Governo Trump arrasta F1 norte-americana para debate da imigração com imagens criadas por IA

A administração de Donald Trump continua a carregar no tema da detenção de imigrantes ilegais nos Estados Unidos da América (EUA). Tanto que, ao anunciar um novo centro de detenção no estado do Indiana, arrastou para o debate o campeonato IndyCar, a principal competição de monolugares na América do Norte, enquanto fez referência ao piloto mexicano mais bem sucedido do campeonato.
O Departamento de Segurança Interna anunciou, a 5 de agosto, uma parceria com o estado do Indiana para aumentar em mil o número de camas de centros de detenção da agência de Imigração e Alfândegas (ICE, na sigla em inglês). A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, deu ao novo centro, sucessor do “Alligator Alcatraz” na Flórida, a alcunha de “Speedway Slammer”.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
Não só “speedway” é um nome muito utilizado por circuitos nos Estados Unidos — principalmente as pistas ovais, utilizadas principalmente pela NASCAR, mas também pela IndyCar — como o campeonato da IndyCar é baseado na oval de Indianapólis (Indianapolis Motor Speedway), no estado do Indiana, com as 500 Milhas de Indianapólis como evento nuclear do calendário, e deriva o nome precisamente dessa base e origem histórica.
Piorando o caso para o campeonato, o Departamento de Segurança Interna utilizou, quando fez o anúncio nas redes sociais, uma imagem (gerada por inteligência artificial) de um carro da IndyCar, com o número 5. Coincidência ou não, esse número é utilizado por Pato O’Ward, o piloto mexicano da McLaren que está em segundo lugar no campeonato, atrás do espanhol Alex Palou.
Apanhada de surpresa, a IndyCar reagiu apenas no dia seguinte. O campeonato gerido por Roger Penske afirmou, segundo a ABC News, que, de forma “consistente com a nossa abordagem às políticas públicas e questões políticas, estamos a comunicar a nossa preferência que a nossa propriedade intelectual não seja utilizada no futuro em relação a este assunto”.
O Departamento de Segurança Interna recusou que a imagem violasse os direitos de propriedade intelectual da Indycar, e negou a possibilidade de eliminar a publicação. Mas foi isso que aconteceu — a imagem foi apagada da rede social X (antigo Twitter).
Contudo, a administração Trump reincidiu, fazendo uma nova publicação sobre o “Speedway Slammer” com uma imagem, gerada por inteligência artificial, de carros da IndyCar com o nome da agência de Imigração e Alfândegas (ICE) na carroçaria, e uma prisão em pano de fundo. O número do carro de Pato O’Ward desapareceu, no entanto.
Desde a nova publicação, na sexta-feira, que não houve nova reação da IndyCar — a correr em Portland, no estado do Oregon, este fim de semana. Nem sequer a McLaren reagiu aos acontecimentos. Mas Pato O’Ward reconheceu, na quarta-feira, que foi apanhado “de surpresa” pelo episódio.
“Apanhou muita gente de surpresa”, disse o piloto da McLaren, citado pelo The Guardian. “Fiquei um bocado chocado com as coincidências daquilo e, enfim, do que significa… Não acho que tenha dado orgulho a muita gente, no mínimo”.
Pato O’Ward, nascido na cidade de Monterrey, no México, é o segundo classificado no campeonato da IndyCar, mas pode perder a hipótese de ser campeão já este domingo. Também piloto de reserva da McLaren na F1, o mexicano tem nove vitórias na IndyCar; o melhor resultado nas 500 Milhas de Indianapólis foi o segundo lugar, conseguido em 2022 e 2024 (em que perdeu a liderança na última volta). Em 2025, ficou em terceiro.