“À terceira é de vez”. Portugal é candidato, mas não favorito ao Europeu de hóquei


Começa esta segunda-feira mais um Europeu de hóquei em patins, pela terceira vez em Paredes. O histórico não é positivo para a equipa das quinas, que não ganhou nem em 2012 nem em 2021, mas o selecionador Paulo Freitas lembra o ditado “à terceira é de vez”.
Em declarações à Renascença, Paulo Freitas confirma que Portugal é candidato, no entanto, passa o favoritismo para a Espanha.
Entre os dez eleitos há várias novidades, mas o técnico nacional fala em “espaço de mérito” para justificar as escolhas.
Portugal está no “grupo da morte”, contra uma Itália que se está a reconstruir, uma França com uma dimensão física que não agrada à seleção nacional e uma Espanha que dispensa apresentações, enquanto tricampeã europeia e campeã mundial.
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Começa esta segunda-feira o Europeu de hóquei em patins e, como sempre, Portugal é candidato a conquistar o título…
Sim, já tive a oportunidade de o afirmar por diversas vezes: somos candidatos, partimos como candidatos e não como favoritos. Se quiserem atribuir esse título a alguém será certamente a Espanha, que é a atual tricampeã europeia, a atual campeã mundial. Mas penso que nem os espanhóis têm a veleidade de se afirmar como favoritos. Eu acho que isso tudo tem a ver com uma questão de respeito pelas outras seleções, porque são seleções muito fortes. Portanto, claramente, acho que entramos como candidatos, tal como a Espanha, tal como a França e tal como a Itália também.
São oito seleções e dificilmente Portugal poderia ter três primeiros adversários mais difíceis. Estão no grupo os outros candidatos ao título…
Sim, houve alterações e [a divisão dos grupos] tem a ver com o ranking. É o que é. Olhar para isso não como dificuldade, mas como oportunidade de termos grandes jogos logo na fase de grupos e que nos vão permitir expor-nos fundamentalmente àquilo que poderão ser algumas debilidades que possamos vir a apresentar — esperemos que não, obviamente —, mas temos tempo, depois, para corrigir e para continuar a consolidar o processo, também, com esses jogos.
Vamos especificar um a um. Portugal começa com Itália, que Itália é esta?
Sinceramente, acho que é uma Itália substancialmente diferente daquela que encontramos recentemente em Barcelona, na GoldenCat. Foi uma Itália que claramente se apresentou com um déficit ainda de preparação, claramente atrasada relativamente quer a Portugal quer à França, que também esteve presente. Mas acho que vai ser uma Itália forte, à imagem daquilo que vem sendo construído pelo seu técnico, pelo Alex. Uma Itália muito forte na sua defesa, uma Itália pressionante, uma Itália rápida nas transições, quer ofensivas, quer defensivas, uma Itália com qualidade individual, com qualquer um dos seus jogadores a poder desequilibrar no um contra um, uma Itália que tem vindo também a crescer novamente no panorama hoquístico internacional.
A Itália tem estado um bocadinho afastada da frente nos últimos anos, mas está a reconstruir-se…
Sim, sim, pelo menos os indicadores mais recentes dizem-nos exatamente isso. Basta olharmos para o que também tem sido o trajeto das equipas italianas: pelo menos duas, três equipas que têm estado nas competições europeias. Os seus jogadores também já estiveram a jogar no estrangeiro, tem um jogador a jogar em Portugal, o Alessandro Verona. É uma equipa muito competitiva, uma equipa com uma experiência internacional acumulada já significativa. Portanto, certamente uma Itália difícil, logo na primeira jornada.
A França é o segundo adversário, também muito forte. Os irmãos Di Benedetto (Carlo, do FC Porto, Roberto, do Benfica, e Bruno, da Oliveirense) conhecemos bem, vão dar muito trabalho?
Sim, claramente. É uma França que está à procura dos seus momentos, é uma França que está ávida pela conquista de títulos, uma França muito experiente e com uma base muito sólida, os três irmãos Benedetto. Na próxima época teremos já cinco atletas franceses a disputar o Campeonato Nacional e, portanto, é uma equipa forte, com uma dimensão física assinalável que nos vai colocar adversidades um pouquinho diferentes dos outros dois opositores. Confesso que é um jogo que não nos agrada muito, pela dimensão física que é colocada, mas temos os nossos argumentos para tornear essas dificuldades que nos vão colocar.
E depois, a Espanha na terceira jornada, a eterna rival, tricampeã europeia e campeã mundial…
Muito duro. A Espanha, tal como disse, atual tricampeã europeia, atual campeã mundial, uma equipa com uma experiência competitiva assinalável, com jogadores com uma qualidade acima da média, experiência internacional também a este nível.
Nos quartos de final, apanharemos uma das equipas do outro grupo. Será seguramente mais fraca que os primeiros três…
Não vamos fugir a uma verdade quase absoluta. Apesar de que, no desporto, nada se pode dar como garantido. Mas, claramente, vamos partir como favoritos nesse jogo e penso que, com maior ou menor dificuldade, conseguiremos passar esse obstáculo.
Na meia-final, chegando lá como se espera, Portugal vai novamente apanhar algum dos do grupo.
A não ser que haja alguma surpresa, que obviamente por vezes acontece, mas, muito provavelmente, as meias finais terá o emparelhamento das quatro equipas do grupo A. Portanto, o facto de nós, já na fase de grupos, jogarmos com eles, vai permitir-nos ter alguma matéria para podermos analisar e para podermos passar os melhores contributos para tornearmos o primeiro obstáculo. Mas temos de ir passo a passo, como se costuma dizer, para atingirmos o primeiro grande objetivo, que é estarmos presentes na decisão final.
Na convocatória, há várias novidades. O Rafa Bessa e o Guga, por exemplo. É sempre importante ir estando atento aos novos valores?
Sinceramente, acho que sim. Nós temos de olhar para este espaço como um espaço de elite e, fundamentalmente, como um espaço de mérito e também valorizar todo o trabalho que é desenvolvido pelos atletas ao longo do ano nos seus clubes. Analisar também as suas prestações e transmitir um sinal muito claro para todo o mundo do hóquei de que o espaço da seleção é um espaço que está permanentemente em aberto. Não é um espaço fechado, é um espaço aberto e que, dependendo, obviamente, do rendimento desportivo que os atletas apresentam, poderão ter sempre a oportunidade de integrar este espaço.
O Benfica, nomeadamente, deixou algumas críticas pelas não chamadas do João Rodrigues e do Pedro Henriques. A queixa dos encarnados merece-lhe algum comentário?
Não. Acho que pelas funções que desempenho, falo dos atletas que estão presentes, mas, sinceramente, não me merece qualquer comentário. Foi uma decisão que foi tomada pelo clube, pelo Benfica, e certamente tem as suas razões. Aquilo que eu costumo dizer é que as decisões nunca são tomadas contra ninguém e, a partir daqui, é uma questão de consciência. É neste grupo em que eu acredito, é este grupo que acho que tem todas as condições para poder dar uma alegria a todos os portugueses.
Portugal joga em casa…
Poderíamos dizer que o facto de jogarmos em casa poderá ser um fator que possa desequilibrar. Não penso dessa forma. O que penso é que, efetivamente, o facto de jogarmos em casa nos vai ajudar, obviamente, e estamos muito satisfeitos por isso. Não tenho a mínima dúvida de que a energia que nos vai ser passada vai ser fantástica, vai ser determinante para nós atingirmos os nossos objetivos. Será uma coisa muito boa para nós.
Não sei se o Paulo é dado a superstições, mas Paredes não tem dado muita sorte a Portugal. Já tivemos duas fases finais (2012 e 2021) sem vitória. É agora que vamos quebrar o enguiço?
Eu costumo dizer, e quem me conhece sabe, que sou muito focado em oportunidades. As dificuldades são para identificar, para as tornear, para encontrar soluções e para seguirmos em frente. Se eu olhar a esse tipo de superstições, há quem diga que “não há duas sem três”. Eu quero pensar ao contrário, é que “à terceira é de vez”. Acima de tudo, vamos ter um palco maravilhoso, vamos ter um público maravilhoso. Sei que está a ser feito um esforço muito grande em termos organizativos. Vai ser algo grandioso para o hóquei em patins português e, seguramente, para o hóquei em patins mundial. E, portanto, vamos pensar que à terceira vai ser de vez.
Para fechar, Portugal tem o melhor campeonato do mundo de hóquei em patins?
Penso que sim. E não é por acaso que as grandes referências do hóquei mundial, os melhores atletas, querem vir jogar para Portugal. Eu continuo a dizer que o hóquei tem uma implementação muito bonita em Portugal. O hóquei é uma modalidade apaixonante, é uma modalidade que para os portugueses é indiscutível, de que gostam muito. É uma modalidade com uma grande tradição e que, desde sempre, trouxe grandes alegrias e grandes títulos para Portugal. Portanto, é natural este fluxo de atletas a quererem jogar em Portugal, principalmente, os melhores. E tornam, obviamente, o campeonato português muito apelativo e tornam-no naquilo que é apelidado como o melhor campeonato do mundo.
Grupo A: Portugal, Espanha, França e Itália
Grupo B: Suíça, Alemanha, Andorra e Áustria
Convocados: Rafa Bessa (Sporting), Guga (Valongo), Miguel Rocha (Óquei de Barcelos), Alvarinho (Hockey Trissino), Luís Querido (Óquei de Barcelos), Xano Edo (Oliveirense), Hélder Nunes (FC Porto), Gonçalo Alves (FC Porto), Zé Miranda (Benfica) e Rafa (FC Porto).