

O grupo Crédito Agrícola obteve um lucro de 95,8 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, o que correspondeu a um aumento de 168,4% face a igual período de 2022. A rentabilidade dos capitais próprios – que mede a capacidade de retorno ao acionista – ascendeu a 18,4% nos primeiros três meses de 2023.
Para a melhoria dos resultados contribuiu não só o aumento da margem financeira – diferença entre juros cobrados nos créditos e pagos nos depósitos – para 153,4 milhões de euros , um crescimento de 103,6%, mas também o aumento das comissões liquidas em 16,7% para 38,8 milhões de euros, em particular nas comissões interbancárias, de crédito e de gestão de contas; e ainda a melhoria do resultado das operações financeiras, para 6,5 milhões de euros, depois de em igual trimestre de 2022 este indicador ter sido negativo em 5,8 milhões de euros.
Verificou-se ainda a redução do crédito malparado em termos absolutos. “A carteira de NPL (créditos não produtivos) registou uma redução de 760,1 milhões de euros em março de 2022 para 580,2 milhões de euros em março de 2023 (-23,7% face ao homólogo), demonstrando a contínua melhoria da qualidade da carteira de crédito do grupo”, lê-se no comunicado.
Menos positivo foi, segundo o grupo liderado por Licínio Pina, o “aumento dos custos de estrutura em 11,9%, para 101,6 milhões de euros”, para o que contribuiu “o crescimento de custos com pessoal em 15,3% para 62,7 milhões de euros, em parte justificado pelo impacto das atualizações da tabela salarial efetuadas em junho de 2022 (incluindo retroativos de 2021) e em fevereiro de 2023 (esta última de 4% com efeitos desde o início do ano, aplicado ao universo de colaboradores do grupo)”.
Em comunicado, o grupo refere que o resultado positivo foi influenciado pela subida significativa da margem financeira devido à “evolução das taxas Euribor no rendimento da carteira de títulos e carteira de crédito do grupo”, mas também foi “parcialmente penalizado com o aumento do custo dos depósitos de clientes”.
O presidente executivo do Crédito Agrícola, Licínio Pina, sublinha que os resultados agora apresentados “refletem a atual situação económica e as condições de mercado, mais positivas do que era expectável, e que vieram impulsionar, de uma forma mais rápida, os níveis de crescimento sustentáveis que temos vindo a apresentar, ano após ano”.
O responsável pelo grupo afirma que “devido à conjuntura que as famílias e as empresas atravessam”, o banco “tem vindo a reforçar os seus fundos próprios, com o objetivo de dar resposta às necessidades mais urgentes dos seus clientes”.
É também nesse sentido que o grupo reforçou as imparidades e provisões para crédito. No primeiro trimestre verificou-se “um reforço de 2,8 milhões de euros”, ou seja, mais 5,4 milhões de euros face a igual trimestre de 2022, “quando se tinha verificado uma reversão no montante de 2,6 milhões de euros”.
Depósitos e crédito a cair face a dezembro
Os depósitos registaram uma evolução negativa , menos 3,3% face a dezembro de 2022, ascendendo a 19,7 mil milhões de euros, embora os recursos de clientes em seguros de capitalização e fundos de investimento registassem um aumento, avança o grupo, sem, contudo, quantificar a evolução face a igual período de 2022.
Também no crédito se verificou um decréscimo de 0,7% face a dezembro de 2022, para 11,9 mil milhões de euros, não estando na apresentação a comparação com igual período de 2022.