

Os teóricos do “não se chega a lado nenhum sem sofrer” que venham cá ver esta objeção em forma de equipa de futebol. Por muita que seja a dor pela qual o Sporting passou, o fim chegou para se sentar na mesma cadeira que o ponto de partida. Do lado oposto ao comum queixume infantil do “Já chegámos?” está o sempre adequado aos assuntos classificados pela sensibilidade como evidentes perdas de tempo “Ainda não fomos embora?”. Na difícil missão de coordenar as vontades com os momentos certos para lhes dar resposta, os leões ficaram livres da pressão numa fase em que ainda gostavam de a ter. Sem Liga dos Campeões e sem convite para a luta pelo título que Benfica e FC Porto vão decidir este sábado, a equipa de Alvalade tinha que viver mais um dia da perpetuação do quarto lugar que vai ficar nos registos, mas não na memória.
A ideia de que os balanços ficam para o fim foi confrontada com a instabilidade do Sporting ao longo do ano que mostrou que abanar por todos os lados não é uma atividade sazonal. “Quem não mereceu ser campeão este ano foi o Sporting Clube de Portugal. O Sp. Braga fez por isso, o Benfica fez por isso, o FC Porto fez por isso. Nós tentámos fazer, demos o máximo. Não foi falta de esforço, foi falta de capacidade de sermos competitivos”, explicou Rúben Amorim.
O treinador do Sporting, mesmo que só tenha perdido no empate contra o Benfica (2-2) a hipótese matemática de chegar à Liga dos Campeões, há várias jornadas vem fazendo alertas de que o que sobrava desta época não servia para mais do que preparar a próxima. Ou Rúben Amorim tira algum peso às próprias palavras na escolha dos titulares ou então é possível escrever no bloco de notas algumas das mudanças que podem estar para breve nos leões face ao onze que o técnico elegeu para defrontar o Vizela. As páginas dos jornais têm sido pintadas por uma possível transferência de Ugarte para o Paris Saint-Germain. Ora, Dário Essugo foi lançado precisamente no lugar do uruguaio no meio-campo. Também Franco Israel ocupou o lugar de Adán na baliza. Um presente que contém vestígios de futuro.
Conformado com o quarto lugar por não ter poderes para o reverter, o Sporting estava numa situação bastante diferente do Vizela. A equipa de Tulipa ainda tinha a posição final no campeonato por decidir. Tanto podia ascender ao nono lugar, como cair para o 12.º. “Queremos fazer um bom jogo, competitivo, e pontuar para alcançar o segundo objetivo, o dos 42 pontos. Esperamos um adversário difícil, muito competente, mas a nossa equipa está num nível de exigência elevado, até pelo que foi a semana de trabalho, e tudo fará para pontuar. É o nosso último jogo, diante dos nossos adeptos e queremos dar-lhes uma alegria, e isso passa por fazer um bom jogo porque ninguém ganha ao Sporting sem fazer um bom jogo”, afirmou o técnico do 11.º classificado com 40 pontos à entrada para o último jogo da época.
Na visão Football Manager da gestão do plantel, não é mal jogado desenvolver um atleta para estar pronto quando outro sair. Em tempos, Amorim não foi apreciador da lógica videojogo e teve problemas reais que não conseguiu resolver com um comando. “Depois da saída do Matheus Nunes, demorei muito tempo a centrar-me outra vez no essencial e andei ali umas semanas um bocadinho frustrado. Esse é o maior arrependimento. Naquele momento, foi difícil para mim lidar com isso”, comentou o técnico, elegendo a saída do médio como um dos momentos baixos da temporada.
Ficha de Jogo
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Vizela-Sporting, 1-2
34.ª jornada da Primeira Liga
Estádio do Futebol Clube de Vizela
Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro)
Vizela: Buntic, Igor Julião (Zohi, 82′), Ivanildo, Bruno Wilson, Anderson, Kiki Afonso (Matheus Pereira, 82′), Guzzo, Samu (Rashid, 73′), Mendez (Tomas Silva, 63′), Kiko Bondoso e Osmajic (Etim, 73′)
Suplentes não utilizados: Luiz Felipe, Claudemir, Lacava e Pedro Ortiz
Treinador: Manuel Tulipa
Sporting: Franco Israel, Ricardo Esgaio (Bellerín, 80′), Gonçalo Inácio, Coates, Matheus Reis, Nuno Santos, Dário Essugo (Edwards, 56′), Morita, Francisco Trincão (Chermiti, 80′), Pedro Gonçalves e Paulinho
Suplentes não utilizados: Adán, Sotiris, Neto, Ugarte, Rochinha e Arthur
Treinador: Rúben Amorim
Golos: Osmajic (6′), Gonçalo Inácio (20′) e Ivanildo Fernandes (85′, na própria baliza)
Ação disciplinar: cartões amarelos a Esgaio (23′), Matheus Reis (34′), Gonçalo Inácio (45′), Osmajic (45′), Mendez (45+1′) e Nuno Santos (90+6′)
Até o último jogo da época impõe limites à displicência, embora quem não aprendeu a cumpri-los pelo caminho, não era no final que ia aprender. Ainda que se espere que esta temporada tenha servido de lição ao Sporting, em Vizela, nem sem terem nada para decidir os leões tiveram espírito livre para se verem livres do espírito que os tem atormentado.
O Vizela respondeu ao posicionamento em campo do Sporting com a utilização na de três centrais. Na organização vizelense, Osmajic, avançado forte e robusto, aguentou sozinho a responsabilidade dos trabalhos ofensivos da equipa. A capacidade do montenegrino transportar a equipa da fase defensiva para o momento de atacar a baliza contrária permitiu aos setores recuados não terem que se desposicionar em excesso e, mesmo assim, o Vizela chegar com perigo à frente.
O Sporting tentava dominar por via de um posicionamento alto da linha defensiva. Portanto, quando em posse, os centrais leoninos muitas vezes colocavam-se a meio do meio campo do Vizela. O que era uma solução para carregar no ataque, revelou-se um perigo para a defesa. A equipa de Tulipa conseguiu alguns roubos de bola por interferência dos homens do meio-campo e rapidamente lançou transições. Numa dessas vezes, Kiko Bondoso lançou Osmajic (6′) na profundidade e o atacante teve mais velocidade que Coates para chegar ao frente a frente com Franco Israel e finalizar.
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Osmajic 6′
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Por tantas vezes ter estado em desvantagem esta época, não só no resultado, como também emocionalmente, o Sporting soube como reagir. A escapatória encontrada foi um canto batido na esquerda que Gonçalo Inácio (20′) desviou para dentro da baliza do guarda-redes Buntic. Estava a ser aí, no lado esquerdo, que o Sporting melhor conseguia a evoluir. Nuno Santos e Matheus Reis tiveram uma série de boas situações para cruzarem. Fruto das boas marcações do Vizela, os leões foram incapazes de servir convenientemente os homens da frente verde e branca.
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Gonçalo Inácio 20′
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Era preciso algo diferente. O leões passaram a tentar remates de fora de área com alguma insistência. Trincão e Pedro Gonçalves tentaram esta via. O Vizela, por seu lado, mantinha uma atitude agressiva. Kiko Bondoso roubou a bola a Esgaio e tentou assistir Osmajic para o segundo — valeu Gonçalo Inácio a antecipar-se a cortar.
Os homens de Tulipa mantinham a atitude proativa e acabaram prejudicados por isso. Numa saída de bola a partir de trás, Anderson fez um passe frontal que acabou intercetado. Com a equipa descompensada, Pedro Gonçalves teve espaço para conduzir e tentou assistir de pé esquerdo Chermiti e Paulinho que, entretanto, compunham a frente de ataque. Ivanildo Fernandes, jogador formado em Alcochete, acabou por colocar a bola dentro da baliza e graças a um autogolo (85′), o Sporting chegou aos 74 pontos.
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Ivanildo 85′
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