

A. Silva, 87 anos, fundador do grupo empresarial Silva SGPS, tem quatro filhos e dez netos nascidos de seis casamentos. Tem ainda uma irmã, com três filhos, e dois sobrinhos do lado da mulher. Uma intrincada e ampla rede familiar onde uma grande parte das pessoas trabalha nas empresas do grupo. E, como quase sempre acontece nestes casos, aspira a ascender a lugares de topo. No limite, sonha em suceder a A. Silva. Esta história parece familiar? Talvez seja. A família é fictícia e apenas vive no case study que serve de base às aulas de Gestão de Empresas Familiares no ISCTE que Luis Todo Bom leciona há vários anos e que deu origem ao livro “Gestão de Empresas Familiares” (agora na segunda edição) que foi esta semana apresentado.
Gerir todos estes interesses não é fácil. É preciso manter a família feliz e unida, sem perder o foco da gestão da empresa e na capacidade de decidir em prol do negócio. Mais difícil ainda quando certas decisões – de encontrar parceiros ou escolher como financiar investimentos – podem interferir no controlo da empresa pela família. O que, já se sabe, não é nada simples. Não há estatísticas oficiais, mas, segundo alguns dados, 70% das empresas portuguesas são familiares. Ou seja, empresas em que a maioria do capital é detido pelo fundador ou pela sua família. Nem todas são pequenos negócios, como mercearias, cafés, restaurantes ou comércio. Há também empresas de maior dimensão onde gerir a ligação entre negócio e família é ainda mais exigente. Porque os objetivos empresariais — como o lucro ou o crescimento da empresa — podem facilmente entrar em conflito com as aspirações dos elementos da família.
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