Este Bugatti de 20 milhões é único (e merece cada cêntimo)

A grande festa dos automóveis de competição e de colecção organizada anualmente no The Quail, em Carmel, na Califórnia (Estados Unidos da América), deu a conhecer ao público a última criação da Bugatti. Denominado Brouillard, este modelo extrai 1600 cv do imponente motor com 16 cilindros em W e 8 litros de capacidade, soprado por quatro turbocompressores, e tem por base um outro Bugatti, o Mistral, de que foram produzidas 99 unidades, transaccionadas por 5 milhões de euros antes de impostos. O Brouillard, de que apenas sairá da fábrica em Molsheim uma única unidade, exige um investimento próximo dos 20 milhões de dólares, cerca de 17 milhões de euros.

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Não há Bugatti que sejam fabricados em grandes quantidades, uma vez que em oito anos (de 2016 a 2024) apenas 500 unidades do Chiron foram produzidas, a que há que somar as versões especiais e de edição ainda mais limitada. Não só porque este modelo é extremamente complexo e sofisticado, mas também porque não há assim tantos clientes capazes de pagar 2,5 milhões de euros (antes de impostos) por cada um deles. Por outro lado, porque importa garantir uma certa exclusividade ao potente coupé, não só para justificar o preço em novo, mas também para assegurar que mantém o estatuto de carro de colecção, o que o torna num investimento para o futuro. E quanto menos unidades são fabricadas de um modelo derivado do Chiron, mais vale cada uma delas, com o Brouillard a atingir a fasquia dos 20 milhões de dólares (17 milhões de euros), segundo informações que circulam na imprensa norte-americana presente no The Quail. Isto permite-lhe ultrapassar folgadamente os 11 milhões (antes de impostos) exigidos pelo Bugatti La Voiture Noire, lançado em 2019 e também ele limitado a uma só unidade.

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O Programme Solitaire é um departamento muito especial dentro da exclusiva Bugatti, que visa conceber modelos de produção muito limitada sobre o chassi e a mecânica do Chiron. Aqui podem nascer os coupés hiperdesportivos desenhados segundo o gosto dos clientes a que se destinam, por mais extravagantes que sejam as suas exigências, desde que a carteira consiga acompanhar (e custear) a criatividade do comprador. Apesar de diferente e personalizado à imagem do cliente, o Brouillard não esconde que se baseia no Mistral, o roadster que surgiu em 2024 e que voltou a trazer para a marca os descapotáveis desportivos que há 12 anos o construtor francês do Grupo Volkswagen não produzia.

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O Brouillard deve a denominação a um cavalo de Ettore Bugatti, o criador da marca cuja criatividade e ousadia ainda hoje continuam a marcar o rumo do construtor fundado em 1909 na cidade francesa de Molsheim (que à época era alemã). Ettore adorava o cavalo, um belo puro-sangue que associava beleza à rapidez, sem abrir mão da criatividade, uma vez que a sua capacidade de abrir o portão do estábulo era por demais conhecida, algo que parecia divertir o seu dono.
À semelhança do Mistral, o Brouillard monta o impotente motor com 16 cilindros distribuídos em W, com 8 litros de capacidade e alimentados por quatro turbocompressores, que mantém os 1600 cv, ligeiramente acima dos 1500 cv do Chiron. Para permitir que o condutor possa “apertar” com o Brouillard, mesmo sem ser um piloto de créditos firmados, o modelo também confia num sistema de transmissão com quatro rodas motrizes. Só assim é possível (e seguro) atingir 420 km/h e passar pelos 100 km/h ao fim de somente 2,4 segundos. Os 200 km/h são ultrapassados aos 5,6 segundos e os 300 km/h em 12,1 segundos.