
António Costa, o seu adjunto, António Mendonça Mendes, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e os responsáveis da PSP, SIS e SIRP: nenhuma destas audições vai acontecer na comissão de inquérito à TAP. A decisão coube ao Partido Socialista, que chumbou as audições, depois de os socialistas também terem chumbado o pedido de audição a António Mendonça Mendes na comissão de assuntos constitucionais.
“Considerando que nenhum deles cabe no objeto desta comissão, não acompanharemos nenhum”: foi assim que o Partido Socialista, por Bruno Aragão, chumbou os pedidos de audições feitos pelos partidos na comissão de inquérito à TAP na reunião desta quarta-feira, 24 de maio.
Os pedidos de audição partiram do Chega, Iniciativa Liberal e Bloco de Esquerda, versavam sobre diferentes protagonistas ligados aos desacatos no Ministério das Infraestruturas a 26 de abril e a ativação dos serviços das secretas, mas tiveram todos o mesmo destino: o chumbo.
O PS votou contra, o PCP absteve-se, já que Bruno Dias considera que a matéria das secretas não cabe nas competências da comissão de inquérito à TAP: “Não consideramos que as questões dos contactos com o SIS e das intervenções dos membros do Governo em relação ao SIS sejam elemento” deste tema.
PS acusado de “boicote”
Na Iniciativa Liberal, Bernardo Blanco justificou que no debate parlamentar com António Costa “a maioria das dúvidas não foi esclarecida, uma delas até foi perguntada dezenas de vezes”, referindo-se ao papel do telefonema que João Galamba teve com o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. António Mendonça Mendes terá falado com João Galamba e terá sugerido a ativação das secretas para recuperar o computador do adjunto que acabara de exonerar, Frederico Pinheiro.
Blanco questionou em que instrumento parlamentar se poderá discutir esta matéria, relembrando o chumbo da audição a Mendonça Mendes na comissão de assuntos constitucionais e expressando o seu ceticismo a uma aprovação socialista de uma comissão de inquérito às secretas. Até ao momento, sabe-se que a IL vai obrigar à realização da audição de Mendonça Mendes.
“Há uma cronologia que esta comissão tentou estabelecer sobre os acontecimentos do dia 26 e madrugada de 27. A cronologia aparenta ter várias contradições. O Sr. primeiro-ministro poderia ter esclarecido hoje um conjunto de matérias, que não quis esclarecer”, atacou Pedro Filipe Soares, lembrando que “não há conversas pessoais em matéria de Estado”.
Do Chega, Filipe Melo fala em “boicote política” e em “rolo compressor” da maioria socialista. Paulo Moniz, do PSD, disse que não iria obstaculizar nenhum dos trabalhos.
PS chumba mails sobre documentos
Em relação a documentação pedida, também houve chumbos, mais uma vez por conta dos deputados socialistas.
A cópia dos protocolos entre as secretas e o Governo (no que diz respeito à formação dada a membros do Governo), pedida pelo Bloco, e a troca de mails entre Frederico Pinheiro e Cátia Rosas “durante o processo de preparação da resposta a um requerimento desta CPI”, pedida pela IL. Se no primeiro o PCP absteve-se, no segundo já votou a favor.
O PS só aceitou que a comissão solicitasse dois grupos de documentação: a listagem completa de toda a informação classificada e os comunicados do Ministério das Infraestruturas.
(Notícia atualizada às 20h05 com mais informações)
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