Sentebale. Regulador britânico não encontra evidências de assédio em instituição de Harry mas critica exposição mediática do caso


A Comissão de Caridade divulgou na passada terça-feira, 5 de agosto, os resultados da investigação aberta em abril à Sentebale, instituição de solidariedade africana fundada pelo Príncipe Harry há 20 anos, depois de a presidente da associação, Sophie Chandauka, acusar Harry e os membros do conselho de bullying, racismo, assédio e misoginia. O órgão regulador não encontrou evidências que corroborem as acusações de Chandauka, mas criticou os envolvidos pelas declarações públicas que antecederam a abertura do inquérito.
“Não foram encontradas evidências de assédio ou intimidação generalizada ou sistémica, incluindo misoginia ou misoginia na instituição de caridade, mas a Comissão reconheceu a forte perceção de maus-tratos sentida por diversas partes na disputa e o impacto que isso pode ter tido sobre elas pessoalmente”, diz o relatório tornado público esta terça-feira. O órgão regulador também considera que não houve “‘exagero’ por parte da presidente ou do Duque de Sussex como patrono, mas a Comissão critica a falta de clareza da instituição de caridade nas delegações à presidente, o que permitiu a ocorrência de mal-entendidos. A falha em esclarecer as delegações dentro da instituição de caridade à presidente e a falta de processos adequados para reclamações internas equivalem a má gestão na administração da instituição.”
Para a Comissão de Caridade, o facto de os poderes da presidente não terem sido definidos permitiu um processo “confuso, complexo e mal administrado”, enquanto considera que os curadores da época “não tinham processos e políticas adequados para investigar reclamações internas.” Por fim, o regulador critica “as declarações públicas feitas à imprensa e as críticas públicas feitas em entrevistas televisivas”, que considera não “terem sido conduzidas de forma a atender aos melhores interesses da instituição de caridade.” Diante das conclusões, Sophie Chandauka permanece na presidência da instituição, enquanto Harry, que renunciou em março, afasta-se definitivamente da Sentebale.
Em reação à conclusão da investigação, Sophie Chandauka destaca, num comunicado, que os resultados “confirmam as preocupações de governança que levantei em particular em fevereiro de 2025. A experiência foi intensa e se tornou um teste da nossa clareza estratégica e resiliência operacional”, diz a presidente da instituição, que entretanto termina o comunicado a fazer tanto uma crítica quanto um elogio ao Duque de Sussex. “A inesperada campanha mediática adversa lançada por aqueles que renunciaram em 24 de março de 2025 causou danos incalculáveis e oferece um vislumbre dos comportamentos inaceitáveis demonstrados em privado. Estamos a emergir não apenas gratos por termos sobrevivido, mas mais fortes: mais focados, mais bem governados, ousadamente ambiciosos e com nossa dignidade intacta”, diz Chandauka, que conclui a dizer que a organização inspira-se em Harry. “Apesar da recente turbulência, sempre seremos inspirados pela visão dos nossos fundadores, o Príncipe Harry e o Príncipe Seeiso, que fundaram a Sentebale em memória de suas preciosas mães, a Princesa Diana e a Rainha ‘Mamohato.”
Já Harry diz não estar surpeendido pelas conclusões da Comissão de Caridade em relação às acusações feitas contra si. “Apesar de tudo, o seu relatório é preocupantemente insuficiente em muitos aspetos, principalmente no que diz respeito ao facto de as consequências das ações da atual presidente não serem suportadas por ela — mas sim pelas crianças que dependem do apoio de Sentebale”, diz o comunicado divulgado pelo representante do Duque de Sussex, citado pela People.
Harry renunciou do cargo de patrono da Sentebale no final de março, depois de a presidente da associação acusá-lo publicamente de assédio. Sophie Chandauka chegou a dar uma entrevista à Sky News na qual disse que o Duque de Sussex queria expulsá-la da organização: “Isto prolongou-se durante meses através de intimidação e assédio, tenho documentação”. Na mesma entrevista, Chandauka cita um momento com Meghan num jogo de polo um ano antes. Diante das acusações, Harry também emitiu comunicados a comentar o tema e a polémica motivou a abertura do inquérito pela Comissão de Caridade, um órgão independente que regula instituições de caridade na Inglaterra e no País de Gales.