Faixa de Gaza: Mais de 50 mil grávidas em risco de aborto espontâneo ou de dar à luz nados-mortos ou bebés subnutridos


Emergências sem hospitais
Em outubro de 2023, a ACAPS, estimava de 50 mil grávidas em Gaza não tivessem um local seguro para o nascimento dos bebés e que 15% dessas mulheres teriam complicações na gravidez ou durante o parto. Há quase dois anos, a organização humanitária alertava que muitas mulheres estariam sujeitas a dar à luz em abrigos sobrelotados ou em locais sem condições sanitárias e de higiene. Nessa altura, os 36 hospitais da Faixa de Gaza ainda estavam a funcionar plenamente.
Hoje, apenas 19 destas instalações estão em funcionamento e enfrentam limitações extremas, não só de materiais e equipamentos presos nas fronteiras, mas também de falta de pessoal médico e um aumento exponencial no número de feridos e mortos, alerta a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com o agravamento destas condições, a organização da ONU para as mulheres (UN Women) estima de 50 mil mulheres e 20 mil recém-nascidos tenham acesso limitado a cuidados de saúde, devido ao bombardeamento de hospitais e clínicas.
Atualmente, existem 36 incubadoras a funcionar na Faixa de Gaza. São, de acordo com os Médicos Sem Fronteiras, menos 90 do que em outubro de 2023. Com o aumento do número de nascimentos prematuros, uma incubadora chega a albergar cinco recém-nascidos. Nestas condições, problemas de saúde que seriam facilmente tratáveis resultam na morte da criança.
Segundo o Estatuto de Roma, que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional (ICC) em 1998, “os ataques intencionais a edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos” constitui um crime de guerra. Mas a mesma alínea ressalva que um hospital pode perder este estatuto protegido se ficar provado que está a ser usado como um fim militar.
Acontece que, lê-se no jornal britânico The Guardian, apesar de a Palestina e a Cisjordânia estarem abrangidas por esta legislação, Israel não é membro do ICC.
A guerra na Faixa de Gaza já matou mais de 61 mil pessoas e feriu cerca de 150 mil. Nesta quinta-feira, o balanço mais recente do Ministério da Saúde reporta 197 mortes relacionadas com a fome, incluindo 96 crianças.