″Empregos fictícios na Assembleia Municipal de Lisboa são uma realidade″

″Empregos fictícios na Assembleia Municipal de Lisboa são uma realidade″

Com suspeitas de “contratos fictícios” e manipulações de cadernos eleitorais em eleições internas, João Maria Jonet admite que “comprovou”, na primeira pessoa, algumas das suspeitas lançadas pela operação Tutti Frutti, reveladas pela TVI/CNN Portugal.

O consultor político João Maria Jonet foi assessor na Junta de Freguesia da Estrela, de junho de 2020 a março de 2021, e trabalhou de perto com o presidente social-democrata da autarquia, Luís Newton, um dos visados na operação Tutti Frutti.

João Maria Jonet garante, no programa da TSF Minoria Absoluta, que “os tais empregos fictícios, na Assembleia Municipal de Lisboa, são uma realidade”. Além de autarca na Estrela, Luís Newton liderou a bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa.

“O PSD tinha alocados quatro postos de assessoria na Assembleia Municipal no valor de quatro mil e tal euros e aquilo estava partido por oito ou nove pessoas E eu sei que de cada vez que precisava da produção de um documento, de vídeos, ou do que fosse, tinha de ser eu a trabalhar para a junta, a fazer horas extra, para ir fazer o trabalho da Assembleia Municipal, porque o emprego era, de facto, fictício”, revela.

A reportagem televisiva lança também suspeitas de alegados esquemas de pagamentos de quotas, para beneficiar candidatos internos, nas eleições partidárias. João Maria Jonet admite que “há muitas tentativas de desclassificação e classificação de eleitores”.

“Esses sacos azuis existem. Toda a gente sabe que existem. Existem muitas pessoas inscritas nos partidos que não participam ativamente na sua vida interna, e de não sei quantos em não sei quantos anos, quando há eleições, paga-se aos magotes. Felizmente, Rui Rio combateu um bocadinho isso, ao tornar o processo mais complexo dentro do PSD, mas antigamente era muito simples”, descreve.

João Maria Jonet admite, no entanto, estes casos “podem não ser ilegais, até porque o financiamento interno dos partidos está zero regulado legalmente”, no entanto, diz, “isto é gravíssimo”. O membro do programa da TSF defende “mais escrutínio” para os partidos, e diz que é necessário “separar trabalhos técnicos de trabalhos políticos”.

“Os políticos têm direito a um staff para trabalharem e os políticos fazem política, portanto é normal que tenham staff político. Agora é staff político, não pode vir no portal base como staff técnico. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, responde.

O programa Minoria Absoluta passa na antena da TSF no domingo depois das notícias às 10h00. Fica disponível nas plataformas de podcast este sábado.