojos e urzes. O fogo adia sucessivamente o sonho da regeneração dos ecossistemas nativos, que, idealmente, seria feita com recurso a sementes de árvores recolhidas no interior do próprio parque nacional.

Um dos sonhadores da regeneração é Miguel Dantas da Gama, ambientalista e membro do Conselho Estratégico do Parque Nacional Peneda-Gerês, com quem tive oportunidade de falar enquanto o fogo ardia. Ele, que conhece tão bem aquela paisagem, diz que é preciso “recuperar o coberto vegetal natural, tornando a vegetação mais resiliente”.

E como se faz isso? “Disseminando espécies arbóreas nativas, num processo que durará décadas até que as novas árvores passem a dominar a paisagem ou, o mesmo é dizer, até que se sobreponham aos matos”, explica Miguel Dantas da Gama.

Esta recuperação exige a paciência de algumas décadas, um compasso de espera que só é produtivo se não for atravessado por novos incêndios. A palavra-chave é tempo. Tempo para desenvolver-se e, depois, ser capaz de resistir. É a antítese da lógica do crescimento rápido.

É por isso que Miguel Dantas da Gama considera “um tremendo e inaceitável erro” considerar como prioritárias não apenas o eucalipto, mas também outras espécies de crescimento rápido, “estranhas ao território, contrárias aos princípios da preservação da natureza que devem prevalecer num espaço com o estatuto de parque nacional”.

Ambientalista e autor de publicações sobre a região, Dantas da Gama recorda que, na origem do parque nacional, “estava precisamente o desígnio de erradicar tudo que era exótico”. Por fim, conclui: “a razão por que o eucalipto figura na lista, tal como o pinheiro-bravo, o larício e os cedros é exclusivamente a motivação económica. Mas até sob esta perspectiva é um erro, porque as contas entre o que se ganha e o que se perde, estão por fazer”.

Numa era de crise climática, com extremos de calor a alimentar incêndios como o que devorou uma fatia do Parque Peneda-Gerês, não faria sentido rever a portaria 58/2019, que detalha o Programa Regional de Ordenamento Florestal para aquela sub-região? A lógica da rapidez não pode continuar a ter privilégios num dos “últimos redutos do país onde se encontram ecossistemas no seu estado natural”, como descreve o próprio ICNF.

Associação Gedipe garante vitória que obriga Google a bloquear sites

A Gedipe – Associação para a Gestão Coletiva de Direito de Autor e de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais anunciou esta quinta-feira uma “vitória histórica” sobre a Google que passa a bloquear “websites a mando” da entidade portuguesa.

Este “é o resultado do combate à pirataria digital, reforçando o primado do Estado de direito e da soberania nacional no contexto digital”, afirma a Gedipe, em comunicado.

Em junho de 2023, a Gedipe “intentou uma providência cautelar contra a Google Portugal, filial da Google Inc., com o objetivo de forçar o cumprimento de ordens de bloqueio de websites com conteúdos ilegais previamente identificados e confirmados por sentença judicial”, recorda a entidade.

Estes sites — o EZTV e mais de meio milhar de subdomínios que se dedicavam à difusão ilegal de filmes — “continuavam acessíveis através do serviço de DNS público da Google, que, ao substituir o DNS dos utilizadores, escapava à aplicação dos bloqueios legalmente determinados pela IGAC — Inspeção-Geral das Atividades Culturais e obrigatórios para todos os prestadores de acesso à Internet em Portugal”.

Ora, em 9 de setembro de 2024, o Tribunal da Propriedade Intelectual (TPI) “decidiu favoravelmente à Gedipe” e, “após esgotados todos os recursos legais, a sentença transitou em julgado em julho” deste ano. A Google Portugal “notificou então o tribunal de que comunicou a decisão à Google Ireland Ltd., entidade que representa a multinacional na União Europeia, e esta procedeu voluntariamente à implementação das medidas de bloqueio, que se encontram em vigor desde 17 de julho de 2025”.

Esta ação “visou evitar o pagamento de uma sanção pecuniária compulsória de 1.000 euros por cada dia de incumprimento”, refere a Gedipe. Durante o processo, “a Google Portugal alegou que seria tecnicamente impossível implementar bloqueios geograficamente limitados a Portugal”, mas “a concretização dos bloqueios prova que esse argumento era infundado e desrazoável”, prossegue.

“Esta decisão representa um precedente relevante e simbólico: um tribunal português impôs limites a uma das maiores empresas tecnológicas globais, reafirmando que nenhuma entidade, por mais poderosa que seja, está acima da lei”, afirma o diretor-geral da Gedipe, Paulo Santos, citado em comunicado. “Trata-se de uma reafirmação clara da autoridade do Estado português face à influência tentacular de plataformas digitais multinacionais, muitas vezes pouco escrutinadas e alheias às obrigações fiscais e legais dos países onde atuam”, conclui.

A Gedipe espera que este desfecho “sirva de lição e que, no futuro, entidades como a Google respeitem prontamente as ordens legítimas emitidas pela IGAC e baseadas na legislação portuguesa”. “A Associação para a Gestão Coletiva de Direito de Autor e de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais continuará a sua missão de defesa dos titulares de direitos de autor e conexos, tanto a nível nacional como internacional — missão que, curiosamente, inclui também a proteção de muitos produtores norte-americanos, cujos conteúdos são igualmente alvo de pirataria”, assevera Paulo Santos.

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